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FRANÇA - Os agricultores e pecuaristas da Europa estão "pessimistas e indignados", afirma a representante da principal associação desse segmento.

Christiane Lambert, presidente da Copa-Cogeca, uma associação de fazendeiros da Europa, disse que houve protestos em 25 dos 27 estados europeus.

Essa associação representa 10 milhões de agricultores em todo o bloco europeu, alguns dos quais paralisaram as capitais e entraram em confronto com a polícia.

"Em 2020 tivemos a crise da covid. Depois os preços da energia simplesmente explodiram – esses preços são muito importantes para a agropecuária", disse a suinocultora francesa a uma comissão do Parlamento Europeu.

"Depois, a guerra da Rússia contra a Ucrânia também causou um certo número de dificuldades nos fluxos comerciais, assim como perturbações nos mercados quando se trata de aves, ovos, grãos, petróleo – tudo isso tem sido muito importante."

A agricultura representa apenas 1,4% do PIB da UE, mas tem uma influência política descomunal – especialmente quando os tratores obstruem rotas vitais e as eleições para o Parlamento Europeu estão marcadas para maio.

Os agricultores dizem que estão sobrecarregados com a burocracia e são injustamente penalizados à medida que a UE procura reduzir as emissões de carbono e avançar para um futuro "mais verde", conhecido como Acordo Verde.

A Comissão Europeia, o braço executivo da UE, quer reduzir as emissões com base nos níveis de 2015 em 90% até 2040.

Os protestos agrícolas já tiveram sucesso na anulação de alguns planos da UE, com a Comissão Europeia abandonando uma proposta para reduzir para metade o uso de pesticidas.

Laura Demurtas é responsável pelas relações externas no Club Demeter, um grupo de reflexão sobre segurança alimentar com sede em Paris, que também representa empresas da indústria alimentícia.

"A União Europeia quer ser a líder na transição verde", disse ela à BBC, acrescentando que atualmente os agricultores são tratados como o "principal problema".

"E quanto aos consumidores e supermercados e seu papel?"

Mas essa não é a única fonte de tensão.

"O preço dos produtos é sempre definido pelo empresário que os compra, e então eles podem comprar de outros países que não seguem as mesmas restrições que nós", disse à Reuters o agricultor espanhol Joan Mata, de 22 anos, em um protesto recente. perto de Barcelona.

Os agricultores da Polônia e da Hungria também se queixam que a UE não estaria fazendo o suficiente para travar as importações de alimentos baratos provenientes da Ucrânia.

Na cidade de Poznan, no oeste da Polônia, os agricultores compareceram em grande número em um protesto no início deste mês, conduzindo tratores pela cidade.

Szymon Kosmalski, um agricultor de 39 anos, culpou os produtos importados pela redução dos preços a um nível que não lhe permite cobrir os custos de produção.

A Ucrânia era o quarto maior produtor mundial de cereais antes da invasão russa em 2022. Para ajudar o país, a UE retirou as tarifas sobre as importações – para preocupação dos produtores locais.

"As mercadorias entram sem controle. Somos absolutamente contra isso e defendemos um retorno imediato às taxas alfandegárias que existiam antes da guerra e o controle do que entra", disse Kosmalski à Reuters.

O ressentimento também decorre de acordos de comércio livre com países fora da UE, como um acordo com o bloco Mercosul que compreende Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.

Os agricultores da UE afirmam que esses países utilizam hormônios de crescimento, antibióticos e pesticidas proibidos na União Europeia.

 

Todos os olhos voltados para Delhi

Na Índia, os problemas dos agricultores são diferentes, embora eles também digam que são prejudicados pelos elevados custos dos fatores de produção.

Eles pedem preços mínimos garantidos para vender seus produtos em mercados atacadistas controlados pelo governo.

Os produtores também exigem que o governo cumpra a sua promessa de duplicar os rendimentos agrícolas.

Quando o governo do primeiro-ministro Narendra Modi tentou reformar o setor em 2020, um acampamento de agricultores foi montado nos arredores da capital, o que forçou o governo a recuar.

Essa última onda de protestos agrícolas ocorre poucos meses antes das próximas eleições gerais, nas quais o primeiro-ministro Modi deverá ganhar um terceiro mandato.

