Jornalista/Radialista
SÃO CARLOS/SP - O prefeito interino de São Carlos, Roselei Françoso, participou, na manhã desta quarta-feira (27/08), das comemorações dos 50 anos da Embrapa Pecuária Sudeste, realizadas na Fazenda Canchim. O evento técnico “O futuro da pecuária sustentável” reuniu autoridades, pesquisadores e representantes da sociedade civil para debater os rumos da agropecuária brasileira e celebrar meio século de inovação científica.
Durante a cerimônia, o chefe-geral da Embrapa Pecuária Sudeste, Alexandre Berndt, destacou a profunda conexão da unidade com a cidade. “Antes mesmo de ser Embrapa, já éramos uma estação de pesquisa do Ministério da Agricultura desde 1935. Queremos resgatar essa história com a Pró-Memória e confirmar que fomos a primeira instituição de ciência e tecnologia do município”, afirmou.
Berndt também ressaltou a parceria contínua com a Prefeitura e os impactos diretos das tecnologias desenvolvidas pela Embrapa na produção local. “Temos assento em comitês estratégicos de desenvolvimento urbano e rural. É uma relação muito positiva, que nos enche de orgulho”, disse.
Sobre os desafios enfrentados ao longo das décadas, o pesquisador foi enfático. “A cada obstáculo superado, surge outro. Hoje lidamos com mudanças climáticas, segurança alimentar e produção sustentável. E já estamos nos antecipando para os próximos 50 anos, que exigirão sistemas mais resilientes diante de eventos extremos como secas prolongadas e chuvas intensas”.
O diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Clênio Pillon, trouxe uma visão estratégica sobre os novos rumos da agropecuária e o papel da Embrapa na construção de soluções sustentáveis. “Estamos revisitando nossa agenda de atuação diante de desafios cada vez mais complexos, como a soberania alimentar, a descarbonização e a resiliência climática”, afirmou.
Segundo Pillon, a unidade de São Carlos tem papel decisivo na formulação de protocolos e ferramentas científicas para uma pecuária de baixo carbono. “Essa unidade é referência nos programas de carne e leite sustentáveis, com boas práticas e indicadores que embasam políticas públicas”, destacou.
Ele também enfatizou a importância da articulação institucional. “Desenvolvimento não se faz só com tecnologia, mas com governança e boas políticas públicas. A história da Embrapa Pecuária Sudeste se confunde com o sucesso da agropecuária brasileira nos últimos 50 anos”.
Pillon encerrou sua fala com uma reflexão sobre os novos desafios. “Hoje, além da produção e produtividade, enfrentamos o desafio da sustentabilidade e da inclusão. A melhor ciência só tem valor se incluir pessoas — no campo e na cidade. Precisamos trabalhar de mãos dadas para oferecer as melhores respostas à sociedade”.
Papel estratégico - O subsecretário de Agricultura do Estado de São Paulo, Orlando Melo de Castro, também participou das comemorações e destacou o papel estratégico das duas unidades da Embrapa em São Carlos. “A Embrapa Pecuária Sudeste e a Embrapa Instrumentação são pilares fundamentais para o desenvolvimento do agronegócio paulista e brasileiro. Elas não apenas geram conhecimento, mas transformam esse conhecimento em soluções práticas que chegam ao produtor rural e fortalecem toda a cadeia produtiva”, afirmou.
Segundo Castro, o impacto das pesquisas vai além das fronteiras do Estado. “São Carlos tem se consolidado como um polo de inovação agropecuária graças à presença dessas instituições. O trabalho que realizam aqui reverbera em todo o país, contribuindo para uma agricultura mais eficiente, sustentável e competitiva”.
Representando a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a vice-reitora Maria de Jesus Dutra dos Reis falou sobre a parceria entre as instituições e o papel da ciência no enfrentamento dos desafios contemporâneos. “Estamos construindo um futuro juntos, com uma visão comum de esperança. “Vivemos num planeta frágil, e estamos atrasados na pauta da sustentabilidade. Precisamos estender braços, mãos, cérebros e raízes em uma rede que cubra todo esse planeta azul”, disse. Para Maria de Jesus, a Embrapa representa esse esforço coletivo. “A Embrapa cobre o território nacional com ciência aplicada, e isso é essencial para o futuro da agropecuária e da sociedade”.
