EUA - A inflação ao consumidor (Consumer Price Index, CPI) ficou acima do esperado em janeiro. O índice cheio variou 0,3% no mês, acima das expectativas e da variação de dezembro, que eram de 0,2%. Em 12 meses, o CPI geral desacelerou para 3,1% ante os 3,4% nos 12 meses até dezembro, mas ficou acima dos 2,9% esperados.
O “núcleo” da inflação, que não considera os preços mais voláteis dos alimentos e da energia, também ficou acima das projeções. A variação de janeiro foi de 0,4%, acima dos 0,3% previstos e dos 0,3% de variação em dezembro. No acumulado de 12 meses, o “núcleo” do CPI subiu 3,9%, mesma variação até dezembro, mas acima dos 3,7% projetados.
A inflação acima do previsto está afetando os preços das ações no início do pregão nos Estados Unidos. Os contratos futuros do índice americano S&P 500 estavam caindo 1,25% às 11h (hora de Brasília). A inflação acima do esperado tornou menos provável uma redução dos juros pelo Federal Reserve (FED), o banco central americano nas reuniões de março e de maio, o que afeta os preços das ações.
Segundo analistas, os diretores do FED podem interpretar a inflação de janeiro como um sinal de que precisam de permanecer cautelosos com os juros. Jerome Powell, presidente do FED, e seus colegas, têm evitado dizer que a inflação voltou às metas. Eles insistem em que precisam de mais provas de baixa dos preços antes de começar a reduzir os juros.
Os juros americanos vêm subindo desde o início de 2022. As taxas referenciais (“FED Funds”) estavam a zero no início do ano retrasado, mas foram progressivamente elevadas até atingir o patamar atual de 5,25% a 5,50% ao ano em meados de 2023. É o nível mais alto desde 2007, e foi a maior elevação sistemática dos juros desde a década de 1970.
O aperto dos juros desacelerou a inflação para os níveis atuais. Os índices chegaram a registrar quase 10% em 12 meses em meados de 2022, e agora os investidores especulam quando as taxas vão começar a cair. No fim de 2023 a expectativa era de uma queda já na reunião do FED agendada para 19 e 20 de março, mas as declarações de Powell e seus colegas fizeram o mercado adiar essa projeção para maio. Agora, com a inflação acima do esperado, é provável que os investidores refaçam suas contas, o que vai provocar oscilações nos preços.
Cláudio Gradilone / FORBES BRASIL
WASHINGTON - Um importante conselheiro de segurança nacional de Donald Trump disse à Reuters na terça-feira que irá pressionar por mudanças na Otan caso o ex-presidente retorne ao poder, e que isso poderia resultar no fim da proteção a alguns países-membros contra um ataque externo.
Keith Kellogg, tenente-general reformado e ex-chefe de gabinete do Conselho de Segurança Nacional do ex-presidente, disse em entrevista que se um membro da aliança formada por 31 países não gastar pelo menos 2% do seu produto interno bruto na área de defesa, como seria o combinado em estatuto, ele apoiaria a remoção da proteção daquela nação sob o Artigo 5 do Tratado do Atlântico Norte.
O Artigo 5 afirma que um ataque contra um membro da aliança será considerado um ataque contra todos os países, e os membros da aliança devem responder de forma apropriada e conjunta. Sem essas proteções, não há garantia alguma a um país membro de que outros membros da Otan virão a seu auxílio.
“De onde eu venho, as alianças são importantes”, disse Kellogg, que também serviu como conselheiro de segurança nacional do ex-vice-presidente Mike Pence. “Mas se você vai fazer parte de uma aliança, contribua para a aliança, faça parte da aliança.”
Trump recebeu repreensões imediatas do presidente democrata Joe Biden e de nomes importantes da política do Ocidente assim que sugeriu, em comício no fim de semana, que não defenderá aqueles aliados da Otan que não gastarem o suficiente na área de defesa e que até encorajaria a Rússia a atacá-los.
Kellogg recusou-se a dizer se tinha discutido a proposta com Trump, embora tenha dito que eles têm conversado frequentemente sobre o futuro da Otan. Trump está perto de garantir a nomeação presidencial do Partido Republicano para as eleições gerais que ocorrerão no dia 5 de novembro.
