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ESPANHA - O presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales, renunciou ao cargo. O dirigente é investigado pelo beijo dado na atacante Jenni Hermoso, da seleção feminina do país, em Sydney, na Austrália, logo depois de a equipe ter conquistado a Copa do Mundo. Ele alega que o ato foi consensual, o que é rebatido pela jogadora.

A saída de Rubiales – que, inicialmente, recusava-se a renunciar – foi confirmada pela entidade em comunicado divulgado na noite de domingo (10). Segundo a nota, Rubiales também abriu mão da vice-presidência da União das Federações Europeias de Futebol (Uefa, na sigla em inglês). A RFEF convocará eleições para ocupação do cargo, conforme o Artigo 31.8 do estatuto da federação.

A Federação Internacional de Futebol (Fifa) já havia suspendido o dirigente por 90 dias. Por isso, a RFEF está sendo dirigida, interinamente, pelo vice-presidente da entidade, Pedro Rocha Junco.

Rubiales ainda pode responder criminalmente por agressão sexual. Se condenado, a pena varia de um a quatro anos de prisão. Na última terça-feira (5), Jenni Hermoso acionou a justiça espanhola. Três dias depois, a promotora Marta Durántez Gil também fez denúncia, apelando às autoridades australianas para esclarecerem se o caso seria considerado crime no país.

O incidente repercutiu em todo o mundo e desencadeou reações contra o sexismo. Na Espanha, coletivos feministas se mobilizaram exigindo a saída de Rubiales. Em comunicado, 80 jogadoras espanholas – as campeãs do mundo entre elas – anunciaram que não voltariam a defender a seleção do país enquanto o dirigente permanecesse no cargo. Além disso, 11 integrantes da comissão técnica que foi ao Mundial demitiram-se em protesto.

Antes de Rubiales, a primeira mudança no escopo do futebol feminino espanhol foi a demissão do técnico Jorge Vilda, que deu lugar a Montse Tomé, primeira mulher a dirigir a seleção principal. Apesar do título mundial, Vilda não tinha bom relacionamento com algumas atletas da equipe, que chegaram a pedir a saída do treinador antes da Copa, contestando, em especial, a gestão de grupo do profissional.

 

 

Por Lincoln Chaves – Repórter da EBC

AGÊNCIA BRASIL

ESPANHA - O rei da Espanha, Felipe VI, designou o líder da direita, Alberto Núñez Feijóo, para tentar ser empossado como novo chefe do governo espanhol, ainda que até o momento ele não conte com os votos necessários para conseguir o cargo.

Felipe VI manifestou "sua decisão de propor ao senhor Alberto Núñez Feijóo como candidato à presidência do governo", anunciou após se reunir com o monarca a presidente do Congresso, Francisca Armengol, em uma declaração ao Congresso dos Deputados.

A expectativa cresceu nos últimos dias em relação a se o rei, que realizou uma ronda de consultas entre segunda e terça-feira, designaria a formação do governo ao líder do Partido Popular (PP, conservador), que ganhou as eleições legislativas de 23 de julho, ou ao socialista Pedro Sánchez, presidente de Governo em exercício.

Nem Feijóo nem Sánchez contam atualmente com os apoios necessários para alcançar a maioria absoluta de 176 dos 350 deputados que lhes permita governar.

Na rede social X, antes Twitter, Feijóo agradeceu ao monarca "sua decisão" e garantiu que dará voz aos espanhóis "que querem mudança, estabilidade e moderação com um Governo que defenda a igualdade de todos".

 

- Data de posse a ser definida -

Armengol indicou que entrará em contato com Feijóo nas próximas horas para marcar a data da posse.

Embora tenha pedido calma, o líder da direita havia indicado previamente que se fosse designado pelo rei começaria as consultas com os diferentes partidos na próxima segunda-feira.

Caso haja uma posse fracassada, será acionada uma contagem regressiva de dois meses para que as eleições legislativas se repitam, a menos que Pedro Sánchez consiga construir uma maioria nesse período.

Depois de se reunirem separadamente com o chefe de Estado nesta terça , tanto Sánchez como Feijóo afirmaram que estavam dispostos a se submeter a um debate de posse.

