BRASÍLIA/DF - O PSD foi o partido que mais elegeu prefeitos no segundo turno disputado neste domingo (27) e se consolidou na liderança das legendas que mais conquistaram cadeiras do Executivo nas Eleições de 2024.
O partido de Gilberto Kassab encerrou a segunda rodada com nove prefeituras, seguido por MDB e PL — do ex-presidente Jair Bolsonaro —, com seis cada.
O PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ganhou em quatro cidades.
O segundo turno foi realizado em 51 municípios e ocorre em cidades com mais de 200 mil eleitores em que um candidato não alcança a maioria absoluta dos votos válidos, ou seja, 50% mais um.
Em Jundiaí (SP), o candidato Gustavo Martinelli (União Brasil) venceu no segundo turno, mas a candidatura está sob judice do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a vitória não foi contabilizada.
Na disputa por capitais, porém, o MDB saiu na frente no segundo turno, com vitórias em Belém (PA), Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP). Na sequência, PL amealhou Aracaju (SE) e Cuiabá (MT).
Enquanto isso, PP, PSD, União e Podemos venceram duas disputas cada.
Por fim, o Avante reelegeu David Almeida em Manaus (AM). Já o PT ganhou em Fortaleza (CE). Veja todos os resultados.
PSD confirma liderança nacional
O resultado reforça o espaço conquistado pelo PSD no primeiro turno, quando já havia liderado a lista dos partidos com mais prefeitos eleitos, somando 878. Com o desempenho de hoje, a legenda amealhou 887 cadeiras no Executivo.
O MDB ficou na segunda posição, com 855 prefeituras conquistadas, enquanto PP totalizou 747. Na sequência, União Brasil e o PL somaram 583 e 516 prefeituras, respectivamente. Já o PT encerrou as eleições de 2024 com 252 prefeituras.
CNN
BRASÍLIA/DF - O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), desistiu de se lançar como candidato à Presidência da República pelo PSD. O partido o havia convidado a disputar o cargo em outubro. A decisão, já esperada, foi comunicada oficialmente por Pacheco após uma reunião com o presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, e a bancada da legenda na Casa.
Conforme o Broadcast Político antecipou, Pacheco desistiu de se lançar na disputa eleitoral para mirar na campanha pela reeleição na presidência do Senado, em fevereiro de 2023. Dessa forma, ele levantou a bandeira da reforma tributária e do pacote relacionado aos preços dos combustíveis, sob o discurso de usar o cargo para resolver problemas urgentes do País.
"Nesse cenário, tenho que dedicar toda a minha energia a conduzir o Senado neste ano fundamental para a tão ansiada recuperação do nosso país. O cargo que me foi confiado por meus pares está acima de qualquer tipo de interesse pessoal ou de ambição eleitoral", disse Pacheco em discurso no plenário.
"Meus compromissos como presidente do Senado e com o país são urgentes, inadiáveis e não permitem qualquer espaço para vaidades. Por isso, afirmo que é impossível conciliar essa difícil missão com uma campanha presidencial", afirmou.
No discurso, Pacheco defendeu a moderação e o respeito ao resultado das urnas em outubro. "Qualquer tentativa de retrocesso democrático deverá ser rechaçada com veemência pelo Congresso Nacional", disse Pacheco.
O PSD ainda não definiu um candidato próprio a presidente, mas escolheu o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, atualmente no PSDB, como o "plano B" para a disputa.
A negociação para a filiação de Leite provocou uma insatisfação geral no PSDB. A maior parte da cúpula do partido, inclusive os que são aliados do governador, veem com temor o cenário da troca de legenda.
Derrotado pelo governador de São Paulo, João Doria, nas prévias presidenciais do PSDB, o gaúcho foi sondado nas últimas semanas pelo presidente do PSD, Gilberto Kassab, para concorrer ao Palácio do Planalto pela legenda.
O medo do comando do PSDB é que o gaúcho fique refém dos interesses de Kassab e de outros líderes do PSD, onde muitos não querem uma candidatura presidencial e outros já definiram apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Como mostrou o Estadão, uma ala significativa do PSD pressiona para o comando sigla liberar os diretórios a se posicionarem como quiserem na disputa nacional.
No entanto, mesmo os contrários à saída de Leite, admitem que ele pode optar por entrar no PSD. O tucano está nos Estados Unidos em busca de investimentos para o Rio Grande do Sul. A agenda deve ser um dos últimos compromissos de Leite à frente do Executivo estadual. A expectativa é que ele passe o comando para o seu vice Ranolfo Vieira (PSDB).
