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VIENA - Dezenas de milhares de manifestantes marcharam por várias cidades no noroeste da Europa no sábado (4) contra as restrições para conter o coronavírus, impostas em meio a um pico de infecções.

No mês passado, a Áustria se tornou o primeiro país da Europa Ocidental a retomar um lockdown, que deve durar 20 dias, e disse que tornaria a vacinação obrigatória a partir de fevereiro.

Alguns dos mais de 40 mil manifestantes em Viena carregaram cartazes dizendo: “Eu decidirei por mim mesmo”, “Torne a Áustria Grande Novamente” e “Novas Eleições” - um aceno à turbulência política que gerou três chanceleres em dois meses.

Na cidade de Utrecht, região central da Holanda, milhares de pessoas se manifestaram contra as restrições que começaram no último fim de semana.

Na capital financeira da Alemanha, Frankfurt, a polícia dispersou um protesto de centenas de pessoas por não utilizarem máscaras ou manter o distanciamento social, usando cassetetes e spray de pimenta, após os policiais serem atacados por um grupo de manifestantes.

ALEMANHA - A Comissão Europeia divulgou na quarta-feira (1) um plano para investir € 300 bilhões até 2027 em projetos de infraestrutura, climáticos e digitais em todo o mundo para fortalecer as cadeias de abastecimento da Europa, impulsionar o comércio da União Europeia e ajudar a combater as mudanças climáticas.

O esquema, denominado Global Gateway, é visto como a resposta da UE à iniciativa Belt and Road da China, e se concentrará nos setores de digitalização, saúde, clima, energia e transporte, educação e pesquisa.

O dinheiro da UE, sob a forma de concessões, empréstimos e garantias, virá de instituições e governos do bloco, assim como de instituições financeiras da UE e bancos nacionais de desenvolvimento.

“A UE oferecerá seu financiamento em termos justos e favoráveis, a fim de limitar o risco de sobre-endividamento”, disse a Comissão em comunicado.

A China iniciou seu projeto Belt and Road para impulsionar os laços comerciais com o resto do mundo em 2013 e tem investido fortemente no desenvolvimento de infraestrutura em dezenas de países.

A Comissão disse que o plano Global Gateway tem como objetivo estabelecer ligações com outros países sem criar dependências.

ÁUSTRIA - Karim Adeyemi, destaque do RB Salzburg, atrai o interesse de gigantes do futebol europeu. Segundo o "Sport1", Marco Rose, comandante do Borussia Dortmund, observa o jovem de 19 anos com atenção para contratá-lo na próxima temporada.

No entanto, além do clube aurinegro, o Bayern de Munique, o Liverpool e o Wolfsburg também estão de olho no atacante. O jovem ganhou mais protagonismo em seu time após a saída de Patson Daka para o Leicester e já anotou 11 gols em 16 partidas.

O "novo Haaland" possui contrato com o RB Salzburg até 2024, mas as informações apontam que o clube austríaco estaria disposto a negociá-lo por um valor entre 30 a 35 milhões de euros (R$ 190 milhões a R$ 221 milhões). No entanto, o futuro do atleta ainda não está definido.

EUROPA - A União Europeia (UE) enviará uma missão de observação eleitoral à Venezuela, pela primeira vez em 15 anos, para acompanhar as eleições regionais de 21 de novembro, informou o bloco em comunicado nessa nesta semana.

A presença de uma missão de observação eleitoral da UE não ocorre desde 2006 e acontecerá no momento em que a oposição vai participar das eleições de governadores e prefeitos, depois de ficar ausente das presidenciais de 2018 e das eleições legislativas de 2020, argumentando que não havia garantias suficientes.

“Será realizado um processo eleitoral sem precedentes, com a concorrência da maioria das forças políticas pela primeira vez nos últimos anos, para eleger mais de 3 mil representantes regionais e municipais na Venezuela”, disse Josep Borrell, alto representante da UE para Assuntos Exteriores e Política de Segurança e vice-presidente da Comissão Europeia.