Mas Feijóo reivindicou o seu direito de ser escolhido por ser "o candidato do partido que ganhou as eleições".

Efetivamente, o rei indicou em um comunicado que sua decisão seguiu o "costume" de que seja "o candidato do grupo político que obteve o maior número de assentos" que seja "o primeiro a ser proposto" para a posse.

O líder dos conservadores tem 172 votos: 137 dos deputados do PP, 33 do partido de extrema direita Vox e os deputados de dois pequenos partidos regionais.

Mas por enquanto, perante um possível debate de posse, o líder socialista tem apenas 164 votos, incluindo os 131 de seu partido e 31 da extrema esquerda.

 

- "Não há outra alternativa" -

A designação de Feijóo "seria uma posse fracassada", previu Pedro Sánchez, ainda que tenha adiantado que não teria objeções se o rei escolhesse Feijóo para tentar formar uma maioria.

Felipe VI, enquanto chefe de Estado, "tem o respeito e o apoio do Partido Socialista", afirmou.

"Não há outra alternativa senão reeleger um governo de progresso", destacou Sánchez, referindo-se à coalizão dos socialistas com a extrema esquerda do governo em exercício.

Mas Sánchez espera somar o apoio dos partidos nacionalistas e separatistas regionais, como já ocorreu na semana passada, quando a socialista Francina Armengol foi eleita presidente do Congresso, com 178 votos a favor.

Dois partidos que votaram a favor de Armengol - os separatistas catalães Izquierda Republicana de Cataluña (ERC) e Junts per Catalunya (JuntsxCat), disseram que venderão caro o seu apoio para reeleger o governo de Sánchez.

O JuntsxCat exige um referendo de independência da Catalunha e uma anistia geral para todos os acusados da tentativa de secessão inconstitucional de 2017, marcada por grandes manifestações e, em alguns casos, por distúrbios.

Entre os acusados está o principal dirigente desse partido, Carles Puigdemont, refugiado na Bélgica e reclamado pela Justiça espanhola. 

 

 

por AFP

ESPANHA - Cerca de 250 bombeiros lutavam, na quarta-feira (16), para conter um incêndio que está "fora de controle" na ilha espanhola de Tenerife, no arquipélago das Canárias, informaram as autoridades locais, que tiveram que evacuar os moradores de cinco localidades.

O fogo começou na terça-feira e se espalhou pelo nordeste da ilha, situada perto da costa noroeste da África.

"O incêndio está fora de controle, a situação não é boa", admitiu Fernando Clavijo, presidente do governo regional das Ilhas Canárias, durante coletiva de imprensa.

"Nosso objetivo é evitar que ele continue se espalhando. Foi um dia difícil", acrescentou.

De acordo com as autoridades, cerca de 250 bombeiros combatem as chamas com o apoio de 13 helicópteros e aeronaves, três dos quais foram enviados da Península Ibérica.

O incêndio já consumiu cerca de 1.800 hectares e forçou as autoridades a evacuar os moradores das cidades de Arrate, Chivisaya, Media Montana, Ajafona e Las Lagunetas, além de interromper o tráfego em várias estradas.

"Pedimos à população que respeite todos esses bloqueios", afirmou o presidente regional.

A Espanha enfrentou na semana passada sua terceira onda de calor neste verão do hemisfério norte. Mais de 70.000 hectares já foram consumidos pelo fogo em 2023 no país.

Em 2022, mais de 300.000 hectares foram queimados por mais de 500 incêndios na Espanha, um recorde na Europa, de acordo com o Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (Effis).

 

 

AFP

ESPANHA - O partido de extrema direita espanhol Vox anunciou no domingo (6) que apoiaria, sem estabelecer condições, uma nomeação do líder dos conservadores para o cargo de presidente de Governo. A mudança de estratégia ocorre no momento em que o bloco de direita está em ponto morto no país europeu.

Até este domingo, o partido de ultradireita Vox exigia entrar no governo como condição para apoiar o líder do direitista Partido Popular (PP), Alberto Núñez Feijóo, que foi o mais votado nas eleições gerais antecipadas em 23 de julho.

