PAQUISTÃO - O governo paquistanês disse quinta-feira que a decisão do Tehrik-i-Taliban Paquistão (TTP) de quebrar um cessar-fogo e retomar os ataques no país deveria ser motivo de preocupação entre os Taliban afegãos, que tinham desempenhado um papel de mediação nas conversações entre Islamabad e o grupo armado para tentar chegar a um acordo de paz.
"O TTP goza de todo o tipo de instalações no Afeganistão", disse a Ministra do Interior paquistanesa Rana Sanaullah, um dia depois de o grupo extremista ter reivindicado a responsabilidade por um ataque suicida na cidade de Quetta num veículo da polícia que transportava agentes para proteger uma campanha de vacinação contra a poliomielite que matou quatro pessoas.
Salientou que os Taliban prometeram, após recuperarem o poder, que não permitiriam que o seu território fosse utilizado para atacar outros países ou para realizar ataques e argumentou que "se cumprirem, isso não beneficiará apenas o Paquistão, mas a si próprios". "O TTP está ali presente e está a realizar atividades terroristas. O seu território está a ser utilizado (para realizar atos terroristas), ao contrário das suas pretensões", criticou.
Salientou também que a situação "é alarmante", embora tenha excluído que poderia "ficar fora de controlo" ou que "qualquer grupo poderia ficar fora do alcance (das forças de segurança)", segundo o diário paquistanês "Dawn".
O TTP, que difere dos Talibãs afegãos em questões organizacionais mas segue a mesma interpretação rigorista do Islão sunita, reúne mais de uma dúzia de grupos militantes islâmicos que operam no Paquistão, onde mataram cerca de 70.000 pessoas em duas décadas de violência.
por Pedro Santos / NEWS 360