O presidente da Câmara Municipal, Lucão Fernandes, também esteve presente e fez questão de homenagear a trajetória da unidade. “São Carlos é privilegiada por abrigar duas Embrapas. Isso reforça nosso status como capital nacional da ciência e da tecnologia”, declarou. Ele anunciou ainda uma sessão solene em homenagem à Embrapa. “Queremos reconhecer publicamente a importância dessa instituição para nossa cidade, nosso estado e nosso país. É motivo de muito orgulho acompanhar de perto o trabalho que fazem aqui”.
O prefeito interino Roselei Françoso reforçou a importância da Embrapa para o desenvolvimento tecnológico de São Carlos e do país. “Temos duas unidades da Embrapa no município, que promovem inovação em diversos segmentos. Além da pesquisa, a Embrapa contribui com a gestão de resíduos, agroecologia e educação alimentar. É uma parceira essencial para o município”.
Além das falas institucionais, o evento contou com painéis técnicos sobre temas como pecuária de baixo carbono, mudanças climáticas, biotecnologia e agricultura espacial. Também foi lançado o livro Balde Cheio em Rede e firmada uma parceria com a empresa Baldan, de Matão, para recuperação de áreas degradadas.
SÃO CARLOS/SP - A Prefeitura Municipal de São Carlos, por meio da Secretaria de Segurança Pública e Mobilidade Urbana, informa que a partir da próxima segunda-feira, dia 1º de setembro, será liberado o trânsito sob o viaduto da Rodovia Washington Luís, no acesso ao bairro Tangará, pela Rua Dr. Marino da Costa Terra.
Com a liberação, todas as linhas de transporte coletivo que haviam sofrido alterações retornarão às suas operações normais, mantendo horários, trajetos e pontos habituais.
Em razão disso, a linha provisória 75 – Vila Verde x Distrito Industrial terá sua operação encerrada.
Confira as linhas que retornarão à operação normal:
- Linha 08 – Distrito Industrial x Fagá – Major
- Linha 13 – Astolpho x Tortorelli
- Linha 20 – Fagá x Shopping
- Linha 31 – Belvedere x Itamaraty
- Linha 63 – Novo Horizonte x Estação Norte
O trânsito no viaduto foi alterado em 14 de abril em virtude das obras de implantação de terceiras faixas na Rodovia Washington Luís (SP-310), no trecho de São Carlos.
BRASÍLIA/DF - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou na quarta-feira (27), no Palácio do Planalto, o decreto que regulamenta a TV 3.0, a nova geração da tecnologia de televisão aberta e gratuita brasileira. Segundo o Ministério das Comunicações, a tecnologia vai revolucionar a forma como os brasileiros assistem televisão.
"Com mais interatividade, qualidade de som, imagem superior e maior integração com a internet, o novo sistema moderniza o setor e coloca o país na vanguarda da radiodifusão mundial", diz a pasta.
Considerada "a televisão do futuro", a TV 3.0 vai integrar os serviços de internet (broadband) à habitual transmissão de sons e imagens (broadcast), possibilitando o uso de aplicativos que permitirão aos telespectadores interagir com parte da programação e até mesmo fazer compras diretamente de seu televisor, abrindo novas possibilidades de geração de receitas às emissoras.
No ano passado, os membros do conselho deliberativo do Fórum do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD), entidade responsável pela nova geração, recomendaram ao governo federal a adoção do sistema ATSC 3.0 (do inglês, Comitê de Sistema Avançado de Televisão) como padrão técnico para a evolução tecnológica da TV digital. Isso deve ser confirmado pelo decreto presidencial. O novo sistema também deve estabelecer as novas funcionalidade, bem como um cronograma de migração, que deve ser gradativo, começando pelas grandes cidades, como foi com a TV digital. A previsão é que parte da população brasileira já consiga desfrutar da TV 3.0 durante as transmissões da Copa do Mundo de 2026.