A UE nomeou Isabel Santos, integrante do Parlamento Europeu, como principal observadora da missão eleitoral na Venezuela.

A equipe central da missão será composta por 11 especialistas que chegarão a Caracas em outubro, e até o fim do próximo mês serão até 62 observadores que estarão nas regiões. A equipe ficará no país sul-americano até que o processo eleitoral seja concluído.

 

 

*Reportagem de Mayela Armas / REUTERS

ALEMANHA - Os alemães vão às urnas neste domingo (26) eleger seus representantes no Bundestag, o parlamento do país. As eleições federais da Alemanha marcam o fim do período de Angela Merkel como chanceler.

Nos 16 anos em que esteve no poder, Merkel foi classificada como uma pessoa pragmática, cautelosa, apaziguadora e analítica —para o bem e para o mal. As características são, em grande parte, reflexos de sua formação como cientista na RDA, a República Democrática Alemã (Alemanha Oriental).

Merkel nasceu em 17 de julho de 1954 em Hamburgo, na Alemanha Ocidental. Sua família fez o caminho contrário de muitos alemães e mudou-se para lado oriental do país quando ela ainda era bebê. Foi para Templin, a 80 km de Berlim.

Ela passou a infância, adolescência e parte da vida adulta na Alemanha Oriental. Estudou física na Universidade de Leipzig e concluiu um doutorado em química quântica em Berlim. Durante a década de 1980, trabalhou no Instituto de Física e Química da Academia de Ciências da Alemanha Oriental. Aprendeu russo e inglês, línguas que ainda hoje domina.

ALEMANHA - Autoridades de alto escalão da União Europeia (UE) pediram aos governos do bloco na quinta-feira (2) para montar uma força militar de ativação rápida a fim de intervir ao redor do mundo, afirmando que a crise no Afeganistão será o catalisador para encerrar anos de inércia.

O principal diplomata do bloco e seu chefe militar disseram que a UE precisa reagir a conflitos além de suas fronteiras, e que a criação de uma "força de entrada inicial" de 5 mil soldados é o caminho a seguir, diminuindo a dependência dos Estados Unidos.

"A situação no Afeganistão, no Oriente Médio e no Sahel mostra que agora é a hora de agir, começando com a criação de uma força europeia de reação rápida, capaz de mostrar o desejo do bloco de agir como uma parceira estratégica global", disse o general Claudio Graziano, presidente do Comitê Militar da UE.

"Quando, senão agora?", disse ele aos repórteres, enquanto ministros da Defesa do bloco se reuniam na Eslovênia para debater as consequências da retirada caótica de militares ocidentais do Afeganistão, depois que o Talibã assumiu o controle do país em 15 de agosto.

Os esforços da UE para criar essa força estão paralisados há mais de uma década, apesar da criação de um sistema de grupos de batalha de mais de 1.500 soldados em 2007, que nunca foram usados devido a disputas sobre financiamento e à relutância em mobilizá-los.

"Às vezes há acontecimentos que catalisam a história, que criam um avanço, e acho que o Afeganistão é um desses casos", disse o chefe de política externa do bloco, Josep Borrell, na Eslovênia, acrescentando que uma força de reação rápida deveria ser parte disso.

 

 

*Por Robin Emmott e Sabine Siebold - Repórteres da Reuters

O gigante do oriente começou sua invasão pela Escandinávia: indústria e instituições europeias precisam de um plano claro

 

CHINA - Não é segredo que a China tem estado de olho na indústria automobilística europeia há algum tempo, com foco, obviamente, nos carros elétricos. As notícias de embarques de novos modelos chineses para a Noruega, país que é modelo de eletrificação para o Velho Continente, vão crescendo mês a mês.

