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BRASÍLIA/DF - Ao longo de 20 anos, 41% do Cerrado brasileiro esteve em chamas em algum momento. A área média queimada anualmente, entre 2000 e 2019, foi de 109.138 hectares, o que corresponde a 5,4% dessa vegetação. Os números fazem parte da pesquisa desenvolvida por Vera Laísa Arruda durante o mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais (PPG-CFL) da Universidade de Brasília.

Em sua dissertação, intitulada Mapeamento de cicatrizes de áreas queimadas no Cerrado usando imagens Landsat, Google Earth Engine e Deep Learning, ela criou uma metodologia capaz de cobrir todo o bioma no país e ainda quantificar quantas vezes cada área queimou no período estudado.

Por exemplo, observou-se que 270.601 km² queimaram de duas a três vezes, 181.612 km² queimaram de quatro a dez vezes e 13.085 km², mais de dez vezes. Isto indica que mudanças do uso da terra têm alterado o regime do fogo, aumentando a frequência da ocorrência dos incêndios florestais, afirma a egressa em seu trabalho, defendido em abril deste ano e publicado no fim de julho.

Segundo ela, o fogo mapeado foi de todos os tipos, tanto manejado quanto criminoso, e há grandes mosaicos de áreas com alta frequência de chamas observadas no meio-norte e norte do bioma, nos estados do Tocantins e Mato Grosso, e a leste, na ilha do Bananal (TO).

Pelos estudos, o fogo predomina em área de vegetação natural (formação florestal, savânica e campestre) e em áreas protegidas, como terras indígenas, unidades de conservação e territórios quilombolas onde é comum realizar queimadas para limpeza do solo, caça, proteção de aldeias, estimulação de floração/frutificação e rebrota de plantas, eliminação de pragas, entre outros.

A pesquisa da Vera foi uma importante contribuição no desenvolvimento de uma técnica de mapeamento de áreas atingidas por fogo em todo o bioma Cerrado, em nível de detalhes locais. Isto vinha sendo feito, mas em estudos localizados, em menor abrangência espacial, conta o coorientador Eraldo Matricardi, docente do Departamento de Engenharia Florestal (EFL) da UnB.

 

TESTE E VALIDAÇÃO

Vera Laísa desenvolveu uma metodologia semiautomática para o mapeamento de áreas queimadas no Cerrado a partir de imagens do satélite Landsat e do algoritmo Deep Learning, implementado nas plataformas Google Earth Engine e Google Cloud Storage ferramentas de busca e processamento de dados nas nuvens.

Inicialmente, o ano escolhido para testar a técnica foi 2017. Foi obtida uma precisão de 97% a partir de validação com 2.200 pontos. Comprovada a eficiência da metodologia para o mapeamento de cicatrizes de fogo, foi ampliada para os anos de 2000 a 2019 para que se pudesse ter um melhor entendimento do comportamento do fogo no Cerrado a partir da série histórica dos últimos 20 anos.

Sua grande virtude foi usar uma ferramenta nova, criar um algoritmo, aprender a dominá-lo e depois testar esse algoritmo para mapear toda ocorrência de fogo no bioma Cerrado, declara seu orientador, Reginaldo Pereira, professor do EFL e diretor da Fazenda Água Limpa (FAL), estação experimental da UnB.

Segundo ele, Vera foi capaz de responder em sua dissertação a algumas questões que sempre tinham em mente. Por exemplo: quando se trabalha com sensoriamento remoto, como detectar áreas atingidas por fogo no Cerrado utilizando imagens de satélite e qual a precisão de tal mapeamento? Qual o melhor período do ano para detectar áreas queimadas no Cerrado para que as cicatrizes não fiquem mascaradas?

Ela conseguiu detectar também outras informações importantes, como o comportamento do fogo no Cerrado nas duas últimas décadas se passou mais de uma vez em um local, qual a área atingida, a agressividade desse fogo, as fitofisionomias mais atingidas, e as categorias fundiárias com maior incidência de fogo. Então, muitas questões que tínhamos em mente foram sanadas pela Vera com seu trabalho, pontua Pereira.

A egressa da Universidade conta que, como trabalha em um instituto de pesquisa ambiental, já via desde antes a necessidade de se criar uma metodologia robusta e inovadora para mapeamento semiautomático de área queimada no Brasil.

