BRASÍLIA/DF - Diagnóstico publicado nesta terça-feira (29) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela distorções do sistema tributário brasileiro que permitem que os contribuintes mais ricos paguem proporcionalmente menos impostos do que pessoas com rendimentos menores, como os trabalhadores assalariados.
De acordo com estudo assinado pelo economista Sérgio Wulff Gobetti, pesquisador de carreira do Ipea, “os rendimentos do capital são, em geral, menos tributados que os do trabalho", e "os mais ricos têm uma maior proporção de suas rendas relacionadas à remuneração do capital, disto resulta uma incidência do imposto de renda pouco progressiva ou até regressiva no topo da pirâmide.”
A análise considera o Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas (IRPF), o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social do Lucro Líquido (CSLL). Os dados são da Receita Federal do Brasil.
Aproximadamente 800 mil contribuintes com renda média de R$ 449 mil por ano pagam no máximo 14,2% de alíquota, o mesmo percentual usado para calcular o Imposto de Renda devido por uma pessoa assalariada que receba R$ 6 mil de vencimentos.
A alíquota de 14,2% é o ponto máximo de tributação entre os contribuintes mais ricos. A partir daí, cessa a progressividade da cobrança de impostos e contribuições, e as alíquotas diminuem paulatinamente à medida que os rendimentos dos declarantes aumentam.
Quando a renda média anual é de R$ 1,053 milhão, valor obtido por 1% dos contribuintes mais ricos (1,536 milhão de pessoas), a alíquota cai para 13,6%. Se a renda média anual sobe para R$ 5,295 milhões (obtida por 153 mil pessoas, 0,1% dos declarantes), a proporção de Imposto de Renda a pagar desce para 13,2%. Se a renda média anual alcança R$ 26,036 milhões (obtida pouco mais de 15 mil pessoas, 0,01% dos declarantes) a alíquota chega a 12,9%.
Na parcela de 0,01% dos declarantes mais ricos, 81% da renda procedem de ganhos de capital, lucro e juros ou de atividade rural. Entre os declarantes que foram o estrato de 0,1% mais rico, 77% da renda advêm dessas fontes. Entre os 1% mais ricos, 66% da renda são obtidos por esses meios.
“A renda acumulada pelo 1% mais rico também é um bom indicador de concentração e, no caso brasileiro, atingiu aproximadamente 23,6% da renda disponível bruta das famílias em 2022”, assinala o estudo.
A regressividade na proporção de imposto a ser recolhido pelos estratos mais ricos da sociedade brasileira “é reflexo de inúmeras distorções e privilégios perpetuados no sistema tributário brasileiro”, descreve Gobetti nas conclusões de sua análise.
Para o economista, entre as disfunções do sistema tributário nacional “destacam-se não só a isenção sobre lucros e dividendos distribuídos a pessoas físicas (caso raro no mundo atual) como também os benefícios inerentes aos regimes especiais de tributação e as brechas existentes no regime de lucro real, que tornam a tributação do lucro das empresas brasileiras tão díspar entre diferentes corporações e setores econômicos.”
Sérgio Gobetti avalia que o país tem um sistema tributário “que premia os empresários que adotem mais estratagemas de planejamento tributário ou simplesmente restrinjam a escala de seus negócios aos limites dos regimes especiais, como no caso brasileiro, [o que] gera vantagens comparativas que nada têm a ver com a atividade econômica em si.”
Os benefícios concedidos às empresas têm efeitos fiscais e oneram as contas públicas. A estimativa do Ipea é que cerca de R$ 180 bilhões deixaram de ser recolhidos entre 2015 e 2019 pelas empresas que optaram pelos regimes de tributação Simples e de Lucro Presumido.
Considerada a inflação, o valor atualizado seria de R$ 300 bilhões. As empresas que pagam imposto por aqueles regimes especiais arrecadaram apenas 25% do que pagariam caso fossem recolher tributos conforme o lucro real.
O estudo Progressividade Tributária: Diagnóstico para uma Proposta de Reforma foi publicado como nota técnica da Carta de Conjuntura disponível no site do Ipea.
Para o autor, “é fundamental”, no debate público, “mostrar que a falta de equidade com que a renda em geral (e o lucro das empresas, em particular) é tributada tem consequências negativas não só sobre a justiça fiscal, mas também sobre a eficiência econômica.”