Grupos políticos estão tentando capitalizar os protestos dos agricultores e promover as suas próprias agendas políticas, afirma Patrick Schröder, pesquisador da Chatham House, com sede em Londres.

"Na Alemanha, é a AfD, de extrema direita, mas felizmente a associação de agricultores alemã se distanciou dos grupos de extrema direita", disse ele à BBC.

"Agora também vemos negacionistas do clima se envolvendo em campanhas nas redes sociais relacionadas com os slogans 'sem agricultores não há comida'."

No entanto, Demurtas é mais cética em relação aos diferentes grupos políticos que tentam "cooptar" os protestos agrícolas europeus.

"O protesto começou na Alemanha e depois na França", disse ela. "É um círculo de solidariedade entre agricultores que já estão fartos."

"A extrema direita quer retroceder 10 ou 20 anos, mas essa não é a solução. Temos um planeta, temos que nos unir."

 

 

Luis Barrucho e Aine Gallagher - BBC World Service

ARGENTINA - O segundo dia de protestos contra as reformas liberais de Javier Milei na Argentina teve novos confrontos entre policiais e manifestantes. Os agentes usaram balas de borracha, cassetetes, spray de pimenta e motocicletas para evitar que o grupo bloqueasse as ruas ao redor do Congresso Nacional.

É ali dentro que deputados discutem a chamada "lei ônibus" desde quarta-feira (31), em longas sessões que devem se estender pelo menos até esta sexta (2). Isso porque o plenário precisa votar o projeto em geral e depois discutir artigo por artigo para chegar ao texto final, que originalmente tinha 664 pontos e agora já tem menos de 400.

O clima voltou a esquentar na tarde desta quinta (1º), quando organizações sociais e de esquerda, assim como pessoas sem ligação com nenhum grupo, ocuparam novamente a praça em frente ao Legislativo.

O tumulto começou com um pequeno confronto por volta das 18h. Uma fileira de policiais usou escudos contra pessoas que estavam em cima da calçada, mas a situação logo se estabilizou. Momentos depois, porém, um grande efetivo de agentes federais desembarcou em caminhões em frente ao edifício, o que elevou a tensão.

Nos primeiros dias de seu mandato, em dezembro, Milei instituiu um novo protocolo com tolerância zero contra o fechamento de vias por manifestantes, os chamados piquetes, criticados por parte da população. O protocolo inclui o uso de forças federais para romper o método de protesto utilizado por organizações sociais.

Os policiais então formaram fileiras na intenção de retirar manifestantes que bloqueavam uma das ruas na lateral da praça. Houve vários focos de confronto nas duas horas que se seguiram, com os policiais usando escudos, cassetetes e spray de pimenta e os manifestantes reagindo com cabos de bandeiras e garrafas de água.

No primeiro dia de protestos, parte dos manifestantes que ocupavam a mesma praça em frente ao Congresso já haviam fechado pistas de avenidas próximas.

A Folha de S.Paulo presenciou na quarta a detenção de pelo menos um homem, que ficou imobilizado de costas no chão por agentes federais por alguns minutos. Também avistou um policial deixar a multidão mancando, apoiando-se em colegas.

Um apoiador de Milei e um jornalista do canal LN+, do mesmo grupo do jornal La Nacion, foram agredidos por dois manifestantes. O primeiro levou um soco, e o segundo, uma cuspida, registradas em vídeos.

Outras quatro mulheres foram detidas e liberadas na manhã desta quinta (1º). Em vídeos nas redes sociais, elas contaram que não se conheciam: "Passamos 12 horas presas por cantar o hino nacional pacificamente sentadas em frente ao Congresso", disse a militante Ivanna Bunge.

 

 

POR FOLHAPRESS

ISRAEL - Manifestantes realizaram nesta quarta-feira protestos contrários a Israel, alguns deles violentos, em todo o Oriente Médio, para expressar raiva pela explosão que matou centenas de palestinos no incidente mais mortal da guerra Israel-Hamas em Gaza até agora.

As forças israelenses mataram a tiros dois adolescentes palestinos perto de Ramallah, na Cisjordânia, durante protestos contra a explosão de terça-feira em um hospital de Gaza, disseram autoridades palestinas.

