EUA - Os Correios dos Estados Unidos registraram um prejuízo de US$ 6,5 bilhões em seu ano fiscal recém-concluído. A empresa havia projetado que alcançaria o equilíbrio financeiro no ano fiscal encerrado em 30 de setembro, com a expectativa de obter lucros anuais a partir deste ano. As informações são de reportagem da CNN.
Os resultados decepcionaram porque a empresa teve um aumento na receita no início deste ano. O diretor-geral dos Correios, Louis DeJoy, atribuiu a perda à inflação, que elevou os custos de suas operações.
“Estamos apenas nos estágios iniciais de uma das maiores transformações organizacionais do país”, disse ele. “Já estamos oferecendo uma entrega mais consistente, confiável e pontual para as empresas e residências dos Estados Unidos.”
Os Correios relataram que a receita com remessas e pacotes, atualmente o maior segmento de seu negócio em receita, subiu 1%, para US$ 31,6 bilhões, mesmo com a queda de 2% no volume.
A correspondência de primeira classe também gerou 2% a mais de receita, alcançando US$ 24,5 bilhões, apesar da queda de 6% no volume. O maior impacto foi uma diminuição de US$ 920 milhões, ou 8%, na receita proveniente da mala direta de marketing, segundo a reportagem.
Os Correios relataram um lucro líquido de US$ 56 bilhões no ano fiscal anterior, mas isso se deve principalmente ao ganho não monetário de quase US$ 57 bilhões da legislação de 2022 que alterou a forma como contabilizava as despesas com saúde dos aposentados.
Desconsiderando esse ganho contábil único e o que o serviço chama de outros custos e ganhos “não controláveis”, a “perda controlável” nos Correios disparou para US$ 2,3 bilhões no ano fiscal recém-concluído, em comparação com uma perda controlável de US$ 473 milhões no ano fiscal anterior./Com informações de CNN
EUA - Os Estados Unidos e a China são os dois pesos pesados da economia mundial. Juntos, produzem mais de 40% dos bens e serviços do mundo. Quando Washington e Pequim travam, portanto, uma batalha econômica, como fizeram por cinco anos consecutivos, o resto do mundo também sofre.
E quando eles realizam uma rara reunião de cúpula de alto nível, como farão os presidentes Joe Biden e Xi Jinping nesta semana, isso pode ter consequências globais.
A economia mundial certamente poderia se beneficiar de uma distensão entre os EUA e a China. Desde 2020, ela vem sofrendo uma crise após a outra — a pandemia da covid-19, o aumento da inflação, o aumento das taxas de juros, os conflitos violentos na Ucrânia e agora em Gaza. Espera-se que a economia global cresça uns fracos 3% este ano e 2,9% em 2024, segundo o Fundo Monetário Internacional.
“Ter as duas maiores economias do mundo em conflito em um momento tão tenso”, disse Eswar Prasad, professor de política comercial da Universidade de Cornell, “exacerba o impacto negativo de vários choques geopolíticos que atingiram a economia mundial”.
Aumentaram as esperanças de que Washington e Pequim possam, pelo menos, arrefecer algumas de suas tensões econômicas no Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec, em inglês) no domingo em San Francisco. A reunião reunirá 21 países da orla do Pacífico, que representam coletivamente 40% da população mundial e quase metade do comércio global.
O principal evento será a reunião entre Biden e Xi na quarta-feira, paralelamente à cúpula, a primeira vez que os dois líderes se falarão em um ano, período em que os atritos entre as duas nações pioraram. A Casa Branca procurou reduzir as expectativas, dizendo que não espera avanços.
Ao mesmo tempo, Prasad sugeriu que o limite para declarar um resultado bem-sucedido é relativamente baixo. Impedir qualquer deterioração adicional no relacionamento econômico bilateral”, disse ele, “já seria uma vitória para ambos os lados”.
A relação econômica entre os EUA e a China vinha se deteriorando há anos antes de irromper em 2018, por provocação do Presidente Donald Trump, em uma guerra comercial total. O governo Trump acusou a China de ter violado os compromissos assumidos, ao ingressar na Organização Mundial do Comércio em 2001, de abrir seu vasto mercado para empresas americanas e outras empresas estrangeiras que quisessem vender seus produtos e serviços no país.
Em 2018, o governo Trump começou a impor tarifas sobre as importações chinesas para punir Pequim por suas ações na tentativa de suplantar a supremacia tecnológica dos EUA. Muitos especialistas concordaram com o governo de que Pequim havia se envolvido em espionagem cibernética e exigido indevidamente que empresas estrangeiras entregassem segredos comerciais como preço para obter acesso ao mercado chinês. Pequim revidou as sanções de Trump com suas próprias tarifas retaliatórias, tornando os produtos dos EUA mais caros para os compradores chineses.
