O fogo que antes devastava a floresta dá lugar à regeneração e ao sustento das famílias locais. Na Vila de Monsarás, em Salvaterra, município da Ilha de Marajó, o agricultor e pescador Ronildo Pacheco é um dos exemplos de quem mudou a realidade da terra por meio do Sistema Agroflorestal (SAF), técnica que une produção agrícola e reflorestamento.
Ronildo cultivava apenas abacaxi nos seus quatro hectares de terra do Sítio Retiro Emanuel. Hoje, ele colhe meia tonelada diária de açaí durante a safra, além de cultivar acerola, taperebá, cacau, milho e mandioca. O agricultor utiliza técnicas naturais, como o sombreamento entre espécies e o adubo de caroço de açaí seco, conhecido como coroamento, reduzindo o impacto ambiental.
“Quem planta abacaxi como lavrador normal, todo ano precisa fazer uma roça. Todo ano tem que brocar uma área de mato, queimar, porque não tem trator para preparar o chão. A agrofloresta permite que eu plante de novo no mesmo local, sem usar o fogo. E rende dinheiro por mais tempo durante o ano, porque o abacaxi só vai dar uma vez por ano. Em vez da monocultura, eu vou ter até cinco colheitas por ano”, explica o agricultor.
Ronildo foi ajudado pelo Projeto Sustenta e Inova, iniciativa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que recebe financiamento da União Europeia.
Ele e outras 30 famílias integram a Cooperativa Agropecuária e de Pesca Artesanal de Monsarás (COOPAPAM). O grupo restaura áreas degradadas por queimadas e conscientiza outros produtores ainda resistentes à mudança.
A mudança também inspirou a nova geração. A filha de Ronildo, Jamile Pacheco, 18 anos, atua como secretária e guia de turismo na propriedade da família. Ela estuda secretariado na Universidade Federal do Pará (UFPA) e tem trazido os conhecimentos para ajudar a divulgar melhor o trabalho local e os benefícios da agrofloresta.
“Desde a época do meu avô, que se queimava muito a terra para plantar o abacaxi. E isso prejudicava muito o meio ambiente. Com essa mudança, agora temos mais sombra e mais nutrientes para o solo. Estou muito feliz com nosso trabalho aqui”, diz Jamile.
O açaí foi o produto símbolo da mudança para o sistema agroflorestal na propriedade da família de Ronildo. Ele é central nos hábitos alimentares locais e na comercialização para outros mercados do país.
No período da colheita, que costuma durar seis meses entre julho e janeiro, chegam moradores de regiões próximas para participar do trabalho. Um deles é Walter Antônio dos Santos Barbosa, 52 anos, pescador e agricultor.
O trabalho é pesado. Em um dia, uma única pessoa pode subir mais de 30 árvores para pegar um cacho de açaí.
“É bom que a gente faz muito exercício para o corpo”, brinca Walter. “É cansativo, não dá para ter preguiça. Pessoal que consome o açaí tem que valorizar esse trabalho aqui. Tem gente que acha caro quando vê R$ 18 a cumbuca. Mas nem sabe como é todo o processo”.
Um das principais dificuldades para melhorar o cultivo do açaí e até convencer outros agricultores a seguirem o caminho da agrofloresta é a falta de investimento em sistemas de irrigação.
“Sem água a gente não consegue fazer o trabalho. A maioria dos agricultores daqui não tem área de poço. Eu consegui fazer parcerias com outras empresas e patrocinadores para conseguir sistema de irrigação em cinco poços. E mais sete estão a caminho. Mas para o que é o ideal ainda falta um bocado”, explica Ronildo.
“Se não conseguirmos resolver isso, vai chegar um dia em que vai faltar açaí para alimentar a população daqui e de outros lugares”, alerta.