No Líbano, as forças de segurança dispararam gás lacrimogêneo e canhões de água contra manifestantes que atiravam projéteis, enquanto um protesto perto da embaixada dos EUA ao norte de Beirute se tornava violento, mostraram imagens da emissora libanesa al-Jadeed.

"A América é o diabo, o verdadeiro diabo, porque apoiou Israel, e então todo o mundo fica cego. Você não vê o que aconteceu ontem?" disse o manifestante libanês Mohammed Taher.

Autoridades palestinas culparam um ataque aéreo israelense pela explosão de terça-feira no território sitiado. Israel disse que a explosão foi causada por um lançamento fracassado de foguete pelo grupo militante Jihad Islâmica Palestina, que negou a culpa.

O derramamento de sangue enfureceu uma região em crise desde que o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, realizou um ataque contra comunidades no sul de Israel em 7 de outubro, no qual 1.400 pessoas foram mortas e outras foram feitas reféns. Mais de 3.000 palestinos foram mortos em bombardeios de retaliação, dizem as autoridades de saúde de Gaza.

Marchas patrocinadas pelo Estado foram realizadas em todo o Irã, que apoia o Hamas e é inimigo declarado de Israel, com manifestantes carregando faixas que diziam "Morte à América" e "Morte a Israel".

“Cada gota de sangue dos palestinos mortos nesta guerra aproxima o regime sionista (Israel) da sua queda”, disse o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, em discurso televisionado.

No Iraque, cerca de 300 apoiadores de grupos de milícias xiitas bancados pelo Irã protestaram perto de uma ponte que leva à Zona Verde fortificada, uma região de Bagdá onde fica a sede da embaixada dos EUA e de outras missões estrangeiras.

“Os americanos devem saber que o seu apoio ao terrorista Israel irá trazer derrota e devastação”, disse o membro da milícia Said Ali Akbar, agitando uma bandeira palestina.

Em Amã, a tropa de choque da polícia dispersou milhares de manifestantes jordanianos que planejavam marchar contra a fortificada embaixada de Israel. Vários policiais ficaram feridos em confrontos com manifestantes que incendiaram propriedades perto da embaixada israelense, afirmou a polícia.

“Nenhuma embaixada sionista em terras árabes”, gritavam os manifestantes na capital jordaniana após as orações do meio-dia.

 

 

por Reuters

JERUSALÉM - O governo israelense pode repensar sua campanha polarizadora para reformar o Judiciário se houver uma grande escalada nos protestos, disse um ministro na quarta-feira.

Com uma emenda contestada que limitaria os poderes da Suprema Corte marcada para ratificação no próximo domingo e segunda-feira, os protestos se intensificaram e agora incluem alguns reservistas da Força Aérea que se recusam a se apresentar para o serviço - um possível abalo na segurança de Israel enquanto as frentes palestina e libanesa fervem.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, por telefone na segunda-feira, que o projeto de lei seria aprovado conforme planejado, mas que ele buscaria "amplo consenso" para quaisquer reformas adicionais, disse o conselheiro de segurança nacional de Israel, Tzachi Hanegbi.

Próximo de Netanyahu, o ministro da Cultura, Miki Zohar, ofereceu um raro reconhecimento do impacto das manifestações de seis meses, que surgiram em março depois que o primeiro-ministro demitiu o ministro da Defesa de Israel por expressar abertamente preocupação com o impacto sobre os militares.

Netanyahu recuou na saída de Yoav Gallant e suspendeu a legislação para permitir negociações de compromisso com a oposição. Ele declarou isso infrutífero no mês passado e retomou o projeto de lei que limita os poderes da Suprema Corte em anular algumas decisões do governo.

"Se as manifestações atingirem uma escala que foi vista..., entenderemos que as coisas foram longe demais", disse Zohar à rádio Kan.

Não ficou claro, no entanto, se isso poderia ocorrer.

Os defensores da mudança buscada pela coalizão religioso-nacionalista de Netanyahu dizem que a Suprema Corte se tornou muito intervencionista e que a medida facilitará a governança eficaz.

Os opositores dizem que isso enfraquecerá a Suprema Corte, que - em um país que não tem constituição e um parlamento de uma câmara dominado pelo governo - tem um papel vital na proteção dos direitos e liberdades civis.