Quando Biden assumiu o cargo em 2021, ele manteve grande parte da política comercial de confronto de Trump, incluindo as tarifas da China. A taxa de imposto dos EUA sobre as importações chinesas agora ultrapassa 19%, contra 3% no início de 2018, antes de Trump impor suas tarifas. Da mesma forma, os impostos de importação chineses sobre os produtos dos EUA chegaram a 21%, contra 8% antes do início da guerra comercial, de acordo com cálculos de Chad Bown, do Peterson Institute for International Economics.
Um dos princípios da política econômica de Biden tem sido reduzir a dependência econômica dos Estados Unidos em relação às fábricas chinesas, que ficaram sob pressão quando a covid-19 interrompeu as cadeias de suprimentos globais, e solidificar parcerias com outras nações asiáticas. Como parte dessa política, o governo Biden forjou no ano passado o Pacto Comercial Indo-Pacífico com 14 países.
De certa forma, as tensões comerciais entre os EUA e a China são ainda maiores sob Biden do que sob Trump. Pequim está furiosa com a decisão do governo Biden de impor — e depois ampliar — os controles de exportação projetados para impedir que a China adquira chips de computador avançados e os equipamentos para produzi-los.
Em agosto, Pequim contra-atacou com suas próprias restrições comerciais: ela começou a exigir que os exportadores chineses de metais usados em chips de computador e células solares obtivessem licenças do governo para enviar esses metais para o exterior.
Pequim também tomou medidas agressivas contra empresas estrangeiras na China. Orquestrando o que parece ser uma campanha de contraespionagem, suas autoridades invadiram este ano os escritórios chineses das empresas de consultoria norte-americanas Capvision e Mintz Group, interrogaram funcionários da consultoria Bain & Co. em Xangai e anunciaram uma revisão de segurança da fabricante de chips Micron.
Alguns analistas falam de uma “dissociação” das duas maiores economias do mundo após décadas em que elas dependiam profundamente uma da outra para o comércio. De fato, as importações de produtos chineses para os Estados Unidos caíram 24% até setembro em comparação com o mesmo período de 2022.
O rompimento entre Pequim e Washington forçou muitos outros países a uma situação delicada: decidir de que lado estão quando de fato querem fazer negócios com ambos os países.
O FMI afirma que essa “fragmentação” econômica é prejudicial para o mundo. A agência de empréstimos para 190 países estima que as barreiras comerciais mais altas subtrairão US$ 7,4 trilhões da produção econômica global depois que o mundo tiver se ajustado às barreiras comerciais mais altas.
E essas barreiras estão aumentando: No ano passado, segundo o FMI, os países impuseram quase 3.000 novas restrições ao comércio, em comparação com menos de 1.000 em 2019. A agência prevê que o comércio internacional crescerá apenas 0,9% este ano e 3,5% em 2024 — uma queda acentuada em relação à média anual de 4,9% de 2000-2019.
O governo Biden insiste que não está tentando minar a economia da China. Na sexta-feira, a secretária do Tesouro, Janet Yellen, reuniu-se com seu colega chinês, o vice-primeiro-ministro He Lifeng, em San Francisco, e procurou preparar o terreno para a cúpula Biden-Xi.
“Nosso desejo mútuo — tanto da China quanto dos Estados Unidos — é criar um campo de jogo nivelado e relações econômicas contínuas, significativas e mutuamente benéficas”, disse Yellen.
Xi também tem motivos para tentar restaurar a cooperação econômica com os Estados Unidos. A economia chinesa está sob forte pressão. Seu mercado imobiliário entrou em colapso, o desemprego entre os jovens é galopante e o ânimo dos consumidores está baixo. As invasões de empresas estrangeiras assustaram as empresas e os investidores internacionais.
Com sérios ventos contrários enfrentados pela economia chinesa e muitas empresas americanas fazendo as malas e deixando a China, Xi precisa convencer os investidores de que a China ainda é um lugar lucrativo para se fazer negócios”, disse Wendy Cutler, vice-presidente do Asia Society Institute e ex-negociadora comercial dos EUA. Isso não será fácil de vender”.
Para complicar a situação, as tensões entre Washington e Pequim vão muito além do aspecto econômico. Sob o comando de Xi, o Partido Comunista Chinês puniu a dissidência em Hong Kong e na região muçulmana autônoma de Xinjiang. Seu governo fez exigências territoriais agressivas na Ásia, envolvendo-se em confrontos mortais na fronteira com a Índia e intimidando as Filipinas e outros vizinhos em partes do Mar do Sul da China que reivindica como suas. Ele tem ameaçado cada vez mais Taiwan, que considera uma província chinesa renegada.
