RIO DE JANEIRO/RJ - A área ocupada pelas lavouras no Brasil triplicou entre 1985 e 2020, passando de 19 milhões de hectares para 55 milhões. Desse total registrado no ano passado, 36 milhões são ocupados apenas por plantações de soja. Sozinha, a leguminosa ocupa 4,3% do território nacional – uma área superior à de países como Itália e Vietnã. As informações são do MapBiomas, que analisou imagens de satélite deste período. Foram divulgadas na quarta-feira, 20/10.
O MapBiomas é uma iniciativa que reúne especialistas de universidades, instituições e ONGs para analisar imagens de satélite e criar séries históricas e mapeamento de uso e cobertura da terra no Brasil. O crescimento das áreas ocupadas pela agricultura foi observado em todos os biomas brasileiros, mas de forma mais acentuada no Cerrado. A área ocupada pela soja também aumentou em três vezes.
O dado mais recente mostra que quase a metade (42%) de toda a agricultura do Brasil está no Cerrado, justamente o bioma que tem menos áreas de proteção ambiental demarcadas. Entre 1985 e 2020 a área cultivada neste bioma cresceu nada menos que 464%. Em segundo lugar, vem a Mata Atlântica, que representa 34% da área agrícola, seguida de Amazônia e Pampa, ambos com 11%.
O Cerrado é também um dos biomas mais frágeis às alterações do regime de chuvas causadas pelo desmatamento da Amazônia. É também uma das regiões do País de maior risco climático. Segundo o último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, com aumento da temperatura média da Terra de 4ºC a 5ºC, a redução de chuvas nessa área do Brasil será de cerca de 20%. Esse cenário praticamente inviabiliza as atividades agrícolas na região.
A metade de todo o cultivo de soja no Brasil está no Cerrado. No entanto, a soja avançou sobre a Amazônia a partir dos anos 2000. São 5,2 milhões de hectares plantados, o que equivale a 14% da área total nacional desse cultivo. Outros 26% da área de soja no País ficam na Mata Atlântica, onde a soja se expandiu por 7,9 milhões de hectares entre 1985 e 2020.
Cana de açúcar cresceu quase 300% desde 1985
O levantamento do MapBiomas mostra que, no caso da cana de açúcar, o crescimento da área mapeada foi de 291% entre 1985 e 2020. No ano passado, essa lavoura ocupava 9 milhões de hectares – o equivalente a um quarto da área de soja.
As áreas de café foram mapeadas nos estados com maior área plantada, como Minas, Espírito Santo, São Paulo, Bahia, Paraná e Goiás. No total, o crescimento da área mapeada foi de 43% nas últimas três décadas, alcançando 804 mil de hectares em 2020. O levantamento de citrus foi feito no estado de São Paulo. Mostra um total de 31 mil hectares em 2020.
“De forma geral, o que se percebe em todos os biomas é que não há necessidade de converter vegetação natural em áreas lavráveis porque já há muita terra aberta com aptidão agrícola, e o Cerrado não é exceção”, afirma Moisés Salgado, da equipe do MapBiomas responsável pelo levantamento de agricultura e diretor de tecnologia na Agrosatélite. “Com exceção da Amazônia e da Mata Atlântica, os demais biomas possuem poucas unidades de conservação demarcadas, o que dificulta o trabalho de recuperação das paisagens. Isso reforça a necessidade de conservação das áreas de vegetação nativas restantes, especialmente do Cerrado, que já perdeu metade de sua cobertura original”, destaca.
A evolução da área irrigada mapeada mostra um crescimento de 293%, passando de 819 mil hectares em 1985 para 3.217 mil hectares em 2020.
“Embora a irrigação seja a alternativa para o agricultor quando há deficiência hídrica, ela não é autorizada em casos de crises, como a que o País enfrenta agora”, explica Moisés. “A tendência é de diminuição da água no Brasil, por isso o uso mais conservador da água na agricultura é fundamental para o sucesso futuro da atividade”, completa.
O levantamento estima que a área do País ocupada pela agricultura seja ainda maior. É que além das áreas mapeadas diretamente como de cultivo agrícola, existe uma fração de áreas mapeadas como mosaico de agropecuária (45 milhões de hectares), que também incluem cultivos agrícolas.