NIO, BYD e Xpeng abriram o caminho, mas logo poderiam ser seguidas por uma série de outras empresas, mesmo além das fronteiras da Escandinávia. Diante desta tentativa de "invasão" da Ásia, é evidente que as instituições e fabricantes europeus não podem se dar ao luxo de estar despreparados. A indústria automobilística é um setor crucial.

 

Janela de oportunidade

Criar uma situação favorável para a China é, antes de tudo, uma questão política. A União Europeia já mapeou seu roteiro para reduzir as emissões de CO2 de todos os setores, incluindo o transporte, mas está criando um projeto de longo alcance que talvez não "acompanhe" de forma adequada a indústria, com apoio e etapas intermediárias apertadas no curto prazo.

Este período "transitório" antes de uma conversão completa corre, portanto, o risco de deixar um lado descoberto, com motoristas mais conscientes sobre o meio ambiente que podem decidir acelerar a transição para veículos limpos, mas com um aceno aos carros 'Made in China' que, por sua vez, desembarcam cada vez mais na Europa.

Em tudo isso, há alguns "poréns", mas também algumas vantagens. Por um lado, há o fato de que os compradores de automóveis podem desconfiar de marcas chinesas das quais nunca ouviram falar, e ainda queiram manter a tradição.

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Por outro lado, as leis de mercado freqüentemente tendem a recompensar os interesses econômicos mais imediatos. Assim, quando confrontados com uma oportunidade particularmente lucrativa, alguns motoristas podem dar o "salto de fé" com uma marca chinesa, para somente depois tirar suas conclusões. O mundo da tecnologia, afinal, já começou a liberar muitos preconceitos europeus e americanos sobre os produtos chineses, incluindo os produtos de alta tecnologia. E já existe um precedente que tem recompensado os carros de origem asiática.

Considerações e questionamentos semelhantes aos que rondam os carros chineses atuais, já aconteceram no Ocidente nos anos 60 e 80, quando as marcas japonesas e coreanas, respectivamente, iniciavam sua 'invasão'. Décadas depois, os números mostram que os carros asiáticos tiveram um impacto retumbante no mercado, penetrando em todos os segmentos.

A chave para seu sucesso foi focar inicialmente no baixo custo e na praticidade. Um pouco como o que as marcas chinesas querem fazer agora, com a vantagem adicional de que o carro elétrico abalou os paradigmas do setor, estreitando a lacuna outrora intransponível entre eles e os fabricantes tradicionais. A Europa foi alertada: uma grande parte competitividade industrial local está em jogo no desenvolvimento da mobilidade elétrica.

 

 

*Por: Julio Cesar / InsideEVs

BUDAPESTE - O Comitê Eleitoral Nacional da Hungria aprovou na sexta-feira a lista de perguntas do governo sobre questões LGBT que deseja submeter a um referendo como parte do que o primeiro-ministro Viktor Orban chamou de "guerra ideológica" com a União Europeia.

Orban, no poder desde 2010, propôs um referendo sobre a legislação do partido no poder que limita o ensino das escolas sobre homossexualidade e questões de transgêneros na semana passada, intensificando um impasse com a UE. consulte Mais informação

Um porta-voz do Comitê confirmou à Reuters que o painel havia aprovado as perguntas do governo logo depois que o site de notícias local Telex.hu divulgou a notícia pela primeira vez.

Enfrentando uma eleição difícil no próximo ano, Orban se tornou cada vez mais radical na política social para proteger o que ele diz serem valores cristãos tradicionais do liberalismo ocidental.

Os húngaros serão questionados se apoiam a realização de workshops de orientação sexual nas escolas sem o consentimento dos pais e se acreditam que procedimentos de redesignação de gênero devem ser promovidos entre as crianças.

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Eles também serão questionados se conteúdo que pode afetar a orientação sexual deve ser mostrado para crianças sem quaisquer restrições, e se procedimentos de redesignação de gênero devem ser disponibilizados para crianças.

