Jornalista/Radialista
Nos serviços, setor mais atingido foi o de alimentação, que viu seu quadro de funcionários enxugar em 100,8 mil postos de trabalho entre março de 2020 e o mesmo mês deste ano
SÃO PAULO/SP - As lojas de roupas e acessórios são as que mais perderam postos de trabalho com carteira assinada em meio à pandemia de covid-19 no comércio do Estado de São Paulo: foram 27,8 mil empregos a menos entre março de 2020 e o mesmo mês deste ano. Juntando com as lojas de calçados e de artigos de viagem (-8,1 mil postos) e conformando, assim, o setor de vestuário, as perdas são de 36 mil vagas celetistas no mesmo período, segundo um levantamento feito pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Os números se explicam, para a Federação, pela postura dos consumidores em meio à pandemia – impactados que estão pela queda na renda e pelo aumento do custo de vida –, mas também pelas medidas de restrição de circulação dentro das fases do Plano São Paulo, do governo estadual.
Não é a primeira vez que as dificuldades do setor de vestuário são observadas: a Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV), da FecomercioSP, por exemplo, mostrou que o setor de vestuário, tecidos e calçados perdeu um quinto do seu tamanho (-20,3%) em 2020, com uma perda estimada em R$ 12,8 bilhões. O resultado foi quase 40 pontos porcentuais a menos do que o do setor que mais faturou no ano – as lojas de materiais de construção, que faturaram 18,7% no mesmo período.
Depois do vestuário, a perda de empregabilidade mais alta do comércio paulista ocorreu nas padarias, que ficaram com 7 mil empregos formais a menos entre março de 2020 e o mesmo mês deste ano. Em seguida estão as concessionárias de veículos (-6,6 mil vagas celetistas) e os postos de combustíveis (-6,2 mil).
No total, o comércio paulista fechou o período com 9.894 vagas a menos. Entre os resultados positivos estiveram o dos varejos de produtos farmacêuticos (que tiveram saldo positivo de 6.591 postos formais), das lojas de ferragens, madeira e de materiais de construção (+8.507) e dos hipermercados e supermercados (+14.170).
Restaurantes puxam queda nos serviços
O levantamento da FecomercioSP ainda mostra que a atividade que mais enxugou seu quadro de funcionários desde que o início da crise de covid-19 foi a de restaurantes: enquanto admitiu 139 mil pessoas no período, desligou outras 223,6 mil, conformando um saldo de cerca de 84,6 mil postos de trabalhos formais a menos entre março de 2020 e o mesmo mês deste ano.
Considerando os resultados negativos de empresas que oferecem serviços de comida preparada (que ficaram com 16,2 mil postos de trabalho a menos), como catering, por exemplo, o número chega à marca dos 100,8 mil empregos celetistas perdidos de março do ano passado até o mesmo mês de 2021 no segmento de alimentação.
No entendimento da Federação, os dados também se explicam pelo fato desse tipo de consumo ser mais adiável para as famílias que, no contexto adverso, privilegiam gastar com estes itens básicos, como alimentos e bebidas, dentro do lar. No entanto, os números também refletem os efeitos negativos das medidas de restrição de circulação impostas em diferentes momentos da pandemia no Estado, fazendo com que muitos desses estabelecimentos ficassem meses com portas fechadas.
Depois das atividades ligadas à alimentação, o pior desempenho absoluto foi do transporte rodoviário de passageiros que, com a queda expressiva da demanda, desligou quase o dobro de pessoas em relação ao que contratou durante a pandemia: foram 34,4 mil admissões e 61,7 desligamentos, fechando com um saldo negativo de 27,3 mil empregos. Somando as perdas de outra área ligada ao segmento, como a de serviços auxiliares de transportes terrestres (-7,8 mil vagas celetistas a menos), o número sobe para 35,1 mil postos perdidos nos 12 meses analisados.
Prejuízos significativos de empregabilidade também foram registrados por atividades de limpeza (-13,8 mil), por hotéis (-13,5 mil) e por instituições de ensino infantil e fundamental (-13,4 mil) e superior (-10,2 mil).
No total, porém, o saldo do setor de serviços do Estado de São Paulo fechou o período com apenas 14.949 postos de trabalhos a menos, muito por causa dos bons desempenhos dos setores de atendimento hospitalar, que teve um saldo positivo em 32,8 mil vagas, e de locação de mão de obra temporária, que abriu 59,7 mil mais posições de trabalho do que fechou.
Federação defende medidas de apoio às empresas
A reedição das medidas – que permitem que as empresas suspendam os contratos de funcionários, em caráter total ou parcial, apoiando essas pessoas por meio da ampliação do auxílio emergencial – foi um pedido que a FecomercioSP reiterou desde o começo da pandemia. A Entidade compreende que é só assim que as empresas vão ter fôlego para atravessar o período crítico atual, em que os números de contaminados e mortos seguem em alta e a vacinação progride lentamente, e ter condições de dar início à retomada econômica.