As tensões entre os EUA e a China podem se intensificar no próximo ano com as eleições presidenciais em Taiwan e nos Estados Unidos, onde as críticas a Pequim estão entre as poucas áreas que unem democratas e republicanos.
As políticas de Xi parecem estar custando caro para a China na batalha pela opinião mundial. Em uma pesquisa recente com pessoas de 24 países, o Pew Research Center informou que os Estados Unidos eram vistos de forma mais favorável do que a China em todas as nações, com exceção de duas (Quênia e Nigéria).
A China poderia mudar de rumo?
Em discurso no Centro para Estratégia e Estudos Internacionais, em Washington, o deputado Raja Krishnamoorthi, democrata de Illinois que faz parte de um comitê da Câmara que monitora a China, observou com otimismo que Xi já se inverteu antes — notadamente ao declarar um fim repentino às políticas draconianas de covid-19 que prejudicaram a economia da China no ano passado.
Temos que dar uma chance a essa possibilidade, mesmo ao mesmo tempo em que nos protegemos e protegemos nossos interesses”, disse Krishnamoorthi. “É isso que eu espero que saia dessa reunião.”/AP
por Paul Wiseman / ESTADÃO
EUA - A Honda Motor anunciou nesta sexta-feira que está implementando um aumento salarial de 11% para os trabalhadores de produção em suas instalações nos Estados Unidos a partir de janeiro, dias após o sindicato norte-americano United Auto Workers (UAW) e as três grandes montadoras de Detroit concordarem com novos contratos.
A empresa também afirmou que reduzirá o tempo necessário para que um trabalhador alcance o patamar salarial máximo de seis para três anos, confirmando reportagem anterior do Wall Street Journal.
Fabricantes de automóveis não sindicalizados, como a Honda, estão sob pressão para melhorar salários e benefícios, após contratos recordes firmados pelo sindicato com as três grandes montadoras de Detroit.
A Honda, que começou a fabricar nos Estados Unidos em 1979, atualmente possui 12 fábricas no país, que produzem cinco milhões de produtos anualmente. A montadora japonesa emprega mais de 23 mil funcionários nos EUA.
O aumento salarial da Honda ocorre após a Toyota afirmar na semana passada que estava aumentando os salários de seus trabalhadores de fábricas não sindicalizados nos EUA.
A General Motors, a Ford Motor e a Stellantis concordaram em aumentar os salários-base dos funcionários em 25% e em restaurar o subsídio de custo de vida em acordos com o UAW.
A Honda havia dito à Reuters que estava avaliando os recentes acordos do UAW com as três grandes montadoras de Detroit e que permaneceria competitiva.
Reportagem de Jasper Ward / REUTERS
EUA - Menos de dois meses depois de evitar um "fechamento" de seus serviços públicos por falta de uma nova lei de orçamento, os Estados Unidos se aproximam mais uma vez de um impasse: o Congresso tem uma semana para alcançar um acordo e evitar a paralisia da administração federal.
Nenhuma das casas do Congresso - nem o Senado controlado pelos democratas, nem a Câmara dos Representantes, nas mãos dos republicanos - conseguiu aprovar uma lei orçamentária. A atual expira na noite da próxima sexta-feira, 17 de novembro.
Sem um acordo, a maior economia do mundo verá 1,5 milhão de funcionários públicos em desemprego técnico por não pagamento de salários, o tráfego aéreo será interrompido, e os parques nacionais estarão fechados para visitantes.
O fantasma de um "shutdown", como é conhecida essa paralisia orçamentária nos Estados Unidos, está novamente à espreita.
- Custo político -
Os legisladores não querem, em geral, que essa situação extremamente impopular aconteça. As últimas negociações sobre o assunto, no final de setembro, geraram um caos no Congresso.
Os legisladores partidários do ex-presidente Donald Trump, furiosos porque o então presidente da Câmara, o republicano Kevin McCarthy, chegou a um acordo de última hora com os democratas para evitar a paralisação, destituíram-no. Foi a primeira vez na história do Legislativo americano que isso aconteceu.
Demorou três semanas para que os republicanos definissem um novo presidente na Casa. Nesse período, o Congresso não conseguiu aprovar nenhuma lei, e então ocorreu outra paralisia, desta vez legislativa.
O novo presidente da Câmara, Mike Johnson, desconhecido do público, tem pouca experiência nos altos escalões republicanos e tenta se adaptar ao cargo. Ainda não se pronuncia sobre os passos que pretende dar, caso busque evitar o fechamento dos serviços públicos que possa afetar a população.