*Por: Roberta Jansen / ESTADÃO
SÃO CARLOS/SP - O novo secretário de Agricultura e Abastecimento, Wellington Fábio Cervini, se reuniu nesta semana com representantes da agricultura familiar. No encontro o secretário relatou sobre os convênios e programas vigentes, como PNAE (Programa Nacional de Alimentos), PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), PMAIS (Programa Municipal de Agricultura de Interesse Social) e sobre as perspectivas há longo prazo desses convênios.
Outra questão discutida foi sobre a Chamada Pública que acontecerá no próximo dia 4 de outubro. “Todos demostraram interesse em participar. Após isso vamos estabelecer um plano de trabalho para o restante desse ano”, disse o secretário.
SÃO PAULO/SP - A massa de ar polar que atinge as regiões sul, sudeste, centro-oeste e norte do Brasil a partir desta quarta-feira deve causar temperaturas bem baixas. Em regiões de maior altitude, as mínimas ficarão entre -6°C e -8°C. E durante ao menos três dias, as máximas não devem passar de 10°C. No sul, meteorologistas preveem geadas.
Os efeitos na agricultura podem ser devastadores. Por mais que na região sul as culturas sejam apropriadas para climas mais frios, as temperaturas negativas previstas para os próximos dias podem prejudicar muito a produção. Tanto que cooperativas e outras instituições do setor têm divulgado práticas para proteger as culturas e minimizar as perdas.
Mesmo assim, o perigo é grande. Geadas anteriores já prejudicaram a produção. Só em regiões como Franca, em São Paulo, o prejuízo é estimado em 15%, de acordo com a Faesp (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo).
A situação é mais dramática se levarmos em conta que 84% das propriedades da região sul se enquadram na categoria agricultura familiar, de acordo com dados da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina) de 2017. São esses os produtores mais afetados pelos eventos climáticos, e também aqueles que menos têm condições de contratar os seguros rurais.
A questão é delicada. Em 2019, por exemplo, as estimativas davam conta de que apenas 10% a 15% da área agrícola total tinha algum tipo de apólice de seguro no país. A região sul está à frente das outras justamente por conta da experiências anteriores com eventos climáticos mais extremos. Os recursos são poucos, a burocracia para contratar os seguros é grande e muitos agricultores pequenos, aqueles que mais sofrem quando perdem a produção, não são elegíveis, ou precisam se contentar com apólices que não cobrem todos os riscos.
Ainda há muito para avançar. Quando anunciou o Plano Safra 2021-2022 há cerca de um mês, a ministra Tereza Cristina criticou os recursos destinados ao seguro agrícola: apenas R$ 1 bilhão, quando a previsão original era de R$ 1,3 bilhão. Se a ministra não está satisfeita, imagine os produtores afetados. A democratização dos seguros no campo é uma pauta urgente, e eventos como essa queda na temperatura só reforçam a necessidade de uma política mais inclusiva.
*Por: André Sollitto, Editor da DINHEIRO RURAL
BRASÍLIA/DF - O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) autorizou o pagamento do Garantia-Safra a 25 mil agricultores familiares que aderiram ao programa na safra 2019/2020. O benefício, de R$ 850, será pago em parcela única em razão das medidas de enfrentamento à pandemia de covid-19. O montante chega a R$ 21,5 milhões.
Serão contemplados mais de 25 mil produtores de 27 municípios em sete estados - Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco e Sergipe. A lista dos municípios foi publicada ontem (16) no Diário Oficial da União. Os pagamentos serão realizados a partir deste mês e seguem o calendário de pagamento de benefícios sociais da Caixa Econômica Federal.
O Garantia-Safra assegura ao agricultor familiar o recebimento de um auxílio financeiro, por tempo determinado, caso perca sua safra em razão de seca ou excesso de chuvas. Têm direito a receber o benefício os agricultores com renda mensal de até um salário mínimo e meio, quando tiverem perdas de produção em seus municípios iguais ou superiores a 50%.
Benefício bloqueado
O Mapa também vai notificar os agricultores que aderiram ao programa, nos municípios contemplados, que tiveram a concessão do benefício bloqueado por não atenderem ou comprovarem as exigências legais. Para isso, eles devem acessar o cadastro de inscrição no sistema informatizado de gerenciamento do Garantia-Safra. O prazo para consulta é de 30 dias.
O ministério também disponibilizou uma lista com os nomes dos agricultores que tiveram o benefício bloqueado.
