SÃO PAULO/SP - Com objetivo de ampliar suas participações na Câmara dos Deputados – e assim garantir acesso a fatias maiores dos fundos Partidário e eleitoral, além de tempo de TV, calculados a partir do tamanho da bancada eleita de cada legenda –, líderes dos partidos em São Paulo já começam a definir nomes com potencial de superar a meta de 1 milhão de votos. O objetivo é fazer com que esses candidatos atuem como “puxadores de votos” para eleger mais de uma cadeira na Casa.
Além de Guilherme Boulos (PSOL), que abriu mão de disputar o governo paulista, o ex-governador José Serra (PSDB), a ex-ministra Marina Silva (Rede), o deputado Eduardo Bolsonaro (PL) e a advogada Rosângela Moro (Podemos) são as apostas de seus respectivos partidos para desempenhar este papel. O PT admite que ainda não tem um nome com grande densidade política. Principal aposta da legenda, o vereador Eduardo Suplicy deve disputar uma vaga de deputado estadual.
Ex-governador, ex-prefeito, ex-ministro da Saúde e ex-chanceler, o senador tucano José Serra, que está se tratando de Parkinson, doença que está em estágio inicial, vai receber do PSDB tratamento de campanha majoritária na corrida pela Câmara. “Vamos fazer uma campanha em todo o Estado. Ele terá tratamento de campanha majoritária. A nossa expectativa é de que ele receba mais de 1 milhão de votos e supere Boulos, Marina e Eduardo Bolsonaro”, declarou o presidente do diretório paulista do PSDB, Marco Vinholi.
A vaga de candidato ao Senado na chapa do partido está reservada para o apresentador de TV José Luiz Datena, do União Brasil. O PSDB vai dar destaque a Serra nas inserções de TV e ele terá uma fatia generosa do fundo eleitoral.
O PSOL vai usar a mesma estratégia com Boulos, que vai ser o protagonista do horário eleitoral gratuito na TV reservado à legenda no Estado. “Pela projeção política que ele ganhou, a estratégia será dar destaque e protagonismo para ele na campanha”, afirmou Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL.
Cláusula
A ex-ministra Marina Silva, que se candidatou à Presidência em 2010, 2014 e 2018, é a maior aposta da Rede este ano para puxar votos na campanha para a Câmara. Um resultado expressivo ajudaria a sigla, que vai formar uma federação com o PSOL, a superar a cláusula de barreira, que tem o objetivo de impedir ou restringir o funcionamento do partido que não alcançar determinado porcentual de votos na eleição proporcional. Para este ano, a linha de corte é 2% dos votos válidos, ou eleger pelo menos 11 deputados federais distribuídos em nove Estados.
Vereador mais votado na eleição de 2020, o ex-senador Eduardo Suplicy seria o candidato natural ao posto de puxador de votos do PT, mas os planos são outros. O deputado federal Paulo Teixeira reconheceu que o PT não tem ainda nenhum candidato com potencial para superar 1 milhão de votos. “O Suplicy preenche esse critério de ‘supercandidato’, mas ele colocou seu nome para o Senado, caso os aliados não reivindiquem essa vaga, ou para deputado estadual”, disse o parlamentar.
No PL, Eduardo Bolsonaro receberá tratamento especial nas inserções de TV para tentar repetir o resultado de 2018, quando teve a maior votação para deputado federal da história: 1,84 milhão de votos. Até então, o recorde de votos era de Enéas Carneiro, que, em 2002, conquistou 1,57 milhão de votos.
Com dificuldade para montar um palanque forte no maior colégio eleitoral do País, a presidente do Podemos, Renata Abreu, tenta convencer a advogada Rosângela Moro, mulher do presidenciável Sérgio Moro (Podemos), a disputar uma vaga de deputado federal. Ela teria a garantia da legenda de recursos do fundo eleitoral e espaço generoso na TV.
Pedro Venceslau / ESTADÃO