"A televisão aberta da era digital permitirá mais interatividade e personalização, como votações em tempo real, conteúdos estendidos, serviços de governo digital, alertas de emergência, novos recursos de acessibilidade, publicidade e conteúdos personalizados, e até T-commerce, com compras pelo controle remoto. A TV3.0 representa mais do que uma evolução tecnológica, ela simboliza a renovação de um compromisso histórico da radiodifusão com a informação, a cultura e a ética", afirma o executivo Raymundo Barros, diretor de Estratégia de Tecnologia da Globo e presidente do Fórum SBTVD, em entrevista à Agência Brasil.
Uma das principais inovações da TV 3.0 é justamente sua interface baseada em aplicativos, em que as emissoras terão condições técnicas de passar a oferecer, além do sinal aberto já transmitido em tempo real, conteúdos adicionais sob demanda, como séries, jogos, programas e outras possibilidades.
"Isso muda a forma como o telespectador acessa a programação. Em vez de 'caçar' a TV aberta dentro do aparelho, os canais voltam a estar em posição de destaque em um catálogo de aplicativos, com ícones equivalentes aos canais tradicionais. E não é por isso que a troca rápida entre canais desaparecerá: a pesquisa mostrou o quanto é importante manter essa cultura do zapeamento e isso se traduz na troca rápida entre os aplicativos das emissoras na TV 3.0. Esse modelo devolve visibilidade à TV aberta nos receptores e abre espaço para interatividade, personalização e integração com serviços internet", destacou Marcelo Moreno, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), coordenador do GT Codificação de Aplicações do Fórum SBTVD e dos maiores especialistas em TV digital no país.
Professor titular do Departamento de Sistemas de Computação do Centro de Informática da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o engenheiro Guido Lemos, que atuou no desenvolvimento do programa Ginga, incorporado ao padrão do Sistema Brasileiro de Televisão Digital, avalia que a TV 3.0 pode impulsionar a retomada de relevância da televisão na oferta preferencial de conteúdos, que está sob ameaça com a emergência, cada vez forte, dos serviços de mídia sob demanda (OTT, na sigla em inglês), como os canais de streaming, diretamente instalados nos aparelhos de TV.
"Quando você olha o que que tá acontecendo nas TVs que estão instaladas em várias residências do Brasil, principalmente o pessoal de renda mais alta, que tem acesso à internet e consegue sustentar fluxos de vídeo nos aparelhos de televisão, observa que a maioria dessas TVs não está conectada em antena de recepção de TV aberta", observa.
Os novos aparelhos da TV 3.0 deverão vir de fábrica com a primeira tela apresentando um catálogo de canais de televisão abertos, o que não vem ocorrendo na interface atual das SmartTVs, essas que conectam com a internet, que dão prioridade aos aplicativos de OTT. "A proeminência do ícone do DTV Mais na primeira tela, do botão DTV Mais no controle remoto, de certa forma, é uma reconquista do espaço que a TV aberta perdeu na primeira tela e no controle remoto dos receptores de TV. Então, com isso, esse processo de diminuição do número de usuários pode ser revertido", acrescenta Lemos.
Nos últimos anos, a proporção de domicílios brasileiros com sinal de televisão e com assinatura de serviços por TV fechada tem caído, enquanto os serviços de streaming têm aumentado, chegando a quatro de cada dez lares com televisão.
No campo público, a TV 3.0 deve assegurar destaque para emissoras de caráter educativo, por meio da criação do que está sendo chamado de Plataforma Comum de Comunicação Pública e do chamado Governo Digital, este último dedicado a garantir acesso a serviços públicos diretamente pela televisão, promovendo maior integração entre Estado e cidadão. Mesmo em localidades onde o sinal de emissoras públicas não chega por antena de radiodifusão, a conexão pela internet poderá suprir essa lacuna.
"Haverá uma plataforma comum que vai compor os canais da União e, com isso, todo televisor que tenha conexão com a internet vai poder acessar o conteúdo dessas emissoras públicas. Cabe destacar que mais de 50% dos televisores hoje no Brasil são conectados à internet", afirma Carlos Neiva vice-presidente de Relações Institucionais, Rede e Tecnologia da Associação Brasileira de Televisões e Rádios Legislativas (Astral) e coordenador da Rede Legislativa de Rádio e TV da Câmara dos Deputados.