AGÊNCIA BRASIL
EUA - O tamanho dos desastres causados por incêndios florestais disparou de 2015 para cá, com quase metade das ocorrências mais destrutivas acontecendo ao longo da última década, afirma um novo estudo. Há um forte elo entre a magnitude dos incêndios e o aumento da frequência de condições extremas de secura e vento, muito provavelmente geradas pela emergência climática global.
A situação é particularmente preocupante em áreas com clima e vegetação semelhantes aos do Mediterrâneo (com verões secos e florestas relativamente "ralas", combinando árvores, arbustos e gramíneas) e em regiões temperadas com matas de coníferas (pinheiros e seus parentes).
A notícia menos pior é que áreas de savana tropical, como o cerrado brasileiro, não estão expostas aos riscos mais graves, ao menos por enquanto.
"Não estou dizendo que as coisas não estão mudando também nas savanas tropicais, ou que não há risco nessas áreas, mas apenas que elas não estão enfrentando os riscos mais altos", declarou à Folha o coordenador da pesquisa, Callum Cunningham, da Universidade da Tasmânia, na Austrália.
Ele assina o novo estudo, publicado no periódico especializado Science, junto com colegas australianos e americanos e com um pesquisador da divisão de análise de riscos ambientais da Munich Re, multinacional alemã da área de seguros.
A seguradora teve participação importante no estudo justamente por causa de sua ampla base de dados global sobre desastres de todos os tipos, um tema que, claro, interessa muito às empresas do ramo. O banco de dados da empresa alemã foi combinado com informações compiladas pelo Centro de Pesquisa sobre a Epidemiologia de Desastres, disponibilizadas publicamente pela Universidade de Louvain, na Bélgica.
Nas duas bases de dados, os pesquisadores buscaram identificar os principais desastres causados por incêndios segundo dois critérios básicos: os que causaram mortes de dez ou mais pessoas e os que ficaram entre os 200 maiores em termos de prejuízos econômicos, levando em conta o PIB (produto interno bruto, a soma das riquezas produzidas por um país no ano) de cada nação no momento da catástrofe.
O que a análise feita com base nesses critérios mostrou é que, no período entre 1980 e 2023, não houve propriamente um aumento constante do risco de incêndios catastróficos.
Embora a frequência desses eventos tenha aumentado 4,4 vezes de 1980 para cá, 43% dos incêndios mais arrasadores aconteceram nos últimos dez anos da sequência de dados. O prejuízo, em termos do PIB mundial, aumentou cinco vezes no período, enquanto os desastres com dez ou mais mortes ficaram três vezes mais frequentes (ou seja, um ritmo bem superior ao crescimento da população mundial, que aumentou apenas 1,8 vez dos anos 1980 para cá).
Tanto pelo critério econômico quanto pelo populacional, faz sentido que os piores incêndios florestais atinjam regiões do mundo desenvolvido. Entre os "campeões" da lista, portanto, estão regiões do Mediterrâneo (Portugal, Espanha, Grécia) e áreas com clima e vegetação semelhantes no oeste dos EUA (sul da Califórnia, por exemplo) e sul da Austrália.
As exceções nesse caso, também com clima "mediterrâneo", são a África do Sul e o Chile. Outro tipo de ecossistema, as florestas de coníferas, explicam por que as regiões ocidentais da América do Norte, incluindo o Canadá, também estão sendo muito afetadas.
A relação com alterações nos extremos do clima global parece difícil de negar. No mesmo período, a equipe verificou mudanças como um aumento de três vezes na gravidade de eventos de seca e de 2,5 vezes na falta de vapor d'água em determinados momentos do ano, por exemplo, o que facilita os incêndios.
"Nosso trabalho mostra que o risco de desastres é mais alto onde os incêndios intensos surgem em áreas densamente povoadas. A razão-chave pela qual as regiões de savana do Brasil, da África e do norte da Austrália apresentam risco relativamente mais baixo de um grande desastre é porque os incêndios nesses ambientes normalmente não são muito intensos do ponto de vista energético", explica Cunningham.