A regulamentação da reforma tributária em discussão no Congresso Nacional poderá reverter a regressividade de impostos e contribuições. Na semana passada, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ) aprovou um plano de trabalho para avaliar o projeto de lei que regulamenta a reforma tributária.
AGÊNCIA BRASIL
BRASÍLIA/DF - O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que mede a prévia da inflação oficial, ficou em 0,54% em outubro deste ano. A taxa é superior às observadas nas prévias de setembro deste ano (0,13%) e de outubro do ano passado (0,21%).
Segundo dados divulgados nesta quinta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA-15 acumula taxa de 3,71% no ano. Em 12 meses, a taxa acumulada chega a 4,47%, acima dos 4,12% apurados na prévia de setembro.
Na prévia de outubro, a alta do IPCA-15 foi puxada principalmente pelo grupo de despesas habitação, que teve inflação de de 1,72%, puxado principalmente pelo aumento de 5,29% na energia elétrica residencial. O motivo é a vigência da bandeira tarifária vermelha patamar 2, a partir de 1º de outubro.
Os alimentos também tiveram impacto importante na taxa do IPCA-15, com um aumento de preços de 0,87%, devido a altas de produtos como do contrafilé (5,42%), do café moído (4,58%) e do leite longa vida (2%), além da alimentação fora do domicílio (0,66%).
Outros grupos de despesa com alta de preços foram saúde e cuidados pessoais (0,49%), despesas pessoais (0,35%), comunicação (0,40%), artigos de residência (0,41%), vestuário (0,43%) e educação (0,05%).
Apenas o grupo de despesas transportes apresentou deflação (queda de preços), de 0,33%. O resultado foi influenciado principalmente pelas passagens aéreas (-11,40%), ônibus urbano (-2,49%), trem (-1,59%) e metrô (-1,28%).
AGÊNCIA BRASIL
Levantamento do IEMB-Acirp mostra que quase um em cada três ribeirão-pretanos não conseguiu quitar as dívidas no primeiro semestre de 2024
RIBEIRÃO PRETO/SP - Cerca de um terço da população de Ribeirão Preto (29,65%) ficou inadimplente no primeiro semestre de 2024. De acordo com levantamento feito pela Associação Comercial e Industrial da cidade (Acirp), o índice representa um crescimento de 3% em relação ao semestre anterior e de 2,55% no comparativo com o mesmo período de 2023.
Os cálculos são do Instituto de Economia Maurílio Biagi da Acirp (IEMB - Acirp) e tomam como base dados da Equifax Boa Vista.
“O total de indivíduos sem condições para quitar suas dívidas já é o maior em 2 anos, desde que a pesquisa foi iniciada pelo instituto”, afirma Lucas Ribeiro, analista do IEMB-Acirp.
Os pesquisadores destacam que o cartão de crédito ainda é o principal responsável pelo elevado endividamento. “As principais dívidas contraídas nesse modo de pagamento são compras em supermercados (alimentos), produtos (roupas, calçados, eletrodoméstico, entre outros), medicamentos, alimentos por delivery e gastos com transporte (combustível)”, destaca Ribeiro.
Em Ribeirão, as projeções mostram que 75% dos inadimplentes financiam a maior parte de suas dívidas mensais com o cartão de crédito, sendo que 53% recorrem ao rotativo nessa modalidade.
Em relação ao perfil de inadimplência, 46,24% dos devedores são mulheres e 45,5% são homens (outros 8,26% não tiveram informações de gênero divulgadas). O perfil etário está concentrado entre os 25 a 49 anos.
Entre os fatores que influenciam o elevado nível de inadimplência na cidade, aponta-se o desemprego, a desvalorização do salário médio e a inflação. Segundo o levantamento do IEMB, 56% dos inadimplentes encontravam-se desocupados, de modo que a ausência de renda fragilizou a capacidade de pagamento desses indivíduos.
“Ademais, verificou-se que nos últimos anos houve uma redução de 10% no salário médio do ribeirão-pretano, fator que unido à inflação crescente dos alimentos no 1° semestre de 2024, gerou uma fragilidade na capacidade de pagamento”, diz o analista.