Kellogg disse que, se Trump vencer, provavelmente sugerirá uma reunião da Otan em junho de 2025 para discutir o futuro da aliança. Ele disse que a Otan poderia posteriormente tornar-se uma “aliança com um sistema escalonado”, na qual alguns membros gozam de maiores proteções com base no cumprimento dos artigos fundadores da organização.
A campanha de Trump não respondeu ao pedido de comentário, mas identificou Kellogg como uma figura política que deve desempenhar um papel em uma eventual futura administração.
Trump e os seus aliados têm sinalizado cada vez mais que pretendem repensar o compromisso dos EUA com a Otan, que já vem de décadas, e há muito tempo se queixam de que os membros europeus da aliança não estão desembolsando uma quantia justa para a área de defesa.
Além de perder as proteções do Artigo 5, disse Kellogg, outras sanções menos severas seriam possíveis, como a perda de acesso a treinamentos ou a recursos de equipamentos compartilhados. Os países membros, acrescentou ele, deveriam sentir-se livres para se retirarem da aliança.
“Se o presidente Trump for reeleito, assim que a eleição terminar, eu daria a todos o que chamamos de ordem de advertência. Isso permitiria que eles se preparem e depois poderemos discutir melhor o assunto em junho", afirmou o conselheiro.
“Acho que é uma conversa muito adulta e é uma das muitas conversas sobre segurança nacional que precisam ser realizadas.”
PROTEÇÕES DA OTAN NÃO SÃO AUTOMÁTICAS
Kellogg disse que se o Artigo 3 do Tratado do Atlântico Norte não for respeitado, as proteções proporcionadas pelo Artigo 5 não deverão ser consideradas automáticas.
O Artigo 3 afirma que os países membros da Otan devem fazer esforços apropriados para desenvolver as suas capacidades individuais de defesa. Embora o Artigo 3 não estabeleça que os países devem gastar pelo menos 2% do seu PIB na defesa, os países membros comprometeram-se, após cúpula em 2014 no País de Gales, a avançar para esse valor dentro de uma década.
De acordo com estimativas da Otan de julho do ano passado, 11 dos 31 países estavam a caminho de atingir essa meta em 2023, incluindo os Estados Unidos, o Reino Unido e vários países do Leste Europeu próximos ou fronteiriços com a Rússia.
“Todos entendem o Artigo 5 -- um ataque a um é um ataque a todos -- mas esquecem todos os outros artigos que são construídos sob ele ou em cima dele”, afirmou Kellogg. "Um deles é o Artigo 3."
Em dezembro, Robert O'Brien, conselheiro de segurança nacional de Trump entre 2019 a 2021, e que ainda discute questões de política externa com o ex-presidente, disse à Reuters que poderia impor tarifas comerciais aos países da Otan caso eles não gastem pelo menos 2% do seu PIB com defesa. E essa proposta provavelmente estaria entre as políticas a serem discutidas durante um segundo mandato de Trump.
Por Gram Slattery / REUTERS
WASHINGTON - O número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego caiu mais do que o esperado na semana passada, apontando para a força subjacente do mercado de trabalho, apesar do recente aumento nas demissões em massa.
Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego estaduais caíram em 9 mil, para 218 mil em dado com ajuste sazonal, na semana encerrada em 3 de fevereiro, informou o Departamento do Trabalho dos EUA na quinta-feira. Economistas consultados pela Reuters previam 220 mil pedidos para a última semana.
Os pedidos de auxílio sofreram pouca alteração em comparação com o mesmo período do ano passado, apesar das recentes demissões em massa de alto nível, muitas delas nos setores de tecnologia e mídia.
De modo geral, os empregadores estão cautelosos em mandar trabalhadores para casa após as dificuldades de encontrar mão de obra durante e após a pandemia de Covid-19. Os economistas também apontam o aumento da produtividade dos trabalhadores, marcado por um crescimento superior a um ritmo anualizado de 3% por três trimestres consecutivos, e a redução dos custos de mão de obra como outros fatores que incentivam as empresas a manter suas forças de trabalho.
O governo norte-americano informou na semana passada que a criação de vagas não agrícolas totalizou 353 mil empregos em janeiro. A taxa de desemprego ficou inalterada em 3,7%. A força sustentada do mercado de trabalho forçou os mercados financeiros a reduzir as expectativas de um primeiro corte de juros pelo Federal Reserve em março.