"Isso, em parte, deve-se ao fato de que o fogo é mais frequente na savana, o que impede o acúmulo de material combustível visto em outros biomas. Também é provável que exista o impacto da velocidade dos ventos: os mais rápidos e extremos tendem a ocorrer fora dos trópicos."
Além do esforço para reduzir as emissões de gases causadores da mudança climática, o pesquisador e seus colegas defendem que é preciso levar em conta as características de cada ambiente para tentar impedir que os incêndios se tornem ainda mais catastróficos.
Para isso, é preciso achar maneiras de diminuir o acúmulo de material combustível nas matas e reaprender técnicas de queima controlada, por exemplo -medidas que já eram praticadas por muitos povos originários antes da colonização na Austrália e na América do Norte, por exemplo.
por Folhapress
BRASÍLIA/DF - As florestas brasileiras, sejam naturais ou plantadas, geraram produção econômica de R$ 44,3 bilhões em 2024. Esse valor representa crescimento de 16,7% em relação ao ano anterior. Já em comparação com 2019, a produção mais que duplicou, chegando a 140% de aumento.
Os dados fazem parte da pesquisa Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura, divulgada nesta quinta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O aumento do valor de produção pode ser explicado pela a associação de mais extração e preços de venda mais altos.
O levantamento mostra que a silvicultura responde por 84,1% (R$ 37,2 bilhões) da produção econômica florestas, enquanto os demais 15,9% (R$ 7 bilhões) são atribuídos ao extrativismo vegetal. Desde 1998, a produção silvícola supera a extrativa.
Silvicultura é a produção retirada de áreas plantadas, enquanto o extrativismo se refere a áreas naturais, como matas e florestas. O gerente de Agricultura do IBGE, Carlos Alfredo Barreto Guedes, ressalta que nem toda forma de extração vegetal é ilegal.
“Muito do extrativismo são extrações autorizadas”, diz.
A pesquisa aponta que 4.921 dos 5.570 municípios brasileiros registraram produção florestal. Em termos regionais, o Sul e o Sudeste concentram 65,7% da produção florestal.
Com uma produção de R$ 8,5 bilhões em 2024, Minas Gerais responde por 22,8% do total produzido pelo país e ocupa o topo do ranking entre as unidades da federação, seguida pelo Paraná, com R$ 6,3 bilhões (17% do total nacional).
Entre os municípios, a lista é liderada pela cidade paranaense General Carneiro, com R$ 674,4 milhões. O ranking segue com Três Lagoas (MS), João Pinheiro (MG), Brasilândia (MS) e Buritizeiro (MG). Todos alcançam a posição de destaque por causa da produção proveniente de áreas plantadas.
A produção econômica da silvicultura é quase que toda (98,3%) de atividade madeireira. Dentro desse grupo, a produção de papel e celulose tem a maior participação:
A produção de madeira em tora para papel e celulose foi recorde em 2024, chegando a 122,1 milhões de metros cúbicos (m³). São números que ajudam o Brasil ser campeão mundial em exportação de celulose ─ principal matéria-prima da indústria de papel. Desde 2022, o país superou o Canadá.
Em 2024, o Brasil vendeu para o exterior 19,7 milhões de toneladas, gerando US$ 10,6 bilhões. Os principais destinos foram China (43,7%), Estados Unidos (15,8%), Itália (8,8%) e Países Baixos (8,3%).
De acordo com o IBGE, a posição de destaque do Brasil na produção de celulose foi alcançada “devido às condições climáticas e de solo favoráveis para o crescimento rápido de florestas, aliadas a investimentos em práticas sustentáveis, que o tornam altamente competitivo no mercado internacional”.
Celulose é um dos 700 produtos que ficaram de fora da lista do tarifaço imposto pelos Estados Unidos em agosto de 2025, que impõe taxa de até 50% em cima de parte das exportações brasileiras.
