MUNDO - Em Belarus, o início da semana é marcado por mais protestos contrários ao resultado das eleições presidenciais e às violentas repressões das forças de ordem contra os manifestantes. Nesta segunda-feira (17) os atos acontecem em frente a diversas fábricas e à sede da televisão estatal na capital Minsk. A oposição convoca a população a uma greve geral contra a polêmica reeleição de Alexander Lukashenko.
Bandeiras brancas e vermelhas em punho – as cores da oposição – os manifestantes se reuniram em frente à fábrica de veículos MZKT, onde Lukashenko chegou de helicóptero na manhã desta segunda-feira. Milhares de trabalhadores também pararam suas atividades na fábrica de tratores MTZ, em Minsk.
Multidões de trabalhadores de outras fábricas seguiram a caminho da fábrica MZKT para se juntar aos protestos, de acordo com um vídeo postado pelo site de notícias Tut.by. “Saia! Não vamos esquecer, não vamos perdoar”, gritavam os manifestantes reunidos em frente à sede da montadora de tratores.
A opositora Svetlana Tikhanovskaya diz estar pronta para assumir a liderança de Belarus. Um dia depois da manifestação histórica que reuniu mais de 100.000 pessoas neste domingo (16) para exigir a saída do presidente Lukashenko, reeleito em 9 de agosto em uma votação considerada fraudulenta, Tikhanovskaya divulgou um vídeo de apoio aos manifestantes, da Lituânia, onde está refugiada. Aos 37 anos, ela diz estar disposta a tirar o país do círculo vicioso de 26 anos do governo autoritário de Lukashenko.
Uma das lideranças da oposição bielorrussa, Maria Kolesnikova, falou diante dos manifestantes, anunciando principalmente que iria à sede da televisão pública para "apoiar os nossos colegas da resistência". O anúncio foi saudado com gritos de agradecimento.
"Nunca farei nada sob pressão"
Em seu encontro com os trabalhadores na fábrica MZKT, o presidente Lukashenko tentou minimizar o alcance do movimento, garantindo que as fábricas funcionariam normalmente, apesar dos apelos por uma greve geral. “Se alguém não quer trabalhar e quer sair (...), as portas estão abertas”, declarou, citado por sua assessoria de imprensa. Ele rejeitou mais uma vez os pedidos de deixar o poder. "Nunca farei nada sob pressão", afirmou.
O chefe da diplomacia britânica, Dominic Raab, disse nesta segunda-feira que o Reino Unido "não aceita" o resultado da eleição na Belarus e afirma que Londres irá aplicar sanções aos responsáveis pela repressão, que já causou a morte de dois manifestantes e levou milhares de pessoas à prisão. O presidente francês, Emmanuel Macron, disse no domingo (16) que a União Europeia deve continuar do lado dos manifestantes.
Uma enorme passeata reunindo dezenas de milhares de pessoas, considerada a maior manifestação da oposição na história de Belarus, foi organizada em Minsk no domingo para exigir a saída do presidente Alexander Lukashenko, no poder desde 1994. A manifestação ocorreu sem prisões e, excepcionalmente, foi apresentada de forma neutra ou positiva pela mídia estatal.
Ao mesmo tempo, o presidente bielorrusso, de 65 anos, fez uma aparição surpresa em uma praça no centro de Minsk, onde seus apoiadores estavam reunidos, rejeitando novamente os apelos para uma nova eleição.
No domingo, Minsk recebeu o apoio de Moscou, um aliado histórico apesar das tensões recorrentes entre os dois países. Durante a campanha eleitoral, o chefe de Estado bielorrusso chegou a acusar a Rússia de querer fazer de seu país um vassalo.
*Por: RFI
MUNDO - Os Estados Unidos entraram neste último domingo, 31, no sexto dia de protestos contra o racismo e a brutalidade policial, motivados pela morte de George Floyd, um homem negro de 46 anos que foi sufocado por um policial branco no último dia 25, em Minneapolis. Ele estava desarmado e gritou diversas vezes “eu não consigo respirar”, enquanto o policial Derek Chauvin apoiava o joelho contra seu pescoço. Nos últimos dias, diversas cidades do país registraram casos de violência, saques, incêndios e confronto entre manifestantes e autoridades de segurança. Uma cena de solidariedade e união, no entanto, chamou a atenção em Miami.