Foi por isso que a Federação pediu e apoiou a edição das MPs 1.045 e 1.046, publicadas no final de abril e que permitem, dentre outras medidas, antecipação de férias, adiamento do recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), reduções proporcionais de jornada de trabalho e de salários, além da suspensão temporária do contrato de trabalho, conforme sancionadas pelo governo federal recentemente.
A Entidade ainda segue solicitando que os tributos dos três níveis de governo, vencidos de abril até junho deste ano, sejam consolidados com carência estabelecida de seis meses e possibilidade de parcelamento em até 60 vezes.
Para as pequenas empresas, a solicitação é que seja criado um auxílio emergencial correspondente a quatro parcelas, cada uma equivalente a 10% do faturamento mensal médio verificado em 2020. Sem contar o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) que, no entendimento da FecomercioSP, deve ser reeditado, com aumentos de carência e prazo dos atuais devedores.
Sobre a FecomercioSP
Reúne líderes empresariais, especialistas e consultores para fomentar o desenvolvimento do empreendedorismo. Em conjunto com o governo, mobiliza-se pela desburocratização e pela modernização, desenvolve soluções, elabora pesquisas e disponibiliza conteúdo prático sobre as questões que impactam a vida do empreendedor. Representa 1,8 milhão de empresários, que respondem por quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e geram em torno de 10 milhões de empregos.
CHILE - As candidatas mulheres foram as mais votadas nas eleições chilenas para a Assembleia Constituinte, mas a lei de igualdade de gênero, criada para evitar um predomínio masculino, obrigou-as a ceder vagas aos homens, segundo o Serviço Eleitoral chileno.
Pela primeira vez na história, uma Constituição no mundo será escrita por homens e mulheres em igual proporção. Quando se previa que a iniciativa beneficiasse as mulheres, o resultado surpreendeu: 11 mulheres tiveram de ceder seus lugares a homens e cinco candidatos precisaram ceder suas vagas a mulheres. No resultado final, dos 155 constituintes, os homens serão 78 e as mulheres 77.
O mecanismo de "correção de resultados por sexo" das eleições de domingo (16) acabou por favorecer os homens quando o seu espírito, embora visasse à paridade, foi pensado para beneficiar as mulheres num dos países mais conservadores da América Latina.
"O movimento feminista chileno é um dos mais relevantes da região. A onda feminista propiciou uma nova geração de políticas mulheres, com grande interesse por parte do eleitorado. Hoje, as mulheres chilenas não precisam de ações afirmativas de gênero porque demonstraram nas ruas e nas urnas que são maioria", disse o cientista político Carlos Meléndez, da Universidade chilena Diego Portales.
O sistema de paridade chileno funciona por distrito eleitoral, prevendo-se que, se a paridade entre homens e mulheres não acontecesse de forma natural, o gênero que superasse o outro em quantidade de votos deveria ceder lugar para corrigir a disparidade.
Assim, em determinados distritos os homens cederam, enquanto em outros, na maioria das vezes, foram as mulheres.
No total, 699 mulheres e 674 homens foram candidatos à Assembleia Constituinte chilena que, durante o próximo ano, vai redigir uma nova Constituição, que substituirá a da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
A Constituição de 1980 é considerada modelo de desigualdade social. Para fazer correções, a lei de igualdade de gênero procurou que os homens não fossem maioria no novo pacto entre o Estado e a população.
Dos 155 constituintes, 17 lugares foram reservados aos índios, que compõem 12,8% da população chilena. Pela primeira vez, uma Constituição vai reconhecer a população indígena do Chile.
Também nesse universo de 17 representantes, a lei de igualdade beneficiou os homens: das 11 mulheres que cederam lugares aos homens, quatro foram indígenas.
A cientista política Marcela Ríos, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), ressalta que, apesar das correções por sexo, a lei não beneficiou os homens porque o resultado é consequência do sucesso do critério de paridade.
"Sem o critério de paridade, as mulheres não seriam metade das opções de candidaturas. Afirmar que, sem a paridade, teríamos tido mais mulheres eleitas é uma suposição porque, sem o critério, as mulheres não seriam tantas candidatas", afirma.
Além de constituintes, no domingo os chilenos elegeram vereadores, prefeitos municipais e governadores em eleições nas quais a regra de paridade não existiu. Nesses casos, as candidatas mulheres foram apenas 39% para os cargos de vereadoras, 23% no caso de prefeitas e 16% para governadoras.
Não só no caso das mulheres os eleitores chilenos surpreenderam. Os grandes vitoriosos das eleições constituintes foram os candidatos independentes sem filiação partidária, mas de esquerda, que ficaram com 48 das 155 vagas.
Os candidatos dos partidos de esquerda juntos ficaram com 53 vagas. Os representantes indígenas, também à esquerda, com 17 lugares.
A direita, embora unida na lista Chile Vamos, obteve 37 vagas, insuficientes para vetar ou mesmo influenciar no resultado das votações, garantindo o fim dos últimos vestígios da Constituição neoliberal de Pinochet.