 

 

*Reportagem de Gergely Szakacs e Anita Komuves Edição de Tomasz Janowski / REUTERS

VENEZUELA - O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, respondeu ao apelo ao diálogo com a oposição que o governo Joe Biden pretende promover, acusando a Agência Central de Inteligência (CIA) de traçar um plano para assassiná-lo junto com outros líderes do regime chavista . Maduro não implicou diretamente o presidente dos Estados Unidos, mas deu a entender, ao ser perguntado se estava ciente da existência de um complô. O sucessor de Hugo Chávez também afirmou, sem apresentar provas, que fontes da inteligência bolivariana informaram a seu gabinete outra operação para acabar com sua vida, coordenada pelo Comando Sul.

Foi assim que Maduro reagiu à mudança de posição de Washington diante da profunda crise na Venezuela. O governo Biden justamente deixou para trás o belicismo da era Trump para se alinhar com a União Europeia (UE) e abriu a porta para suspender as sanções econômicas contra o regime se mostrar disposição para o diálogo e para convocar eleições livres. O líder venezuelano, porém, optou pelo contra-ataque. “Denunciei e demonstrei que o presidente Donald Trump deu a ordem de me matar a qualquer custo. A mim, e aos principais líderes políticos e militares de nosso país. Eles tentaram aberta e publicamente em 4 de agosto de 2018 “, exclamou Maduro, referindo-se à explosão de dois drones com explosivos ocorrida no meio de um desfile militar presidido por ele na avenida central Bolívar, em Caracas. “Joe Biden ratificou as ordens de Donad Trump de liderar a Venezuela em uma guerra civil e nos matar?” Perguntou.

“Nossas fontes na Colômbia nos asseguram - e são fontes confiáveis que sempre nos disseram a verdade - que vieram preparar um plano para atentar contra minha vida e contra a vida de importantes líderes políticos e militares da Venezuela. Para isso veio Craig Faller e o diretor da CIA para a Colômbia, e para isso também visitaram o Brasil: para finalizar os preparativos e voltar com um plano violento “.

A reação de Maduro se deu diante do mais recente aceno que Estados Unidos e União Europeia fizeram para a Venezuela. Na sexta-feira, Josep Borrell, alto representante de Política Externa da União Europeia, e Antony Blinken, secretário de Estado norte-americano, elaboraram um documento, juntamente com o Canadá. Nele, os representantes da diplomacia europeia e norte-americana pedem a Caracas um plano de reformas em que Maduro se comprometa a realizar eleições democráticas, e oferecem em troca um levantamento progressivo de sanções, uma oferta que se transformou no principal eixo da nova estratégia sobre a Venezuela.

Mas a reação acusatória de Maduro gerou uma resposta quase que imediata. “Negativo. O grande plano é apoiar negociações que resultem em eleições livres e justas”, afirmou Juan González, assessor especial do presidente Biden, em sua conta no Twitter. González também é diretor para o Hemisfério Ocidental do Conselho de Segurança Nacional.

Até então, as gestões para o início das rodadas de negociação entre o Governo de Nicolás Maduro e Juan Guaidó, representando os partidos da oposição, com a intermediação da Noruega, começavam a ganhar velocidade. Uma delegação da União Europeia visitará Caracas para avaliar se é factível que uma missão internacional vá à Venezuela nas próximas eleições regionais de novembro.

Enquanto isso, o Governo de Nicolás Maduro, interessado em sair da área de assédio do cenário internacional, oferece novas concessões, procurando estimular a participação eleitoral de seus inimigos: recentemente oficializou o fim da vigência dos “protetores” – figura nomeada no Poder Executivo para tutelar a gestão dos governadores eleitores da oposição –; e anunciou o retorno às eleições de partidos de oposição, cujo direito à essa participação havia sido confiscado pelo Poder Eleitoral em anos recentes. Ao mesmo tempo, o novo Parlamento, controlado pelo governismo, elabora uma nova Lei de Cidades Comunais que aumentaria seu controle sobre os Estados do país em detrimento dos governadores.