Foi bem desafiador desenvolver uma metodologia nova, com ferramentas inovadoras de aprendizado de máquina. Ao final do projeto, foi muito gratificante ter uma base de dados única para o Cerrado, em uma série temporal longa e com uma boa resolução de dados, comenta a agora mestre em Engenharia Florestal Vera Laísa Arruda.

 

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

A pesquisadora frisa que, nas últimas décadas, a ocorrência de fogo tem aumentado no Brasil, e, consequentemente, as emissões de gases de efeito estufa também tendem a crescer para se ter uma ideia, se fossem contabilizados, apenas os incêndios florestais relacionados ao desmatamento na Amazônia teriam contribuído com um aumento de 21% nos cálculos de emissões anuais de gases do efeito estufa do Brasil, segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).

Essa estimativa para o Cerrado ou para o país também pode ser feita agora a partir dos dados produzidos na dissertação de Vera. Os eventos de fogo são uma importante fonte de emissões de gases de efeito estufa e sua recorrência pode alterar a paisagem e o microclima local. Aumentar a emissão desses gases tem efeito direto nas mudanças climáticas globais, declara a egressa da UnB.

As conclusões de seus estudos, segundo ela, destacam a importância da adoção de estratégias de gestão e políticas orientadas para a conservação dos biomas e prevenção de incêndios florestais.

Os atores e gestores devem se preocupar com cenários futuros de mudanças climáticas e maiores riscos de ocorrência de fogo. Além de que devem ser feitas ações para o combate ao desmatamento, pois muitas vezes o fogo é usado para limpeza de áreas desmatadas. Também deve ser feito o incentivo ao uso de práticas agrícolas com tecnologias mais avançadas, para que não se use o fogo também como ferramenta agrícola, recomenda Vera Laísa.

Os resultados da pesquisa iniciada pela Vera são o primeiro passo para a estimativa mais precisa das emissões de gases do efeito estufa provenientes da queima da biomassa de diferentes biomas brasileiros. A partir de agora, estudos complementares poderão se basear nas áreas atingidas por fogo para estimar a quantidade de biomassa consumida em cada incêndio e estimar a quantidade de gases emitidos em cada caso, complementa o professor Eraldo Matricardi.

 

CONTRIBUIÇÃO SOCIAL

A dissertação de Vera já se desdobrou em um artigo escrito em conjunto com o então orientador, o coorientador e mais duas pesquisadoras do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) onde a egressa da UnB atua profissionalmente como analista de pesquisa. O estudo foi publicado na revista Remote Sensing Applications: Society and Environment, de alto impacto internacional equivale ao Qualis A1 no conceito da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

A metodologia desenvolvida por ela também já serve de base neste momento para o Projeto de Mapeamento Anual de Fogo no Brasil (MapBiomas Fogo), uma iniciativa do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima. A proposta é produzida por uma rede colaborativa de cocriadores formada por organizações não governamentais (ONGs), universidades e empresas de tecnologia organizados por biomas e temas transversais.

Os dados foram ampliados para todo Brasil e estão disponíveis à sociedade em geral e aos órgãos públicos e ONGs, a fim de apoiar a definição de estratégias e ações de monitoramento, controle e planejamento da prevenção e combate aos incêndios florestais no Cerrado.

Participo também da equipe do MapBiomas Fogo, no qual fizemos o mapeamento de área queimada para todos os biomas do Brasil de 1985 a 2020, com uma grande aplicação da metodologia desenvolvida no meu mestrado. Serviu para criar uma base de dados nova para todo o país, para novos projetos, suporte para prevenção e combate a incêndios e fonte de informação para políticas públicas, conta Vera Laísa.

Do ponto de vista científico, os resultados que estão sendo gerados com a aplicação da metodologia desenvolvida na pesquisa da Vera ampliarão substancialmente o entendimento da ocorrência e propagação do fogo na vegetação nativa e nas áreas antropizadas no Cerrado. Com isso, será possível o desenvolvimento de estudos mais específicos sobre os impactos do fogo na vegetação, animais, socioeconômicos e no ser humano, avalia o professor Eraldo Matricardi.

O Cerrado ocupa uma área de cerca de 2 milhões km², localizada na porção central do país. Matricardi acredita que a metodologia de Vera tem potencial para ser aplicada para os demais biomas brasileiros, com os devidos ajustes às características de cada região.

