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FRANKFURT - O Banco Central Europeu elevou sua taxa básica de juros a um pico recorde na quinta-feira e sinalizou que esse provavelmente será seu último movimento na batalha de mais de um ano contra a inflação alta.

O banco central dos 20 países que compartilham o euro também aumentou suas previsões para a inflação, que agora espera que caia mais lentamente em direção à sua meta de 2% nos próximos dois anos, ao mesmo tempo em que reduziu suas expectativas para o crescimento econômico.

Isso ilustrou o dilema que o BCE enfrentou na reunião, com os preços ainda subindo a mais do que o dobro de sua meta, mas com a atividade econômica enfrentando dificuldades devido aos altos custos de empréstimos e à desaceleração na China.

Diante desse cenário, o BCE enviou uma mensagem clara de que provavelmente já terminou de aumentar os juros.

"Com base em sua avaliação atual, o Conselho do BCE considera que as taxas de juros básicas atingiram níveis que, mantidos por um período suficientemente longo, darão uma contribuição substancial para o retorno oportuno da inflação à meta", disse o BCE.

A expectativa agora é de que isso ocorra mais lentamente do que na época das projeções anteriores do BCE, em junho, com a inflação passando a ser em 5,6% em 2023, 3,2% em 2024 e 2,1% em 2025.

O aumento da estimativa para 2024 - que havia sido relatada pela Reuters anteriormente - provavelmente desempenhou um papel importante nas discussões, já que as autoridades de política monetária avaliaram o risco de a inflação, atualmente ainda acima de 5%, ficar presa em um nível elevado.

O aumento de 25 pontos-base adotado nesta quinta-feira eleva a taxa que o BCE paga sobre os depósitos bancários para 4,0%, o nível mais alto desde que o euro foi lançado em 1999.

Há apenas 14 meses, essa taxa estava em uma mínima recorde de -0,5%, o que significa que os bancos tinham que pagar para manter seu dinheiro em segurança no banco central.

 

 

Por Francesco Canepa e Balazs Koranyi / REUTERS

BRUXELAS - O setor de energia solar da Europa fez um alerta na segunda-feira sobre a situação "precária" dos fabricantes europeus de produtos para energia solar, já que os preços dos equipamentos atingiram níveis recordes de baixa.

O grupo setorial SolarPower Europe disse em uma carta enviada à Comissão Europeia que as empresas europeias correm o risco de falir, o que, segundo eles, prejudicaria a meta da UE de transferir de volta para o continente 30 GW da cadeia de suprimentos de energia solar.

Os preços dos módulos fotovoltaicos caíram em mais de 25% desde o início do ano, de acordo com a SolarPower.

"Isso está criando riscos concretos das empresas entrarem em insolvência, pois um estoque significativo precisará ser desvalorizado", disse a SolarPower Europe.

A forte demanda, combinada com grandes investimentos e a concorrência acirrada de fornecedores chineses levou a um excesso de capacidade no mercado e a uma queda nos preços dos equipamentos.

O setor pede que a Comissão Europeia compre os estoques de módulos solares das empresas europeias, crie um banco europeu para projetos de energia solar e aumente a demanda por energia fotovoltaica na Europa, entre outros objetivos.

 

 

Reportagem de Marine Strauss / REUTERS

Hong Kong - O investimento chinês está recuando do Ocidente à medida que a hostilidade ao capital chinês aumenta. Cada vez mais, as empresas da China estão gastando dinheiro em fábricas no Sudeste Asiático e projetos de mineração e energia na Ásia, Oriente Médio e América do Sul, enquanto Pequim busca consolidar alianças nesses lugares e garantir o acesso a recursos críticos.

O maior receptor de investimentos chineses até agora este ano é a Indonésia, rica em níquel, de acordo com uma estimativa preliminar de investimentos chineses compilada pelo American Enterprise Institute, um think tank conservador, e vista pelo The Wall Street Journal. O níquel é um componente chave em muitas das baterias usadas para alimentar veículos elétricos.

A mudança nos fluxos de investimento mostra como a China está respondendo às relações deterioradas com o Ocidente, liderado pelos EUA, e está fortalecendo os laços comerciais e de investimento com outras partes do mundo, de maneiras que podem criar novas linhas de falha na economia global.