A inflação acumulada nos itens da cesta básica alimentar em Ribeirão registrou uma alta expressiva de 7,16% entre janeiro e junho de 2024 - o dado é mensurado por meio do Índice de Inflação dos Alimentos, divulgado mensalmente pelo IEMB Acirp.
De acordo com a Entidade, manutenção da taxa básica de juros reflete conjuntura deteriorada, com câmbio desvalorizado, preços começando a subir e dúvidas sobre capacidade de contenção de gastos públicos
SÃO PAULO/SP - Não havia margem para outra decisão. A manutenção da taxa básica de juros do País, a Selic, em 10,5%, definida nesta quarta-feira (31) pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (Bacen), nada mais é do que reflexo de uma conjuntura marcada pelo câmbio pressionado, pela inflação em nova aceleração e pelas incertezas do cenário fiscal.
Levando tudo isso em conta, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) entende que o comitê acertou na manutenção da Selic no patamar atual.
Em primeiro lugar, o dólar disparou desde meados de junho, quando houve a última reunião do grupo. Hoje, a moeda norte-americana está em torno de R$ 5,65, enquanto estava R$ 5,35 há algumas semanas. A desvalorização cambial afeta os preços dos importados, bem como joga peso sobre a inflação interna.
Esta, por sua vez, parecia ter arrefecido em junho — tanto nos dados gerais quanto no setor de Serviços, que preocupava o mercado desde o início do ano. No entanto, o último relatório do IPCA-15, na metade do mês, mostrou que os preços desse setor voltaram a acelerar (0,58%) após se manterem praticamente estáveis no período anterior (0,05%). Com isso, o índice cheio atingiu 0,3%, acima das expectativas do mercado.
A consequência já tinha sido prevista no boletim Focus, o principal termômetro do mercado brasileiro, que, agora, projeta um IPCA de 4,1% ao fim do ano. Há um mês, essa taxa marcava 4%. Até mesmo as expectativas para 2025 são de elevação (de 3,87%, no começo de julho, para 3,96%, agora). É o que os economistas chamam de desancoragem — ou, dito de forma mais clara, a sensação de que há uma situação de possível perda de controle da inflação.
Contudo, na visão da FecomercioSP, o que mais balizou a decisão do Copom foi o cenário fiscal, que permanece bastante incerto. O dado mais relevante disso está no déficit nominal (que inclui pagamento de juros), hoje na casa dos 10% do Produto Interno Bruto (PIB). É quase o recorde histórico do País. Além disso, o déficit primário está, agora, na casa dos 2,44% do PIB, ou seja, muito longe da meta estabelecida pelo arcabouço fiscal. Por fim, as dívidas líquida e bruta estão em alta (62,2% e 77,8% do PIB, respectivamente), o que também gera preocupações.
Diante de tudo isso, a Federação entende que a decisão do comitê não é mais do que cautelosa, como o momento exige. Agora, seria um erro baixar um pouco mais a Selic — pelo contrário, o contexto pode indicar até uma medida mais dura, com elevação tímida dos juros. O que pode mudar o quadro é um posicionamento fiscal mais claro do governo.
SÃO PAULO/SP - A inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), desacelerou a 0,21% em junho, após marcar 0,46% em maio, apontam dados divulgados nesta quarta-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O novo resultado veio abaixo da mediana das expectativas do mercado financeiro. Segundo pesquisa da agência Reuters, a projeção era de taxa de 0,32% em junho.
Em 12 meses, porém, o IPCA ganhou força e passou a acumular inflação de 4,23%, conforme o IBGE. Nesse recorte, a alta dos preços era de 3,93% até maio.
ALIMENTOS AINDA PRESSIONAM, E PASSAGEM AÉREA CAI
Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados, 7 tiveram avanço no recorte mensal de junho. O segmento de alimentação e bebidas desacelerou de 0,62% em maio para 0,44% no mês passado.
Ainda assim, exerceu o maior impacto no IPCA: 0,10 ponto percentual. Em outras palavras, apesar da trégua, os alimentos seguem pressionando o índice.
O grupo dos transportes, por outro lado, registrou queda de 0,19% em junho, após subir 0,44% em maio. Foi a principal contribuição para reduzir o IPCA, com impacto de -0,04 ponto percentual.