A área de floresta plantada para silvicultora no Brasil chega a 9,9 milhões de hectares (ha), em 3.552 municípios. Para ter dimensão, é praticamente o tamanho do estado de Pernambuco. Dessa área, 77,6% são dedicados ao cultivo do eucalipto, à frente de pinus (18,6%) e outras espécies (3,8%).
O eucalipto é a madeira utilizada em praticamente toda obtenção de carvão vegetal (98,4%), 86,9% da lenha e 87,4% para papel e celulose.
O analista Carlos Alfredo Guedes aponta que essa preferência se explica por características da espécie, incluindo o tempo necessário para cultivo.
“O eucalipto tem muita diversidade de uso e um crescimento muito rápido, em torno de sete a oito anos. Se adaptou muito bem aqui em solo brasileiro, se adaptou muito bem ao clima”, diz Guedes, comparando com o pinus, que leva de dez a 12 anos para ser colhido.
Minas Gerais é o estado com maior área de eucalipto plantado, com 2,1 milhões de ha, ou seja, é como se houvesse um Sergipe de eucalipto dentro de Minas.
Já o município com maior floresta plantada da espécie é Ribas do Rio Pardo, no Mato Grosso do Sul. São 380,7 mil ha, quase duas vezes a área da cidade de São Paulo.
No extrativismo vegetal, a atividade madeireira também é a predominante, com 65,6% dos R$ 7 bilhões gerados. Em seguida, o outro grupo de destaque é formado pelos produtos alimentícios, que respondem 28,6% do valor gerado (R$ 2,0 bilhões).
Dentro desse grupo, metade é representado pelo açaí (50,9%). Em seguida figuram erva-mate (26%) e castanha-do-pará (9,7%).
“O açaí amazônico é coletado de uma palmeira nativa regional, concentrando 92,9% de sua extração na região Norte. Em 2024, essa produção foi de 247,5 mil toneladas”, frisa o IBGE.
O Pará registrou a maior produção de açaí, com 168,5 mil toneladas (68,1% do total nacional). Dos dez municípios com maiores volumes, oito são paraenses.
Limoeiro do Ajuru, no nordeste do estado, ostenta o título de maior produtor brasileiro, com 20,2% de tudo o que foi extraído de açaí no país em 2024.
Já a extração de erva-mate é concentrada na região Sul e alcançou produção de 377,4 mil toneladas em 2024. O Paraná é o campeão nacional, com 85,8% da produção brasileira. O município com maior volume extraído foi o paranaense São Mateus do Sul, representando 17,2% do extraído no país.
AGÊNCIA BRASIL
COSTA DO MARFIM - Chimpanzés selvagens ingerem regularmente álcool presente em frutas maduras fermentadas, e a quantidade consumida equivale a cerca de duas doses-padrão de bebida alcoólica por dia, segundo estudo publicado na revista Science Advances e divulgado pela agência Reuters. Apesar disso, os pesquisadores destacam que os animais não apresentam sinais de embriaguez, já que comem essas frutas ao longo de várias horas durante o forrageio.
O levantamento foi feito em dois locais: o Parque Nacional de Kibale, em Uganda, e o Parque Nacional de Taï, na Costa do Marfim. Foram analisadas 21 espécies de frutas, com destaque para figos no caso dos chimpanzés de Uganda e um fruto semelhante a uma ameixa verde para os da Costa do Marfim. Em ambos os casos, a fermentação causada por leveduras dentro da polpa gera etanol sem sinais visíveis de deterioração.
Os cientistas calcularam que, com base na quantidade de frutas consumida — que pode chegar a 10% do peso corporal diariamente —, os chimpanzés ingerem em média 14 gramas de etanol por dia. Isso equivale ao padrão de uma bebida alcoólica nos Estados Unidos e se aproxima de duas doses para humanos, considerando a diferença de peso entre as espécies.
Para os pesquisadores, esse comportamento dá suporte à chamada “hipótese do macaco bêbado”, proposta pelo professor Robert Dudley, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, segundo a qual a atração humana pelo álcool seria um traço herdado dos ancestrais primatas. O consumo de frutas fermentadas teria oferecido vantagens evolutivas, garantindo calorias extras e favorecendo a sobrevivência.