Além disso, a metodologia poderá ser aplicada a baixo custo por organizações e instituições que desejem desenvolver outros mapeamentos com séries espaço temporais menores, ou mesmo usando dados de satélites que permitam o mapeamento de maiores detalhes na superfície de cada região ou área de interesse, acrescenta.

 

FOGO X INCÊNDIO

Vale lembrar que nem toda chama na vegetação é danosa, e que fogo é diferente de incêndio. Tanto Vera Laísa Arruda como o professor do Departamento de Ecologia do Instituto de Ciências Biológicas (ECL/IB) Carlos Henke destacam que o fogo faz parte de um processo natural do Cerrado e também tem seus usos culturais por populações tradicionais. De outro lado estão os incêndios causados por falha ou imperícia de indivíduos, que causam estragos, às vezes irreversíveis, para a vida humana, animal ou vegetal, entre outras consequências.

O fogo [...] é uma característica comum e determinante da vegetação do Cerrado. Porém, a rápida ocupação da região tem mudado o regime natural do fogo (ocorrência e frequência de queimadas) através da conversão de áreas nativas para agricultura ou pastagem, gerando consequências para a estrutura e composição da vegetação. Essas alterações das fitofisionomias, por sua vez, favorecem a ocorrência de incêndios mais intensos e frequentes e, consequentemente, aumentando os impactos causados, ensina Vera Laísa em sua dissertação.

É preciso entender que o incêndio é uma queima descontrolada. Nós, humanos, quando combatemos e fazemos a prevenção, estamos tentando controlar o fogo, e isso é bom. O fogo não é ruim, o incêndio é, porque você perde o controle do fogo, afirma Carlos Henke. Para ele, o ideal é sempre investir em prevenção, que é mais barato e mais seguro que remediar depois.

Não é só combater! Prevenir é sempre melhor que combater os incêndios. Na prevenção você economiza dinheiro e esforço gerencial, expõe menos o brigadista e a população às condições insalubres provocadas pelo incêndio. Também evita acidentes e morte de pessoas e animais e injúrias à vegetação. Contudo, os incêndios estão ocorrendo de forma muito severa ultimamente e ainda ocorrerão, mesmo com todo cuidado, toda a prevenção e o manejo integrado do fogo (MIF). Então, o combate sempre existirá, analisa o professor do ECL.

Henke explica que combater incêndios é complexo, pois demanda investimento em capacitação contínua, equipamentos e tecnologias. As tecnologias progressivamente vão melhorando nossa capacidade de combate. Mas equipamento bom e novo também precisa de manutenção e pessoal capacitado. Às vezes a manutenção é em campo mesmo, não dá tempo de mandar um equipamento para oficina", relata.

"E o combatente precisa ser qualificado para lidar com adversidades, desde realizar adaptações de encaixes hidráulicos até realizar a limpeza de carburador de motobomba, além de ter condições de prestar primeiros socorros a eventuais vítimas (inalação de gases, acidentes com animais peçonhentos, etc.) e realizar resgate de animais. Isso exige habilidades múltiplas de pessoas numa equipe igualmente múltipla. Isso exige constante qualificação, completa o docente.

As tecnologias trazem inovações em equipamentos, mas não apenas isso. Também ajudam no combate a incêndios com agentes químicos, como espumas, umectantes, retardantes de chamas, entre outros. Mas para se chegar ao produto ideal, viável e eficaz, é preciso haver muita pesquisa e tempo para fazer adaptações até ser possível incorporar os novos produtos.

Optar pelo combate químico necessita um nível muito mais elevado de qualificação dos combatentes e das agências, as quais ainda terão que lidar com os impactos negativos dos agentes químicos sobre a biodiversidade e os recursos hídricos. Ainda não estamos preparados, mas não podemos postergar pesquisas nesta área, afirma Carlos Henke, que coordena o Projeto Prometeu na Universidade de Brasília desde 2017.

A iniciativa tem o objetivo de avaliar as tecnologias de retardantes químicos de chamas para o combate aos incêndios florestais no bioma Cerrado e os principais impactos ambientais e institucionais do uso.