Dentro dos transportes, houve influência da baixa dos preços da passagem aérea (-9,88%). O bilhete de avião exerceu o principal impacto individual do lado das quedas no IPCA (-0,06 ponto percentual).
André Almeida, gerente da pesquisa do IBGE, indicou que, no caso da passagem, houve uma espécie de devolução da alta de 5,91% que havia sido verificada em maio.
"A gente teve, em maio, alguns feriados, como Corpus Christi. No mês de junho, os preços caíram mesmo. É reflexo da dinâmica de mercado", afirmou.
EXPECTATIVAS E META DE INFLAÇÃO
Nas últimas semanas, as expectativas para o IPCA em 2024 subiram em meio a fatores como a escalada do dólar e os reflexos das enchentes no Rio Grande do Sul.
A catástrofe climática devastou plantações e prejudicou o escoamento de mercadorias no estado, que é o principal produtor de arroz no Brasil.
Analistas do mercado financeiro projetam IPCA de 4,02% no acumulado de 2024, de acordo com a edição mais recente do boletim Focus, divulgada na segunda (8) pelo BC (Banco Central). A estimativa aumentou pela nona semana consecutiva.
Outro possível fator de pressão sobre o índice oficial é o reajuste dos preços da gasolina e do gás de cozinha anunciado nesta semana pela Petrobras.
O centro da meta de inflação perseguida pelo BC é de 3% neste ano. A tolerância é de 1,5 ponto percentual para menos ou para mais.
Isso significa que a meta será cumprida se o IPCA ficar no intervalo de 1,5% (piso) a 4,5% (teto) no acumulado de 12 meses até dezembro.
Por ora, apesar do aumento das previsões, a maioria dos analistas projeta inflação abaixo do teto em 2024.
EUA - A inflação acumulada em 12 meses nos Estados Unidos caiu mais do que o esperado em maio, a 3,3%, frente a 3,4% no mês anterior, um alívio após a recuperação do início do ano, segundo o índice de preços ao consumidor (IPC) publicado nesta quarta-feira (12).
Os dados do Departamento do Trabalho mostram que na comparação mensal, em maio os preços se mantiveram estáveis em relação ao mês anterior, frente ao avanço de 0,3% registrado de abril sobre março.
O relatório é melhor do que o esperado pelos analistas, que estimavam 0,1% de inflação mensal e 3,4% de aumento nos preços em relação ao mesmo período do ano passado, segundo um consenso reunido pelo Market Watch.
Os preços da energia caíram, sobretudo o da gasolina. Mas os da habitação e dos restaurantes continuaram subindo.
A inflação subjacente, que exclui os dados mais voláteis de alimentação e energia, também se comportou melhor do que o esperado, chegando a 0,2% na medição mensal, em relação a 0,3% de abril sobre março. Mais importante ainda, chegou a 3,4% em 12 meses em maio, em comparação com os 3,7% interanuais em abril.
Os resultados também são melhores que o estimado pelo mercado, que esperava dados de 0,3% e 3,5% respectivamente.
Em abril, a inflação mudou de tendência, com viés de baixa, pela primeira vez desde janeiro.
"As pressões sobre os preços permanecem elevadas, mas mostraram uma moderação bem-vinda no mês passado", resumiu Rubeela Farooqi, economista-chefe da High Frequency Economics.
Wall Street reagiu positivamente aos dados da inflação, abrindo em forte alta nesta quarta e fechando com recordes no caso do Nasdaq e S&P 500.
O índice Dow Jones fechou em baixa de 0,09%. Já o tecnológico Nasdaq subiu 1,53% e o S&P 500, 0,85%.
"Os preços ainda estão muito altos, mas o relatório publicado hoje mostra progressos encorajadores na redução da inflação", comemorou o presidente Joe Biden, que busca a reeleição em novembro, em um comunicado.
- A decisão do Fed -
O dado não foi suficiente para que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) mudasse seu discurso de cautela perante a inflação.
Como era esperado, o Fed manteve suas taxas de juros de referência na faixa de 5,25% a 5,50%, e seus diretores sinalizam para um único corte nas taxas de juros este ano.
Ao final de sua reunião de dois dias, o Comitê de Política Monetária (FOMC) também revisou para cima sua previsão de inflação nos Estados Unidos tanto para 2024 quanto para 2025, para 2,6% e 2,3% respectivamente, e deu conta de "progressos adicionais modestos" rumo à sua meta de inflação de 2% a longo prazo.