Na sexta-feira, o Vox entrou pela quarta vez em um governo regional, após alcançar um acordo com o PP em Aragão, no nordeste do país. A extrema direita já governa em coalizão com os conservadores em Castela e Leão, Valência e Extremadura.

Nas últimas eleições, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) de Pedro Sánchez ficou em segundo lugar com 121 cadeiras no Parlamento, atrás das 137 do PP. Sánchez, no entanto, segue em melhor posição para formar o governo do que o seu o rival devido ao jogo de alianças.

 

Independência da Catalunha entra no debate

O socialista pode aspirar a uma maioria parlamentar graças a vários partidos regionais, principalmente bascos e catalães, embora isto signifique conquistar o apoio do 'Junts per Catalunya', a legenda de Carles Puigdemont, o líder independentista que declarou a fracassada secessão da Catalunha em 2017 antes de partir para o exílio na Bélgica.

O líder do Vox, Santiago Abascal, denunciou no domingo em um comunicado que um governo de Sánchez "constituiria uma grave ameaça à ordem constitucional" e levaria "à possibilidade, inclusive, de Sánchez conceder um referendo de autodeterminação" em troca de apoio.

Abascal anunciou que "os 33 deputados do Vox apoiariam uma maioria constitucional" no Parlamento para "formar um governo que evite tais ameaças", em um claro aceno ao PP. Feijóo necessitaria, no entanto, de alguns votos adicionais para toma posse e conseguir governar sem uma coalizão.

Além das quatro regiões, PP e Vox chegaram a acordos para governar uma dezena de grandes cidades espanholas, entre elas Valladolid e Toledo, no centro do país, e Burgos, no norte. Os pactos provocaram muitas críticas, em particular da esquerda, já que o PP se alinhou com várias posições polêmicas do Vox.

Mas a estratégia de aproximação entre a extrema direita e os conservadores tem poucas chances de levar seus representantes ao poder no âmbito nacional. Vários pequenos partidos já descartaram a possibilidade de dar seu apoio a uma coalizão do PP com a extrema direita e parece pouco provável que um número suficiente mude de opinião. Além disso, um apoio do PSOE ao PP, salvo uma grande mudança, está descartado.

 

 

 (Com informações da AFP)

RFI

ESPANHA - O partido de ultradireita espanhol Vox perdeu força nas eleições de domingo (23). Ainda que o resultado do pleito siga indefinido, a legenda deve perder 19 assentos no Parlamento.

O Vox chegou pela primeira vez ao Parlamento após as eleições de 2019, quando obteve 15,21% dos votos e conquistou 52 assentos. No pleito deste ano, com 98,75% das urnas apuradas, o percentual de votos na legenda havia caído para 12,39%, suficientes para garantir 33 cadeiras. Ainda assim, o partido deverá seguir com a terceira maior bancada do Parlamento.

Conhecido por suas posições anti-imigração e anti-direitos LGBTQIA+, o Vox tinha a chance de chegar ao poder na Espanha como parceiro minoritário em uma coalizão com o Partido Popular (PP), de direita. O PP foi a legenda que recebeu mais votos neste domingo, com 32,96% dos votos e 136 assentos.

Com 172 assentos somados até aqui, PP e Vox ficam aquém dos 176 necessários para formar maioria. Tampouco está claro se o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), do primeiro-ministro Pedro Sánchez, que obteve 122 cadeiras, conseguirá formar uma coalizão de esquerda com partidos menores.

Caso nenhum dos blocos consiga negociar uma maioria no Parlamento, novas eleições-gerais deverão ser convocadas.

No domingo (23), o líder do Vox, Santiago Abascal, lamentou que o bloco de direita tenha sido incapaz de conquistar a maioria dos assentos. "Passamos a campanha inteira alertando sobre o perigo de alguma pesquisa claramente manipulada", afirmou.

O Vox esperava repetir o bom desempenho que teve nas eleições regionais de maio, quando passou a governar dez cidades grandes do país em aliança com o PP. Seus membros lutam contra o aborto e a eutanásia, são anti-imigração e festejam as cores da bandeira espanhola, assim como sua cultura mais tradicional, como as touradas.