No último sábado 30, manifestantes foram até a delegacia de Coral Gables, na cidade da Flórida, grande reduto de latinos. Em vez de agravar a situação, os policiais presentes se ajoelharam e rezaram por Floyd junto com os manifestantes, que chegaram a abraçá-los, emocionados. O porta-voz da polícia local, Juan Diasgranados, estava entre os participantes e disse que é preciso amenizar o clima de confronto.
“Como líderes dessa profissão, todos nós devemos melhorar o treinamento e os protocolos para que nossos esforços para construir e manter a confiança da comunidade não sejam perdidos ou ofuscados”, afirmou, à emissora americana Fox. Apesar disso, Miami foi uma das várias cidades do país que registraram episódios de violência nos últimos dias.
Neste último domingo, cerca de 5.000 soldados da Guarda Nacional foram mobilizados em 15 estados e na capital, e outros 2.000 estavam prontos para intervir se necessário, anunciou neste domingo a corporação. “Não podemos e não devemos permitir que um pequeno grupo de criminosos e vândalos destrua nossas cidades e provoque devastação em nossas comunidades”, disse o presidente Donald Trump na véspera.
“Meu governo irá interromper a violência da multidão”, completou o presidente americano, que acusou o grupo Antifa (antifascista) de orquestrar a escalada. Neste domingo, o presidente disse que classificará a Antiga como uma organização terrorista – em postagem compartilhada pelo presidente brasileiro Jair Bolsonaro.
No sábado, houve grandes protestos nas ruas de Nova York, Filadélfia, Dallas, Las Vegas, Seattle, Des Moines, Memphis, Los Angeles, Atlanta, Miami, Portland, Chicago e Washington D.C.. Os governadores dos estados envolvidos convocaram a Guarda Nacional e, em alguns, foi decretado toque de recolher.
Cerca de 5.000 soldados da Guarda Nacional foram mobilizados em 15 estados e na capital, e outros 2.000 estavam prontos para intervir se necessário, anunciou neste domingo a corporação. Segundo Tim Walz, governador de Minnesota, os responsáveis pelo caos podem ser anarquistas, supremacistas brancos ou narcotraficantes.
Críticas da oposição
Trump disse aos manifestantes que chegavam muito perto da Casa Branca que iria recebê-los com “os cães mais ferozes e as armas mais perigosas”, ameaça denunciada pela oposição democrata. “Ele deve unir o nosso país, não aumentar o fogo”, criticou a presidente democrata da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, em entrevista à rede de TV ABC.
O rival democrata de Trump na eleição presidencial de novembro, Joe Biden, condenou a violência, mas afirmou que os americanos têm o direito de se manifestar. “Protestar contra tal brutalidade é correto e necessário. É uma resposta totalmente americana”, afirmou. “Mas queimar comunidades e destruição desnecessária, não. Violência que coloca vidas em risco não é. Violência que destrói e fecha negócios que atendem à comunidade não é.”
Na última sexta-feira, Derek Chauvin, o policial que aparece nas filmagens sufocando George Floyd, foi acusado de assassinato em terceiro grau. Ele foi demitido, assim como os outros três policiais envolvidos na detenção, o que não foi suficiente para reduzir a indignação.
*Por: VEJA.com
MUNDO - A cidade de Minneapolis, nos Estados Unidos, foi palco nesta 4ª feira (27.mai.2020), pela segunda noite consecutiva, de violentos protestos devido à morte de um homem negro durante uma ação policial. Os manifestantes pediam justiça e exigiam a prisão do agente que asfixiou com o joelho George Floyd, de 46 anos, na 2ª feira (26.mai.2020).
Os atos, inicialmente pacíficos, reuniram milhares de manifestantes e acabaram em confrontos com a polícia, que disparou balas de borracha e gás lacrimogêneo. Em resposta, alguns participantes do protesto lançaram garrafas e outros objetos. Na confusão, lojas foram saqueadas e incendiadas. De acordo com o jornal americano Washington Post, uma pessoa foi baleada pelo proprietário de um estabelecimento e morreu.