Os membros do organismo votaram por unanimidade pela manutenção das taxas de juros em seus níveis mais altos em mais de duas décadas.
As autoridades do FOMC esperam um único corte nas taxas de juros, de apenas 0,25 ponto percentual, até o fim do ano.
Antes da reunião, os operadores apontavam majoritariamente para duas reduções dos juros em 2024, segundo previsões do CME Group.
O Fed aumentou as taxas de juros para combater a inflação: ao elevá-las, o crédito fica mais caro e isso desestimula o consumo e o investimento, arrefece a economia e limita as pressões sobre os preços.
O presidente do Fed, Jerome Powell, disse que a instituição está preparada para manter suas taxas de juros altas até que a inflação se modere por vários meses.
A meta do Fed é de uma inflação de 2% ao ano no longo prazo, um nível considerável sadio para a economia.
O índice de inflação PCE, o mais seguido pelo Fed, permaneceu estável na medição de 12 meses em abril, em 2,7%.
Os dados de maio serão divulgados no final de junho.
WASHINGTON - A inflação nos Estados Unidos aumentou moderadamente em março, mas é improvável que isso altere as expectativas dos mercados financeiros de que o Federal Reserve adiará o corte na taxa de juros até setembro.
O índice PCE de preços subiu 0,3% no mês passado, informou o Departamento de Comércio nesta sexta-feira. Os dados de fevereiro não foram revisados e mostram um aumento de 0,3% do PCE.
Nos 12 meses até março, a inflação aumentou 2,7%, depois de avançar 2,5% em fevereiro. Economistas consultados pela Reuters previam que o índice subiria 0,3% no mês e 2,6% na base anual.
O índice de preços PCE é uma das medidas de inflação monitoradas pelo banco central dos EUA para sua meta de 2%. Leituras mensais de inflação de 0,2% ao longo do tempo são necessárias para levar a inflação de volta à meta.
Havia temores de que a inflação pudesse exceder as previsões em março, depois que o relatório do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, na quinta-feira, mostrou que a maior pressão dos preços em um ano, impulsionada pelo aumento dos custos de serviços, especialmente transporte, serviços financeiros e seguros. Isso mais do que compensou a queda nos preços de bens.
A maior parte do ressurgimento da inflação parece ter ocorrido nos dois primeiros meses do ano.
As autoridades do Fed devem manter os juros na próxima semana. O banco central tem mantido sua taxa de juros de referência na faixa de 5,25% a 5,50% desde julho, após aumentos totais de 525 pontos-base desde março de 2022.
Inicialmente, os mercados financeiros esperavam que o primeiro corte viria em março, o que foi adiado para junho e agora para setembro, já que os dados sobre o mercado de trabalho e a inflação continuaram a surpreender positivamente este ano.
Reportagem de Lucia Mutikani / REUTERS
ARGENTINA - O índice de preços ao consumidor da Argentina avançou 11,0% em março, na comparação com fevereiro, informou na sexta-feira, 12, o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec). Na comparação anual, houve avanço de 287,9%.
Na leitura mensal, a inflação no país foi puxada pelos custos com educação, de longe o maior avanço, de 52,7%. Em seguida aparecem comunicação (15,9%) e outros itens, como gastos com moradia, transportes, bebidas alcoólicas e tabaco e saúde.
No acumulado de janeiro a março, a inflação ao consumidor no país está em 51,6%.
POR ESTADAO CONTEUDO
ARGENTINA - O Fundo Monetário Internacional disse que a inflação da Argentina está caindo mais rapidamente do que o previsto e outros indicadores econômicos continuam a melhorar, com ambas as partes permanecendo engajadas no contexto do atual programa de 44 bilhões de dólares.
"A inflação está caindo mais rapidamente do que o previsto e os indicadores de mercado, como o gap (de câmbio) e os spreads soberanos, continuam a melhorar", disse a porta-voz do FMI, Julie Kozack, em uma coletiva de imprensa programada.
Reportagem de Rodrigo Campos e Libby George / REUTERS
CHINA - A China estabeleceu nesta terça-feira (5) uma meta de crescimento de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2024, um dos níveis mais modestos em décadas, mas difícil de alcançar diante da lenta recuperação pós-covid da segunda maior economia mundial.