O certo é que o Vox já está causando arrepios nas esquerdas das comunidades autônomas (o equivalente a estados) que passou a governar ao lado do PP. Na cidade de Valdemorillo, próxima a Madrid, uma peça baseada em "Orlando", de Virginia Woolf, foi cancelada porque as autoridades consideraram inapropriado a presença de um homem que se converte em mulher, de acordo com a companhia de teatro responsável pela montagem.

Em outra cidade, a prefeitura retirou do cinema o desenho "Lightyear" porque ele exibia um beijo entre duas mulheres. Em reação, alguns artistas espanhóis lançaram o movimento #StopCensura.

O Vox nasceu há dez anos, fundado por egressos do PP insatisfeitos com o conservadorismo "relativo" de seu partido de origem. Sua criação remete a quando a Espanha era um país bipartidarista PP e PSOE se alternaram no poder por décadas até que, por volta de 2010, os nanicos começaram a ganhar força.

Nesse contexto, o Vox surgiu como herdeiro do ditador Francisco Franco, que reinou no país entre 1939 e 1975. Seus membros lutam contra o aborto ou a eutanásia, são anti-imigração e festejam as cores da bandeira espanhola, assim como sua cultura mais tradicional, como as touradas.

 

 

FOLHA de S.PAULO

ESPANHA - Se pedirem a um espanhol que avalie a situação econômica de seu país, certamente ele dirá que a economia vai mal, apesar de alguns indicadores mostrarem o contrário. Por que existe essa dissonância entre percepção e dados?

Com o Produto Interno Bruto (PIB) em alta e a inflação e o desemprego em baixa, os institutos e especialistas consultados pela BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC) avaliam de forma positiva a situação da economia espanhola em termos gerais.

No entanto, na recente pesquisa de junho do Centro de Investigação Sociológica (CIS) de Espanha, 43,1% dos cidadãos qualificaram a situação econômica geral como “ruim” e 13,8% como “muito ruim”.

Essa discrepância entre a percepção e a realidade está sendo ampliada durante a campanha para as eleições gerais neste domingo (23/7), em que diferentes partidos políticos manipulam os números a seu favor, destacando os indicadores que lhes são mais convenientes.

Enquanto o presidente do governo e líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), Pedro Sánchez, afirma que a economia espanhola “está andando como se fosse uma moto", o presidente do conservador Partido Popular (PP) e líder da oposição, Alberto Núñez Feijóo, diz que o país "está estagnado."

A economia é um tema central no pleito. Segundo as sondagens, o direitista PP passaria a ser o partido mais votado, seguido do governista PSOE. Quem chegar em terceiro pode ser decisivo para o resultado da eleição: o Vox de extrema-direita — que tudo indica que governaria com o PP — ou a recém-lançada coalizão de esquerda espanhola Sumar — que se tornaria parceira do PSOE em um governo de coalizão.

 

Verdades absolutas

“Cada um vê o que lhe convém. Um diz que estamos crescendo muito rápido e o outro diz que sim, mas que caímos ainda mais rápido (durante a pandemia) ”, explica à BBC News Mundo Javier Quesada, especialista do Instituto Valenciano de Pesquisas Econômicas (IVIE).

“Enquanto um fala em PIB (o conjunto das riquezas da economia), outro fala em PIB per capita (essa riqueza dividida pela população do país). Isso faz parte do jogo."

“Não há dúvida de que, se a economia vai bem, isso é bom para que os que estão no poder consigam renovar o mandato. E que quem quer chegar ao poder tem que procurar fazer com que a população perceba a necessidade de mudar”, diz.

“Isso significa que a opinião pública neste momento está altamente contaminada por notícias favoráveis ​​ou desfavoráveis.”

A mesma opinião é compartilhada por Martí Parellada, professor de economia da Universidade de Barcelona e presidente do Instituto de Economia de Barcelona (IEB). Ele explica que, para entender a visão negativa que os espanhóis têm da economia, é preciso levar em consideração “a batalha eleitoral” em jogo.

"Logicamente, se a alternativa ao atual governo usar como argumento substancial contra o governo que a situação econômica está ruim, provavelmente isso acabará afetando as pesquisas de opinião dos espanhóis", disse Parellada à BBC News Mundo.

