HONG KONG - A empresa chinesa de inteligência artificial SenseTime anunciou nesta segunda-feira (20) que entrará na Bolsa de Hong Kong em 30 de dezembro, após adiar o projeto por ter sido incluída em uma lista de grupos marcados pelo governo dos Estados Unidos.
No início de dezembro, o Tesouro americano incluiu a empresa na lista de grupos envolvidos com a situação dos direitos humanos em Xinjiang, alegando que os programas de reconhecimento facial da SenseTime foram projetados em parte para serem utilizados contra os uigures e outras minorias da região.
A SenseTime, que considerou as acusações "infundadas", adiou a entrada na Bolsa, prevista para 17 de dezembro.
A inclusão na lista do Tesouro torna praticamente impossível para os bancos de investimento americanos, que participam com frequência de IPOs na Bolsa de Hong Kong, se envolverem na operação ou que um cidadão americano faça o investimento.
Nesta segunda-feira, a empresa apresentou um novo pedido para a cotação e pretende fazer a entrada na Bolsa de Hong Kong em 30 de dezembro.
Com a operação, a SenseTime espera arrecadar 767 milhões de dólares.
"Devido à natureza (...) em evolução da regulamentação dos Estados Unidos temos que excluir os investidores americanos", afirmou a SenseTime.
De acordo com a agência de notícias financeiras Bloomberg, a empresa de inteligência artificial garantiu US$ 512 milhões com nove investidores, incluindo o fundo de investimento chinês Mixed-Ownership Reform Fund.
De acordo com Washington, a SenseTime pode identificar graças a sua tecnologia os uigures, incluindo os que "usam barba, óculos de sol ou máscara", na vigilância policial em Xinjiang.
Grupos de defesa dos direitos humanos afirmam que pelo menos um milhão de uigures e outras minorias muçulmanas estão internados em campos nesta região do noroeste da China, onde Washington afirma que acontece um genocídio.
Pequim rejeita as acusações sobre os supostos abusos cometidos contra as minorias e, depois de negar em um primeiro momento sua existência, defendeu que os campos eram centros de formação voluntários para combater o extremismo radical.
AFP