As autoridades do banco central dos EUA sinalizaram na quarta-feira que não tinham pressa em reduzir os custos dos empréstimos até que estivessem confiantes de que a inflação está se aproximando da meta de 2% do Fed.
Por Lucia Mutikani / REUTERS
WASHINGTON - A Suprema Corte americana deu a entender na quinta-feira (8) que não está convencida de que Donald Trump deve ser impedido de participar das primárias republicanas.
Era esperada uma postura mais cética dos juízes conservadores, mas mesmo os liberais questionaram duramente Jason Murray, advogado que representa os eleitores do Colorado que conseguiram tirar o empresário das primárias no estado.
O ex-presidente, que não participou da sessão, se disse satisfeito com a audiência e confiante na vitória. Falando a jornalistas de sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida, ele voltou a negar que tenha feito qualquer coisa errada em 6 de Janeiro de 2021, quando seus apoiadores invadiram o Capitólio na tentativa de impedir a confirmação da vitória de Joe Biden.
O argumento de quem defende retirar o ex-presidente da corrida é que houve uma insurreição, da qual o empresário participou e que, por isso, ele deve ser desqualificado da candidatura a cargos públicos com base na Seção 3 da 14ª Emenda da Constituição.
A tese serve de base para ações apresentadas em mais de 30 estados contra Trump, acatada até agora apenas em dois. É o recurso do ex-presidente contra a decisão do Colorado que está em análise pela Suprema Corte.
Os juízes, no entanto, não se concentraram tanto sobre se o ex-presidente cometeu insurreição ou não na sessão desta quinta. Em vez disso, o foco foi a capacidade de um estado desqualificar um candidato em uma eleição nacional.
O juiz conservador Clarence Thomas, por exemplo, foi um dos que mais pressionou Murray, pedindo exemplos de quando uma ação do tipo ocorreu no passado.
"O ponto da 14ª Emenda é restringir o poder dos estados, certo?", questionou o presidente da Corte, John G. Roberts Jr. O texto foi incluído na Constituição após a guerra civil, e prevê uma série de direitos, como o de cidadania e proteção perante a lei.
De modo surpreendente, a juíza liberal Ketanji Brown Jackson reforçou esse argumento, apontando que a experiência histórica mostraria que a Seção 3 visava impedir que estados do Sul retomassem o poder após a derrota na guerra de secessão. Ou seja, mirava eleições estaduais, não nacionais.
Nisso, ela tocou em um dos pontos-chave da defesa de Trump: como o trecho da Constituição não cita explicitamente o cargo de presidente, o veto não abarcaria esse cargo. Murray retorquiu que a posição está implícita, uma vez que o trecho cita "funcionário público" -definição que engloba o presidente, argumentou.
As implicações políticas do banimento do republicano não foram ignoradas na audiência. O juiz Samuel Alito, por exemplo, pressionou Murray para explicar como a retirada de Trump da corrida, da qual é o líder absoluto, não causaria uma situação de descontrole.
O juiz Brett Kavanaugh, indicado pelo ex-presidente, ecoou o argumento de sua defesa, questionando se impedir o republicano de disputar a eleição não seria prejudicial à democracia.
O advogado de Trump, Jonathan Mitchell, se amparou em dois argumentos principais: o trecho não cita o cargo de presidente, e a necessidade de participação do Congresso na decisão de banir um candidato em uma eleição nacional.
Apesar da sinalização de que a Suprema Corte deve anular a decisão do Colorado, Murray disse a jornalistas após a audiência que está confiante na vitória. "Hoje é um dia que testa o compromisso da nossa nação com o Estado de Direito e se a Constituição se aplica a todos, independentemente de sua popularidade", disse.
POR FOLHAPRESS
WASHINGTON - Republicanos no Senado dos EUA derrotaram nesta quarta-feira uma tentativa bipartidária de reforçar a segurança na fronteira que demorou meses para ser negociada, mas afirmaram que ainda podem fornecer o auxílio a Ucrânia e Israel que havia sido vinculado ao acordo.