O país também anunciou um aumento de 7,2%, a 1,66 trilhão de yuanes (231,4 bilhões de dólares, 1,14 trilhão de reais), do orçamento militar, o segundo maior do planeta, atrás apenas dos Estados Unidos.
A meta econômica para este ano foi anunciada pelo primeiro-ministro Li Qiang na abertura da sessão anual da Assembleia Popular Nacional (APN), o Parlamento chinês, em Pequim.
O objetivo segue o ritmo de expansão do PIB no ano passado, de 5,2%, mas está longe do ritmo de crescimento dinâmico da economia chinesa nas décadas de 1990 e 2000
"Não será fácil alcançar a meta", admitiu Li Qiang. "Devemos, portanto, manter o rumo de nossa política, trabalhar mais duro e mobilizar esforços coordenados de todas as partes", acrescentou.
Em um cenário de crise imobiliária, taxa de desemprego elevada entre os jovens e desaceleração econômica mundial que afeta as exportações chinesas, este "é um objetivo ambicioso", disse Wang Tao, economista-chefe para a China do banco UBS.
"O mercado imobiliário continua em queda e ainda não atingiu o fundo, o que representa uma pressão de baixa para a economia", acrescentou a analista.
"Isto terá um impacto negativo nas finanças e nos gastos dos governos locais, assim como na renda e consumo das famílias", destacou.
- Evitar um resgate -
No ano passado, a grande reunião política da China se concentrou na posse para um inédito terceiro mandato do presidente Xi Jinping, que está no poder desde 2012.
A reunião parlamentar de 2024, no entanto, tem as atenções voltadas para as dificuldades da segunda maior economia mundial, após três anos de isolamento e restrições motivadas pela covid.
Os investidores desejam que o governo adote ações firmes para estimular a economia, mas Pequim reluta em implementar um grande resgate financeiro devido ao temor de comprometer os fragilizados cofres públicos.
No relatório de atividade publicado nesta terça-feira, o governo promete "continuar com o progresso e garantir a estabilidade" da economia em 2024.
Também anuncia a redução das taxas alfandegárias nas importações de alguns produtos tecnológicos e prometeu "abrir novos caminhos para o comércio exterior".
"A chave é estabilizar o setor imobiliário", disse Larry Hu, economista-chefe para a China do banco de investimentos Macquarie Group.
"Mas é necessária uma política fiscal mais expansionista para estimular o crescimento por meio de cortes fiscais", acrescentou.
- Aposta na segurança -
As autoridades comunistas anunciaram o reforço da defesa e segurança, com um aumento de 7,2% dos gastos militares em um momento de tensões geopolíticas na região sobre Taiwan ou por disputas territoriais no Mar da China Meridional.
O primeiro-ministro Li afirmou que se opõe "resolutamente às atividades separatistas que visam a independência de Taiwan", uma ilha autônoma que Pequim considera parte do seu território.
Analistas consideram que entre o estímulo econômico e a segurança, o governo chinês opta pela segunda opção.
No ano passado, as autoridades endureceram uma lei que amplia a definição de espionagem e executaram operações de busca nos escritórios de várias empresas estrangeiras de consultoria, pesquisa e auditoria.
Antes da sessão parlamentar, a APN aprovou uma ampla revisão da lei dos segredos de Estado, um "sinal claro da importância da segurança na agenda do governo par este ano", declarou à AFP Diana Choyleva, economista-chefe da Enodo Economics
Ho-fung Hun, professor de Economia Política da Johns Hopkins University, também prevê um aumento das "medidas de segurança nacional em todas as frentes".
"Não vai ajudar a economia, mas pode ajudar o partido-Estado a suportar a tempestade da crise econômica", disse.
Nas ruas de Pequim, um grande dispositivo de segurança recebeu os milhares de deputados que participam esta semana nas chamadas "Duas Sessões", a reunião da APN e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC).
A maioria das decisões que devem ser adotadas nas reuniões já foram definidas há algumas semanas, em encontros privados do Partido Comunista.
Os temas em discussão e o tom dos discursos, no entanto, oferecem uma oportunidade de conhecer o que estão pensando as autoridades chinesas.
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