Os protestos também se espalharam para outras cidades. Em Los Angeles, centenas de manifestantes fizeram uma marcha pelo Centro Cívico e chegaram a bloquear temporariamente uma rodovia, provocando confronto com a polícia. Uma viatura foi vandalizada e pelo menos uma pessoa ficou ferida. Em Memphis, cerca de 100 pessoas fecharam uma avenida. Ao menos duas pessoas foram presas.
O prefeito de Minneapolis, Jacob Frey, que já havia anunciado na terça-feira o afastamento dos quatro agentes envolvidos no incidente, pediu agora a detenção do responsável. “Nas últimas 36 horas lidei com uma questão fundamental: por que o homem que matou George Floyd não está na prisão?” disse Frey. “Não vi ameaça. Não vi nada que sinalizasse que esse tipo de força era necessária”, acrescentou.
A congressista Ilhan Omar, que representa a cidade de Minneapolis, também defendeu que o policial seja acusado de homicídio.
Floyd morreu depois de ser detido por suspeita de ter tentado pagar uma compra com uma nota falsa de 20 dólares em um supermercado. Imagens de celular gravadas por uma testemunha mostram Floyd deitado ao lado da roda traseira de um veículo, com um oficial branco prendendo-o ao asfalto, pressionando com seu joelho o seu pescoço. A vítima pode ser ouvida gemendo repetidamente e ofegando enquanto implora: “Por favor, eu não posso respirar, por favor, cara”.
Depois de vários minutos, Floyd gradualmente vai ficando quieto e deixa de se mexer. O policial não tira seu joelho do pescoço de Floyd até ele ser colocado numa maca por paramédicos. Uma ambulância levou Floyd a um hospital, onde ele morreu pouco tempo depois.
“Quero que esses policiais sejam acusados de assassinato, porque é exatamente isso o que eles fizeram, cometeram o assassinato do meu irmão”, disse a irmã da vítima, Bridgett Floyd, à emissora de televisão NBC.
A polícia alegou que o homem resistiu à prisão, mas novas imagens, captadas pelas câmaras de um restaurante em frente ao local onde ocorreu a detenção, mostraram Floyd sendo conduzido à viatura policial, de mãos algemadas e sem oferecer resistência.
A chefe da polícia de Minneapolis, Medaria Arradondo, disse que o departamento vai conduzir uma investigação interna. Na cidade, o regulamento do uso de força do departamento permite que um agente se ajoelhe no pescoço de um suspeito, como “opção de força não letal”. De acordo com o mesmo regulamento, os “oficiais devem usar apenas a quantidade de força necessária”.
O FBI está conduzindo uma investigação federal, a pedido da polícia de Minneapolis. Já o sindicato da polícia pediu ao público que espere pelo desenrolar da investigação e que não “se apresse em julgar e condenar imediatamente os policiais”.
Personalidades da política, da mídia e do esporte denunciaram a violência injustificada da polícia contra os negros. “É um lembrete trágico de que este não é um incidente isolado, é parte de um ciclo de injustiça sistemática que ainda persiste em nosso país”, disse o ex-vice-presidente e candidato democrata à presidência, Joe Biden, que também comparou esse caso à morte de Eric Garner em Nova York em 2014.
Há seis anos, Garner foi detido desarmado em Nova York e morreu após ser mantido em posição de estrangulamento por um policial branco. Garner repetia: “Eu não consigo respirar”. A frase se tornou mote para uma série de protestos contra violência policial contra negros e outras minorias. Garner estava sendo preso por vender ilegalmente cigarros avulsos na rua.
A estrela da NBA, LeBron James, postou no Instagram a foto do policial com o joelho no pescoço de Floyd, juntamente com outra fotografia de Colin Kaepernick, ex-jogador da NFL, que ajoelhou-se durante o hino dos EUA em protesto contra a violência com negros.
*Por: Deutsche Welle
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