O requerimento de defesa do agricultor familiar deve ser feito por meio do gov.br, o portal único do governo federal, no serviço Solicitar Requerimento de Defesa após Bloqueio do Benefício Garantia-Safra. Uma comissão fará a análise da defesa em até 45 dias, prorrogáveis por mais 15, conforme as orientações da Portaria nº 25/2020, para regularização do benefício.
*Por Andreia Verdélio - Repórter da Agência Brasil
SÃO PAULO/SP - A Caixa Econômica Federal liberou o montante de 12 bilhões de reais em recursos para o Custeio Agro Antecipado, crédito que os produtores rurais do Brasil podem utilizar antes da divulgação do novo Plano Safra, informou o Ministério da Agricultura.
O anúncio foi realizado pelo banco em evento transmitido pela internet, com a presença da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse a pasta em nota. Os recursos estão disponíveis para custeio, comercialização, industrialização e também para investimento.
Segundo o presidente do banco, Pedro Guimarães, já foram emprestados 8 bilhões de reais desde dezembro de 2020, e a expectativa é ter os 100% dos 12 bilhões emprestados entre o final de março e início de abril.
"Queremos beneficiar todos os segmentos, mas sem dúvida o pequeno agricultor, do Pronaf, é fundamental, porque a Caixa é o banco de todos os brasileiros, em especial dos mais humildes", afirmou Guimarães no comunicado divulgado pelo ministério.
As taxas para os agricultores do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) são de 2,75% ao ano. Para os do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), são de 4%, e demais produtores, de 5% ao ano.
Sem dar mais detalhes, Guimarães disse que o objetivo é que a carteira de crédito rural da Caixa chegue a 40 bilhões de reais ao final de 2022.
O banco também anunciou que abrirá 21 unidades especializadas no atendimento ao agronegócio.
*Por Nayara Figueiredo / REUTERS
SÃO CARLOS/SP - O Ministério da Cidadania aprovou esta semana a proposta da Prefeitura de São Carlos, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento, para o Programa de Aquisição de Alimentos no valor de R$ 877.000,00, sendo esse o maior valor já aprovado desde a adesão do município ao PAA.
Os recursos serão utilizados para a aquisição de gêneros alimentícios hortifruti da agricultura familiar, contribuindo com o fortalecimento desse setor, com a geração de emprego, renda e também a fixação do homem no campo.
Os produtos adquiridos dos pequenos agricultores são usados para o fornecimento regulamente de alimentação de qualidade e quantidades suficientes para atender pessoas em vulnerabilidade alimentar e nutricional, através de doações às entidades assistenciais e o fornecimento aos restaurantes populares e cozinha comunitária.
Com esse aumento no valor serão beneficiados 190 agricultores familiares de São Carlos e região, com expectativa de fornecimento de até 6 mil kg de gêneros alimentícios hortícolas semanalmente, café e feijão, distribuídos para as seguintes entidades: Abrigo de Idosos Helena Dorfeld, ACORDE, Casa da Criança, Associação Missionária Divina Misericórdia, Associação Sal da Terra, Cantinho Fraterno Dona Maria Jacinta, Paróquia Santa Madre Cabrini, Nosso Lar, Obra Assistencial Social Sacramentina, Saber Amar, Salesianos São Carlos e APAE.
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento também repassa esses alimentos para programas desenvolvidos na Casa Abrigo Gravelina Terezinha Lemes, Casa de Acolhimento, Centro da Juventude Elaine Viviani, Centro da Juventude Lauriberto José Reys, CAPS – AD, CRAS - Cidade Aracy, CRAS - Pacaembu, CRAS - São Carlos VIII, CRAS - Santa Eudóxia, CRAS – Santa Felícia, Centro de Referência do Idoso Vera Lúcia Pilla, Centro POP, Restaurante Popular do Cidade Aracy, Restaurante Popular do São Carlos VIII, Restaurante Popular do Antenor Garcia e para a Cozinha Comunitária de Santa Eudóxia.
“O Programa de Aquisição de Alimentos, vinculado ao Ministério da Cidadania, é muito importante para São Carlos, porque injeta de forma direta R$ 877 mil na agricultura familiar local, e ainda possibilita o fornecimento de produtos alimentícios as instituições sociais de nossa cidade. Essa conquista não seria possível sem a dedicação e esforço de toda a nossa equipe no desenvolvimento do projeto local”, ressalta Caio Solci, secretário de Agricultura e Abastecimento.