A retirada do dinheiro chinês no Ocidente pode levar a uma menor criação de empregos em alguns países, ao mesmo tempo em que reduz o pool de capital ao qual os empreendedores de lugares como o Vale do Silício podem recorrer. A fraca economia da China já está privando o mundo de um de seus tradicionais motores de crescimento.

De forma mais ampla, a mudança é indicativa de um mundo em que a globalização está diminuindo e as tensões geopolíticas têm maior probabilidade de piorar. O investimento externo direto da China para o resto do mundo caiu 18% em relação ao ano anterior por uma nova medida divulgada recentemente. O nível mais recente marca uma queda de 25% em relação ao pico de 2016, à medida que as fusões e aquisições no exterior despencaram e Pequim reforçou as regras para conter a fuga de capitais.

“De modo geral, o espaço para a China canalizar investimentos para economias avançadas estrangeiras está diminuindo”, disse o economista-chefe da Ásia-Pacífico da S&P Global Ratings, Louis Kuijs. É improvável que os fluxos de investimento no exterior da China aumentem significativamente nos próximos três a cinco anos, reforçou ele.

Em vez disso, a China provavelmente realinhará os investimentos para consolidar seu domínio em setores como energia renovável e veículos elétricos. Isso provavelmente significa dobrar o investimento em mercados emergentes do Sudeste Asiático ao Oriente Médio e África, enquanto os proprietários de fábricas chinesas procuram lugares para expandir as operações e encontrar novos clientes, e Pequim se concentra em mercados ricos em recursos. A montadora chinesa BYD disse neste mês que pretende investir mais de US$ 600 milhões em diversas fábricas de automóveis no Brasil.

 

No Brasil

Enquanto isso, por aqui, as gigantes chinesas de setores como eletroeletrônicos, eletrodomésticos e automotivos também estão apostando no Brasil como um novo endereço para expandir seus negócios.

No setor de de eletrônicos, nomes como Gree, Midea, Hisense e TCL, preparam uma ofensiva no mercado brasileiro, avaliado como de grande potencial de consumo para itens das linhas branca e marrom. Avanço dos investimentos chineses deve gerar uma competição acirrada com fabricantes nacionais de geladeiras, lavadoras, fogões e televisores, entre outros eletrodomésticos e eletroeletrônicos, já consolidados.

Mas essa não é a primeira vez que as gigantes do mercado asiático focam seus investimentos em mercado emergentes. O atual avanço das fabricantes chinesas marca o início de um novo capítulo das empresas asiáticas no segmento de eletroeletrônicos no País. Os anos 1990 viram o crescimento das japonesas. Na década seguinte, foi a vez das sul-coreanas, que hoje lideram diversos segmentos de produtos no mercado nacional. E, a partir de 2020, são as chinesas que começaram a ganhar força no mercado doméstico.

Conforme divulgado pela companhia, a Midea Carrier está investindo R$ 600 milhões para erguer uma fábrica de refrigeradores de duas portas no sul de Minas Gerais, em Pouso Alegre. A nova planta, de 73 mil metros quadrados, começa a funcionar no final de 2024 e terá capacidade para produzir 1,3 milhão de aparelhos por ano.

Já no mercado automotivo, as empresas chinesas do setor automotivo também estão ampliando investimentos no País, de olho no segmento de veículos elétricos e híbridos, ocupando um espaço que está em compasso de espera nos planos da maioria das fabricantes tradicionais. Em menos de dois anos, três montadoras — GWM, BYD e Higer Bus —, anunciaram aportes que somam mais de R$ 20 bilhões em produção local, enquanto um quarto grupo, o XCMG, avalia iniciar operações nos próximos dois anos.

Ao contrário de anos anteriores, quando grupos da China aportavam no País apenas para montar kits semi prontos de carros de baixo custo, agora a maioria chega com planos de produção de modelos eletrificados, nacionalização de peças, instalação de centros de pesquisa e serviços.

 

 

Fonte: Dow Jones Newswires

ESTADÃO

PARIS - Todos os anos, os incêndios florestais na Europa são mais violentos e se estendem por um período mais longo, como na ilha grega de Rodes, onde desencadearam uma operação de evacuação de turistas sem precedentes.

Em 2018, 117.356 hectares, mais de dez vezes a área de Paris, viraram fumaça na União Europeia. Em 2019 foram 295.835, em 2020 chegaram a 339.824 e em 2021 subiram para 470.359.