Terá de negociar com um grupo de partidários de Trump, adeptos da ortodoxia fiscal, ou seja, muito rigorosos em matéria de gastos; e também com os democratas, que rejeitam que a política de gastos públicos do país seja ditada por apoiadores do ex-presidente que pretende voltar à Casa Branca.
"A única forma de evitar uma paralisia orçamentária é cooperar entre os dois partidos", disse o veterano líder democrata no Senado, Chuck Schumer, que pediu aos republicanos que "tirem as lições do fiasco de um mês atrás".
É comum que esse problema seja resolvido na última hora. Mas as divisões no Congresso são tamanhas que as negociações se tornam amargas rapidamente. A paralisia no orçamento mais longa de que se tem notícia nos Estados Unidos foi em 2018, durante a administração Trump.
EUA - Na contramão das críticas que Joe Biden tem sofrido de alas de seu partido, pré-candidatos republicanos à Presidência afirmam que o democrata não tem feito o suficiente para apoiar Israel na guerra contra o Hamas, e prometem apoio total a Tel Aviv se forem eleitos.
A política externa, sobretudo o conflito no Oriente Médio, dominaram o terceiro debate das primárias do partido, realizado na quarta (8) em Miami, na Flórida. O líder nas pesquisas de intenção de voto de republicanos, Donald Trump, mais uma vez não participou.
"Termine o trabalho", "acabe com eles" e "execute esses terroristas" é o que Ron DeSantis, Nikki Haley e Vivek Ramaswamy, respectivamente, diriam ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, neste momento.
Tim Scott defendeu um ataque direto pelos EUA ao Irã, para "matar a cabeça da cobra", enquanto Chris Christie apontou uma falha na inteligência israelense e americana, que não identificaram com antecedência o ataque preparado pelo grupo terrorista.
Haley, que foi embaixadora americana nas Nações Unidas durante o governo Trump, afirmou ser contra pausas ou um cessar-fogo -maneiras de suspender o conflito defendidas por vários países, incluindo o Brasil, diante do número de mortes de civis em Gaza e da tragédia humanitária na região.
Se no debate anterior o alvo preferencial foi Trump, no desta quarta Biden voltou para a mira por sua reação à crise no Oriente Médio. Sem mencionar a idade do presidente -seu principal ponto fraco diante do eleitorado-, os pré-candidatos buscaram associá-lo a uma imagem de fraqueza e hesitação diante do Irã.
Mais que o Hamas, o principal inimigo identificado pelos debatedores foi o país persa, contra quem a Casa Branca deveria ter uma postura mais dura, na visão dos republicanos.
A reação doméstica de Biden também entrou na mira. DeSantis, Scott e Halley criticaram o democrata por não reagir de maneira mais dura contra protestos em universidades americanas, classificados por eles como antissemitas.
Scott chegou a afirmar que, se fosse presidente, cortaria o financiamento federal a essas instituições e revogaria o visto de estudantes estrangeiros que participassem dessas manifestações.
DeSantis criticou ainda a iniciativa lançada pelo presidente para combater a islamofobia, após uma criança de origem palestina ser assassinada em Illinois, e disse que o Departamento de Justiça deveria ser acionado para investigar os estudantes por violação de direitos civis.
O conflito no Oriente Médio serviu ainda para reforçar a bandeira republicana de maior controle na fronteira sul dos EUA -Scott argumentou que terroristas do Iêmen e da Síria usariam esse acesso para entrar no país.
DeSantis prometeu não só encerrar a construção do muro, como cumprir a promessa de campanha feita por Trump de fazer o México pagar pela obra. Para viabilizar essa cobrança, o governador da Flórida prometeu instituir taxas sobre as remessas de trabalhadores estrangeiros nos EUA para o seu país de origem.
O consenso sobre o apoio a Israel não se traduziu em uma união sobre o que fazer com a Ucrânia. Assim como o resto do partido, os pré-candidatos se dividem entre aqueles que defendem ser do interesse americano financiar e armar Kiev contra a Rússia, e aqueles que consideram o investimento um desperdício de recursos.
O empresário Vivek Ramaswamy, já conhecido por emular mais de perto a retórica polemista de Trump, foi mais longe na noite desta quarta e atacou diretamente o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, associando-o ao nazismo -Zelenski é judeu.
"A Ucrânia não é um exemplo de democracia. Eles celebraram um nazista em suas fileiras", disse Vivek, sem especificar quem seria essa pessoa. Em seguida, ele se referiu a Zelenski como "um comediante em calças cargo".
