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Com fornecimento de alimentos à Venezuela, Irã se torna um dos principais parceiros de Maduro

Escrito por  Jun 25, 2020

MUNDO - Os carros que circulam pela Venezuela agora usam gasolina iraniana após a importação de 1,5 milhão de barris de combustível pelo governo de Nicolás Maduro. Mas há outras ações que vêm fortalecendo os vínculos entre estes dois países.

Já está em águas venezuelanas um cargueiro lotado de comida para abastecer o supermercado que será administrado por uma empresa iraniana e que substituirá as  Clap (Comitês Locais de Abastecimento e Produção), que revendiam produtos subsidiados pelo Estado. Apesar das recentes declarações de Maduro de que estaria “disposto” a conversar com o presidente americano, Donald Trump, o aumento do intercâmbio comercial Teerã-Caracas é uma afronta aos Estados Unidos - que ameaçam aplicar mais sanções a ambos os países.

Apoio contra a Covid-19

Além de combustível, o Irã enviou neste mês à Venezuela material médico, entre eles kits para ajudar Caracas a combater a pandemia da Covid-19. De acordo com o presidente Nicolás Maduro, até a noite de terça-feira (23) o país registrou 4.187 casos positivos do novo coronavírus.

O cargueiro Golsan traz do Irã alimentos para a “Megasis”, uma rede de supermercados que começará a funcionar em Caracas em julho deste ano. Lá serão vendidos atum enlatado, molhos de tomate, óleo e outros produtos das marcas iranianas Delnoosh e Varamin.

Uma fonte informou à RFI que a Varamin é uma nova empresa de alimentos. Nos registros do país de origem, ela aparece como particular. No entanto, “o dono de muitas dessas empresas teoricamente privadas pertence a algum fundo misterioso cujo principal acionista é algum órgão ou personalidade ligados ao governo iraniano”, afirmou a fonte, sob anonimato.

Comida iraniana em Caracas

O supermercado iraniano aparece pouco tempo depois da flexibilização de preços aplicada pelo governo venezuelana para suprir a demanda interna de comida. A flexibilização colocou fim à escassez de alimentos. No entanto, o preço de 27 produtos da cesta básica é determinado pelo Estado e eles são inacessíveis a boa parte da população, sobretudo aos que ganham salário mínimo, cotado atualmente em US$ 4.  

De acordo com o Centro de Documentação e Análise Social (Cendas), para uma família venezuelana de até quatro pessoas adquirir a cesta básica é necessário o equivalente a US$ 284, valor equivalente a 138 salários mínimos.   

Irã e Venezuela têm algumas características parecidas. Ambos são sócios da Organização de Países Produtores de Petróleo (OPEP) e sofrem bloqueio de países estrangeiros, entre eles os Estados Unidos. No entanto, a nação islâmica aproveita a frágil economia venezuelana para exportar seus produtos.

O Irã viu na Venezuela o mercado perfeito para escoar sua excedente produção de combustível. Aproveitando o sucateamento das refinarias venezuelanas, que não conseguem produzir gasolina sequer para suprir a demanda interna de gasolina, o Irã exportou recentemente cinco cargueiros com combustível que agora vêm sendo usado pela frota venezuelana.

Ouro em troca de gasolina

De acordo com os opositores ao governo de Maduro, a gasolina importada foi paga com ouro extraído das minas do sul da Venezuela. É grande a possibilidade de que esta suposição seja verdadeira. As sanções internacionais aplicadas ao Irã em 2012 excluíram o país do Swift - o sistema que interliga as instituições bancárias em boa parte do mundo. Isso impossibilitou os pagamentos em dinheiro à nação islâmica, que desde então recebe pagamentos em commodities e mercadorias.

Ambos os países comemoram a retomada das relações bilaterais, apesar das crescentes ameaças de novas sanções pelo governo de Donald Trump. Através das redes sociais, o líder supremo Ali Khamenei enviou “parabéns a todos queridos capitães e tripulação dos cargueiros. Fizeram um grande trabalho. Seu movimento foi um movimento de grande esforço. O país (Irã) se sente orgulhoso do que fizeram”.

De acordo com Edmundo González, ex-embaixador da Venezuela na Argélia, “diante do colapso venezuelano é evidente que Teerã tem um papel de primeira ordem na Venezuela. Esta nova etapa das relações tem como consequência imediata a inclusão da Venezuela no perigoso cenário de confronto geoestratégico entre Irã e Estados Unidos”.     

Projetos bilaterais desde a Era Chávez

Durante o governo de Hugo Chávez (1999-2013), muitos projetos bilaterais foram lançados. A estreita relação que o ex-presidente estabeleceu com o Irã começou durante a Cúpula dos Chefes de Estado dos Países Membros da Opep, realizada em Caracas em 2000.

Daquele momento até pouco tempo antes de morrer, o líder socialista viajou novez vezes à República Islâmica do Irã. Por sua vez, o então presidente Mahmoud Ahmadinejad (2005-2013) esteve em Caracas, ao menos, em cinco ocasiões. Dentro deste período foram assinados cerca de 500 acordos bilaterais abarcando os setores petroleiro, químico, moradia, automotor e militar.

A fábrica Venirauto, localizada em Maracay, estado a 130 quilômetros de Caracas, parou de funcionar em 2013. Hoje em dia as instalações, onde eram montados os automóveis Saipa, está abandonada. Mesmo destino levou a fábrica de bicicletas “Atômica”, onde foram investidos cerca de US$ 2 milhões.

De acordo com Edmundo Gonzalez, “ambos os países estavam destinados a ser as potências para uma nova ordem mundial. O Irã se encaixava perfeitamente na política de enfrentamento de Hugo Chávez contra os Estados Unidos, e por isso sintonia entre ambos”.

Suspeitas de espionagem

Há suspeitas de que as relações entre os dois países se estendam ao setor militar. Foi o que manifestou Julio Borges, político exilado na Colômbia e representante de Relações Exteriores do governo provisório do opositor Juan Guaidó. Borges afirma que as Forças Armadas Bolivarianas estariam recebendo assessoria do Irã na área de telecomunicações. Há suspeitas de que a Venezuela, com apoio iraniano, estaria instalando um centro de telecomunicações no Cabo de San Román, no extremo norte venezuelano, para monitorar as telecomunicações aéreas e marítimas.

Segundo críticos ao governo de Maduro, este teria sido o verdadeiro motivo dos 17 voos realizados entre abril e maio deste ano pela linha aérea iraniana Mahan Air, sancionada pelos Estados Unidos, à região do Cabo de San Román.

 

Por: Elianah Jorge / RFI

Ivan Lucas

 Jornalista/Radialista

Website.: https://www.radiosanca.com.br/equipe/ivan-lucas
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