No ano passado, em 2022, mais de 785 mil hectares foram destruídos, segundo dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (Effis) e do programa europeu de mudanças climáticas Copernicus.

O ano de 2017, no entanto, continua sendo o mais devastador na UE desde a criação do Effis (no ano 2000), com 988.087 hectares de vegetação destruídos. Estes são os maiores incêndios recentes:

 

- 2023: Incêndios na região de Estremadura, Espanha -

No final de maio, quando o verão ainda não havia chegado, uma área de quase 12 mil hectares (mais que a de Barcelona) já estava reduzida a cinzas na região da Estremadura, no oeste da Espanha.

Além da acentuada falta de chuvas, a temperatura atingiu um recorde absoluto para o mês de abril na Espanha continental (38,8 ºC).

 

- 2022, pinheiros queimados em Gironde (França) -

Grandes incêndios devoraram 30 mil hectares de florestas em La Teste-de-Buch e na região de Landiras e Hostens, no sudoeste da França, no verão. No total, houve cerca de 600 incêndios e 48.000 pessoas tiveram que ser retiradas.

A Espanha foi afetada no ano por quase 500 incêndios e mais de 300.000 hectares queimados (mais do que a área do Luxemburgo), segundo o Effis.

 

- 2021, incêndios na Grécia e Itália -

No início de agosto, a Grécia registrou temperaturas escaldantes. Em duas semanas, mais de 46.000 hectares de florestas viraram fumaça na ilha de Evia, 80 quilômetros a leste de Atenas.

Juntamente com os incêndios no Peloponeso e nos arredores da capital, um total de mais de 100.000 hectares queimou durante um verão. Centenas de casas, florestas de pinheiros e olivais foram queimados, assim como centenas de animais.

Paralelamente, uma onda de calor causada pelo anticiclone "Lúcifer" afetou toda a Itália. Na Calábria e na Sicília houve centenas de incêndios. Mais de 150.000 hectares foram destruídos na península ao longo do ano.

 

- 2017, ano sombrio em Portugal -

No dia 17 de junho, em meio a uma intensa onda de calor, ocorreu um gigantesco incêndio florestal em Pedrógão Grande, na região de Leiria, no centro de Portugal. As chamas, alimentadas por ventos muito fortes, arrasaram cerca de 24.000 hectares de serras de pinheiros e eucaliptos durante cinco dias.

Foi o incêndio mais mortal da história de Portugal, com 63 mortos, a maioria pessoas que ficaram presas em seus veículos quando tentaram fugir.

Após uma nova onda de incêndios em meados de outubro, o número de mortos em incêndios florestais subiu para um total de 117 naquele ano.

 

- 2010, incêndios em Moscou -

Em julho e agosto, mais de um milhão de hectares foram devastados por incêndios na região de Ryazan (200 km a sudeste de Moscou), na própria Moscou e em Nizhny Novgorod, além da república da Mordóvia.

A capital russa estava coberta de fumaça. No total, cerca de 60 pessoas morreram e quase 200 cidades foram destruídas.

 

 

AFP

BRUXELAS - Terminou na terça-feira (18) a 3ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE), em Bruxelas, na Bélgica, onde fica a sede do bloco europeu. O encontro reuniu 60 líderes dos dois continentes, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O evento não ocorria desde 2015 e foi realizado em um cenário de aproximação entre europeus e latino-americanos. A declaração final da cúpula, divulgada pelas chancelarias dos países, tem mais de 40 pontos e abrange diversos temas de interesse comum. Um dos pontos, que tem sido alvo de cobrança de governos de países pobres e em desenvolvimento, refere-se à disponibilização de recursos, por parte das nações mais ricas, para financiar projetos de mitigação e adaptação em relação às mudanças climáticas. 

"Reconhecemos o impacto que as alterações climáticas estão a ter em todos os países, afetando particularmente os países em desenvolvimento e mais vulneráveis, incluindo os pequenos Estados insulares em desenvolvimento, no Caribe, as regiões ultra-periféricas da União Europeia, os países e territórios ultramarinos associados à União Europeia e países em desenvolvimento sem litoral. Ressaltamos a importância de cumprir o compromisso dos países desenvolvidos em conjunto para mobilizar prontamente US$ 100 bilhões por ano para o financiamento climático e para apoiar os países em desenvolvimento e dobrar o financiamento para adaptação até 2025", diz um trecho da declaração.