Conhecido pela retórica agressiva, fazendo as vezes de Trump na ausência do ex-presidente, o empresário de origem indiana ainda protagonizou um dos embates mais tensos da noite, com Haley.
Ambos têm entrando em choque desde o primeiro debate, mas nesta quarta a altercação chegou a ponto de a ex-embaixadora chamar Vivek de "escória", após ele dizer que a filha de Haley usa TikTok em meio a uma discussão sobre a ameaça representada pelo app chinês. Ele também chamou a concorrente de "Dick Cheney de salto".
Foi uma noite boa para Haley e DeSantis, e ruim para Vivek, que havia despontado como um destaque após o primeiro debate, em que ele finalmente conseguiu uma vitrine nacional. Nesta quarta, porém, sua performance foi mais nervosa do que incisiva, e nem os jornalistas que moderaram o debate foram poupados.
"Tucker Carlson, Joe Rogan e Elon Musk deveriam moderar esse debate", disse, defendendo que teria muito mais audiência.
Crítico mais duro de Trump, Christie praticamente desapareceu no palco, enquanto Scott manteve um desempenho mediano.
O direito ao aborto, que vem se mostrando a maior pedra no sapato de republicanos, como reforçado pelas derrotas sofridas pelo partido em eleições estaduais nesta terça (7), foi abordado apenas no final do debate. Não houve mudanças em relação ao evento anterior com Haley propondo algum consenso com democratas, e Scott defendendo um limite de 15 semanas para autorização do procedimento.
A estratégia republicana de atenuar o discurso em torno de uma limitação de tempo para a interrupção da gravidez, em vez de seu banimento, no entanto, já se mostrou fracassada em Ohio e na Virgínia.
EUA - A um ano das eleições presidenciais americanas, democratas e republicanos tiveram uma chance de testar suas estratégias nacionais na terça (7) em Ohio, Virgínia, Kentucky e Mississippi -e os resultados são uma boa notícia para o partido de Joe Biden.
No principal laboratório, em Ohio, os eleitores aprovaram a inclusão de uma emenda garantindo o direito ao aborto na Constituição estadual.
O texto proposto afirma o "direito individual ao seu próprio tratamento médico reprodutivo, incluindo mas não limitado ao aborto".
Na prática, a alteração garante também que médicos não sejam penalizados por realizar o procedimento, e delega a eles uma decisão caso a caso sobre até que momento ele pode ser realizado -definido como aquele de viabilidade do feto, em torno de 22 a 24 semanas de gestação.
Com quase 100% das urnas apuradas, o resultado é 56,1% favoráveis à emenda e 43,9% contrários.
Uma segunda votação em Ohio, sobre a liberação da maconha para uso recreativo, também foi aprovada pelos eleitores. Nesse caso, o placar até o momento é de 56,6% de apoio e 43,4% contrários.
Ambas as emendas entram em vigência 30 dias após a aprovação. Para serem aprovadas, elas precisam do apoio de 50% + 1 dos eleitores que compareceram às urnas.
A proposta de inclusão da previsão sobre aborto na Constituição do estado foi apresentada em fevereiro por um grupo da sociedade civil, que conseguiu obter 496 mil assinaturas válidas para levar a questão às urnas.
Republicanos chegaram a tentar dificultar a proposta e aprovação de emendas em um plebiscito realizado em agosto, mas foram derrotados.
O resultado mostra que o direito ao aborto continua impulsionando eleitores de viés democrata a irem às urnas, como aconteceu nas eleições de meio de mandato do ano passado. A vitória é especialmente significativa em Ohio, um estado que tem pendido para os republicanos -Trump venceu nele em 2020 com 53,3% dos votos.
"No voto mais explicitamente voltado para uma única questão desta noite, democratas conseguiram uma enorme vitória", disse a presidente do Comitê de Campanha Legislativo do partido, Heather Williams.
Segundo pesquisa de boca de urna encomendada pelo consórcio ABC News, CBS News, CNN e NBC News, 92% dos democratas votaram pela inclusão da emenda, 64% dos independentes e 18% dos republicanos. A medida também recebeu maior apoio proporcionalmente de mulheres, jovens, negros e pessoas com diploma universitário.
Para os republicanos, vindos de uma sequência de seis derrotas em plebiscitos estaduais sobre a interrupção da gravidez, a votação era um teste se uma modulação do discurso conservador poderia ser efetiva para estancar a sangria.
Historicamente, o debate sobre a interrupção da gravidez nos EUA é formulado em termos de defesa do direito da mulher, campo conhecido como "pro-choice" (pró-escolha), e os contrários ao procedimento, que se definem como "pro-life" (pró-vida).