Com uma votação de 49 a 50, majoritariamente de acordo com as linhas partidárias, o Senado não aprovou o pacote bipartidário de 118 bilhões de dólares que reforçaria leis de imigração, ajudaria a Ucrânia a combater a invasão russa e apoiaria Israel em sua guerra contra o Hamas.
A medida precisava de 60 votos para avançar na câmara, que os democratas controlam por uma margem de 51 a 49.
Durante meses, republicanos insistiram que qualquer auxílio adicional aos dois aliados dos EUA também precisaria tratar do alto número de imigrantes chegando pela fronteira de EUA e México -- uma das principais preocupações dos eleitores.
Mas muitos republicanos prontamente rejeitaram o pacote quando ele foi divulgado no último domingo, apesar de ele conter muitas das suas prioridades. O ex-presidente Donald Trump os pressionou a rejeitar qualquer concessão, enquanto faz campanha para derrotar o presidente democrata Joe Biden na eleição de novembro.
Apenas quatro dos 49 republicanos votaram pelo projeto de lei.
“Alguns foram muito claros comigo que tinham diferenças políticas com o projeto”, disse o senador republicano, James Lankford, um dos negociadores.
“Eles disseram que é a hora errada de resolver o problema, deixem a eleição presidencial resolver o problema.”
A senadora independente Kyrsten Sinema, outra das autoras do acordo, disse estar perplexa com a súbita mudança de posições.
"Há três semanas, todo mundo queria resolver a crise da fronteira", disse. "Ontem, ninguém queria."
Ainda assim, a derrota do projeto de lei deixou em aberto a possibilidade de o Congresso ainda fornecer a tão necessária ajuda aos aliados dos EUA. Esperava-se que o Senado votasse no final do dia um pacote de 96 bilhões de dólares que elimina as disposições relativas à imigração mas deixa a ajuda externa intacta.
Um assessor do senador republicano Roger Wicker previu que um pacote de ajuda externa obteria bem mais do que os 60 votos necessários entre os 100 senadores -- uma rara demonstração de apoio interpartidário.
Mas mesmo que passe, essa ajuda enfrenta perspectivas incertas na Câmara dos Deputados, uma vez que os republicanos que controlam a Casa têm-se recusado a dar mais apoio à Ucrânia.
por Por Patricia Zengerle e Makini Brice e Richard Cowan / REUTERS
CHINA - Os fabricantes de chips chineses esperam produzir processadores de próxima geração para smartphones já neste ano, apesar dos esforços dos Estados Unidos para conter o desenvolvimento de tecnologias avançadas, noticiou o Financial Times na terça-feira.
A Semiconductor Manufacturing International Corp (SMIC), principal fabricante de chips do país, montou novas linhas de produção de semicondutores em Xangai para produzir em massa chips projetados pela Huawei, afirmou o jornal, citando fontes familiarizadas com o movimento.
A SMIC pretende usar seu estoque existente de equipamentos fabricados nos EUA e na Holanda para produzir chips de 5 nanômetros, acrescentou a reportagem.
A Huawei e SMIC não responderam imediatamente ao pedido de comentário da Reuters.
As empresas norte-americanas estão impedidas por Washington de fornecer tecnologia à SMIC sem uma licença especial, sob a justificativa de que seu suposto trabalho com o Exército chinês é considerado uma ameaça à segurança nacional norte-americana.
Diante dessas restrições, o governo chinês tem investido fortemente no desenvolvimento de uma cadeia de fornecimento de semicondutores autossuficiente.
Reportagem de Shivani Tanna em Bengaluru / REUTERS
EUA - Em apenas oito anos, os Estados Unidos deixaram de vender quase nada de gás natural no exterior para se tornarem o fornecedor número 1 do mundo, uma mudança notável que beneficiou as empresas de petróleo e gás e fortaleceu a influência americana no exterior. Mas os ativistas do clima temem que o aumento das exportações de gás natural liquefeito piore o aquecimento global.
No mês passado, o governo Biden disse que iria pausar o processo de licenciamento para novas instalações que exportam gás natural liquefeito a fim de estudar seu impacto sobre as mudanças climáticas, a economia e a segurança nacional. Mesmo com a pausa, os Estados Unidos continuam no caminho certo para quase dobrar sua capacidade de exportação até 2027 devido aos projetos já autorizados e em construção. Mas quaisquer expansões além dessa data estão agora em dúvida.