“Quando retornar ao Estado, vamos retomar as conversas (sobre eleições presidenciais). Mas continuamos falando por telefone. A decisão envolve coalizão, deputados e lideranças que podem seguir o mesmo caminho. Na próxima semana este tema deve estar encaminhado”, afirmou Eduardo Leite em entrevista coletiva durante viagem à Nova Iorque.
Antes de anunciar uma decisão, Leite vai conversar com os integrantes do PSDB que apoiaram seu nome nas prévias do partido, como o deputado Aécio Neves (MG), o senador Tasso Jereissati (CE) e o ex-senador José Aníbal (SP).
"Tem toda essa conversa que ele provavelmente sai do governo do Rio Grande do Sul e pode ser que ele não continue no PSDB. Pode sair do governo e do PSDB", disse Aníbal, que defende uma união entre Leite e a senadora Simone Tebet (MDB-MS) para a disputa presidencial. O senador paulista afirmou que preferia que o gaúcho disputasse pelo PSDB, mas admitiu ser improvável que Doria desista da pré-candidatura.
Em fevereiro, o presidente do partido, Bruno Araújo, emitiu diversos recados de desacordo com as movimentações do governador do Rio Grande do Sul. Ao lembrar que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), trocou o DEM pelo PSD, Araújo chegou a dizer que Kassab não consegue produzir líderes entre seus próprios quadros e precisa "pular a grama do vizinho".
"O eleitor gaúcho sempre exigiu muita firmeza de posições de seus líderes e Eduardo é firme. Não vai dar margens para o seu eleitor ficar em dúvida dessas posições com as informações desencontradas que circulam. Nem sempre a grama do vizinho é mais verde", disse o dirigente no Twitter.
Se decidir concorrer pela legenda, Leite vai encontrar pouca receptividade nos palanques estaduais. Estados importantes, como Minas Gerais e Bahia, já se encaminham para uma aliança com o PT. Já outros, como Paraná, estão mais próximos do presidente Jair Bolsonaro (PL).
O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), líder do partido na Câmara e pré-candidato ao Senado, afirmou ao Estadão que é "zero" a chance de a sigla não apoiar o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), para o governo de Minas. Perguntado sobre o fato do PSD já ter o senador Alexandre Silveira (MG) como pré-candidato à reeleição, Reginaldo minimizou e disse que a base de Kalil ficará dividida apenas nessa disputa. "Um governador e dois candidatos ao Senado", afirmou.
Na Bahia, o senador Jaques Wagner (PT) desistiu de concorrer à eleição e tentou emplacar o senador Otto Alencar (PSD) como candidato a governador, mas o próprio pessedista resistiu e manifestou preferência por disputar a reeleição ao Senado dentro do mesmo grupo do PT. Diante disso, Wagner, que pode assumir um papel de destaque em eventual novo governo Lula, manteve a retirada da candidatura e tem trabalhado na escolha de um novo nome do PT para a disputa.
A prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho, o secretário de Educação da Bahia, Jerônimo Rodrigues, e o secretário de Relações Institucionais do Estado, Luiz Caetano, estão no páreo. A ideia é que o partido defina isso até a próxima sexta-feira, 11.
PT e PSD também fazem parte do mesmo grupo em outros Estados como Amazonas, Sergipe, Ceará e Pernambuco. Mesmo com as alianças dos dois partidos, líderes petistas reconhecem a dificuldade de receberem o apoio da legenda de Kassab logo no primeiro turno.
Jaques Wagner afirmou que o PSD é um partido dividido e que a estratégia de ter candidatura própria sempre mencionada por Kassab é uma maneira de evitar cobrança por apoio na primeira fase da disputa, ao mesmo tempo que não fecha uma possibilidade de aliança no segundo turno.
O petista comparou o movimento de Kassab ao do presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Segundo ele, assim como o apoio de Costa Neto a Bolsonaro visa aumentar a bancada no Congresso, a tese de candidatura própria de Kassab objetiva o mesmo, pois evitaria que a sigla perdesse os quadros distantes do PT. "Preocupação de qualquer presidente de partido é bancada", afirmou Wagner.
Daniel Weterman e Lauriberto Pompeu / ESTADÃO
BRASÍLIA/DF - Os ataques do presidente Jair Bolsonaro nas manifestações de 7 de Setembro mobilizaram PSDB, PSD, Solidariedade e MDB a discutirem um apoio ao impeachment do chefe do Executivo. Os tucanos marcaram uma reunião já para esta quarta-feira, 8. O movimento chama atenção porque é a primeira vez que a executiva do PSDB é convocada para discutir o tema. Integrantes do partido dizem que é preciso interditar os avanços antidemocráticos de Bolsonaro antes que seja tarde demais. Além disso, os atos de Bolsonaro fizeram a discussão ganhar força para além das legendas de oposição.