 

O crescimento da economia espanhola

Em 2022, a Espanha registou um crescimento do PIB de 5,5% — o sétimo maior da União Europeia, segundo dados do Eurostat (Escritório Europeu de Estatística), à frente de outras grandes economias europeias como a Holanda (4,3% ), Itália (3,7%), França (2,5%) e Alemanha (1,8%).

Da mesma forma, o Banco da Espanha melhorou sua previsão para este ano e estimou que o PIB crescerá a uma taxa de 2,3%, enquanto a inflação continuará moderada e fechará 2023 em uma média de 3,2%, ante 8,4% registrados em 2022.

“Na minha opinião, não acho que a situação da economia espanhola possa ser avaliada de outra forma que não seja positiva. Os indicadores são bons sob qualquer ponto de vista”, avalia Parellada, embora reconheça que há problemas de produtividade e renda per capita abaixo da média da União Europeia.

A pujança das exportações, o dinamismo do emprego e a flexibilização dos preços da energia são algumas das principais razões para a melhoria das previsões do Banco de Espanha.

“O momento atual da economia espanhola é muito positivo. Mas também é verdade que se colocarmos num contexto mais geral a médio prazo, a economia espanhola foi a última a recuperar a queda do PIB sofrida durante a covid”, analisa Omar Rachedi, professor associado do Departamento de Economia, Finanças e Contabilidade na Escola Superior de Administração e Gestão de Empresas (ESADE).

A essa lenta recuperação se soma a elevada dívida pública espanhola, que voltou a bater um novo recorde histórico em maio, ultrapassando os 1,54 biliões de euros devido ao enorme impacto da pandemia na economia. Esse é um dos pontos fracos da economia espanhola.

 

Inflação

A inflação fechou junho em 1,9%. O número é inferior aos de França (5,3%) e Alemanha (6,8%). No entanto, a inflação de alimentos continua acima dos 10%, pesando muito no orçamento das famílias.

"Quando você vai ao supermercado, tende a levar mais em conta a variação de preços de um produto que talvez compre com mais frequência ou que seja mais importante para você, portanto, embora talvez apenas alguns produtos subam, a sua sensação é de aumento generalizado da inflação, embora isso não seja verdade”, explica Rachedi à BBC Mundo.

Para entender por que a sociedade percebe que as coisas estão piores do que dizem os indicadores macro, é preciso olhar para o micro. O que as pessoas percebem não é o quanto o PIB cresceu, mas sim o preço da gasolina, os produtos da cesta de compras ou a conta de luz.

“Se você olhar os dados macroeconômicos, parece que está tudo bem. Empregos foram gerados, a inflação está diminuindo, tudo isso é favorável. Agora, se você conversar com as pessoas, elas podem ter uma percepção diferente”, diz Quesada.

“A vida ficou muito cara e o que as pessoas percebem mais diretamente é como a comida ficou mais cara. As pessoas veem que está cada vez mais difícil chegar ao final do mês porque a inflação corrói as melhorias salariais que ocorreram, mas elas ficam atrás do crescimento dos preços."

A inflação é um dos principais temores da população e o principal inimigo dos governos.

“Os dados macroeconômicos são muito bons, sim, mas existe uma palavra mágica, que se chama inflação. A inflação que continua alta em toda a Europa e que está matando os governos. Essa é uma lição que a história da Europa nos dá”, explica Cristina Monge, cientista política e professora da Universidade de Zaragoza, à BBC Mundo.

“Você pode ter ótimos dados macro, mas vê que seu empréstimo imobiliário subiu 200 euros por mês ou que vai ao supermercado e que o dinheiro não compra tanto como antes. Portanto, a percepção em microeconomia não é a mesma que em macroeconomia”, aponta o especialista.

 

Narrativa

O caso da percepção negativa da economia não é exclusivo da Espanha. De acordo com uma pesquisa publicada recentemente pelo Pew Research Center, a maioria dos adultos em 18 dos 24 países pesquisados ​​classificou a situação econômica em seus países como “ruim”.

Na Espanha, 72% dos pesquisados ​​o avaliaram negativamente, dentro da média do estudo em que apenas México, Índia, Indonésia e Holanda registraram uma maioria que o descreveu como "boa”.