No centro do debate sobre a permissão de mais exportações está uma questão espinhosa: com os governos de todo o mundo se comprometendo a fazer a transição para longe dos combustíveis fósseis, de quanto mais gás natural o mundo precisa?
O boom de exportação de gás dos Estados Unidos inicialmente pegou muitos formuladores de políticas de surpresa. No início dos anos 2000, o gás natural era relativamente escasso no país, e as empresas estavam gastando bilhões de dólares para construir terminais para importar gás de lugares como Catar e Austrália.
O fracking (técnica de perfuração do solo) mudou tudo isso. Em meados dos anos 2000, os perfuradores dos EUA aperfeiçoaram os métodos para liberar vastas reservas de gás natural barato das rochas de xisto. Ao mesmo tempo, os preços do gás natural começaram a subir em outras partes do mundo, especialmente depois que o Japão fechou suas usinas nucleares após o derretimento do reator de Fukushima em 2011 e começou a exigir mais combustível.
Isso levou a uma reversão surpreendente. As empresas americanas, lideradas pela Cheniere Energy, começaram a gastar bilhões a mais para converter terminais de importação em terminais de exportação, e as remessas de gás dos EUA para outros países começaram a aumentar.
‘Grande crescimento da demanda’
O gás natural é mais facilmente transportado por gasoduto. Para atravessar os oceanos, o gás precisa ser resfriado a 126?°C abaixo de zero, transformando-se em um líquido. O processo de fabricação e transporte do gás natural liquefeito aumenta a complexidade e o custo, mas se a diferença entre os preços do gás natural nos EUA e os preços no exterior for grande o suficiente, ele será lucrativo.
“Tudo se resume à economia”, disse Kenneth Medlock, diretor sênior do Center for Energy Studies da Rice University. “A produção continua crescendo nos Estados Unidos, o que mantém os preços baixos. E então continuamos a ver um grande crescimento da demanda no resto do mundo.”
O boom das exportações transformou o papel dos Estados Unidos na geopolítica energética.
A Europa se tornou o maior importador de gás americano nos últimos anos, permitindo que o continente reduzisse em mais da metade sua dependência do gás russo desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022.
No futuro, espera-se que a Europa reduza seu apetite por gás adicionando mais fontes de energia renovável, como energia eólica e solar. Espera-se que os principais mercados em crescimento para o gás natural sejam os países asiáticos em rápido crescimento, como China, Índia, Paquistão, Bangladesh e Vietnã, que desejam usar o combustível para eletricidade, aquecimento ou fins industriais.
Porém, à medida que as exportações dos EUA continuam a disparar, os críticos levantam preocupações sobre o impacto da mudança climática decorrente do transporte e da venda de mais gás em todo o mundo.
Uma questão climática complexa
A última vez que o Departamento de Energia estudou essa questão, em 2019, concluiu que o gás natural liquefeito dos EUA geralmente produzia menos emissões de gases de efeito estufa do que outros tipos de carvão ou gás usados em todo o mundo.
Isso significa que mais exportações poderiam, na verdade, ser benéficas para a mudança climática se o gás dos EUA substituísse esses outros combustíveis fósseis. (Quando o gás é escasso, alguns países, como o Paquistão e Bangladesh, optaram recentemente por queimar mais carvão).
No entanto, alguns ambientalistas contestaram essas conclusões, argumentando que a análise não levou totalmente em conta todos os vazamentos de metano que podem acompanhar a produção de gás natural e que não estudou se um excesso de gás poderia deslocar a energia renovável mais limpa em vez do carvão. Espera-se que o Departamento de Energia estude essas questões enquanto suspende as autorizações para novos projetos.
Enquanto isso, o boom do gás nos EUA está longe de terminar, mesmo com a pausa na concessão de licenças.
Desde 2016, as empresas de energia dos EUA construíram sete grandes instalações no Texas, Louisiana, Maryland e Geórgia que podem exportar cerca de 322,8 milhões de metros cúbicos de gás natural liquefeito por dia, segundo a Administração de Informações sobre Energia.
Outros cinco projetos ao longo da Costa do Golfo já estão autorizados e em construção e poderão exportar mais 274 milhões de metros cúbicos por dia até 2027 — quase dobrando a capacidade de exportação dos Estados Unidos. Outras três instalações estão sendo construídas atualmente no México, que receberão o gás dos EUA por gasoduto e depois o enviarão para o exterior.