Em seu discurso, na abertura da cúpula, Lula voltou a criticar os países ricos por não cumprirem a promessa, feita em 2009, de destinar os US$ 100 bilhões ao ano para os países em desenvolvimento, como forma de compensação pela crise do aquecimento global e necessidade de contenção das emissões de carbono, para manter a meta de aumento de até 1,5 grau Celsius na temperatura do planeta até o fim do século, o objetivo mais ambicioso da comunidade internacional.

A declaração aponta "profunda preocupação com a guerra em curso contra a Ucrânia" e pede esforços de paz justa e sustentável na região. Em outro ponto, aborda a grave situação humanitária no Haiti, prometendo esforços internacionais para ajudar o país superar a complexa crise que vive há décadas. Sobre a Venezuela, o texto defende um diálogo construtivo entre as partes nas negociações lideradas pela Venezuela na Cidade do México. O mesmo assunto foi discutido em uma reunião paralela envolvendo os presidentes da França, do Brasil, da Argentina e Colômbia, além de representante da União Europeia, com governo e oposição venezuelanos.

O documento também reafirma diversos compromissos nas áreas de comércio justo, saúde, segurança pública, combate à pobreza e às desigualdades. A próxima cúpula Celac-UE deverá ser realizada em 2025, desta vez em algum países latino-americano ou caribenho.

Em seu último dia nesta viagem à Bélgica, o presidente Lula manteve encontros bilaterais com chefes de governo da Alemanha, Suécia, Dinamarca e Áustria. Ele também participou de um café da manhã com lideranças progressistas e democratas latino-americanas e europeias. Lula retorna ao Brasil na manhã de quarta-feira (18), após conceder uma coletiva de imprensa ainda em Bruxelas.

 

 

Por Pedro Rafael Vilela - Repórter da Agência Brasil

ESPANHA - No próximo domingo (23), a Espanha vai às urnas para eleições legislativas que, segundo as pesquisas, devem devolver o poder à direita e fortalecer o domínio dos partidos conservadores na União Europeia.

Convocadas pelo presidente de governo, o socialista Pedro Sánchez, após a debacle da esquerda nas eleições municipais de 28 de maio, o pleito geral antecipado também pode trazer a extrema direita para o seio do governo pela primeira vez desde a morte do ditador Francisco Franco há meio século.

Uma situação que confirmaria "um processo contínuo e paulatino de normalização da extrema direita a nível europeu", afirmou à AFP o historiador Steven Forti, professor da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB).

Assim, muita coisa está em jogo tanto para Sánchez, no poder desde 2018 à frente de uma coalizão minoritária que passou a contar com o partido de esquerda radical Podemos em 2020, como para a esquerda europeia.

"É evidente que existe um movimento de fundo [na Europa] e a Espanha é uma barreira de contenção bastante importante para essa corrente regressiva e reacionária", afirmou em junho ao jornal La Vanguardia a ministra para a Transição Ecológica, Teresa Ribera, em referência a uma possível coalizão de governo entre direita e extrema direita.

 

- O medo do Vox -

Desde as eleições municipais, o triunfo do Partido Popular (PP, conservadores) de Alberto Núñez Feijóo nas legislativas de 23 de julho parece inevitável.

A única dúvida é se haverá necessidade de uma aliança com o Vox, um partido ultranacionalista e ultraconservador nascido em 2013 de uma cisão no PP, para alcançar a maioria absoluta de 176 deputados necessária para formar governo.

A dinâmica da direita perdeu impulso quando o PP foi obrigado a negociar acordos com o Vox para formar governo em algumas regiões que estavam sob controle da esquerda.

Como esperava Sánchez, o PP e seu líder não saíram ilesos dessas negociações, com a rejeição do Vox a falar de "violência de gênero" e sua negação da mudança climática.

Posições extremas que não são as do PP, mas que permitiram a Sánchez fazer campanha pedindo que os eleitores a não votassem nos conservadores porque isso significaria levar o Vox para o governo e causar retrocessos sociais.

Seu objetivo é duplo: dissuadir o eleitor de centro a votar no PP e mobilizar os 500 mil simpatizantes da esquerda que não compareceram às urnas em 28 de maio.