“Você pode ter um crescimento concentrado em algumas parcelas da população, então nem todos podem se beneficiar desse crescimento”, diz Rachedi. "Os dados de emprego e parte da política fiscal me fazem pensar que, de maneira geral, a situação não é tão negativa quanto percebida pela população."

“Essa discrepância não é apenas algo que acontece na Espanha. Exatamente o mesmo debate existe agora nos Estados Unidos, onde novamente há níveis recordes de emprego, mas as pessoas continuam tendo a ideia de que há quase uma recessão e uma crise que continua sendo anunciada e nunca aparece.”

Em sua opinião, essa discrepância pode ser, em parte, um legado dos últimos 20 anos de crescimento, em que parte da população se beneficiou de uma renda maior. Mas também se deve, em parte, ao que o Prêmio Nobel Robert J. Shiller chamou de "narrativa econômica".

"Uma narrativa econômica é uma história contagiante que tem o potencial de mudar a forma como as pessoas tomam decisões econômicas." Essa teoria explica como a história pode moldar nossa percepção da realidade e, na opinião de Rachedi, pode ser o que está acontecendo na Espanha.

“Se a mesma história se repetir, pode ter um efeito muito importante na população, principalmente em um momento como agora em que as redes sociais são tão importantes”, aponta.

“Acho que também em parte pelas características dessa recuperação com crescimento do PIB que também vem com inflação alta. Por exemplo, isso é muito interessante quando se observa a forte correlação nos EUA entre as pesquisas favoráveis ​​ao presidente e o preço da gasolina. Aí você vê como cada vez que o preço da gasolina sobe, há uma queda no apoio ao presidente.”

Nas eleições deste domingo na Espanha, veremos qual das "narrativas econômicas" mais convenceu os eleitores ou se a percepção de muitos cidadãos de que é cada vez mais difícil sobreviver é motivo suficiente para mudar o governo.

 

 

por Almudena de Cabo - BBC News Mundo

ESPANHA - No próximo domingo (23), a Espanha vai às urnas para eleições legislativas que, segundo as pesquisas, devem devolver o poder à direita e fortalecer o domínio dos partidos conservadores na União Europeia.

Convocadas pelo presidente de governo, o socialista Pedro Sánchez, após a debacle da esquerda nas eleições municipais de 28 de maio, o pleito geral antecipado também pode trazer a extrema direita para o seio do governo pela primeira vez desde a morte do ditador Francisco Franco há meio século.

Uma situação que confirmaria "um processo contínuo e paulatino de normalização da extrema direita a nível europeu", afirmou à AFP o historiador Steven Forti, professor da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB).

Assim, muita coisa está em jogo tanto para Sánchez, no poder desde 2018 à frente de uma coalizão minoritária que passou a contar com o partido de esquerda radical Podemos em 2020, como para a esquerda europeia.

"É evidente que existe um movimento de fundo [na Europa] e a Espanha é uma barreira de contenção bastante importante para essa corrente regressiva e reacionária", afirmou em junho ao jornal La Vanguardia a ministra para a Transição Ecológica, Teresa Ribera, em referência a uma possível coalizão de governo entre direita e extrema direita.

 

- O medo do Vox -

Desde as eleições municipais, o triunfo do Partido Popular (PP, conservadores) de Alberto Núñez Feijóo nas legislativas de 23 de julho parece inevitável.

A única dúvida é se haverá necessidade de uma aliança com o Vox, um partido ultranacionalista e ultraconservador nascido em 2013 de uma cisão no PP, para alcançar a maioria absoluta de 176 deputados necessária para formar governo.

A dinâmica da direita perdeu impulso quando o PP foi obrigado a negociar acordos com o Vox para formar governo em algumas regiões que estavam sob controle da esquerda.

Como esperava Sánchez, o PP e seu líder não saíram ilesos dessas negociações, com a rejeição do Vox a falar de "violência de gênero" e sua negação da mudança climática.

Posições extremas que não são as do PP, mas que permitiram a Sánchez fazer campanha pedindo que os eleitores a não votassem nos conservadores porque isso significaria levar o Vox para o governo e causar retrocessos sociais.