Dudley, coautor do estudo, afirmou à Reuters que o fascínio humano por bebidas alcoólicas pode ser visto como um “resquício evolutivo” dessa relação antiga: “A ingestão de álcool teria sido vantajosa para o ganho calórico e, no fim, para a sobrevivência. Os mecanismos de atração provavelmente foram preservados nos humanos modernos, resultando no que chamamos de ‘ressaca evolutiva’.”
por Notícias ao Minuto
SÃO PAULO/SP - Uma proposta inédita para mapear áreas verdes urbanas no Brasil foi apresentada na segunda-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Guarulhos (SP) e Palmas foram escolhidos como áreas-teste por serem regionalmente diferentes, tanto em termos de formação das cidades como de clima e vegetação.
Segundo a responsável técnica da pesquisa, Manuela Mendonça de Alvarenga, a partir deste projeto piloto, a equipe da Diretoria de Geociências do IBGE pretende avaliar proposta metodológica que seja realizada futuramente em todo o território nacional.
“Para nós é importante lançar este estudo em caráter experimental, para que possamos colocar a proposta de metodologia em discussão, testar sua aplicabilidade a diferentes contextos e, a partir de um retorno de outros pesquisadores, de gestores e de demais partes interessadas, propor algo que possa ser aplicável a todo o Brasil”, disse Manuela.
De acordo com o IBGE, a metodologia realizada nesta investigação utilizou a definição de áreas verdes urbanas do Código Florestal Brasileiro, que considera áreas públicas ou privadas de vegetação (natural ou recuperada), que têm uma destinação no planejamento urbano diferente de loteamentos e moradias.
O instituto explica que a classificação de áreas verdes seguiu a proposta do Ministério do Meio Ambiente e de Mudança do Clima, que contempla diferentes tipos, como parques, praças, canteiros.
“Para a área de mapeamento, foi considerada uma delimitação que segue o padrão internacional da ONU-Habitat pautado em densidade demográfica e tamanho da população em áreas contínuas. Além disso, foi proposta a utilização de dados de cartografia colaborativa, que indicam a presença de áreas verdes diversas. Estes foram utilizados como insumos para identificação preliminar, cruzados com outros de imagens de satélite, que indicaram a presença de vegetação”, diz o IBGE.
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Conforme o instituto, em Guarulhos, foram identificados 7.096,37 hectares de áreas verdes urbanas, o que representa 45% das áreas urbanizadas do município, levando em conta a área de 800 metro em torno do centro urbano. Considerando as áreas verdes intraurbanas, o tamanho é reduzido para 6.036,73 hectares, e a proporção passa a ser de 38% das áreas urbanizadas da cidade.
“Com esse resultado, podemos interpretar qual é o grau do impacto que o entorno do centro urbano possui para a composição do mosaico de áreas verdes da cidade e consequentemente os serviços fornecidos à população”, explicou Manuela.
O IBGE informou que, em Palmas, o total de áreas verdes urbanas foi de 5.137 hectares, considerando a área de mapeamento com o entorno de 800 metros do centro urbano, o que representa 49,11% do total de áreas urbanizadas da cidade.
“Considerando apenas a área intraurbana, as Áreas Verdes Urbanas passam a somar 977,99 hectares, representando aproximadamente 10% da mancha urbanizada do município. A diminuição de cerca de 80% de áreas verdes entre os recortes intraurbano e periurbano se deve ao fato de que Palmas possui grandes extensões de matas ciliares de rios tributários ao Rio Tocantins que cruzam a cidade e não são consideradas áreas urbanizadas, devido à sua grande extensão sem moradias ou área construída”, afirma o instituto.