"Não serão mais apenas canais, mas aplicativos. E a rede legislativa terá seu aplicativo, a TV Brasil, o Canal Gov. E esses aplicativos terão não apenas o conteúdo linear [grande de programação convencional], mas também o conteúdo por demanda, ou seja, personificado. É a mesma experiência, por exemplo, que você tem no YouTube ou numa plataforma de streaming", acrescenta.
Para viabilizar essa plataforma, segundo Marcelo Moreno, da UFJF, já estão em andamento projetos entre academia e setor privado dedicados a criar aplicativos e ferramentas específicas para a comunicação pública, "garantindo que ela também tire proveito de funcionalidades avançadas como personalização, interatividade e novos formatos audiovisuais".
Dois desafios fundamentais da TV 3.0, no entanto, estão relacionados aos custos de migração, como licenciamento de tecnologia e aquisição de transmissores, por parte das emissoras, e compra de conversores e receptores, por parte dos usuários. E também a universalização do acesso à internet de qualidade, uma realidade ainda distante do conjunto da população.
Segundo indicador de conectividade significativa criado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), que inclui fatores como custo e velocidade da conexão, presença de banda larga fixa nos domicílios e acesso por múltiplos dispositivos, apenas 22% dos indivíduos com 10 anos ou mais no Brasil têm condições satisfatórias de conectividade.
Em duas décadas, a proporção de lares urbanos brasileiros com Internet passou de 13% para 85%, mostra a TIC Domicílios 2024 - cetic.br
Estão nessa situação 73% dos indivíduos da classe A (mais rica), 33% dos habitantes da Região Sul e 28% dos homens, mas apenas com 16% de mulheres, 11% dos que vivem no Nordeste, e 3% dos indivíduos das classes DE (a mais pobre).
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina nesta quarta-feira (27), no Palácio do Planalto, o decreto que regulamenta a TV 3.0, a nova geração da tecnologia de televisão aberta e gratuita brasileira. Segundo o Ministério das Comunicações, a tecnologia vai revolucionar a forma como os brasileiros assistem televisão.
"Com mais interatividade, qualidade de som, imagem superior e maior integração com a internet, o novo sistema moderniza o setor e coloca o país na vanguarda da radiodifusão mundial", diz a pasta.
Considerada "a televisão do futuro", a TV 3.0 vai integrar os serviços de internet (broadband) à habitual transmissão de sons e imagens (broadcast), possibilitando o uso de aplicativos que permitirão aos telespectadores interagir com parte da programação e até mesmo fazer compras diretamente de seu televisor, abrindo novas possibilidades de geração de receitas às emissoras.
No ano passado, os membros do conselho deliberativo do Fórum do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD), entidade responsável pela nova geração, recomendaram ao governo federal a adoção do sistema ATSC 3.0 (do inglês, Comitê de Sistema Avançado de Televisão) como padrão técnico para a evolução tecnológica da TV digital. Isso deve ser confirmado pelo decreto presidencial. O novo sistema também deve estabelecer as novas funcionalidade, bem como um cronograma de migração, que deve ser gradativo, começando pelas grandes cidades, como foi com a TV digital. A previsão é que parte da população brasileira já consiga desfrutar da TV 3.0 durante as transmissões da Copa do Mundo de 2026.
"A televisão aberta da era digital permitirá mais interatividade e personalização, como votações em tempo real, conteúdos estendidos, serviços de governo digital, alertas de emergência, novos recursos de acessibilidade, publicidade e conteúdos personalizados, e até T-commerce, com compras pelo controle remoto. A TV3.0 representa mais do que uma evolução tecnológica, ela simboliza a renovação de um compromisso histórico da radiodifusão com a informação, a cultura e a ética", afirma o executivo Raymundo Barros, diretor de Estratégia de Tecnologia da Globo e presidente do Fórum SBTVD, em entrevista à Agência Brasil.
Uma das principais inovações da TV 3.0 é justamente sua interface baseada em aplicativos, em que as emissoras terão condições técnicas de passar a oferecer, além do sinal aberto já transmitido em tempo real, conteúdos adicionais sob demanda, como séries, jogos, programas e outras possibilidades.
