EUA - O Federal Reserve (Fed, banco central americano) poderá manter as suas taxas de juros de referência inalteradas na sua reunião desta semana para evitar o risco de recessão, apesar de uma inflação que custa a ceder.
“O Fed está em modo de espera”, resume Krishna Guha, economista da Evercore, uma empresa de consultoria de investimentos.
O crescimento da atividade econômica nos Estados Unidos duplicou no terceiro trimestre na projeção anual, em comparação com o trimestre anterior, impulsionado pelo consumo das famílias. Essa informação continua afastando a perspectiva de recessão e pressiona a favor de um novo aumento das taxas de juros.
O Fed aumentou as suas taxas como forma de tornar o crédito mais caro e, assim, moderar o consumo e o investimento, o que exerceu pressão sobre o aumento dos preços.
Mas este “crescimento marcadamente forte no terceiro trimestre”, de 4,9% na projeção de 12 meses, é “compensado pelo aumento dos rendimentos” dos títulos do Tesouro, detalha Guha.
“Muitos no Fed consideram que o aumento dos rendimentos (ou das taxas dos títulos do Tesouro) é equivalente a um novo aumento nas taxas de juros”, afirma Diane Swonk, economista-chefe da KPMG.
O impacto nos rendimentos dos títulos do Tesouro é muito mais amplo, destaca Swonk, do que o das taxas do Fed, já que as taxas de referência decididas pelo banco central condicionam os empréstimos concedidos pelos bancos, “que representam apenas um terço do crédito nos Estados Unidos”.
– Opção em aberto –
O Fed aumentou as suas taxas 11 vezes desde março de 2022, e estão atualmente entre 5,25-5,50%, um máximo desde 2001.
Quase todos os atores do mercado antecipam que o Fed manterá as suas taxas neste nível, de acordo com a avaliação do CME Group.
Gregory Daco, economista-chefe da EY Parthenon, espera que o Fed mantenha “uma opção para um ajuste adicional”, em seu comunicado à imprensa de encerramento da reunião na quarta-feira.
Para Daco, porém, “o ciclo de ajuste (monetário) do Fed acabou” e não haverá mais aumentos de taxas.
“Eles não descartarão um novo aumento”, afirma Michael Pearce, da Oxford Economics.
– Não cantar vitória –
Os dados da inflação de setembro “ainda não são suficientemente bons para que o Fed possa cantar vitória”, observaram os economistas da Pantheon Macroeconomics.
O índice PCE, o mais seguido pelo Fed para medir os aumentos de preços, ficou em 3,4% nos 12 meses em setembro. A inflação mensal foi de 0,4%, mesma variação de preços de agosto e um pouco acima do esperado.
Por outro lado, a inflação subjacente, que exclui preços muito voláteis como alimentos e energia, passou de 0,1% em agosto para 0,3% em setembro.
O IPC, por outro lado, manteve-se estável em 3,7% durante 12 meses em setembro, mas o aumento de preços moderou-se na medição mensal pela primeira vez desde maio.
O Banco Central Europeu (BCE) manteve as suas taxas inalteradas na quinta-feira, após dez aumentos consecutivos desde julho de 2022.