"O mapeamento foi proposto considerando a disponibilidade de insumos e a simplicidade de processamento, e, com isso, podemos chegar a um dado de qualidade para todo Brasil. Assim, a partir de uma primeira versão e de sua validação, o próprio mapeamento pode servir como entrada para treinar algoritmos de inteligência artificial, que poderão permitir uma atualização do mapeamento mais automatizada", completa Manuela.
AGÊNCIA BRASIL
SÃO PAULO/SP - A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) suspendeu, desde 28 de agosto, as autorizações para queimas controladas em todo o estado. A suspensão vale por 30 dias e busca diminuir os riscos de incêndios florestais, que têm alto histórico de incidência nos meses de agosto de setembro.
A decisão inclui queimas de palha da cana-de-açúcar, agrícolas e para fins de controle de pragas. Novos pedidos não serão aceitos no período descrito, e o prazo poderá ser estendido caso a seca continue.
A queima da palha da cana já estava limitada desde julho. Até então, era autorizada apenas quando a umidade relativa do ar estava acima de 40% e fora do período das 11h às 15h, pois o risco de propagação do fogo é maior. Todas as liberações agora estão suspensas.
O diretor de Controle e Licenciamento da Cetesb, Adriano Queiroz, explica o objetivo da medida preventiva: “Mais uma vez adotamos a suspensão como medida preventiva para atravessar o período crítico de estiagem. Nosso objetivo é reduzir os riscos de incêndios florestais e preservar a qualidade do ar, em linha com o histórico recente e a experiência de anos anteriores”.
Os esforços da Cetesb para conter as queimas fazem parte do Programa SP sem Fogo. A operação desenvolve diversas atividades de forma permanente durante o ano, para combater e prevenir incêndios florestais em grandes áreas verdes próximas a regiões rurais e urbanas.
Em 2024, o Brasil passou por uma grande crise climática nos meses de agosto e setembro. Os índices de tempo seco, alta ocorrência de incêndios e baixa qualidade do ar registraram piora sem precedentes.
Comparado com o ano anterior, o mês de agosto de 2025 representou grande queda nos índices de queimadas. Segundo dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o estado de São Paulo registrou queda de 75%, se comparado com 2024, no total de focos.
De acordo com o INPE, entre 1º e 15 de agosto foram contabilizadas 148 ocorrências em 2025. Em 2024, foram 548. O investimento em monitoramento, melhores condições climáticas e o treinamento de equipes locais de resposta foram apontados como motivos do recuo.
AGÊNCIA BRASIL
BELÉM/PA - O desafio global de fazer frente às mudanças climáticas reforçou os laços entre o Brasil e França, em um esforço científico pela Amazônia. Pesquisadores dos dois países estão reunidos em Belém, no Pará, para dar início a mais uma temporada de projetos que pensam o futuro do planeta a partir da ciência, cultura e política.
O Seminário Conexões Amazônicas – Pesquisas Colaborativas entre Brasil e França, inaugurou na terça-feira (26) as atividades científicas da Temporada Brasil-França 2025. O encontro vai até amanhã dia 29, no Museu Emílio Goeldi, em Belém, como parte da agenda bilateral realizada a cada ano em duas temporadas – uma em cada país.
Segundo a representante da Embaixada da França no Brasil, Sophie Jacquel, a Temporada França-Brasil 2025 traz este ano um foco especial na cooperação científica que tem laços históricos e muito fortes através dos séculos, com um olhar ambiental reforçado pela realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).
“Estamos em um momento em que a Amazônia se aproxima de um ponto de não retorno pela mudança climática e isso é uma preocupação muito forte de ambos os governos e também dos pesquisadores brasileiros e franceses. Por isso, precisamos estruturar ainda mais esse compartilhamento de conhecimento e a interdisciplinaridade dos eixos de pesquisa”, destaca.
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Criada em 2023, a temporada é fruto de um novo impulso da relação bilateral, que celebra agora 200 anos. Do mesmo esforço, nasceu ainda o Centro Franco-Brasileiro de Biodiversidade Amazônica (CFBBA), inaugurado em novembro de 2024, na Guiana Francesa, que também aproxima o trabalho de cientistas dos dois países.