Mas as esperanças escassas de Sánchez de uma "virada" se viram frustradas depois de seu fraco desempenho diante de Feijóo no único debate televisionado entre ambos, em 10 de julho, que levou ao crescimento do PP nas pesquisas.

Sánchez gabou-se de seu desempenho na economia, que é bastante positivo no contexto europeu, com uma Espanha que cresceu 5,5% em 2022 e se tornou, em junho, a primeira grande economia da UE em que a inflação caiu para menos de 2% (1,9%). O problema para ele, no entanto, é que a percepção dos espanhóis sobre a própria situação econômica continua sendo muito negativa.

 

- 'Derrubar o sanchismo' -

O líder socialista também aumentou suas entrevistas em programas de grande audiência que costumava ignorar.

"Sánchez reconhece que errou ao não comparecer nos meios de comunicação que considerava hostis", resumiu a cientista política Cristina Monge.

Mas talvez seja tarde para Sánchez, que conta com uma imagem muito negativa para além da esquerda, e que deteriorou ainda mais com os efeitos devastadores de leis promovidas pelo Podemos.

Isso facilitou a campanha do PP, que popularizou o lema "derrubar o sanchismo". Nas palavras de Núñez Feijóo, isso significa abolir "todas aquelas leis inspiradas nas minorias e que atentam contra as maiorias".

O Podemos, que está em queda livre, resignou-se a ser absorvido por uma nova coalizão de esquerda radical, Sumar (Somar, em português), dirigida pela ministra do Trabalho, a comunista Yolanda Díaz, com quem os socialistas buscam formar uma nova coalizão de governo. Uma hipótese pouco provável com base nas pesquisas, embora a Sumar brigue pelo terceiro lugar com o Vox.

Também pode influir no resultado a data do pleito, em pleno verão europeu, com milhões de espanhóis de férias que, se quiserem votar, terão que fazê-lo por correio.

Os especialistas consideram que é cada vez menos improvável um cenário vivenciado há alguns anos, de um Parlamento sem uma maioria de governo viável, o que levaria a novas eleições nos meses seguintes.

 

 

AFP

ESPANHA - Destino de muitos brasileiros nas férias de julho, a Espanha está imersa em uma onda de calor. Na segunda-feira, 26, por exemplo, os termômetros ultrapassaram os 44ºC na região da Andaluzia, no sul do país. A Agência Meteorológica Estatal chegou a decretar alerta em várias regiões.

Na semana passada, teve início o verão no hemisfério norte. Outros países europeus e também da América do Norte, como Estados Unidos e Canadá, podem ser atingidos por fortes ondas de calor e registrar recordes de temperatura máxima nos próximos meses, como aconteceu no ano passado.

No último dia 19, a Organização das Nações Unidas (ONU) e o serviço de mudança climática europeu Copernicus publicaram relatório mostrando que a Europa apresenta um ritmo de aquecimento duas vezes mais rápido do que a média mundial desde a década de 1980, e que a temperatura no continente foi 2,3ºC superior em 2022 na comparação com a era pré-industrial (1850-1900).

“Tivemos duas ondas de calor na Índia e no México. Não é improvável termos alguma onda de calor na Europa também”, diz o meteorologista Marcelo Seluchi, coordenador-geral de Operações e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

De acordo Seluchi e outros especialistas ouvidos pelo Estadão, o retorno de um verão intenso na Europa pode ocorrer em razão de dois fatores principais: as mudanças climáticas provocadas pelo aumento do efeito estufa - e que podem tornar os eventos extremos, como ondas de calor, mais frequentes -, e a elevação das temperaturas ocasionadas pelo El Niño, fenômeno que se caracteriza pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico e o desencadeamento de alterações climáticas em todo o mundo. Em anos de El Niño, as temperaturas tendem a ser acima da média.

Professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Artaxo, que também é membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), destaca que a Europa já apresenta um aumento da temperatura entre 2,2ºC e 2,4ºC, enquanto a média mundial gira em torno de 1,2ºC. “Isso faz com que a frequência de eventos climáticos extremos naquela região, em particular, como ondas de calor, seja mais intensa por conta da questão do aumento das temperaturas e do aquecimento global.”

Em 2021, o ano mais recente com uma série completa de dados, a concentração dos três principais gases do efeito estufa (carbono, metano e óxido de nitrogênio) atingiu níveis recordes e continuou aumentando em 2022, apontou o relatório da ONU e do Copernicus.