 

 

por Por Dan Williams / REUTERS

ANGOLA - O plenário da Assembleia Nacional de Angola reuniu-se para debater a proposta de lei sobre o estatuto dos antigos Presidentes da República, o Novo Código Laboral e a violência policial nos protestos contra o aumento do preço da gasolina.

Os deputados deram luz verde à nova legislação laboral e aprovaram, na generalidade, o estatuto sobre as regalias de antigos chefes de Estado, que prevê, por exemplo, o fim das escoltas permanentes. Mas o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) travou uma proposta do maior partido da oposição, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), para discutir o comportamento da polícia nos últimos protestos no país, que resultaram em oito mortos no Huambo e Lubango.

O MPLA votou contra uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os alegados excessos da polícia, avançou ainda o Novo Jornal.

Em entrevista à DW África, Agostinho Sikatu, diretor do Centro de Debates e Estudos Académicos (CDEA), diz que o voto reflete o clima de medo no seio do partido no poder.

 

DW África: O MPLA não tem interesse em investigar a violência policial nos protestos?

Agostinho Sikatu (AS): A exemplo de outras manifestações, sempre que há protestos convocados por grupos que o Governo entende não serem da sua conveniência, há mortes e torturas de cidadãos. Há prisões sem culpa formada e, no dia seguinte, as pessoas são devolvidas a suas casas. Portanto, o que o MPLA está a fazer é exatamente encobrir todos estes atos negativos através do próprio Governo.

 

DW África: O MPLA estará com medo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito?

AS: O MPLA teme perder as eleições, por isso veta todo o tipo de iniciativas. E é assim porque, se for feito um inquérito sério, descobrirão a verdade dos factos. E a verdade é que há o costume de infiltrar indivíduos nas manifestações para pôr em causa os protestos convocados.

 

DW África: Diante desta situação, acha que o partido no poder está a desgastar a sua imagem? Com isso, surgindo também novas divisões no seio do partido?

AS: Quem acompanhou hoje a intervenção do próprio MPLA sobre o debate a respeito destas manifestações, notou claramente que há uma ala do partido no poder que está completamente desalinhada com uma outra, a mais agressiva. Porque o direito à manifestação é um direito que está na Constituição.

Além disso, quando os Governos já estão há muito tempo no poder, já não inovam e ficam completamente desgastados. Hoje, o MPLA está completamente, completamente desgastado.

 

DW África: Um outro tema aprovado pela Assembleia Nacional angolana foi a proposta de lei sobre o estatuto dos antigos Presidentes da República. O que acha sobre este estatuto?

AS: Esta nova proposta parece-me ser uma repetição da lei anterior. Eu não vejo onde está a alteração. Há, portanto, a necessidade de criarem condições na lei para dignificar os antigos presidentes. Mas essa "dignificação" não deve ser apenas financeira, até porque muitos destes indivíduos, quando saem do poder, já são milionários, são ricos. Em Angola, os dirigentes políticos são os mais ricos do país.

 

DW África: O Novo Código Laboral angolano também foi a votação e aprovado hoje na Assembleia Nacional. Que avaliação faz?

AS: Em relação ao Código do Trabalho, o que eu posso dizer é que já era tempo. O país precisava de um código processual do trabalho, porque há muitos conflitos laborais que precisam ser tramitados.

 

 

Tainã Mansani / DW.com

BUENOS AIRES - Protestos violentos tomaram a província de Jujuy, no Norte da Argentina, e adicionaram mais tensão às eleições nacionais. Uma reforma da Constituição local promovida às pressas pelo governador, de direita, leva há quase duas semanas movimentos sociais, comunidades indígenas e sindicatos às ruas.

O clima começou a esquentar no último sábado (17), quando foram registrados diversos enfrentamentos com a polícia que terminaram com mais de 25 presos e alguns feridos na região fronteiriça com a Bolívia, incluindo um jovem de 17 anos que perdeu um olho após ser atingido por um projétil de borracha.