Uma comissão de dirigentes de oposição, liderada por Gerardo Blyde, Leopoldo López e Julio Borges, visitou recentemente Washington e Bruxelas com o objetivo de fortalecer as convergências atuais e alinhar pontos de vista para apresentar na mesa de negociações. A oposição proporá um cronograma de eleições gerais como ponto de partida para legitimar novamente os poderes públicos, sem reconhecimento por boa parte do mundo ocidental desde 2018, sob a convicção de que uma consulta popular honesta será o único parâmetro possível para reconstruir o país. Maduro pede que qualquer acordo com a oposição comece por reconhecer as autoridades constituídas em seu regime. É muito provável que Maduro procure orientar qualquer acordo sobre a realização de eleições presidenciais para 2023.

 

Convergências sem consenso

A nova área de convergência de Bruxelas e Washington em relação à crise venezuelana apresenta matizes importantes. A divisão dentro da Administração de Joe Biden sobre a Venezuela, em particular, e América Latina, em geral, é cada dia mais óbvia. Menos de quatro meses após chegar ao poder, a Casa Branca manifestou em termos contundentes, através de Juan Sebastián González, assessor para o Hemisfério Ocidental no Conselho de Segurança Nacional, e o homem que sussurra no ouvido do presidente em assuntos latino-americanos, que uma mudança de política em relação à Venezuela (e Cuba) não era “prioritária” na agenda internacional do mandatário democrata. Com uma guerra comercial aberta com a China e dando os primeiros passos para tentar salvar o acordo nuclear com o Irã, Washington quer apostar em segurança e não abrir outra frente, de modo que continua mantendo o unilateralismo e as sanções da era Trump.

Na Casa Branca parece existir a determinação de não levantar sanção alguma a Maduro se não existir um compromisso democrático genuíno de sua parte. Ao mesmo tempo, o Departamento de Estado joga o papel que lhe cabe, o da diplomacia, e opta pelo consenso e a negociação, segundo fontes diplomáticas europeias em Washington, ainda que esse acordo deva sempre ser canalizado através da União Europeia. Mas a disposição diplomática de apoio não impede que Blinken chame Nicolás Maduro de “ditador brutal” e afirme que os EUA continuarão reconhecendo o líder oposicionista Juan Guaidó como o presidente da Venezuela.

James Story, embaixador norte-americano na Venezuela lotado em Bogotá, considera que “as sanções são somente um instrumento para forçar a transição à democracia”. “Eu acho que o acordo é factível. A política não é estática, estamos sempre revisando as táticas. Mantemos a pressão das sanções e, principalmente, os mesmos objetivos”, disse ao EL PAÍS.

Em um setor da equipe negociadora da oposição venezuelana há cautela diante do enfoque e os estilos de Josep Borrell, um político a quem consideram em geral pouco comprometido com um restabelecimento genuíno da democracia no país e mais interessado em se ver livre de um problema de enorme complexidade e em forjar um consenso parcial sobre as eleições regionais. Temem que só consiga comprometer vagamente Maduro a organizar eleições que ocorrerão em 2023.

Sendo a Espanha, por razões históricas e culturais, o interlocutor natural da Europa para a América Latina, os políticos venezuelanos acreditam contar com a compreensão de quase todas as nações do Velho Continente, em particular as da Europa oriental, mas alguns estimam que essas impressões passam pelo filtro de Borrell, cuja interpretação matiza o julgamento dos excessos cometidos por Maduro nesses anos em função de uma estratégia que necessariamente precisa ser gradualista e prática. Essa seria a causa pela qual os comunicados do Parlamento Europeu sobre o caso Venezuela costumam ser muito mais enérgicos do que as declarações do próprio Borrell.