Os efeitos já estão se manifestando. Tradicionalmente frios, os países escandinavos Dinamarca, Suécia e Finlândia começam a sofrer com as altas temperaturas e com uma seca incomum, que interfere negativamente na agricultura. Em Helsinque, na capital finlandesa, os termômetros bateram 30ºC antes mesmo do início do verão. E, segundo dados do Copernicus, 89,5% do território dinamarquês já se encontrava em situação de seca no final de maio.

 

Mudanças climáticas também estão interferindo na frequência e intensidade do El Niño

Marcelo Seluchi, do Cemaden, diz que, por causa do aumento das emissões de gases poluentes e o consequente aumento do efeito estufa, a temperatura do planeta já aumentou 1,1º C. “Parece pouco, mas é muito”, diz o meteorologista. “O aumento de um grau não significa que (a temperatura) aumente de forma uniforme, mas sim a variabilidade, ou seja, aumentam o frio extremo e o quente extremo.”

Seluchi diz ainda que pode haver uma relação do aquecimento do planeta e também da frequência do fenômeno do El Niño, responsável por uma série de mudanças climáticas no mundo, como alterações em regimes de chuvas, que elevam as temperaturas da Terra de forma geral. Segundo o especialista, o aquecimento do planeta, além de causar mais eventos extremos e em intervalos curtos de tempo, está diminuindo as distâncias da ocorrência de El Niños.

“O que se tem observado é que uma forma do planeta devolver esse calor para a atmosfera é a partir da água dos oceanos, como o Pacífico, que se aquece com El Niño”, explica. “E a frequência dos fenômenos do El Niño tem também aumentado nas últimas décadas. Não apenas em número, mas também na sua intensidade.”

Por isso, diz ainda o Coordenador do Cemaden, por 2023 ser um ano de El Niño, “diversas ondas” de calor, como as presenciadas na Índia e no México, são esperadas ao redor do mundo, inclusive na Europa. “Porém, não é possível prever e saber quando, onde e em qual intensidade elas vão acontecer”, afirma.

O El Niño deverá se formar por completo nos próximos meses e aparecer, de forma mais evidente, entre os meses de setembro e outubro, segundo o climatologista Carlos Nobre, professor e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), e especialista em estudos sobre o aquecimento global. Estatísticas indicam que há 80% de chances de a intensidade do fenômeno ser de moderada a alta e 56% de ser alta.

“Nos anos de 2015 e 2016, tivemos o El Niño mais forte em 120 anos. A temperatura do planeta chegou a subir 1,28ºC. Em 2022, foi é um ano La Niña (quando as temperaturas na Terra tendem a ser mais frias) e o mundo estava 1,15ºC grau mais quente. Isso já é um indicativo de que, neste ano, devemos ter um El Niño de moderado a forte”, explicou Nobre.

 

Calor extremo na Europa também foi sentido em 2022

Em 2022, países como Inglaterra, Itália, França, Alemanha, Holanda e Polônia registraram máximas extremamente altas. Portugal, Espanha e Grécia, por exemplo, sofreram com diversos incêndios florestais.

O Corpo do Bombeiros de Londres, que em julho do ano passado teve a maior temperatura registrada de sua história (40,2ºC), viveu um dia comparável ao da Segunda Guerra Mundial em termos de número de chamados e ocorrências. Ainda no Reino Unido, trens tiveram que ser suspensos porque o calor foi tão elevado que danificou os trilhos do sistema ferroviário.

Também em 2022, a França sofreu a pior seca já registrada no país desde 1976 entre janeiro e setembro, enquanto o Reino Unido teve o período mais seco entre janeiro e agosto do ano passado.

De acordo com uma base de dados da Organização Meteorológica Mundial, os fenômenos meteorológicos, hidrológicos e climáticos que atingiram a Europa em 2022 afetaram diretamente 156 mil pessoas e causaram 16.365 mortes, quase todas por conta das ondas de calor. A Espanha registrou mais de 4.600 mortes vinculadas ao calor extremo entre junho e agosto do ano passado.

 

Ondas de calor na Índia e México não estão relacionadas com El Niño, diz climatologista

Entre os dias 17 e 18 deste mês, a Índia registrou 96 mortes em decorrência das ondas de calor de até 44ºC que atingiram o país asiático. O México, por sua vez, somou oito óbitos causados pelas altas temperaturas.