Os episódios alçaram as manifestações a novas proporções nesta terça-feira (20). Enquanto os parlamentares aprovaram a reforma dentro da sede do Legislativa, um grupo incendiou carros, jogou pedras, invadiu e tentou colocar fogo em um dos escritórios na parte de trás do edifício, e a polícia reprimiu os atos do lado de fora do prédio, deixando ao menos um ferido grave que foi levado ao hospital.

Em meio à confusão, os dois campos políticos passaram a trocar acusações, falando em "selvageria" de ambos os lados, numa semana particularmente importante para a Argentina. As coalizões precisam fechar até sábado (24) as listas com os nomes que concorrerão às primárias, em agosto, marcadas por incertezas.

"Responsabilizo o presidente Alberto Fernández e a vice-presidente Cristina Kirchner pela extrema violência que está ocorrendo na província de Jujuy. Os violentos não vão dar o braço a torcer", publicou o governador Gerardo Morales, pré-candidato à Presidência pela coalizão de oposição Juntos por el Cambio.

Os outros dois principais presidenciáveis da aliança, Horacio Larreta e Patricia Bullrich, deixaram de lado as rusgas internas para sair em sua defesa, marcando uma entrevista conjunta para o fim da tarde.

"O que está acontecendo em Jujuy é uma mostra do que o kirchnerismo é capaz resistindo à mudança", tuitou Larreta, chefe do governo de Buenos Aires. "Não se pode ceder diante da violência: vamos impor a firmeza da lei e da ordem", escreveu Bullrich, ex-líder do Proposta Republicana, partido do ex-presidente Mauricio Macri.

O presidente Fernández, por sua vez, da coalizão peronista União pela Pátria (antes Frente de Todos), respondeu ao governador de Jujuy: "Você é o único responsável por ter levado nossa amada província de Jujuy a esta situação extrema ao tentar impor uma reforma constitucional que não respeita a Constituição Nacional".

Sua vice se juntou ao coro: "Assuma o comando, governador Morales, e pare com a loucura repressiva que suas próprias ações desencadearam. O que está acontecendo na província de Jujuy é de sua absoluta responsabilidade, e vocês sabem disso", publicou Cristina no Twitter.

A reforma da Constituição de Jujuy que está no centro dos protestos foi aprovada em menos de um mês —no país, as províncias têm seus próprios textos, abaixo da Carta Magna nacional. Os membros constituintes foram eleitos em 7 de maio, mesma data em que o partido de Morales manteve o poder nas eleições provinciais, e tomaram posse em 23 de maio, presididos pelo próprio governador.

O grupo deu aval ao texto a portas fechadas, na madrugada de sábado, com 40 dos 48 votos necessários, gerando a escalada dos protestos que também fecharam diversas estradas. Os outros oito parlamentares, de esquerda, renunciaram às suas cadeiras em oposição ao projeto, incluindo a deputada Natalia Morales, que foi filmada sendo arrastada por policiais após se juntar aos manifestantes na rua.

O Foro de Periodismo Argentino denunciou a detenção de dois jornalistas enquanto cobriam as manifestações na cidade de Purmamarca naquele dia. "Entre empurrões e espancamentos de policiais, eles foram arrastados, colocados em uma van da polícia e levados ao presídio Alto Comedero, a 60 km do local", afirmou a organização, que diz serem comuns abusos contra repórteres em Jujuy.

Dois artigos principais da nova Constituição geraram as tensões. O mais polêmico deles, intitulado "direito à paz social e à convivência democrática pacífica", proíbe "bloqueios de ruas e estradas, bem como qualquer outra perturbação do direito à livre circulação de pessoas" em manifestações.

O governador disse em entrevista coletiva na segunda (19) que o parágrafo foi mantido, apesar dos atos, e que "uma lei ordenará de alguma forma" o tema "sem restringir o direito de manifestação".

Morales, porém, recuou no outro artigo contestado, sobre o direito à propriedade privada, que afetaria em especial povos indígenas originários, parte importante da população local. Jujuy fica no "triângulo de lítio" e tem grande parte das reservas argentinas do mineral, cobiçado por EUA, China e Europa.

A reforma, agora retirada, previa a incorporação de "mecanismos e vias rápidas que protejam a propriedade privada e restabeleçam alterações na posse, uso e gozo dos bens a favor do seu titular" e dizia que qualquer ocupação não consentida seria uma "violação grave do direito de propriedade".