Conhecer os impactos negativos do combate químico no Cerrado e sua eficiência e efetividade é o principal objetivo do Projeto Prometeu. A ideia é conduzir experimentos em laboratório e campo nos quais haja o uso de fogo e dos agentes químicos. Durante as queimas, que por vezes duram apenas minutos, e no acompanhamento dos impactos sobre solos e flora, que podem perdurar por anos, o Projeto Prometeu tenta elucidar várias perguntas deste quebra-cabeças enorme que é o combate aos incêndios, esclarece o professor do IB.

Uma coisa já sabemos: os dados gerados são muito importantes e é necessário que os gestores estejam cientes da complexidade inerente ao combate químico, pois alguns produtos químicos funcionam bem, outros nem tanto. Porém, em algum grau, os efeitos adversos sempre incidirão sobre o ambiente, sobre as sociedades e sobre as finanças públicas, arremata Henke.

 

DOCUMENTÁRIO

 Essa complexidade das queimadas florestais e a necessidade da formação sólida dos combatentes e do uso de diferentes ferramentas de apoio às operações são detalhadas no recém-lançado documentário Fogo na Mata, fruto do Projeto Prometeu.

Multa ultrapassou R$ 2 milhões

 

ARAMINA/SP - A Polícia Militar Ambiental realizou sete autuações, somando mais de R$ 2 milhões em multas, após flagrar queimadas em duas fazendas na cidade de Aramina, no interior do Estado. A ação ocorreu na terça-feira (24) e atingiu uma área total de 308,36 hectares.

O incêndio foi identificado por uma equipe do 4º Batalhão de Polícia Ambiental (BPAmb) durante atividades da Operação Corta Fogo – uma força-tarefa do Estado que tem como objetivo combater incêndios florestais. Com isso, foi verificado que as chamas flagradas nas propriedades rurais atingiram 182,63 hectares de vegetação nativa e 125,73 hectares de área de cultivo (cana-de-açúcar e pastagem).

Diante do flagrante, foram registrados sete Autos de Infração Ambiental (AIA) contra as empresas responsáveis pelos locais por violação aos artigos 43, 48 e 49 da resolução de nº 5 da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente (Sima), somando R$ 2.204.767,50 em multas, que foram aplicadas levando em consideração o art. 59 da mesma resolução.

Posteriormente, o caso foi encaminhado à Polícia Civil para providências de polícia judiciária

Ação ocorreu em Valentim Gentil; multa ultrapassou R$ 120 mil

 

VALENTIM GENTIL/SP - A Polícia Militar, por meio do 4º Batalhão de Polícia Ambiental (BPAmb), autuou um fazendeiro após flagrar uma queimada em sua propriedade, totalizando 69,33 hectares. A ação ocorreu na terça-feira (10), em Valentim Gentil, na região de Votuporanga, no interior do Estado.

O incêndio foi visto por uma equipe da PM Ambiental durante policiamento rural e a mensuração do território queimado foi feito com o uso de aplicativo “GPS”. O fogo atingiu o cultivo de cana-de-açúcar existente no local, bem como a vegetação exótica (capim) e nativa secundária, em estágio de regeneração, em área comum e de Preservação Permanente (APP).

Diante do flagrante, foram registrados quatro Autos de Infração Ambiental (AIA) contra o responsável pela propriedade por violação aos artigos 43, 49, 56 e 59 da resolução de nº 5 da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente (Sima), somando R$ R$ 120.615 em multas.

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Há que destacar que o autor também infringiu os artigos 38 e 50 da Lei Federal 9605/98, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

SÃO CARLOS/SP - Moradores do Distrito de Santa Eudóxia, andam indignados por conta de pessoas atearem fogo em lixos domésticos em terrenos baldios com a vegetação seca. O grande problema é a estiagem que estamos enfrentando e um calor superior a 34°C.

“A maioria dos moradores em Santa Eudóxia são idosos e com dificuldades para respirar. Todos nós independentemente da idade temos dificuldade para respirar, sem falar da fuligem que fica no ar e entra em nossas casas” desabafou a internauta.

A moradora do distrito ainda disse que nunca viu o caminhão do Corpo de Bombeiros por lá. “Tem incêndio doméstico que é obvio que os bombeiros não vão vir, talvez pela distância, mas tem incêndio que são grandes e quem acaba apagando os incêndios tanto domésticos quanto na mata é os colaboradores das usinas” relatou.