No entanto, desde que a Suprema Corte mudou seu entendimento sobre o aborto, revogando na prática a garantia desse direito ao delegar aos estados legislarem sobre o tema, democratas aproveitaram para reformular os termos da discussão como uma defesa acima de tudo do direito à liberdade individual.
A estratégia tem sido bem-sucedida até agora. Propostas para banir ou limitar o procedimento na Constituição estadual foram derrotadas no Kansas, em Kentucky e em Montana, enquanto Califórnia, Michigan e Vermont aprovaram adendos garantindo o direito.
Em reação, republicanos recalibraram sua posição. Em Ohio, a campanha contra a emenda buscou vincular o aborto a um tema que vem ganhando projeção nacional: o controle dos pais sobre decisões relacionadas a gênero e sexualidade de seus filhos menores de idade, como tratamentos hormonais.
A ideia, em linhas gerais, é que a aprovação da emenda sobre o aborto permitira no limite que menores de idade passassem pelo procedimento sem conhecimento dos pais -o que o texto não estabelece.
Em mais uma tentativa de atrair o eleitor, os republicanos também têm moderado o discurso para a defesa de uma limitação do período em que o procedimento é permitido, em vez do banimento.
Na semana passada, o governador de Ohio, o republicano Mike DeWine, afirmou que poderia buscar uma proposta determinando um limite de autorização do aborto maior que seis semanas -que, segundo especialistas, na prática inviabiliza o procedimento.
Esse prazo é o estabelecido em uma lei estadual que entrou automaticamente em vigor quando a Suprema Corte alterou seu entendimento no ano passado. A limitação, no entanto, vigorou por pouco tempo, porque foi questionada na Justiça estadual. Atualmente, o prazo para o procedimento no estado é até a 22ª semana de gestação.
Um teste semelhante foi conduzido na Virgínia, onde o governador republicano Glenn Youngkin vem defendendo um limite de 15 semanas -atualmente, esse prazo é de 26 semanas, o que é criticado como extremo por conservadores.
O direito ao aborto em si não foi analisado como em Ohio, mas foi o pano de fundo da campanha para o Legislativo estadual vista como um termômetro para o pleito do ano que vem. E, mais uma vez, o resultado foi um alívio para os democratas: o partido conseguiu manter a maioria no Senado e voltar a dominar a Câmara.
Caso os republicanos conquistassem o Senado, a expectativa era que uma limitação do procedimento fosse aprovada, alinhando finalmente o estado ao que vem sendo a prática no sul americano. Youngkin investiu pesadamente na campanha, e sua derrota não só frustra a agenda conservadora no estado, como também suas ambições políticas de se lançar na corrida pela Presidência.
Em conjunto, as votações em Ohio e na Virgínia nesta terça são um alívio para os democratas, após uma semana de notícias ruins. No domingo, uma pesquisa encomendada pelo New York Times mostrou Donald Trump à frente de Joe Biden em estados-chave, gerando um clima de alarme no partido.
Em Kentucky e no Mississippi, ambos estados de eleitorado conservador, as atenções estavam voltadas para o cargo de governador. No primeiro, o democrata Andy Beshear conseguiu se reeleger, mantendo sua posição de estranho no ninho na região, enquanto no segundo, Brandon Presley, primo de segundo grau do astro do rock, tentou derrotar sem sucesso o republicano Tate Reeves.
A vitória de Beshear é dúbia para os democratas, porém. Buscando ganhar um eleitorado conservador, o democrata evitou se associar a Biden durante a campanha. Ao mesmo tempo, ele deixou clara suas posições contra as restrições ao aborto no estado.
POR FOLHAPRESS
EUA - Ao sobrevoar um asteroide situado entre as órbitas de Marte e Júpiter a espaçonave Lucy, da Nasa (a agência espacial norte-americana), descobriu que na verdade eram dois: um de 790 metros e outro de 220 metros em seus trechos mais largos. É o que se chama de par binário.
A missão espacial de Lucy é sobrevoar e colher informações sobre sete asteroides selecionados pela Nasa. O primeiro deles, chamado Dinkinesh, fica em um cinturão de asteroides situado entre as órbitas de Marte e Júpiter.
Quando foi descoberto, em 1999, recebeu o nome provisório de 1999 VD57. Quando sua órbita foi determinada com precisão, ele recebeu o número 152830, mas continuou sem nome oficial. Em janeiro deste ano, quando a equipe da missão Lucy decidiu enviar a sonda homônima para visitar esta rocha espacial, propôs um nome para ela. Dinkinesh significa “maravilhoso” na língua da Etiópia.