De acordo com o climatologista Carlos Nobre, o calor intenso que vitimou mais de cem pessoas nos dois países “não está relacionado com o El Niño” porque o fenômeno ainda não está formado por completo. Ele diz que as altas temperaturas estão sendo provocadas por sistemas meteorológicos estacionários de alta pressão que pararam sobre os dois países, bloqueando a chegada de frentes frias.

“As altas pressões podem permanecer por três semanas no México e um pouco menos na Índia”, diz Nobre. “Essas ondas de calor só permanecerão nessas regiões enquanto os sistemas de alta pressão continuarem. Depois que ele desaparecer, os sistemas de baixa pressão, que são associados com frentes frias, podem atingir esses países - ainda que no verão isso aconteça com menos frequência”, acrescenta.

 

 

por Caio Possati / ESTADÃO

BRUXELAS - Os preços ao produtor da zona do euro caíram pelo sétimo mês consecutivo em abril, mostraram dados nesta segunda-feira, quase inteiramente devido à queda nos preços da energia.

A agência de estatísticas da União Europeia, Eurostat, disse que os preços nos portões das fábricas nos 20 países que usam o euro caíram 3,2% em abril em relação a março e avançaram 1,0% na comparação anual.

Economistas consultados pela Reuters esperavam uma queda mensal de 3,1% e um aumento de 1,4% na comparação anual.

Os preços ao produtor são uma indicação das tendências da inflação ao consumidor, que o BCE quer manter em 2,0% no médio prazo, mas que ficou em 6,1% em maio.

O BCE elevou sua taxa de depósito em um total de 375 pontos-base, para 3,25%, e se comprometeu com outro aumento de 25 pontos em 15 de junho. A queda da inflação vem alimentando um debate sobre a necessidade de aumentos nos juros depois disso.

A Eurostat disse que a queda mensal nos preços ao produtor em abril se deveu ao recuo de 10,1% nos custos de energia e a uma redução de 0,6% nos preços de bens intermediários.

Preços de energia mais baixos também mantiveram a leitura anual baixa. Sem energia, os preços ao produtor subiram 5,1% em relação ao mesmo período do ano anterior, principalmente por causa do aumento de 10,9% em produtos de consumo não duráveis, como alimentos.

Bens de consumo duráveis também tiveram alta de 7,3% e bens de capital avançaram 6,1% em relação ao mesmo período do ano anterior.

 

 

Reportagem de Philip Blenkinsop / REUTERS

ALEMANHA - O Corsa, vendido na Europa pela Opel, chega à linha 2024 com atualizações em seu visual e em motorização. A data de lançamento para o mercado europeu não foi divulgada.

A frente, que agora vai seguir o estilo do seu irmão maior, o Astra, adota faróis em LED aprimorados e com 14 elementos controlados individualmente – em vez de oito. Eles são unidos por uma faixa em preto.

Na traseira, há a nomenclatura “CORSA” no porta-malas. Outra novidade é a cor Grafik Grey, disponível pela primeira vez para o hatch e que pode ser acompanhado do teto em preto.

Interior

O interior conta com o novo multimídia de 10 polegadas, disponível como opcional. Ele tem capacidades melhoradas de gráficos e inteligência artificial (IA).

O sistema também é compatível com Apple CarPlay e Android Auto e permite carregar smartphones via wireless.

Assistência de direção

Em relação às tecnologias de assistência à direção, há uma nova câmera de visão traseira panorâmica de alta resolução.

Corsa Electric

O Corsa Electric será oferecido em duas opções de propulsão elétrica: uma com 100 kW/136 cv e uma autonomia de até 357 km; e uma segunda de 115 kW/156 cv com até 402 km de autonomia (ciclo WLTP).

Utilizando um carregador rápido, a bateria pode ser recarregada de 20% a 80% de sua capacidade total em 30 minutos.

As opções híbridas contarão com um sistema de 48 Volts. Os motores serão de 74 kW/100 cv e 100 kW/136 cv, equipados com uma nova transmissão automática de dupla embraiagem.