"Isso muda a forma como o telespectador acessa a programação. Em vez de 'caçar' a TV aberta dentro do aparelho, os canais voltam a estar em posição de destaque em um catálogo de aplicativos, com ícones equivalentes aos canais tradicionais. E não é por isso que a troca rápida entre canais desaparecerá: a pesquisa mostrou o quanto é importante manter essa cultura do zapeamento e isso se traduz na troca rápida entre os aplicativos das emissoras na TV 3.0. Esse modelo devolve visibilidade à TV aberta nos receptores e abre espaço para interatividade, personalização e integração com serviços internet", destacou Marcelo Moreno, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), coordenador do GT Codificação de Aplicações do Fórum SBTVD e dos maiores especialistas em TV digital no país.
Professor titular do Departamento de Sistemas de Computação do Centro de Informática da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o engenheiro Guido Lemos, que atuou no desenvolvimento do programa Ginga, incorporado ao padrão do Sistema Brasileiro de Televisão Digital, avalia que a TV 3.0 pode impulsionar a retomada de relevância da televisão na oferta preferencial de conteúdos, que está sob ameaça com a emergência, cada vez forte, dos serviços de mídia sob demanda (OTT, na sigla em inglês), como os canais de streaming, diretamente instalados nos aparelhos de TV.
"Quando você olha o que que tá acontecendo nas TVs que estão instaladas em várias residências do Brasil, principalmente o pessoal de renda mais alta, que tem acesso à internet e consegue sustentar fluxos de vídeo nos aparelhos de televisão, observa que a maioria dessas TVs não está conectada em antena de recepção de TV aberta", observa.
Os novos aparelhos da TV 3.0 deverão vir de fábrica com a primeira tela apresentando um catálogo de canais de televisão abertos, o que não vem ocorrendo na interface atual das SmartTVs, essas que conectam com a internet, que dão prioridade aos aplicativos de OTT. "A proeminência do ícone do DTV Mais na primeira tela, do botão DTV Mais no controle remoto, de certa forma, é uma reconquista do espaço que a TV aberta perdeu na primeira tela e no controle remoto dos receptores de TV. Então, com isso, esse processo de diminuição do número de usuários pode ser revertido", acrescenta Lemos.
Nos últimos anos, a proporção de domicílios brasileiros com sinal de televisão e com assinatura de serviços por TV fechada tem caído, enquanto os serviços de streaming têm aumentado, chegando a quatro de cada dez lares com televisão.
No campo público, a TV 3.0 deve assegurar destaque para emissoras de caráter educativo, por meio da criação do que está sendo chamado de Plataforma Comum de Comunicação Pública e do chamado Governo Digital, este último dedicado a garantir acesso a serviços públicos diretamente pela televisão, promovendo maior integração entre Estado e cidadão. Mesmo em localidades onde o sinal de emissoras públicas não chega por antena de radiodifusão, a conexão pela internet poderá suprir essa lacuna.
"Haverá uma plataforma comum que vai compor os canais da União e, com isso, todo televisor que tenha conexão com a internet vai poder acessar o conteúdo dessas emissoras públicas. Cabe destacar que mais de 50% dos televisores hoje no Brasil são conectados à internet", afirma Carlos Neiva vice-presidente de Relações Institucionais, Rede e Tecnologia da Associação Brasileira de Televisões e Rádios Legislativas (Astral) e coordenador da Rede Legislativa de Rádio e TV da Câmara dos Deputados.
"Não serão mais apenas canais, mas aplicativos. E a rede legislativa terá seu aplicativo, a TV Brasil, o Canal Gov. E esses aplicativos terão não apenas o conteúdo linear [grande de programação convencional], mas também o conteúdo por demanda, ou seja, personificado. É a mesma experiência, por exemplo, que você tem no YouTube ou numa plataforma de streaming", acrescenta.
Para viabilizar essa plataforma, segundo Marcelo Moreno, da UFJF, já estão em andamento projetos entre academia e setor privado dedicados a criar aplicativos e ferramentas específicas para a comunicação pública, "garantindo que ela também tire proveito de funcionalidades avançadas como personalização, interatividade e novos formatos audiovisuais".