Até a próxima semana, a possibilidade de os partidos engrossarem a defesa pelo impedimento de Bolsonaro será discutida internamente em cada sigla. Dirigentes partidários ouvidos pelo Estadão/Broadcast afirmam ainda não haver consenso e nem decisão consolidada nas bancadas do Congresso.
O aumento do tom de Bolsonaro, no entanto, provocou pressão por uma resposta mais dura no Legislativo. Além disso, segundo eles, o número de apoiadores nas ruas não foi pequeno, mas é menor do que aliados de Bolsonaro esperavam.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a quem cabe decidir sobre o andamento dos pedidos de impeachment, afirmou a interlocutores que iria ouvir os partidos sobre o tema. Em sua gaveta, há 124 pedidos de cassação do mandato de Bolsonaro, mas líderes partidários acreditam que Lira deve continuar alinhado ao presidente.
No PSDB, é a primeira vez que a executiva é convocada para discutir o tema. Integrantes do partido dizem que é preciso interditar os avanços antidemocráticos de Bolsonaro antes que seja tarde demais. Os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS), concorrentes entre si pela vaga de presidenciável do partido em 2022, declararam-se favoráveis ao processo de impedimento.
"Defendo a abertura do processo de impeachment por entender que até as eleições estão ameaçadas. Ontem foi o 7 de Setembro, amanhã é o Conselho da República e depois?", disse o ex-deputado Antonio Imbassahy. “O PSDB finalmente resolveu mostrar a cara. Precisa começar a discutir os temas que importam”, complementou o deputado Danilo Forte (PSDB-CE).
O PSD de Gilberto Kassab formará uma comissão para acompanhar os desdobramentos das manifestações do governo neste 7 de setembro e avaliar as reações às ameaças realizadas ao Estado democrático.
"A cada dia vemos aumentar a instabilidade e o PSD está acompanhando essa situação com muita atenção. Temos avaliações de alguns importantes juristas apontando que apenas as falas, as manifestações, seriam razões suficientes para justificar o processo (de impeachment)", disse Kassab em nota. "Tivemos hoje a temperatura mais elevada, manifestações muito duras, acima do tom. Começam a surgir indicativos importantes, que podem justificar o impeachment. A fala de que o presidente não vai acatar decisões judiciais é muito preocupante."
O Solidariedade deve encaminhar na próxima semana uma decisão para assinar um pedido de impeachment contra Bolsonaro na Câmara. Ao Broadcast Político, o presidente da sigla, deputado Paulinho da Força (SP), revelou que a estratégia é “aumentar a pressão para cima do Arthur Lira".
O presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), se manifestou nas redes sociais e também sugeriu uma resposta mais dura contra Bolsonaro, sem citar diretamente um pedido de impeachment. "São inaceitáveis os ataques a qualquer um dos poderes constituídos. Sempre defendo a harmonia e o diálogo. Contudo, não podemos fechar os olhos para quem afronta a Constituição. E ela própria tem os remédios contra tais ataques" escreveu o dirigente da sigla.
Ao Estadão, o ex-ministro Carlos Marun, um dos integrantes da executiva do MDB, afirmou que a discussão dependerá do clima na bancada e nas ruas.
"Não podemos simplesmente avançar em um pedido de impeachment para jogar para a torcida. Deveríamos estabelecer desde já uma coalizão, um grupo de partidos para estar junto em uma terceira via. Estamos perdendo o momento de fazer essa definição", afirmou Marun.
O presidente do Cidadania, Roberto Freire, reforçou em mensagem ao grupo de WhatsApp do partido que a sigla já aprovou a defesa do impeachment. “Outros partidos e atores políticos estão começando a enxergar igual caminho, mesmo os que sempre tiveram dificuldades de entender o processo em momentos como esse. Sabemos qual é o desenlace que queremos para o país. É preciso que a bancada na Câmara dos Deputados se integre a esse esforço”, escreveu.
Um dos fatores que pode colocar deputados contra Bolsonaro, na avaliação de caciques partidários, é a manifestação do próximo dia 12, que tem o impeachment na pauta e foi convocada por movimentos ligados ao centro político.
Monitoramento das redes sociais feito pela AP Exata mostra que Bolsonaro perdeu com os atos desta terça-feira. Foram 63% de menções negativas e 37% positivas. As hashtags contrárias ao governo se sobressaíram somando 52,4%, as a favor somaram 24%.
*Por: Daniel Weterman / ESTADÃO
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