 

 

por JÚLIA BARBON / FOLHA de S.PAULO

TEL AVIV - Dezenas de milhares de israelenses se juntaram neste sábado a uma onda de protestos em todo o país, que agora entram na vigésima semana, contra os planos do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de aumentar o controle sobre a Suprema Corte de Israel.

A reforma, que dará ao governo o controle sobre a nomeação de juízes para a Suprema Corte e permitirá que o parlamento anule decisões, foi interrompida depois que a oposição organizou alguns dos maiores protestos de rua já vistos em Israel.

O governo acusa juízes ativistas de usurpar cada vez mais o papel do parlamento e defende que a reforma é necessária para restaurar o equilíbrio entre o judiciário e os políticos eleitos.

Já os críticos dizem que isso removerá os freios e contrapesos vitais que sustentam um estado democrático e entregará poder irrestrito ao governo.

Um mar de bandeiras israelenses azuis e brancas, que se tornaram um símbolo dos protestos, cobriu uma das vias centrais de Tel Aviv.

Os manifestantes gritavam: "Israel é quase uma ditadura", enquanto uma faixa com os dizeres "pare-os" era erguida pela multidão.

 

 

REUTERS

FRANÇA - Com a avenida dos Champs-Elysées quase vazia, o presidente francês, Emmanuel Macron, comemorou, na segunda-feira (8), a data que marca o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa. Neste mesmo dia, em 1945, os Aliados venceram a Alemanha nazista. A celebração acontece neste ano com um grande perímetro de segurança para impedir manifestações da oposição que não aceita a reforma da Previdência promovida pelo governo.

Acompanhado pela escolta da Guarda Republicana, o chefe de Estado subiu a avenida dos Champs-Elysées em um automóvel com as janelas fechadas, perante apenas algumas dezenas de curiosos. Aos pés do Arco do Triunfo, Macron se dirigiu ao túmulo do Soldado Desconhecido, onde reacendeu a chama, como manda a tradição. Antes, o presidente francês fez uma breve parada diante da estátua do General de Gaulle, na praça Clémenceau, a dois passos do Grand Palais.

Há 78 anos, às 15 horas do dia 8 de maio de 1945, os sinos começaram a tocar em toda França. "A guerra está ganha. Eis a vitória", anunciou De Gaulle numa mensagem transmitida pelo rádio. De Gaulle comandou a resistência francesa e governou o país após o encerramento do conflito que deixou mais de 60 milhões de mortos.

O forte esquema de segurança decepcionou o público que queria acompanhar a cerimônia. "Queríamos ver o presidente, estamos muito desapontados. Não entendemos muito bem por que tudo isso", lamenta Adrien Prevostot, que ficou bloqueado com a filha a cerca de 200 metros da famosa avenida que leva ao Arco do Triunfo. “As cerimônias militares são feitas para que a população se aproxime de sua bandeira. É uma vergonha para a França”, completou Stanislas, um morador de Paris.

 

"Espírito de resistência"

Nesta tarde, Macron vai a Lyon (sudeste) para uma homenagem a Jean Moulin e à Resistência. Os protestos também foram proibidos na cidade perto do Memorial da prisão de Montluc, onde Jean Moulin e outras figuras da Resistência ficaram detidos e onde será realizada a homenagem. Sindicatos de trabalhadores entraram com um recurso contra a proibição, que foi rejeitado pelos tribunais.

Nesta antiga prisão, Macron prestará homenagem à "Resistência francesa e às vítimas da barbárie nazista", especifica o Palácio do Eliseu. Ele estará acompanhado pelos ministros Eric Dupond-Moretti (Justiça) e Pap Ndiaye (Educação Nacional) e pela secretária de Estado dos Veteranos e Memória, Patricia Miralles.

Representante do Estado de 1937 a 1940, primeiro presidente do Conselho Nacional de Resistência (CNR), Jean Moulin foi preso em 21 de junho de 1943 em Caluire, perto de Lyon, pelo chefe local da Gestapo, Klaus Barbie, que ficaria conhecido como o "açougueiro de Lyon". Moulin foi torturado e morreu em 8 de julho de 1943, na estação de Metz, no trem que o levava para a Alemanha.