Dois desafios fundamentais da TV 3.0, no entanto, estão relacionados aos custos de migração, como licenciamento de tecnologia e aquisição de transmissores, por parte das emissoras, e compra de conversores e receptores, por parte dos usuários. E também a universalização do acesso à internet de qualidade, uma realidade ainda distante do conjunto da população.
Segundo indicador de conectividade significativa criado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), que inclui fatores como custo e velocidade da conexão, presença de banda larga fixa nos domicílios e acesso por múltiplos dispositivos, apenas 22% dos indivíduos com 10 anos ou mais no Brasil têm condições satisfatórias de conectividade.
Em duas décadas, a proporção de lares urbanos brasileiros com Internet passou de 13% para 85%, mostra a TIC Domicílios 2024 - cetic.br
Estão nessa situação 73% dos indivíduos da classe A (mais rica), 33% dos habitantes da Região Sul e 28% dos homens, mas apenas com 16% de mulheres, 11% dos que vivem no Nordeste, e 3% dos indivíduos das classes DE (a mais pobre).
por Agência Brasil
RIO DE JANEIRO/RJ - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou nesta segunda-feira (25) que a Polícia Federal intensifique a vigilância sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro. O objetivo é evitar uma eventual tentativa de fuga do país diante da possibilidade de condenação por tentativa de golpe de Estado.
Em manifestação enviada ao STF, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, avaliou que seria “de bom alvitre” reforçar o monitoramento sobre o ex-presidente. Moraes considerou a sugestão “adequada e necessária” para assegurar a aplicação da lei penal.
Bolsonaro e sua defesa têm feito diversas tentativas de adiar ou alterar o julgamento, marcado para a próxima semana. A estratégia começou com um pedido para retirar o caso da competência do Supremo, que foi negado. Em seguida, os advogados solicitaram a transferência do processo da Primeira Turma para o plenário, mas também não tiveram sucesso.
As manobras jurídicas, embora dentro das regras processuais, não surtiram efeito. O que chamou atenção foi a iniciativa de Bolsonaro de recorrer a aliados internacionais. Em um gesto interpretado como pressão ao Brasil, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou medidas como o aumento de tarifas e a revogação de vistos. Além disso, enquadrou o ministro Alexandre de Moraes na chamada Lei Magnitsky, usada para punir ditadores e terroristas.
Trump, que enfrenta acusações de usar métodos autoritários contra opositores internos, não teria dificuldades em oferecer asilo a um aliado político sul-americano. Bolsonaro, por sua vez, já demonstrou não ter constrangimento em buscar abrigo nos Estados Unidos. No fim de 2022, antes de encerrar o mandato, ele viajou para a Flórida, onde permaneceu por semanas.
Os Estados Unidos, no entanto, não são a única alternativa considerada. No ano passado, após ter o passaporte apreendido, Bolsonaro se abrigou por duas noites na embaixada da Hungria, em Brasília. O gesto foi interpretado como um movimento para pedir proteção ao primeiro-ministro ultradireitista Viktor Orbán, caso fosse decretada sua prisão.
A Polícia Federal também identificou indícios de que a Argentina entrou no radar do ex-presidente. Segundo as investigações, seu celular continha o rascunho de um pedido de asilo direcionado ao presidente Javier Milei, que atualmente enfrenta suspeitas de corrupção em seu governo.
Apesar desses episódios, Bolsonaro tem negado publicamente qualquer intenção de deixar o país. Atualmente, cumpre prisão domiciliar em Brasília, monitorado por tornozeleira eletrônica. Sua residência fica a cerca de 15 minutos da região que concentra as embaixadas na capital federal.
De acordo com o colunista Bernardo Mello Franco do O Globo, no dia em que Bolsonaro foi levado para instalar o equipamento de monitoramento, o ex-Presidente deixou escapar uma frase que reforçou as especulações sobre uma possível fuga: “Sair do Brasil é a coisa mais fácil que tem”.
A postura do ex-presidente tem gerado apreensão entre autoridades e reforçado a avaliação de que medidas de vigilância são necessárias para garantir sua permanência no território nacional até a conclusão do julgamento.
por Guilherme Bernardo
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