“Na Europa não há uma ideia muito fundamentada das implicações e gravidade da ditadura de Maduro, e se sabem não dão muita importância”, comenta um funcionário venezuelano de alto escalão muito próximo ao processo de negociação que preferiu o anonimato. “Os Estados Unidos sabem e se importam. Essa é a diferença”.

 

O tic eleitoral da oposição

O enfoque gradualista liderado por Borrell encontra convergências com Henrique Capriles Radonski, um líder fundamental da oposição venezuelana que questionou Juan Guaidó e sua estratégia nos tempos de Donald Trump, e que lidera uma facção emergente de ativistas independentes dedicados a explorar caminhos diferentes, particularmente, aos de Leopoldo López. Capriles participou do acordo que tornou possível a nomeação dos novos membros do Conselho Nacional Eleitoral, gerido por Maduro. Por vontade própria, entretanto, o líder oposicionista está à margem da equipe negociadora de oposição atual com o chavismo.

As ofertas feitas por Maduro para melhorar o questionado marco eleitoral venezuelano desses anos estão encorajando as bases militantes dos partidos que sustentam o próprio Guaidó. Nos últimos tempos aumentou o número de dirigentes que pretendem participar das eleições regionais de novembro. Esse ânimo revisionista inclui o Vontade Popular, – partido fundado por Leopoldo López, ao qual pertence Guaidó—, o que mostrou até agora a atitude mais combativa contra a hegemonia chavista.

“Nosso grande temor é que essa missão da União Europeia diga o que Maduro quer que se diga”, afirma outro dirigente oposicionista próximo à equipe de Guaidó. “Suspeito que para eles é suficiente eleições regionais medianamente transparentes e deixar esse problema nas mãos de Maduro outra vez. Não se preocupar mais com ele”.

 

Movimentos em Washington e Bruxelas

Na semana passada se reuniram no edifício que tradicionalmente funcionou como residência do embaixador da Venezuela em Washington a subsecretária do Departamento de Estado, Wendy Sherman, e Julio Borges, colaborador próximo a Guaidó e seu homem para os assuntos da Venezuela relacionados com as Relações Exteriores. Em um comunicado posterior ao encontro, a diplomacia norte-americana informou sobre essa reunião e reafirmou que continuaria coordenando “com seus parceiros internacionais e venezuelanos os esforços para atender às necessidades humanitárias do povo venezuelano”.

Borges agradeceu essa pálida ajuda e “a ratificação de seu apoio à democracia na Venezuela”. Julie Chung, com cargo interino dentro da agência dedicada ao Hemisfério Ocidental, se expressou nesse mesmo sentido ao declarar que os Estados Unidos se orgulham “de se associar ao povo venezuelano e com o Governo liderado por Guaidó para apoiar o retorno à democracia na Venezuela”. “Continuaremos trabalhando juntos a uma solução negociada que conduza a eleições presidenciais e parlamentares livres e justas”, concluiu Chung. Mas além de prometer uma maior colaboração com os aliados dos EUA e de apoiar a entrega de mais ajuda humanitária à Venezuela, o Governo de Biden pouco fez para afrouxar a campanha de “pressão máxima” de Trump para derrubar Maduro. Sem dúvida, o comunicado após a reunião de Sherman e Borges estendia pontes e era um gesto por parte da diplomacia norte-americana, que ocorria enquanto vários líderes de oposição visitavam a capital dos EUA, entre os quais se encontravam Leopoldo López, Carlos Vecchio, representante diplomático de Guaidó nos EUA, e um enviado de Henrique Capriles. Biden sabe que se abandonar o pulso firme contra o regime bolivariano se arrisca a uma sublevação na Flórida, berço do exílio venezuelano. No lado europeu, Borrell já deu passos à frente e, apesar das reticências de uma parte de Bruxelas, decidiu enviar à Venezuela na próxima semana uma “missão exploratória” que analisará a situação no local e avaliará as possibilidades de enviar uma missão de observação eleitoral às eleições de novembro. Inicialmente, o envio da primeira missão não provocou o repúdio frontal do Parlamento Europeu, onde o Partido Popular europeu (conservadores) foi o único dos grandes grupos que se opôs. Por outro lado, os liberais do Renew, onde militam os eurodeputados espanhóis do Cidadãos, não se opôs, uma posição que fontes diplomáticas consideram muito significativa. Por sua vez, na Comissão Europeia consideram que a administração Biden não se envolverá profundamente na resolução da crise venezuelana até que não se encerrem as negociações com o Irã para recuperar o pacto de desnuclearização. Um pacto em que a comunidade internacional segue, certamente, o mesmo padrão da nova política em relação à Venezuela: um pedido de certas medidas em troca da retirada de sanções.