O asteroide foi o primeiro visitado pela sonda Lucy durante essa missão, e o principal objetivo da aproximação era testar os sistemas da espaçonave antes de ela iniciar sua atividade científica principal: estudar os misteriosos asteroides troianos de Júpiter, considerados “fósseis” do sistema solar. Mas, acabou havendo uma surpresa.
Semanas antes da chegada da sonda a Dinkinesh, os cientistas da Nasa levantaram a hipótese de o asteroide ser um sistema binário, dada a forma como os instrumentos de Lucy registravam o brilho do asteroide mudando com o tempo. As primeiras imagens do encontro na quarta-feira, 1º, tiraram a dúvida: Dinkinesh é um binário.
“É uma série incrível de imagens. Eles indicam que o sistema de rastreamento funcionou como pretendido, mesmo quando o universo nos apresentou um alvo mais difícil do que esperávamos”, disse Tom Kennedy, engenheiro de orientação e navegação e um dos responsáveis por acompanhar a missão. “Uma coisa é simular, testar e praticar. Outra coisa é ver isso realmente acontecer.”
Embora a aproximação tenha sido inicialmente um teste de engenharia, os cientistas estão entusiasmados para analisar os dados e obter mais informações sobre a natureza dos pequenos asteroides.
“Sabíamos que este seria o menor asteroide do cinturão principal já visto de perto”, disse Keith Noll, cientista do projeto Lucy do Goddard Space Flight Center da Nasa em Greenbelt, nos EUA. “O fato de serem dois torna tudo ainda mais emocionante. Em alguns aspectos, estes asteroides parecem semelhantes aos asteroides binários Didymos e Dimorphos próximos da Terra, mas existem algumas diferenças realmente interessantes que iremos investigar.”
O próximo asteroide a ser analisado é Donaldjohanson, ao qual a sonda Lucy chegará só em 2025. Depois ela vai analisar os asteroides de Júpiter, em 2027.
por Fabio Grellet / ESTADÃO
SEUL - Os EUA, a Coreia do Sul e o Japão concordaram em lançar um grupo consultivo de alto nível para combater as atividades cibernéticas da Coreia do Norte, informou na segunda-feira o gabinete presidencial sul-coreano.
Os três países trabalharão em conjunto para responder ao que dizem ser as iniciativas norte-coreanas para recolher financiamento de seus programas de armas através de criptomoedas.
"O objetivo é reforçar as capacidades de resposta efetiva dos três países contra as ameaças cibernéticas globais, incluindo o combate conjunto às atividades cibernéticas da Coreia do Norte, que são consideradas uma fonte importante de financiamento de seus programas nucleares e de armas de destruição em massa", disse o gabinete em um comunicado, citado nesta segunda-feira pela agência inglesa de notícias Reuters.
Ataques cibernéticos
Os monitores de sanções acusam Pyongyang de usar ataques cibernéticos de forma a recolher fundos para seus programas nucleares e de mísseis, com um relatório da ONU dizendo que a Coreia do Norte intensificou seu roubo de criptomoedas no ano passado, usando técnicas sofisticadas para roubar mais em 2022 do que em qualquer outro ano.
Anne Neuberger, vice-assessora de segurança nacional dos EUA para tecnologias cibernéticas e emergentes, participou na semana anterior de conversações com seus colegas sul-coreanos e japoneses em Washington, EUA. Eles concordaram em realizar reuniões trimestrais sob a nova estrutura, disse o gabinete presidencial da Coreia do Sul.
O anúncio acontece depois que os líderes dos três países concordaram, em uma cúpula em agosto em Camp David, nos EUA, que estabeleceriam um grupo de trabalho trilateral para as ameaças cibernéticas da Coreia do Norte.
A Coreia do Norte nega as alegações de hackear ou de realizar outros ataques cibernéticos.
Por Redação, com Sputnik - de Seul
EUA - O Fundo para Aposentadoria dos Servidores Públicos do Oregon (OPERF, na sigla em inglês) vendeu cerca de um quinto de sua participação na fabricante de chips Nvidia e cortou aproximadamente um quarto das participações na fabricante de chips Intel e nas montadoras Ford Motor e General Motors no terceiro trimestre. A OPERF divulgou as negociações em formulário enviado à Comissão de Valores Mobiliários e não quis comentar o porquê das mudanças.
Foram vendidas 92.207 ações da Nvidia, de modo que o fundo encerrou o terceiro trimestre com 392.422 papéis da empresa. As ações da companhia triplicaram nos primeiros nove meses de 2023, mais do que compensando a queda de 50% em 2022. No quarto trimestre, até agora, as ações subiram 3,4%. Para efeito de comparação, o índice S&P 500 subiu 12% nos primeiros nove meses de 2023, após uma queda de 19% em 2022, e avançou 1,6% no trimestre até aqui.
