Percepção de retomada econômica é a partir de 2021, segundo pesquisa do Núcleo de Economia do Sincomercio
ARARAQUARA/SP - As vendas do varejo em Araraquara devem encerrar o mês de junho com redução de 16% em relação ao mesmo período de 2019, e atingir o faturamento real, ou seja, quando se é descontada a inflação medida pelo IPCA, de aproximadamente R$ 1.436 bilhões. A análise do Núcleo de Economia do Sincomercio Araraquara, feita com base nos dados da Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV) realizada pela FecomercioSP, também projeta uma queda de faturamento de 15% no acumulado do ano.
As estimativas acompanham os resultados projetados para outros 15 municípios paulistas que compõem a pesquisa da PCCV, todos com expectativas de redução no faturamento, variando entre -13% a -37% na comparação interanual, contra junho de 2019. No mesmo período, a queda aguardada para o estado de São Paulo é de 33% na comparação interanual, com faturamento esperado de R$ 12.312 bilhões. Neste aspecto, Araraquara representa 3,5% do faturamento total do estado, posicionando-se na 13° colocação.
Faturamento esperado para junho de 2020 – Araraquara.
Fonte: Fonte dos dados primários: Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo
* Valores estimados em R$ Mil a preços de fev/20 ** Lojas de Departamentos
Com exceção das farmácias, das lojas de materiais de construção e dos supermercados, todos os demais segmentos apresentaram redução do faturamento esperado, na comparação contra junho de 2019. As lojas de decoração deverão ser as mais afetadas, com queda esperada de 83% nas vendas, em seguida, vêm as concessionárias de veículos e lojas de autopeças e acessórios, que devem reduzir 66% e 59%, respectivamente.
Um dos fatores que explicam a maior redução na categoria de móveis e decoração diz respeito ao tipo dos bens que são comercializados nesse segmento. Por se tratarem de itens considerados supérfluos - que não possuem relação direta com nossas necessidades básicas - esses produtos são deixados de lado em momentos de crise. E com a perda de renda das famílias, a tendência é que a população corte gastos nessa modalidade de consumo e aumente a poupança precaucional, àquela formada em períodos de maior instabilidade econômica.
A comparação entre as atividades que mantiveram o mesmo nível de operação e aquelas que sofreram algum tipo de restrição durante a quarentena revela uma perda potencial de aproximadamente R$ 301 milhões para o conjunto de empresas que atuaram com restrição. O impacto desses prejuízos deve causar uma perda aproximada de R$ 274 milhões para o varejo em Araraquara, durante o mês de junho de 2020.
Relação entre faturamento e perda potencial no varejo araraquarense – junho/2020
Fonte: FecomercioSP Elaboração: Sincomercio
**Valores em R$ Mil.
Flexibilização do comércio e retomada da economia
Com o objetivo de compreender os impactos que as medidas de restrição das atividades têm gerado sobre o balanço das empresas, o Núcleo de Economia do Sincomercio Araraquara realizou uma pesquisa qualitativa, na qual entrevistou vinte lojistas do varejo local, dos segmentos de vestuário e calçados; óticas; joalherias e relojoarias; floriculturas; eletroeletrônicos e lojas de cosméticos.
Perguntados se são favoráveis ou não à reabertura do comércio, 95% responderam que sim, enquanto 5% posicionaram-se contra a reabertura. Além disso, para 15,8% dos entrevistados o risco à saúde causado pela retomada gradual das atividades do comércio pode ser considerado alto; para 36,8% o risco é mediano e para os 47,4% restantes existe pouco risco. No entanto, os empresários concordaram ser responsabilidade de todos o cumprimento das normas de higienização e medidas preventivas de contaminação. E se respeitadas, o risco de contaminação tende a cair.
Fonte/Elaboração: Sincomercio Araraquara
Quando indagados sobre a necessidade de recorrer a empréstimos durante o período de quarentena, apenas 26,3% das empresas responderam que sim, enquanto 73,7% detinham recursos suficientes para honrar seus compromissos essenciais, aderindo apenas às medidas disponibilizadas pela MP 936/20. Dos que necessitaram recorrer a esses empréstimos, 80% conseguiram captá-lo – 60% advindos de instituições privadas e 40% de bancos públicos – enquanto que para os outros 20% o crédito foi negado.
Com relação a expectativa de recuperarem o prejuízo decorrente da atual crise, 15% acreditam ser possível retomar o nível de vendas praticado antes da pandemia em menos de seis meses, outros 15% projetam recuperar os prejuízos a partir do sexto mês; para 30%, esse prazo deve ser de até um ano; enquanto 40% responderam não terem previsão alguma de recuperação.
No que diz respeito a percepção de uma retomada econômica no nível pré-crise, 80% declararam acreditar nessa recuperação somente a partir de 2021, enquanto 20% confiam em uma melhora apenas a partir do segundo semestre de 2020.
Considerando um ambiente razoavelmente controlado de pandemia, no qual é permitido a reabertura gradual do comércio, a circulação controlada de consumidores e respeitando as particularidades de cada município, a avaliação do Núcleo de Economia é de que a recuperação acontecerá a passos lentos, uma vez que o endividamento das famílias e das empresas continuarão aumentando e as expectativas de melhora no cenário político econômico estão deterioradas.
Serviço:
Sindicato do Comércio Varejista de Araraquara (Sincomercio)
Avenida São Paulo, 660 – Centro
Contato: (16) 3334-7070