Por meio da história de Jean Moulin, o chefe de Estado francês exaltará "o espírito de resistência que é próprio do povo francês", indica o Palácio do Eliseu. "Foi isso que permitiu ao General de Gaulle se tornar uma peça-chave ao lado dos anglo-saxões" e à França a juntar-se ao lado vencedor, após os erros do regime colaboracionista de Vichy, sublinha a presidência. “Tudo isto não teria sido possível se Jean Moulin não tivesse reunido em torno de si todas as forças de renovação”, vindas de todos os horizontes políticos.

O presidente francês aproveita a data para tentar virar a página da crise da reforma das aposentadorias e lançar um novo apelo à “concórdia” no país. Mas a proibição de organizar protestos irrita os seus adversários políticos, para quem os apelos à manifestação são legítimos, mesmo neste dia de comemoração.

 

 

(Com informações da AFP)

RFI

CABUL - Um pequeno grupo de mulheres afegãs organizou um protesto relâmpago em Cabul, nesta quinta-feira (22), para desafiar o regime talibã, depois que foram proibidas de estudar na universidade — disse uma ativista, acrescentando que algumas delas foram detidas.

"Direitos para todos, ou para ninguém", gritavam as manifestantes em um bairro de Cabul, segundo imagens de vídeo obtidas pela AFP.

Cerca de 20 mulheres afegãs, vestidas com hijabs e algumas usando máscaras faciais, gritaram com os punhos erguidos na rua para serem autorizadas a estudar.

Mas "algumas mulheres foram detidas e levadas por policiais", disse à AFP uma manifestante, que preferiu permanecer anônima.

"Duas mulheres foram libertadas, mas várias permanecem presas", acrescentou.

Os protestos das mulheres se tornaram menos frequentes no Afeganistão desde a prisão de ativistas proeminentes no início deste ano. As participantes correm o risco de serem presas, submetidas à violência e estigmatizadas.

Inicialmente planejada para acontecer em frente ao campus de Cabul, o maior e mais prestigioso do país, a manifestação foi forçada a se deslocar, devido à presença de um grande efetivo de segurança.

"As meninas afegãs são um povo morto (...). Elas choram sangue", disse Wahida Wahid Durani, estudante de jornalismo da Universidade de Herat (oeste).

"Eles estão usando toda sua força contra nós. Receio que logo anunciarão que as mulheres não têm nem o direito de respirar", lamentou a estudante.

Em uma carta concisa, o ministro do Ensino Superior, Neda Mohammad Nadeem, ordenou na terça-feira que todas as universidades públicas e privadas do país proíbam as alunas de frequentar as aulas por tempo indeterminado.

 

 

AFP

PERU - O governo peruano decretou na quinta-feira um recolher obrigatório em 15 províncias do país durante pelo menos cinco dias, um dia após ter sido anunciado o estado de emergência para mitigar os protestos que estão a irromper por todo o país.

O documento, assinado pela presidente do Peru, Dina Boluarte, declara: "Declarar para o período de cinco dias de calendário, a imobilização social obrigatória de todas as pessoas nas suas casas, no âmbito do Estado de Emergência de âmbito nacional declarado por Decreto Supremo".

Especificamente, a medida afeta oito departamentos, incluindo Arequipa, La Libertad, Ica, Apurímac, Cusco, Puno, Huancavelica e Ayacucho.

O horário de recolher varia de província para província, embora em todos os casos termine às 4.00 da manhã. Em algumas províncias, tais como Andahuaylas ou Chincheros, ambas em Apurímac, a medida começa às 18.00 horas. Nas províncias de outros departamentos, tais como Arequipa ou Cusco, o recolher obrigatório começa às 20.00 horas.

O primeiro-ministro do Peru, Pedro Angulo, esclareceu numa entrevista na quarta-feira com a estação de rádio RPP que o recolher obrigatório "será apenas situacional e será aplicado em casos específicos".

"O recolher obrigatório será situacional, será limitado aos locais onde for necessário. Por exemplo, se houver um aeroporto que seja ocupado, será definitivamente declarado um recolher obrigatório, e para o recuperar e colocar ao serviço dos cidadãos, isso significará que o exército entrará", disse Angulo.

 

 

por Pedro Santos / NEWS 360

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