Os moradores reclamaram também do poder público, pois segundo eles não tem um fiscal ou uma campanha de conscientização do povo. “Temos no papel vereadores da nossa região de Santa Eudóxia e Água Vermelha, mas não vejo uma ação deles neste quesito. Não aparece um Fiscal ou Guarda Municipal para multar essas pessoas que ateiam fogo, isso é crime. Uma campanha para conscientizar a população nunca existiu, assim fica difícil”. Desabafou moradora.

A moradora disse que nesta última quinta-feira (17), um incêndio quase atingiu uma residência de um político da cidade e parece que agora vão se mover. Porém, mesmo com a estiagem a moradora relatou que aparenta ser cultural essa ação. “Os terrenos aqui do Distrito são grandes e quando corta um mato ou recolhe folhas das árvores o povo recolhe e ateia fogo, por isso digo que é cultural, mas onde está a prefeitura, vereadores, Polícia Ambiental e sei lá quem pra orientar, ou tentar evitar esses incêndios domésticos? Precisamos de ajuda” finalizou a moradora.

BRASÍLIA/DF - O governo federal anunciou, na noite desta quarta-feira (15), que foi editado um decreto para proibir o emprego de fogo em áreas rurais por um período de 120 dias. A medida vale para todo o território nacional. Em nota distribuída à imprensa, a Secretaria-Geral da Presidência da República informou que, historicamente, a maior incidência de queimadas ocorre entre os meses de agosto e outubro. O Decreto Nº 10.424, de 15 de julho de 2020, está publicado no Diário Oficial da União desta quinta-feira (16).

"A previsão climática do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos para os meses de julho, agosto e setembro indica período de forte estiagem, motivo pelo qual tornou-se urgente a adoção da suspensão das queimadas para conter e reduzir a ocorrência de incêndios nas florestas brasileiras", informou a pasta.

Segundo a nota, citando o Ministério do Meio Ambiente, os dados recentes da plataforma de dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam grande quantidade de focos de queimadas no primeiro semestre deste ano, não apenas na Amazônia, mas também em outros biomas, como o Pantanal.

De acordo com o governo, o decreto de suspensão de queimadas não se aplica para alguns casos, como nas práticas agrícolas de subsistência executadas pelas populações tradicionais e indígenas; nas práticas de prevenção e combate a incêndios realizadas ou supervisionadas pelas instituições públicas responsáveis pela prevenção e pelo combate aos incêndios florestais no Brasil; nas atividades de pesquisa científica realizadas por Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação (ICT), desde que autorizadas pelo órgão ambiental competente; no controle fitossanitário, desde que autorizado pelo órgão ambiental competente, e nas queimas controladas em áreas fora da Amazônia Legal e no Pantanal, quando imprescindíveis à realização de práticas agrícolas, desde que autorizadas previamente pelo órgão ambiental estadual.

No ano passado, em meio ao aumento dos incêndios, principalmente na Amazônia, o governo também suspendeu, por meio de decreto, a aplicação de fogo em áreas rurais. Segundo dados oficiais, a medida, que vigorou durante 60 dias, entre agosto e setembro, reduziu as queimadas em 16%.

 

 

*Por Pedro Rafael Vilela - Repórter da Agência Brasil

Aumento de pessoas com problemas respiratórios oriundos das queimadas pode agravar a situação do sistema de saúde já sobrecarregado com a Covid-19. Nesse contexto, é ideal a união de agentes da sociedade civil e dos governos para preservar as áreas e frear as ações criminosas

 

AMAZÔNIA - O período entre os meses de maio e setembro é considerado crítico no bioma amazônico devido à estiagem, que com o tempo seco acaba facilitando as queimadas. Somados a isso, vale destacar que grande parte das queimadas são frutos de ações criminosas.

Instituições alertam que nesse ano o fogo deve prejudicar ainda mais a Amazônia. De acordo com uma estimativa do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), até o final de julho o país pode ter até 9 mil km² de extensão na Amazônia que poderão ser queimados.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) pontuou que foram registrados 5.655 focos de incêndio na Amazônia entre janeiro e junho de 2020. O Instituto pontua ainda que as queimadas devem aumentar justamente nos próximos meses, quando a estiagem é mais severa.

Impactos na saúde pública

Além da degradação ambiental, as queimadas podem desencadear até mesmo consequência para a saúde pública. A fumaça e poluição afetam com intensidade pessoas que possuem problemas respiratórios, sendo que a ida desses pacientes aos hospitais pode complicar ainda mais o sistema de saúde que está concentrado no atendimento às vítimas de Covid-19. 