 

 

*Por: Alonso Moleiro,Bernardo De Miguel ,Yolanda Monge / EL PAÍS

LONDRES - A tensão entre a União Europeia e o Reino Unido aumentou na 4ª feira (09) depois que Londres indicou estar considerando uma ação unilateral para manter o fluxo livre de suprimentos do Reino Unido para a Irlanda do Norte. As informações são do The Guardian.

Por causa do Brexit, o Reino Unido não segue mais as regras da UE, mas a Irlanda do Norte sim por fazer fronteira terrestre com a República da Irlanda, membro do bloco.

As regras de segurança alimentar da UE não permitem que produtos de carne refrigerada entrem em seu mercado de não-membros, como o Reino Unido. Mas um período de carência de 6 meses está em vigor desde janeiro, onde as regras não se aplicam. Esse prazo termina em 30 de junho.

O vice-presidente da comissão europeia, Maroš Šefčovič, disse que a paciência “estava muito curta” e descreveu a relação com o Reino Unido como “em uma encruzilhada“.

Em meio a temores de que a escalada da crise na Irlanda do Norte se transformasse em uma guerra comercial, David Frost, o ministro britânico responsável pelo Brexit, disse que não houve “nenhum avanço” nas verificações Brexit, mas nenhuma “ruptura” depois de uma reunião de duas horas com Šefčovič em Londres.

Eles concordaram em continuar tentando encontrar uma solução antes de 30 de junho, quando a proibição de Londres para entrada na Irlanda do Norte de carnes resfriadas, incluindo salsichas e carne picada, deve entrar em vigor.

O premiê Boris Johnson disse que não havia crise. “Estou muito otimista em relação a isto. Acho que isso é fácil de fazer“, afirmou, referindo-se a uma questão que foi ouvida há 2 anos nas negociações de fronteira com a Irlanda: evitar uma fronteira na ilha da Irlanda e ao mesmo tempo proteger o comércio dentro do Reino Unido pós-Brexit.

Mas fontes britânicas eram mais incisivas. “Todas as opções permanecem sobre a mesa“, disse um interlocutor sênior próximo às conversas quando questionado sobre a possibilidade da ação unilateral para estender o período de carência para o controle das carnes refrigeradas.

Sobre a perspectiva de retaliação e de uma guerra comercial, a fonte disse: “Sentimos como se já tivéssemos ouvido isso antes. Ninguém quer entrar em uma guerra comercial ou algo próximo a ela, obviamente“.

Em coletiva de imprensa em Londres, Šefčovič expressou repetidamente frustração com as promessas quebradas do Reino Unido de implementar o protocolo da Irlanda do Norte: “Se o Reino Unido tomar novas medidas unilaterais nas próximas semanas, não seremos tímidos em reagir de forma rápida, firme e resoluta“.

Perguntado sobre quais medidas poderia tomar, citou ação legal, arbitragem ou outras medidas de retaliação, incluindo tarifas direcionadas, mas afirmou que não quer que isso aconteça: “Não é tarde demais. Vamos corrigir o caminho“.

 

 

*Por: Poder360

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