A pausa, no entanto, poderá afetar quase uma dúzia de projetos propostos nos Estados Unidos e no México que, se construídos, poderão aumentar a capacidade de exportação em mais 283 milhões de metros cúbicos por dia, de acordo com pesquisa da Clearview Energy Partners, uma empresa de consultoria. Ainda não se sabe se esses projetos serão levados adiante.
Com tantos projetos em andamento, os especialistas dizem que será crucial garantir que os vazamentos de metano da produção de gás sejam mantidos o mais baixo possível. (O governo Biden apresentou várias novas regulamentações sobre o metano).
“Essa é uma área em que podemos realmente obter uma vitória em termos de emissões, talvez mais do que atrasar ou até mesmo acabar com um projeto de fornecimento futuro”, disse Ben Cahill, membro sênior do Center for Strategic and International Studies. “Porque é o que fazemos com as emissões dos projetos que sabemos que estão conosco hoje.”
por Nadja Popovich e Brad Plumer / ESTADÃO
EUA - Antonio Muñoz, um ex-policial que se tornou dono de uma taqueria, sente os ventos políticos mudarem em seu estado natal, Nevada, onde parte da comunidade latina, tradicionalmente democrata, começa a se inclinar para o lado republicano neste ano de eleição presidencial.
"Votei nos democratas nas últimas eleições, mas este ano estou num dilema, não sei o que fazer", desabafa ele, em sua colorida loja de tacos, em Las Vegas, onde conversou com a AFP.
Biden, de 81 anos, buscará a reeleição em novembro, muito provavelmente contra o ex-presidente republicano Donald Trump, de 77 anos, derrotado por ele 2020 e que está em plena campanha pela nomeação de seu partido.
Apesar de enfrentar dezenas de acusações de irregularidades eleitorais e outras acusações legais, Trump lidera, com folga, as primárias republicanas.
Em Nevada, as pesquisas iniciais também colocam-no à frente de Biden. O atual presidente venceu nesse estado por uma leve margem nas últimas eleições.
Muñoz observa um bastião democrata ainda forte em Las Vegas.
"Mas falei com amigos que estão no meio, como eu", diz o homem de 48 anos que prevê que o estado será palco de uma campanha agressiva com ambos os partidos disputando o voto latino.
- Mudança geracional -
A comunidade latina é uma das que mais crescem nos Estados Unidos.
"Uma em cada cinco americanos que podem votar nessas eleições é latino", afirma o diretor de pesquisa sobre raça e etnia do Pew Research Center, Mark Hugo López.
Embora com variações regionais, como a tendência na Flórida de favorecer candidatos republicanos, o importante bloco latino tem sido historicamente democrata. Muitos estão, no entanto, começando a quebrar essa tradição.
No Texas, estado que faz fronteira com o México, Trump registrou avanços eleitorais entre os latinos em 2020 em comparação com 2016, recorda López.
"Mesmo na Califórnia [território democrata], uma análise do [jornal] New York Times mostrou um leve declínio no percentual de latinos que apoiaram Biden, em comparação com Hillary Clinton em 2016", disse ele.
"É um cenário muito diversificado, mas parece que os candidatos republicanos como Trump marcaram pontos com os latinos em lugares que eram tradicionalmente muito democratas em 2020", acrescenta.
Apesar de ainda estarmos no início da corrida eleitoral, as pesquisas mostram que isso não mudou com o governo democrata.
"A taxa de aprovação de Joe Biden entre os latinos continua baixa", disse Lopez.
Nossos números mais recentes mostram que, em janeiro, 65% dos latinos reprovavam seu trabalho, e 32%, aprovavam", completa.
Com a rápida expansão da comunidade latina, a nova geração parece influenciando essa mudança.
"Em um lugar como Nevada (…) há muitos imigrantes, mas também muitos americanos filhos de pais imigrantes, assim como um número crescente de pessoas que são a terceira ou próxima geração", diz López.
"E eles tendem a se inclinar mais para o lado republicano do que outros grupos de latinos", completou.
É o que María Elena Castro, ativista da ONG Mamás con Poder e identificada com os democratas, percebe em casa, ao ouvir seu filho e seus sobrinhos falarem sobre política.