*Por RTP
Presente em 16 estados e no DF, iniciativa aproxima universidades de demandas da população e, também, de decisões governamentais, com foco na gestão urbana
ARARAQUARA/SP - Desde março deste ano, a região que engloba os municípios de São Carlos e Araraquara conta com um núcleo do chamado Projeto Brasil Cidades (BRCidades - www.brcidades.org), articulação nacional voltada à agenda urbana e ao direito à cidade. Em todo o Brasil, o BRCidades está presente em 16 estados e no Distrito Federal (DF), sempre em capitais, exceto no caso de Londrina e Maringá, no Paraná, e agora no núcleo fundado no interior do estado de São Paulo.
A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) integra o processo de instalação do núcleo por meio de Luciana Márcia Gonçalves, docente do Departamento de Engenharia Civil (DECiv) e do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana (PPGEU), líder do grupo de pesquisa em Gestão do Ambiente Urbanizado (Gestau). O grupo fundador conta também com a participação de Rafael Alves Orsi, atual Vice-Diretor da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara, vinculada à Universidade Estadual Paulista (Unesp). Uma característica importante é o envolvimento dos poderes Legislativo - por meio da vereadora Fabiana Virgílio - e Executivo - representado pela Secretária de Desenvolvimento Urbano de Araraquara, Sálua Kairuz Poleto, que é docente da Universidade de Araraquara (Uniara).
A pesquisadora da UFSCar destaca que o diferencial do BRCidades é justamente a participação de diferentes grupos da população e explica como sua inserção no grupo dialoga com as pesquisas desenvolvidas no PPGEU. "O foco do PPGEU é a cidade, desde a infraestrutura até, de forma mais ampla, o direito à cidade, ou seja, o direito a tudo que a cidade pode nos proporcionar. Agora, no núcleo do BRCidades, nós temos a oportunidade de apresentar nossas pesquisas à população, que apresenta suas demandas, e tudo isso com a escuta do Legislativo e do Executivo. Foi esse perfil que chamou a atenção da rede nacional", registra Gonçalves.
A ideia de direito à cidade está no cerne do BRCidades, cujo objetivo manifesto é construir coletivamente cidades mais justas, solidárias, economicamente dinâmicas e ambientalmente sustentáveis. A formação da rede se deu, originalmente, no âmbito da Frente Brasil Popular. Entre os temas que deverão nortear os debates no núcleo Araraquara, conforme os eixos já desenvolvidos no projeto nacional, estão direito a moradia; gênero e raça; cultura e juventude; movimento social e participação; ambiente; mobilidade e uso do solo; saneamento e saúde; e segurança pública.
"É uma oportunidade importante inclusive de ampliação dos nossos estudos e de atuarmos na pesquisa de modo mais próximo à realidade", avalia a pesquisadora da UFSCar. Na pauta de discussões está, por exemplo, a expectativa para as cidades no pós-pandemia. "A pandemia escancarou, por um lado, a segregação socioespacial, a situação drástica de pobreza e desigualdade, e de outro mostrou, por exemplo, possibilidades na mobilidade, com maior valorização da chamada mobilidade ativa, de pedestres e ciclistas, bem como a importância das áreas livres, abertas, para a saúde física e mental. É preciso pensar coletivamente no que queremos, para nossas cidades e nossas vidas no pós-pandemia", exemplifica Gonçalves.
Pessoas interessadas em obter mais informações sobre o núcleo Araraquara do BRCidades podem entrar em contato com Luciana Gonçalves pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
SÃO CARLOS/SP - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal de São Carlos, instaurada para apurar possíveis irregularidades na gestão da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), realizou nesta segunda-feira (17) uma reunião para dar sequência aos trabalhos e informou quais serão os próximos passos a serem tomados.
A CPI, composta pelos vereadores Marquinho Amaral (presidente), Elton Carvalho (relator), Azuaite França, Bruno Zancheta e Dé Alvim (membros), informou recebeu na última semana os documentos solicitados à Prefeitura referentes aos gastos do Município com o combate à Covid-19 e aqueles relativos à vacinação, inclusive a lista de todas as pessoas imunizadas.
Também foram fornecidas pelo Executivo informações complementares quanto à reforma do Ginásio Milton Olaio Filho para a criação do Centro de Atendimento e Triagem de Síndrome Gripal (Covidário) e outros dados pertinentes ao assunto.
O presidente da Comissão, vereador Marquinho Amaral, afirmou que parte desses documentos, que totalizaram mais de 3 mil folhas, já foi analisada e o restante será verificado durante esta semana.
PRIMEIRA OITIVA – Foi agendada para sexta-feira (21) às 10 horas a primeira oitiva da CPI, para a qual será convocado o secretário municipal de Saúde, Marcos Palermo, informou Marquinho Amaral. Devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19, a população não terá acesso ao evento, mas poderá acompanhar ao vivo pela Rede Alesp (Canal 8 da NET), pela Rádio São Carlos (AM 1450) e pelo site, Youtube e Facebook oficiais da Câmara Municipal.
“Nosso interesse, tanto meu, quanto dos demais vereadores que compõem a CPI, é a total transparência do trabalho. E nós não vamos julgar pessoas, vamos julgar atitudes. Nós estamos aqui para fiscalizar o dinheiro público”, declarou o presidente da Comissão.
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