“As universidades, tanto aqui da Amazônia brasileira, quanto da Guiana Francesa, são enraizadas em um território que tem desafios enormes sociais e ambientais, mas também tem a capacidade de pensar quais são as soluções e nos futuros compartilhados”, afirma Nadège Mézié, assessora internacional do Centro Franco-Brasileiro da Biodiversidade Amazônica.
Ao longo de três dias, as comunidades científicas dos dois países apresentarão os avanços recentes das pesquisas sobre sociobiodiversidade, meio ambiente e enfrentamento da crise climática para que possam trabalhar na apresentação de soluções e novas perspectivas a serem levadas aos tomadores de decisões na COP30. “Vamos ter antropólogos, arqueólogos, cientistas da saúde, da biodiversidade e meteorologistas que podem ser capazes de juntos encontrarem soluções concretas”.
Nesta terça-feira, o dia é dedicado a jovens pesquisadores que compartilham seus estudos com cientistas experientes, em um esforço conjunto na construção de conhecimento. “São eles que vão fazer a ciência de amanhã, que têm ideias disruptivas, que têm novas soluções, especialmente os jovens cientistas da Amazônia, que trabalham pela Amazônia", afirma Sophie.
Para ela, o documento construído ao final do seminário vai percorrer os próximos eventos científicos para coletar inovações que podem se transformar em soluções ambientais em um processo de construção coletiva até a conferência climática.
“É o papel da ciência servir de base às decisões de governos e dos tomadores de decisões e construtores de políticas públicas”, afirma.
A programação foi estruturada em três eixos: clima e transição ecológica, diversidade das sociedades e democracia e globalização equitativa e terá a participação de pesquisadores como Stéphan Rostein, Laure Emperaire, Pascale de Robert, da ex-ministra da Justiça na Holanda, Christiane Taubira, Bepunu Kayapó, Lúcia Hussak van Velthem e Loudes Furtado.
O seminário é promovido pela Embaixada da França no Brasil, Museu Emilio Goeldi, com CFBBA e a Associação Comercial do Pará.
A programação completa pode ser conferida no site oficial da Temporada Brasil-França 2025.
AGÊNCIA BRASIL
NOVA GUINÉ - Um tubarão considerado raro, que não era avistado desde 1970, voltou a ser registrado em Papua-Nova Guiné.
O primeiro exemplar da espécie, batizada “Gogolia filewoodi”, foi capturado por um pescador em julho de 1970, na baía de Astrolabe, próximo à foz do rio Gogol. Tratava-se de uma fêmea grávida com 74 centímetros.
Três anos depois, a espécie foi oficialmente registrada como um novo gênero, recebendo o nome em homenagem ao local da descoberta e ao cientista que a classificou, L. W. Fillewood.
No entanto, desde então, a espécie não havia sido vista novamente, mesmo após diversas pesquisas científicas na região.
Agora, um estudo publicado em 21 de agosto no Journal of Fish Biology revelou que, desde 2020, pescadores da província de Madang capturaram seis exemplares — cinco fêmeas e um macho.
Os animais foram documentados por um funcionário da World Wildlife Fund (WWF), que fotografou parte dos tubarões e confirmou a identidade da espécie. Assim como em 1970, todos foram capturados próximos à foz do rio Gogol.
Os cientistas acreditam que o habitat do tubarão pode se restringir a uma pequena área da baía de Astrolabe e destacam que já estão sendo iniciadas medidas de monitoramento para preservar “essa espécie única e rara”.
por Notícias ao Minuto Brasil
BRASÍLIA/DF - Uma nota em que manifesta preocupação com a decisão da Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de suspender a Moratória da Soja foi divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), na terça-feira (19). No início desta semana, o Cade anunciou a suspensão da ferramenta de proteção do bioma sob a alegação de investigação de prática anticompetitiva.