"A garotada mais jovem não conhece muito do passado, sobre o que seus pais passaram", disse essa mexicano-americana de 51 anos.
"O voto dos jovens latinos é a favor dos republicanos pela falta de informação", avaliou.
- "Estamos melhores?" -
Para os latinos, economia e migração são questões prioritárias, e eles sentem que Biden está em falta em ambos. É aqui, diz Jesús Márquez, consultor político ligado à campanha de Trump em Nevada, que os republicanos têm espaço para agir.
Milhares de pessoas chegam diariamente à fronteira dos Estados Unidos em busca de asilo, uma situação que sobrecarregou o já congestionado sistema migratório do país.
Como resultado, Biden é atacado por todos os lados, com a percepção generalizada de que a fronteira com o México está fora de controle.
"Isso é algo de que os latinos que vivem aqui há décadas não gostam, porque sentem que muitas pessoas estão furando o lugar na fila", disse Márquez.
A questão se tornou um eixo da campanha republicana e uma dor de cabeça para os democratas, assim como a opinião generalizada de que a economia vai mal.
A preocupação com a manutenção do emprego e a cobertura das despesas básicas desempenha um papel crucial entre os eleitores. De acordo com sondagens recentes, no entanto, essa avaliação negativa da situação econômica é ainda mais intensa entre os latinos.
"Os latinos, a classe trabalhadora em geral, batalha com o alto custo de vida", explica Márquez.
"Os latinos se lembram de como estavam durante a gestão de Donald Trump, que foi há pouco", acrescenta.
"E a pergunta que se fazem é: estamos melhor agora, ou quando Trump era presidente?", completa.
EUA - Na madrugada desta segunda-feira (5 de fevereiro), o rapper Killer Mike foi detido após se envolver em uma confusão com um segurança dentro da arena Crypto.com, local da premiação do Grammy Awards. A detenção aconteceu logo após o artista ter ganhado três prêmios.
A informação foi confirmada pela polícia de Los Angeles à Associated Press. Segundo relatos, o rapper americano, de 48 anos, se envolveu em uma briga com um segurança. Ele recebeu uma multa por transgressão e foi libertado posteriormente, mas terá que comparecer ao tribunal no final deste mês de fevereiro.
Um vídeo publicado no X, antigo Twitter, mostra Mike, aparentemente algemado, sendo escoltado pela polícia para fora do edifício. Vale destacar que o artista venceu nas três categorias para as quais estava nomeado: Melhor Álbum de Rap do Ano, Melhor Música Rap e Melhor Performance de Rap.
Hip Hop police arrested Mike at the Grammys pic.twitter.com/rlTXUamxcR
— JA EL (@JAELBEY) February 5, 2024
EUA - O Senado dos Estados Unidos revelou neste domingo o texto de um acordo entre democratas e republicanos que desbloqueia bilhões de dólares em novos fundos para a Ucrânia e Israel e endurece as leis fronteiriças. Suas perspectivas de se converter em lei, no entanto, são incertas.
O pacote legislativo inclui um financiamento total de US$ 118,3 bilhões de dólares, sendo US$ 60 bilhões para ajudar a Ucrânia, igualando o pedido feito pela Casa Branca, e US$ 14,1 bilhões para Israel, segundo o resumo divulgado pela presidente da Comissão de Orçamento do Senado, Patty Murray.
O acordo também contempla US$ 20,2 bilhões para a segurança das fronteiras americanas e uma série de mudanças na política migratória acordadas pelos negociadores democratas e republicanos.
Não está claro se o projeto conta com os 60 apoios necessários para passar na primeira votação no Senado (controlado pelos democratas), esperada para acontecer até a próxima quarta-feira.
Os senadores negociam há meses um acordo para combater a imigração ilegal, com os republicanos insistindo em reforçar a segurança na fronteira em troca da aprovação de um pedido da Casa Branca de um financiamento para Kiev.
O presidente americano, Joe Biden, disse que apoia "fortemente" o acordo e pediu ao Congresso para aprová-lo. “Chegamos a um consenso sobre um acordo bipartidário de segurança nacional que inclui o conjunto de reformas fronteiriças mais duro e justo em décadas", declarou.
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