Os ganhos da Nvidia têm sido fortes este ano, e analistas estão tão entusiasmados com as ações quanto os investidores. A popularidade da inteligência artificial generativa aumentou a demanda por chips da empresa, que divulgará o balanço do terceiro trimestre em 21 de novembro. Por outro lado, desafios relacionados à China ficam no foco.
O CEO da Intel, Pat Gelsinger, disse ao Barron’s no final de outubro que sua empresa deve permanecer envolvida com a China diante das tensões entre o país e os EUA. O próprio Gelsinger tem comprado ações da Intel este ano, e os ganhos têm sido fortes, ainda que menores que os da Nvidia.
As ações da Intel subiram 35% nos primeiros nove meses de 2023, após uma queda de 49% em 2022. No quarto trimestre, até aqui, os papéis ganharam 7,3%. A OPERF vendeu 574.828 ações da Intel e encerrou o terceiro trimestre com 1,8 milhão..
Já Ford subiu 6,8% nos primeiros nove meses de 2023, após uma queda de 44% em 2022. As ações caíram 15% no quarto trimestre e foram prejudicadas pela greve da United Auto Workers, que chegou ao fim. Os lucros do terceiro trimestre também ficaram abaixo das expectativas, e o negócio de veículos eléctricos continuou a perder dinheiro, mas a Ford tem superado a GM nesta frente. A OPERF vendeu 622.672 ações da Ford no terceiro trimestre, reduzindo o seu investimento para 1,9 milhão de ações.
Da General Motors, foram vendidas 276.674 ações, levando a OPERF a encerrar o terceiro trimestre com 792.874. Os papéis caíram 2% nos primeiros nove meses de 2023, após uma queda de 43% em 2022, e recuaram 9,7% no quarto trimestre até aqui.
De modo geral, a OPERF reduziu seus investimentos negociados nos EUA de US$ 8,4 bilhões, em 30 de junho, para US$ 7,3 bilhões em 30 de setembro. Os ativos totalizavam US$ 95,9 bilhões no final de 2022, tornando a OPERF a 16ª maior pensão pública nos EUA em termos de gestão de ativos.
EUA - A Assembleia Geral da ONU aprovou, com 187 votos, uma resolução que pede o fim do embargo imposto há seis décadas pelos Estados Unidos contra Cuba, uma vitória moral para a ilha que, no entanto, não é vinculante.
Os Estados Unidos e Israel votaram contra a resolução "Necessidade de pôr fim ao embargo econômico, comercial e financeiro, imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba". A Ucrânia se absteve da votação.
A resolução reitera o princípio da "igualdade dos Estados, da não intervenção e da não ingerência em assuntos internos e a liberdade de comércio e navegação internacional" e manifesta "sua preocupação com a promulgação e aplicação continuadas" de leis como a americana Helms-Burton (vigente desde 1996), que tem efeitos extraterritoriais para pessoas e empresas que fizerem negócios com Cuba.
"O bloqueio é um ato de guerra econômica em tempos de paz", disse o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, na tribuna, após lembrar que "mais de 80% da população cubana só viveram" sob o regime de sanções unilaterais americanas.
Desde 1992, Cuba apresenta anualmente resoluções na Assembleia Geral da ONU para pedir o fim do embargo imposto unilateralmente, em plena Guerra Fria, pelo presidente John F. Kennedy para asfixiar o regime comunista da ilha.
Apesar de os governos cubano e americano terem iniciado um processo de normalização das relações diplomáticas em 2015, sob o governo de Barack Obama, o embargo segue em vigor e é considerado por seus opositores como o principal obstáculo ao desenvolvimento de Cuba.
A forte repressão do governo cubano às manifestações anti-governamentais de julho de 2021, que deixou mais de 1.000 detidos e forçou outros ao exílio, não contribuiu para a mudança esperada na administração democrata de Joe Biden, após as políticas rígidas de seu antecessor, Donald Trump.
As autoridades cubanas calculam que seis décadas de embargo causaram perdas de mais de 159 bilhões de dólares (795 bilhões de reais, na cotação atual) para sua economia. Só entre março de 2022 e fevereiro de 2023, o bloqueio teria provocado perdas de 4,86 bilhões de dólares (24,28 bilhões de reais).
Sem o embargo, afirmam, a economia teria crescido 9%. A migração é "um efeito direto da intensificação do bloqueio", alertam, em um folheto distribuído à imprensa.
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