 

 

por Mauro Balhessa / MOTOR SHOW

UCRÂNIA - A história da guerra na Ucrânia será, no futuro, narrada sob muitas óticas. Os russos dirão que foi pela segurança e autonomia de seu território contra as investidas ocidentais que nutrem resistência ao país. Seus pares europeus irão dizer que Vladimir Putin, presidente da Rússia, carrega consigo marcas do fim da União Soviética que nunca digeriu bem. Na Ucrânia, território devastado, as histórias exaltarão homens fortes que não abriram mão de sua soberania. E se é verdade que a história é escrita pelos vencedores, frase atribuída a George Orwell (pseudônimo de Eric Arthur Blair), é difícil arriscar dizer neste momento qual narrativa será perpetuada pelos livros. Uma coisa é certa: o fator econômico fará parte da narrativa.

A previsão é que com a expectativa de 2023 ser um ano difícil para e economia global a extensão da guerra seria mais um inibidor potente de crescimento. Na Zona do Euro, que até o meio do ano se mostrava fortemente contra a Rússia, a conversa agora é por uma solução rápida. O presidente da França, Emmanuel Macron, tem assumido a dianteira em um diálogo para, literalmente, conversar com os russos. “A verdade é que houve um erro crasso de previsão da guerra”, afirmou à DINHEIRO Philippe Aghion, PhD na Harvard University e professor de economia e relações exteriores da London School of Economics. “Guiados pelos Estados Unidos, ninguém achou que a Rússia conseguiria passar tanto tempo sob fortes sanções sem precisar ceder um centímetro.”

Para ele, a essa altura, os caminhos são poucos. Ainda que a Ucrânia tenha sido amplamente abastecida pelo armamento ocidental, a verdade é que nenhum país ousou ser mais que fornecedor. “Com esse equipamento vindo dos associados da Otan, o exército ucraniano conseguiu algum avanço e retomada de territórios. Mas não parece ter sido o bastante para a população local, devastada no conflito”, disse Aghion. A Rússia, por sua vez, recebeu, dois meses antes da guerra começar, 40 drones com míssil do Irã.

Na Europa o discurso adotado agora é que, ao conseguir tirar os russos de seu território, a Ucrânia deveria imediatamente negociar a paz. O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, que virou o símbolo da resistência nesses nove meses de conflito, tem sido claro sobre o plano de não ceder nenhum palmo de terra. “Não pararemos até que o último soldado russo volte para o seu país”, disse ele recentemente à rede estatal de televisão do país. Em nenhum momento foi falado sobre erguer a bandeira branca. A posição tem o apoio velado de países que geograficamente estão perto do conflito, como os bálticos e a Polônia, que também enxergam a continuidade do conflito como positiva. “Eles temem que Putin se volte contra eles caso se sinta vitorioso ao fim da guerra na Ucrânia”, disse Aghion.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, segue a mesma linha. Em entrevista à agência alemã DW em outubro, ele disse que a Ucrânia tem que ganhar a guerra. Ele não explicou o que seria “ganhar”, mas deixou claro que, para isso, os membros da Otan devem dar o apoio necessário e durante o tempo que for preciso. “Não devemos esquecer que, se a Rússia parar de lutar, haverá paz. Se a Ucrânia parar de lutar, ela deixa de existir.”

Mas alguns países, em especial os maiores e com melhor estrutura militar, já comsideram a possibilidade de cessão de terras, já que a asfixia econômica esperada pelas restrições do Ocidente parece não ter abalado Putin. Andrew Allen, PhD e professor de economia da San Diego University, afirma que os chamados “países do conselho swift” (Estados Unidos, Grã-Bretanha, Canadá, Alemanha, França, Itália, Países Baixos, Suécia, Suíça e Japão) financiaram o lado da Ucrânia, mas perderam a aposta.“Não há, neste momento, como derrotar a Rússia militarmente na Ucrânia.” Para ele, seriam necessários anos para que a Ucrânia fosse totalmente autônoma e isso envolveria ainda mais mortes, com o risco de uma ação nuclear. Apesar de pouco popular no Ocidente, essa discussão surgiu em reuniões de cúpula do G7 e da OCDE. O maior sinal disso é que o volume de armas enviadas para Ucrânia tem diminuído com a Otan admitindo a possibilidade de se esgotarem os recursos se o conflito se estender demais. Zelenski segue dizendo que “não dará nenhum passo para trás”, enquanto Putin garante que a “vitória russa é o caminho para a paz”. Duas narrativas que até poderiam ser verdadeiras, mas só uma será escrita na história.

 

 

Paula Cristina / ISTOÉ DINHEIRO

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