Criado em 2003 o PAA é uma ação do Governo Federal para colaborar com o enfrentamento da fome e da pobreza no Brasil e, ao mesmo tempo, fortalecer a agricultura familiar. Para isso, o programa utiliza mecanismos de comercialização que favorecem a aquisição direta de produtos de agricultores familiares ou de suas organizações, estimulando os processos de agregação de valor à produção. O programa permite a compra, com dispensa de licitação, de alimentos de agricultores familiares que possuem a DAP – Declaração de Aptidão ao Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).
SÃO CARLOS/SP - A Prefeitura Municipal de São Carlos, através da Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento, visando a retomada das ações para o desenvolvimento das atividades econômicas agrícolas no município, reabrirá neste próximo sábado (03/10), das 7h às 13h, a Feira Livre da Agricultura Orgânica.
A Feira não será mais realizada na Praça dos Voluntários, uma vez que o espaço está sendo revitalizado, portando, será transferida para a praça “Pedro de Toledo” (antiga piscina municipal), também na região central, na rua Dona Alexandrina.
Serão seguidos todos os protocolos sanitários exigidos pelo Plano São Paulo e organizações de saúde, portanto a população deve respeitar o distanciamento social e usar máscaras.
Participam dessa edição da Feira Livre da Agricultura Orgânica nove feirantes, sete estarão comercializando produtos hortifrutícolas, um artesanato e outro caldo de cana, porém nenhum produto poderá ser consumido no local.
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento reforça que outras três feiras também já retornaram: o Varejão da Grécia aos domingos, das 6h às 12h; a Feira do Kartódromo aos sábados das 7h às 13h e a Feira da Praça da XV as terças-feiras das 6h às 12h.
Inscrições devem ser feitas até o dia 29 de setembro
SÃO CARLOS/SP - Até o dia 29 de setembro, o Programa de Pós-Graduação em Agricultura e Ambiente (PPGAA-Ar) do Campus Araras da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) recebe inscrições para o curso de mestrado, com início no primeiro semestre de 2021.
São ofertadas 15 vagas, podendo se candidatar pessoas portadoras de diploma de curso Superior nas áreas de Agroecologia, Biotecnologia, Ciências Biológicas, Engenharia Agronômica (ou Agronomia), Engenharia Agrícola, Engenharia Ambiental, Engenharia Civil/Sanitarista, Engenharia Florestal, Ecologia, Geologia, Geografia, Química ou outros cursos condizentes com uma das linhas de pesquisa do Programa - "Estudo e conservação da biodiversidade e dos recursos naturais em paisagens agrícolas" e "Utilização sustentável dos recursos naturais e soluções para problemas agroambientais".
As inscrições são gratuitas e devem ser feitas por meio de preenchimento de formulário e envio de documentação - itens detalhados no edital (com versões em Português, Inglês e Espanhol), disponível no site do PPGAA-Ar, em www.ppgaa.ufscar.br/processo-
O Programa de Pós-Graduação em Agricultura e Ambiente tem como objetivo melhorar a qualificação técnica, o senso crítico e a formação humanística de docentes e discentes envolvidos diretamente com o curso de pós-graduação e, indiretamente, dos usuários dos produtos gerados pelo curso, como técnicos, produtores rurais e demais profissionais da área das Ciências Agrárias. Dados adicionais sobre o Programa, como detalhamento das linhas de pesquisa, corpo docente e disciplinas ofertadas, estão em www.ppgaa.ufscar.br.
SÃO CARLOS/SP - A Embrapa e a Bayer estão estabelecendo uma cooperação técnica buscando apoiar a consolidação de um mercado de carbono específico para a agricultura brasileira. O objetivo da parceria público-privada é investir em ações de pesquisa científica para reduzir as incertezas e o custo na quantificação do balanço de carbono pelos produtores de soja e de milho, viabilizando assim a remuneração desses agricultores pelos benefícios ambientais produzidos com a diminuição das emissões de gases de efeito estufa (GEE).
Essa iniciativa denominada “Avaliação piloto do balanço de carbono na produção de milho e soja no Centro-Sul do Brasil: cooperação Bayer e Embrapa para o desenvolvimento sustentável” será conduzida com a participação de três centros de pesquisa da Embrapa no estado de São Paulo: Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP), Embrapa Instrumentação (São Carlos, SP) e Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP). O projeto de pesquisa piloto abrange o ano agrícola 2020/2021, com duração de 12 meses.