Para a pasta do Meio Ambiente, a Moratória da Soja é um importante acordo voluntário entre associações de empresas e sociedade civil, com o apoio do governo, para produção de soja na Amazônia. De acordo com o MMA, esse é um instrumento pioneiro e reconhecido internacionalmente, com vigência de quase 20 anos.
“A perenidade do acordo indica seu sucesso e a ausência de elementos que possam, por si só, caracterizar um cartel de compra que motive uma medida preventiva”, reforça.
Ao manifestar preocupação com a decisão, a pasta ambiental destacou o princípio de defesa do meio ambiente previsto na Constituição Federal, “inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços”, diz.
A nota destaca ainda os critérios estabelecidos pelo acordo voluntário para uma produção sustentável de soja no bioma Amazônia, como a utilização apenas de áreas consolidadas de desmatamento para plantação da cultura, exceto as embargadas por ilegalidade, além da proibição de trabalho em condições análogas à escravidão.
O acordo assinado em 2006, considera o ano de 2008 como marco para proibição de novos desmatamentos para produzir soja, liberando a produção agrícola em áreas desmatadas anteriormente.
“A experiência da Moratória da Soja demonstrou que é possível expandir a produção agrícola de forma competitiva, com ganhos de produtividade, respeito à legislação e proteção dos direitos humanos”, informa a nota
Segundo o governo, entre 2006 e 2023, houve expansão da produção de soja na Amazônia de 427%, enquanto no restante do Brasil ela cresceu 115%. A maior parte, 97,6% do desmatamento ocorrido nesse período no bioma não foi associado à soja.
“O MMA reafirma seu compromisso em trabalhar junto a produtores, empresas e instituições públicas para que a agricultura brasileira siga como exemplo de desenvolvimento sustentável, conciliando competitividade econômica, preservação ambiental e respeito à dignidade do trabalho humano”, conclui.
AGÊNCIA BRASIL
COSTA RICA - Um tubarão-lixa de quase dois metros e com uma coloração alaranjada incomum foi avistado na Costa Rica durante uma expedição de pesca organizada pela empresa turística Parismina Domus Dei.
O registro, feito em agosto do ano passado, ganhou novo destaque agora com a publicação de um estudo da Universidade Federal do Rio Grande, citado pelo Miami Herald, que explica a tonalidade peculiar do animal.
Segundo os pesquisadores, o tubarão apresenta xantismo, uma condição genética rara que provoca excesso de pigmentação amarela ou dourada em pele, escamas ou pelos, o que justifica a aparência alaranjada. Até então, o xantismo havia sido observado apenas em alguns peixes das Caraíbas, répteis e aves mas nunca em tubarões ou outros peixes cartilagíneos.
“A descoberta de um tubarão-lixa laranja levanta questões importantes sobre a genética e a adaptabilidade da espécie. Trata-se de um caso isolado ou de um sinal de tendência genética na população local?”, questiona o estudo.
Cientistas apontam que animais com xantismo costumam ter a sobrevivência dificultada, já que a coloração os torna mais visíveis a predadores e presas. No entanto, no caso deste tubarão que já alcançou quase dois metros a condição não parece ter comprometido sua vida até agora.
Mais surpreendente ainda é que o animal também apresenta albinismo, outra condição genética caracterizada pela ausência de melanina, que costuma resultar em pele ou escamas esbranquiçadas, olhos claros e maior sensibilidade ao sol. Nas imagens registradas, é possível observar os olhos brancos do tubarão.
A combinação de xantismo e albinismo torna o caso único e impressionante. Em condições normais, tubarões-lixa adultos têm coloração marrom, que os ajuda a se camuflar nos recifes. Já a cor laranja chamativa, em tese, dificultaria tanto a caça quanto a proteção do animal mas este exemplar parece ter superado tais obstáculos, intrigando os cientistas sobre possíveis vantagens adaptativas dessa raridade genética.
por Notícias ao Minuto
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