Seu objetivo é duplo: dissuadir o eleitor de centro a votar no PP e mobilizar os 500 mil simpatizantes da esquerda que não compareceram às urnas em 28 de maio.

Mas as esperanças escassas de Sánchez de uma "virada" se viram frustradas depois de seu fraco desempenho diante de Feijóo no único debate televisionado entre ambos, em 10 de julho, que levou ao crescimento do PP nas pesquisas.

Sánchez gabou-se de seu desempenho na economia, que é bastante positivo no contexto europeu, com uma Espanha que cresceu 5,5% em 2022 e se tornou, em junho, a primeira grande economia da UE em que a inflação caiu para menos de 2% (1,9%). O problema para ele, no entanto, é que a percepção dos espanhóis sobre a própria situação econômica continua sendo muito negativa.

 

- 'Derrubar o sanchismo' -

O líder socialista também aumentou suas entrevistas em programas de grande audiência que costumava ignorar.

"Sánchez reconhece que errou ao não comparecer nos meios de comunicação que considerava hostis", resumiu a cientista política Cristina Monge.

Mas talvez seja tarde para Sánchez, que conta com uma imagem muito negativa para além da esquerda, e que deteriorou ainda mais com os efeitos devastadores de leis promovidas pelo Podemos.

Isso facilitou a campanha do PP, que popularizou o lema "derrubar o sanchismo". Nas palavras de Núñez Feijóo, isso significa abolir "todas aquelas leis inspiradas nas minorias e que atentam contra as maiorias".

O Podemos, que está em queda livre, resignou-se a ser absorvido por uma nova coalizão de esquerda radical, Sumar (Somar, em português), dirigida pela ministra do Trabalho, a comunista Yolanda Díaz, com quem os socialistas buscam formar uma nova coalizão de governo. Uma hipótese pouco provável com base nas pesquisas, embora a Sumar brigue pelo terceiro lugar com o Vox.

Também pode influir no resultado a data do pleito, em pleno verão europeu, com milhões de espanhóis de férias que, se quiserem votar, terão que fazê-lo por correio.

Os especialistas consideram que é cada vez menos improvável um cenário vivenciado há alguns anos, de um Parlamento sem uma maioria de governo viável, o que levaria a novas eleições nos meses seguintes.

 

 

AFP

ESPANHA - O Produto Interno Bruto (PIB) da Espanha cresceu 0,6% no primeiro trimestre de 2023 ante o quarto trimestre do ano passado, segundo dados finais divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Na comparação anual do primeiro trimestre, o PIB espanhol teve expansão de 4,2%. Ambas as variações foram revisadas para cima. Originalmente, o INE havia estimado avanço trimestral de 0,5% e ganho anual de 3,8% do PIB.

 

 

ISTOÉ DINHEIRO

ESPANHA - A campanha antirracismo “Uma só pele”, em apoio ao atacante brasileiro Vinicius Júnior, foi lançada oficialmente na terça-feira (13) em Madrid, em encontro com os presidentes da Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales, e da CBF, Ednaldo Rodrigues.  Durante o encontro foi revelado que o amistoso Brasil x Espanha, em março de 2024, uma das ações previstas pelo movimento de combate ao racismo, ocorrerá no no estádio do Real Madrid, o Santiago Bernabéu. No último dia 21, Vini Jr. foi alvo de ataques racistas pela 10ª vez no Campeonato Espanhol. Os insultos foram proferidos na derrota do Real para o Valência por 2 a 1.

"Queremos demonstrar que estamos juntos nisso e que há uma relação magnífica entre as duas federações. O futebol foi inventado para ser aproveitado, para transmitir valores, para as pessoas se divertirem e não para coisas negativas como gerar violência, muito menos dar espaço a pessoas que utilizam o futebol como escudo para transmitir algo negativo como um insulto racista ou qualquer tipo de violência”, afirmou Rubiales.

O encontro dos dirigentes ocorre um dia após a apresentação de convocados da seleção brasileira em Barcelona, onde a equipe enfrentará a Guiné no próximo sábado (17), às 16h30 (horário de Brasília), no primeiro de dois amistosos da Data Fifa – o segundo será três dias depois, contra o Senegal, em Lisboa (Portugal).