Segundo a Comissão Científica de Doenças Ambientais e Ocupacionais da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) estão entre os sintomas da inalação de fumaça pelas queimadas, ardência na garganta, tosse, cansaço, falta de ar, rouquidão e boca seca. Boa parte dos sintomas são parecidos com o da Covid-19, o que confundiria o diagnóstico em um primeiro momento.

Segundo as instituições de pesquisa, as comunidades são afetadas pelo fogo por causa do chamado “material particulado”, que é um resíduo tóxico gerado pela queima. Esses elementos podem, inclusive, chegar a cidades distantes por causa do vento.

De acordo com uma pesquisa da Fiocruz, que foi coordenada pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT), o número de crianças internadas com problemas respiratórios dobrou em áreas afetadas por queimadas na Amazônia. No ano passado, entre maio e junho, foram de 2,5 mil internações a mais nos hospitais, em relação ao período sem fogo.

Na eminência das queimadas virarem uma calamidade pública, entidades governamentais e privadas precisam intensificar os esforços para combater esse distúrbio. Uma das entidades que promovem a integração e cooperação dos entes amazônicos é a PanAmazônia. A organização reúne indivíduos, instituições e empresas que atuam na Amazônia e possui sede em Manaus.

Gilvan Guidin, diretor financeiro da UzziPay e integrante da Associação PanAmazônia, salienta que o respeito ao meio ambiente precisa ser um pilar de empreendimentos de todos os tipos e afirma que a Amazônia precisa estar no centro da atenção de todos.

“Manter esse bioma e os outros protegidos e conservados é preservar a própria vida em si. Por causa desse entendimento, todo o nosso trabalho precisa mirar no respeito ao meio ambiente como um projeto contínuo e constante”, defende.

A fintech ecológica UzziPay, que tem como proposta conservar uma árvore da Amazônia a cada novo cliente, possui uma área de 700 hectares de reserva legal em Porto Velho (RO). E, segundo Márcio Barnabé, Chief Marketing Officer da empresa, nesse período de estiagem a área de conservação está com alerta máximo para as queimadas.

 

Alternativas para o combate às queimadas

Segundo especialistas a conservação de áreas verdes e o combate às queimadas precisam ser encarados como um projeto permanente.

Um estudo encomendado pela UzziPay para a implementação do projeto de conservação da reserva legal da empresa, destaca que é possível blindar essas áreas contra possíveis invasões que sempre se iniciam das bordas para o meio da área, protegendo-as das suscetibilidades do efeito de bordadura, ou seja, do risco do fogo.

Porém, para que isso ocorra é preciso possuir controle, preparar trilhas, identificar as espécies vegetais com etiquetas e tomar outros cuidados. Essa proteção é fundamental para blindar o local contra invasões, depredações e outros ataques.

Os projetos de conservação podem ser feitos a partir de um Acordo de Cooperação com uma Área Privada. Nesses casos, dentre as atribuições da empresa que vai financiar os custos da proteção da área estão a realização periódica de coleta de imagens do local, garantir a transparência da proposta e contratar auditoria independente de fiscalização.

“Para realizar a conservação da área, o projeto da UzziPay prevê a proteção da área contra depredação, exploração ilegal, degradação e queimadas criminosas. O monitoramento da reserva legal é feito por solo, por drone ou voos tripulados sobre o local e por imagens de satélite”, explica Márcio.

 

Sobre a UzziPay

UzziPay oferece o que todo banco digital oferece, mas, com uma diferença: além das mais modernas funcionalidades de uma conta de pagamentos e carteira digital, como pagamentos com QR Code, a UzziPay acredita que é possível preservar a natureza enquanto os clientes preservam seu dinheiro.

Propõe um movimento inovador de preservação colaborativa em direção a um futuro responsável e sustentável para o dinheiro e para o mundo.

Convida as pessoas a fazerem parte do negócio abrindo suas contas e com isso, quanto mais clientes a conta UzziPay conquistar, mais árvores serão preservadas.

Porque oferecer cada vez mais vantagens e facilidades é o que todos buscam. Diferente é ter a consciência de que devemos retornar à sociedade (e neste caso, também à natureza) tudo o que ela nos proporciona de bom.

UzziPay quer crescer e prosperar, e deseja que todos também cresçam e que a Amazônia também prospere.

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