“O propósito é contribuir para a valorização, e consequente benefício econômico para o agricultor, da adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis, com balanços de carbono mais favoráveis, por meio da definição e avaliação de protocolos para estimar, projetar e monitorar a dinâmica e o balanço do carbono em sistemas de produção dessas culturas”, informa o pesquisador da Embrapa Luís Gustavo Barioni.
A agricultura brasileira já emprega diversas boas práticas que são adaptadoras da agricultura, podendo trazer ganhos de eficiência técnica e produtiva e também maior renda para o agricultor. “Essas práticas poderiam ter maior adoção com o pagamento pelos cobenefícios ambientais associados a elas, em particular a redução das emissões e o aumento da captura de carbono nos solos agrícolas”, explica Giampaolo Pellegrino, pesquisador da Embrapa e presidente do Portfólio de Mudanças Climáticas da Empresa.
“A proposta está alinhada com os desafios para inovação priorizados pelo comitê gestor do Portfólio, sobretudo quanto aos desafios vinculados à quantificação de carbono e à redução das emissões de GEE, que se configuram como as mais sustentáveis e as melhores práticas na agricultura. Uma questão importante e que temos trabalhado sempre é a adaptação da agricultura vinculada a essas ações, focadas no tripé da sustentabilidade, ou seja, em benefícios ambientais, sociais e econômicos, que representam os objetivos de inovação definidos no Portfólio”, conta Pellegrino.
Existe um enfoque na divulgação de práticas sustentáveis, para que elas sejam cada vez mais adotadas pelos agricultores, trazendo mais eficiência para o sistema agrícola e promovendo a melhoria da renda no campo. Os benefícios vão além da redução das emissões, incluindo a adaptação da agricultura, tornando-a mais resiliente e promovendo equilíbrio dos sistemas produtivos, com menos impactos em razão das mudanças climáticas. Busca-se ainda gerar uma produtividade maior em razão do manejo mais adequado, revertendo em maior rentabilidade da produção e também melhorando a qualidade de vida do agricultor.
“Os produtores podem realmente contribuir muito para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, otimizando a captura e armazenamento de carbono no solo e sendo recompensados pela ação. É por isso que a Bayer está atuando em parceria com eles para trabalhar em prol de um futuro de baixo carbono na agricultura a partir da Iniciativa Carbono Bayer”, afirma o presidente da divisão agrícola da Bayer para a América Latina, Rodrigo Santos.
Por meio da adoção de práticas de baixo carbono, como o uso eficaz da terra e melhor manejo de áreas produtivas e agricultáveis, as emissões relacionadas à agricultura podem ser significativamente reduzidas e mais carbono pode ser capturado no solo – beneficiando o planeta e a rentabilidade dos produtores, pois assim eles podem produzir mais alimentos na mesma terra, além de comercializar o carbono capturado, destaca o presidente.
A expectativa é que, com a incorporação dessas características, as boas práticas agrícolas brasileiras possam ter acesso mais facilmente aos fundos internacionais focados em financiar ações sustentáveis e mitigadoras do aquecimento global, provocado pelas emissões de GEE na agricultura. Os pesquisadores alertam que esses fundos são extremamente rigorosos com relação às garantias de que a atividade financiada de fato oferece o benefício do estoque de carbono no ambiente agrícola.
Por meio da parceria, a Embrapa e a Bayer pretendem mudar esse contexto, contribuindo para a quebra dessas barreiras e oferecendo, a médio e a longo prazo, protocolos que permitam estimar e monitorar as emissões de forma ágil e com baixo custo, mas mantendo a acurácia e a credibilidade necessárias para aceitação internacional. Isso vai permitir ao Brasil avançar na direção do desenvolvimento de um mercado de carbono nacional que faça a intermediação entre os agricultores brasileiros e os fundos verdes internacionais.
“O Brasil já promove ações ousadas no estabelecimento de sistemas conservacionistas de produção, como plantio direto e sistemas integrados de produção, entre outros, que têm demonstrado aumento da matéria orgânica no solo em relação aos manejos convencionais de cultivo ou mesmo de áreas nativas, particularmente nos Cerrados, demonstrando assim capacidade de sequestrar carbono no solo”, lembra o pesquisador da Embrapa Ladislau Martin Neto. “É uma grande vitória para a pesquisa agropecuária e para os produtores rurais brasileiros, apoiados por uma indústria de insumos reconhecida globalmente”, complementa.