O presidente da CBF defendeu ações mais enérgicas das autoridades do futebol para coibir o crime de racismo.  Ele citou como exemplo as penalidades adotadas pela entidade, em fevereiro deste ano.  

"Multas não bastam. Os clubes também precisam ser responsabilizados. A CBF foi a primeira federação de futebol a adotar sanções mais duras para casos de racismo, como redução de pontos na classificação do campeonato, fechamento de arquibancadas ou expulsão vitalícia", detalhou Ednaldo Rodrigues. “Precisamos liderar uma campanha mundial para lutar contra esse vírus que envergonha a todos no futebol”.

No final de semana seguinte aos insultos racistas contra Vini Jr. na Espanha, a CBF promoveu a campanha “Com o racismo não tem jogo” com ações de combate ao preconceito racial em todos os jogos da oitava rodada do Brasileirão  - de 27 a 28 de maio.

"Não há lugar para insultos racistas em nosso futebol", enfatizou Rubiales. "É intolerável que eventos como o que aconteceu com o Valencia ocorram em nosso país".

 

 

AGÊNCIA BRASIL

ESPANHA - Um dia após sofrer agressões racistas durante um jogo do Campeonato Espanhol, o atacante brasileiro Vinicius Júnior pediu punições duras aos responsáveis por tais atos. Em postagem, nesta segunda-feira (22), em seu perfil em uma rede social, o atacante do Real Madrid (Espanha), perguntou: “O que falta para criminalizarem essas pessoas? E punirem esportivamente os clubes? Por que os patrocinadores não cobram a La Liga? As televisões não se incomodam de transmitir essa barbárie a cada fim de semana?”.

“A cada rodada fora de casa uma surpresa desagradável. E foram muitas nessa temporada. Desejos de morte, boneco enforcado, muitos gritos criminosos. Tudo registrado. Mas o discurso sempre cai em ‘casos isolados’, ‘um torcedor’. Não, não são casos isolados. São episódios contínuos espalhados por várias cidades da Espanha [e até em um programa de televisão]. As provas estão aí no vídeo. Agora pergunto: quantos desses racistas tiveram nomes e fotos expostos em sites? Eu respondo pra facilitar: zero. Nenhum para contar uma história triste ou pedir aquelas falsas desculpas públicas”, declarou o jogador da seleção brasileira

No final de sua postagem Vinícius Júnior afirma que “o problema é gravíssimo e comunicados não funcionam mais”. Segundo o atacante, estas agressões, que têm se tornado recorrentes, “no es fútbol, es inhumano [não é futebol, é falta de humanidade]”.

Agressões racistas no Mestalla

Vinicius Júnior foi vítima de mais uma ação racista em um estádio espanhol na tarde do último domingo. Durante a derrota do Real Madrid para o Valencia por 1 a 0, no Estádio Mestalla, casa dos adversários, Vini escutou insultos racistas e gritos de “macaco” vindos das arquibancadas. O jogo foi paralisado por cerca de oito minutos e, posteriormente, o jogador foi expulso ao se envolver em confusão.

O lance que deu origem ao episódio aconteceu aos 29 da segunda etapa. Jogando em ambiente hostil, Vinicius Júnior tentou jogada pela esquerda quando uma segunda bola, que havia sido arremessada no gramado instantes antes, foi chutada por Eray Cömert, atleta do Valencia, de maneira proposital para interromper o lance. Naquele momento Vini se dirigiu para parte da torcida valencianista que estava localizada atrás do gol do time local e apontou para torcedores que o insultavam chamando-o de macaco.

O árbitro De Burgos Bengoetxea paralisou a partida e o sistema de som avisou que o confronto só seria retomado se as ofensas parassem. Vini sinalizou que estava bem para retornar, e o jogo prosseguiu após cerca de oito minutos de pausa, com a polícia comparecendo ao local das ofensas.

Nos acréscimos da partida, Vini se envolveu em uma confusão com o goleiro Giorgi Mamardashvili e, após ser contido pelo adversário Hugo Duro com uma gravata, acertou o rosto do atleta do Valencia ao tentar se desvencilhar. No fim, apenas o brasileiro foi punido, sendo expulso.

 

 

AGÊNCIA BRASIL

 

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