Conforme o chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Morandi, sustentabilidade é algo concreto, mensurável, que pode ser construído e precificado e que entrou definitivamente na agenda da agricultura. “É inevitável esse caminho. Estamos inseridos em mercados globais que exigem isso, e já temos consciência que não há outra forma de seguirmos adiante,” diz.
Morandi ressalta que, se no passado o aumento da produção era baseado na ampliação de área sem maiores preocupações com as consequências, hoje o crescimento da agricultura e da pecuária está pautado pelo ganho de produtividade e com preocupação ambiental. Para ele, os avanços em produtividade garantem efeitos poupa-recursos, além de aprofundar a consciência ambiental dos produtores.
“Com isso, essa parceria será um grande marco, porque permitirá a construção de uma métrica adequada para a estimação do sequestro de carbono no solo em condições tropicais de cultivo, em função das boas práticas agrícolas. Isso permitirá não só a mitigação dos efeitos das mudanças do clima, assim como a precificação deste serviço ambiental prestado pelo sistema produtivo, em adição ao que já é feito nas áreas de preservação. Portanto, abre um novo campo para investimentos verdes na agricultura”, avalia.
Nessa iniciativa, a Bayer contribuirá com a cessão de acesso aos dados de quantificação de carbono no solo e às informações referentes aos sistemas produtivos de clientes cujos contratos concedam tal autorização, além do financiamento das atividades a serem realizadas. A Embrapa, por sua vez, oferecerá em contrapartida uma estrutura computacional e laboratorial especializada e a competência técnica da equipe de profissionais multidisciplinares, para a geração de soluções técnico-científicas que tragam as melhorias previstas e fortaleçam o uso de tecnologias digitais, de acordo com a chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, Silvia Massruhá.
O projeto-piloto vai aplicar metodologias inovadoras e técnicas em modelagem agroambiental desenvolvidas pelos centros de pesquisa da Embrapa, de modo que a Bayer possa remunerar os agricultores que, ao adotarem boas práticas estimuladas pela empresa, foram capazes de melhorar a capacidade adaptativa e o balanço de carbono em seus sistemas de produção.
Porém, os pesquisadores da Embrapa ressaltam que os aprimoramentos técnico-científicos, necessários para vencer as barreiras apontadas e evolutivamente oferecer a credibilidade necessária para o reconhecimento internacional, e até possível registro em certificadora com abrangência global, permitindo o acesso a fundos verdes, serão obtidos com o desenvolvimento da etapa de médio e longo prazo, ou seja, aproximadamente quatro anos, em nova proposta da Embrapa com a Bayer, como sequência do piloto.
A pesquisadora Marília Folegatti, da Embrapa Meio Ambiente, enfatiza que para que os produtores de grãos acessem futuramente um mercado de carbono, que é a intenção da Bayer, será necessário quantificar o balanço de carbono dos sistemas de produção de grãos, mas também a pegada de carbono dos produtos. “Esta pegada de carbono é calculada pela Avaliação de Ciclo de Vida (ACV), uma técnica desenvolvida para verificar o impacto de produtos no meio ambiente”, explica.
Na ACV são analisados os efeitos ambientais associados às atividades produtivas ao longo de todo o ciclo de vida do produto. Essa informação já é exigida em algumas relações comerciais internacionais. Ainda conforme a pesquisadora, essa métrica também serve como ferramenta para a gestão ambiental em nível de fazenda. “Conhecendo os aspectos que contribuem para as emissões de gases de efeito estufa dos grãos, será possível ao produtor fazer intervenções necessárias no seu processo produtivo, e com isso contribuir efetivamente para sua mitigação”, ressalta.
“As medidas de estoque de carbono no solo variam no espaço e no tempo, e levantar essas informações em larga escala e periodicamente é um grande desafio para o estabelecimento de um mercado mundial de carbono”, avalia a chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Instrumentação, Débora Milori.
Em 2018, a Unidade licenciou para a iniciativa privada tecnologias utilizando laser para quantificar o carbono no solo (método utilizando a espectroscopia LIBS – Laser-Induced Breakdown Spectroscopy) e avaliar sua estabilidade (método utilizando a espectroscopia LIFS – Laser-Induced Fluorescence Spectroscopy).
“Esses novos métodos, sem preparo químico da amostra, têm custo reduzido e são muito rápidos. Essas características técnicas viabilizam a avaliação rápida dos estoques de carbono no solo nas propriedades rurais e permitem um acompanhamento da evolução dos processos de acúmulo e perdas como função do tempo. Dessa forma, o produtor que trabalhar com manejos de solo conservacionistas e acumular carbono no solo poderá receber por esse serviço ambiental”, observa Milori.
Além de ajudar nas estimativas dos estoques de carbono no solo, a modelagem biogeoquímica e o uso de simuladores da produtividade de culturas e da dinâmica de carbono no solo permitirão prever a quantidade esperada de variação nos estoques de carbono. As avaliações serão auxiliadas por análises de agrupamento, tipologia e caracterização dos sistemas de produção abrangidos pelo projeto, considerando os dados e parâmetros demandados pelos modelos biogeoquímicos e de ACV. Também será possível gerar inventários de processos e Inventários de Ciclo de Vida (ICV) para estimar a pegada de carbono, por meio da ACV, para os sistemas de produção típicos.
Entre as metodologias adotadas no projeto-piloto, estão protocolos para quantificação de estoques de carbono no solo, com a análise de métodos nacionais e internacionais, no intuito de gerar um protocolo nacional de referência, além da aplicação de técnicas inovadoras e de baixo custo para monitoramento e verificação desses estoques. Serão gerados relatórios técnicos sobre a tipificação dos sistemas produtivos, avaliação de modelos biogeoquímicos e estimativa da variação dos estoques de carbono e incertezas, que permitirão testar e atestar o uso de soluções computacionais e simulação matemática como solução para a estimação da dinâmica do carbono de forma objetiva, acurada e de baixo custo.
“A Bayer está intensificando uma abordagem transparente, colaborativa e baseada em ciência, para ajudar os produtores na adoção de práticas agrícolas sustentáveis, por meio do estabelecimento de iniciativas de carbono. O objetivo da empresa é liberar fluxos de receita adicionais para os produtores, dando ao mesmo tempo sua contribuição para a mitigação das mudanças climáticas”, afirma Santos. “A Bayer continuará trabalhando com vários elos da cadeia de valor e especialistas em clima, visando criar condições para projetos de carbono, que tenham a ciência como base, favorecendo os produtores técnica e economicamente, bem como parceiros dispostos a participar do mercado de carbono”, enfatiza.
*Por: Nadir Rodrigues
Embrapa Informática Agropecuária
*Por: Joana Silva
Embrapa Instrumentação
SÃO CARLOS/SP - A Prefeitura de São Carlos, através da Secretária Municipal de Agricultura e Abastecimento (SMAA), realiza neste sábado (20/06), das 7h às 13h, a feira da agricultura familiar pelo sistema drive thru na região do Parque do Kartódromo.
As feiras estavam proibidas desde o final do mês de março em virtude das aglomerações e da necessidade de conter a disseminação do novo coronavírus no município (COVID-19).
Um “totem dispenser” com álcool gel será montado em pontos estratégicos para garantir a segurança de todos, tanto dos produtores como da população. Os carros também passarão por higienização por meio de nebulização. Serão montadas 22 barracas, com 4 metros de distância entre elas e somente com 2 feirantes por banca, todos de máscaras e com utilização de álcool em gel.
“Nosso objetivo é atender a população e também para que os pequenos produtores possam escoar a produção. A ideia é minimizar o impacto econômico dessa classe e oferecer produtos alimentícios de qualidade e com segurança”, explica o secretário de Agricultura e Abastecimento, Caio Solci.
Antes da pandemia eram realizadas semanalmente em São Carlos 7 feiras livres da agricultura familiar em áreas públicas: aos domingos, das 6h às 12h, na avenida Grécia, na Vila Prado; às terças-feiras, das 6h às 12h na Praça XV; às terças-feiras, das 16h às 20h na Praça dos Ipês, no Santa Felícia; às quintas-feiras, das 6h às 12h na Praça Brasil, na Vila Nery, às quintas-feiras, das 16h às 20h no Parque do Bicão; às sextas-feiras, das 16h às 21h, no Parque do Kartódromo e aos sábados, das 7h às 13h, na Praça dos Voluntários, no centro, a Feira da Agricultura Orgânica.
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