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AFEGANISTÃO - O líder da Al Qaeda, Ayman al-Zawahiri, foi morto em um ataque dos Estados Unidos no Afeganistão no fim de semana, disse o presidente norte-americano, Joe Biden, nesta segunda-feira (1º), no maior golpe para o grupo militante desde que seu fundador, Osama bin Laden, foi morto em 2011.

Zawahiri, um cirurgião egípcio que tinha uma recompensa de US$ 25 milhões por sua cabeça, ajudou a coordenar os ataques de 11 de setembro de 2001 que mataram quase 3 mil pessoas nos EUA.

Autoridades norte-americanas, falando sob condição de anonimato, afirmaram que os EUA realizaram um ataque de drone em Cabul, a capital afegã, às 6h18 no horário local.

"Agora a justiça foi feita e esse líder terrorista não existe mais", disse Biden em declaração na Casa Branca. "Nós nunca recuamos."

A inteligência dos EUA determinou com "alta confiança" que o homem morto era Zawahiri, disse um alto funcionário do governo a repórteres. Nenhuma outra vítima ocorreu.

"Zawahiri continuava a representar uma ameaça ativa às pessoas, aos interesses e à segurança nacional dos EUA", disse o funcionário em uma teleconferência. "Sua morte é um golpe significativo para a Al Qaeda e degradará a capacidade de operação do grupo."

Houve rumores da morte de Zawahiri várias vezes nos últimos anos, e há muito tempo se diz que ele estava com problemas de saúde.

Sua morte levanta questões sobre se Zawahiri recebeu refúgio do Taliban após a tomada de Cabul em agosto de 2021.

O ataque de drone é o primeiro ataque conhecido dos EUA no Afeganistão desde que tropas e diplomatas dos EUA deixaram o país em agosto de 2021.

A operação pode reforçar a credibilidade das afirmações de Washington de que os Estados Unidos ainda podem enfrentar ameaças dentro do Afeganistão sem uma presença militar no país.

Em um comunicado, o porta-voz do Taliban Zabihullah Mujahid confirmou que um ataque ocorreu e o condenou veementemente, chamando-o de violação de "princípios internacionais".

O paradeiro de Zawahiri --com rumores apontando para a área tribal do Paquistão ou dentro do Afeganistão-- era desconhecido até o ataque.

Um vídeo divulgado em abril no qual ele elogiava uma muçulmana indiana por desafiar a proibição de usar um véu islâmico dissipou os rumores de que ele havia morrido.

Uma forte explosão ecoou por Cabul na manhã de domingo.

"Uma casa foi atingida por um foguete em Sherpoor. Não houve vítimas porque a casa estava vazia", ​​disse Abdul Nafi Takor, porta-voz do Ministério do Interior, mais cedo.

Uma fonte do Taliban, pedindo anonimato, afirmou que houve relatos de pelo menos um drone sobrevoando Cabul naquela manhã.

Acredita-se que Zawahiri, com outros membros de alto escalão da Al Qaeda, tenha planejado o ataque de 12 de outubro de 2000 ao navio USS Cole no Iêmen, que matou 17 marinheiros norte-americanos e feriu mais de 30 outros, disse o site Rewards for Justice.

Ele foi indiciado nos EUA por participação nos atentados de 7 de agosto de 1998 contra as embaixadas dos EUA no Quênia e na Tanzânia que mataram 224 pessoas e feriram mais de 5.000.

 

 

Por Idrees Ali e Jeff Mason - Repórteres da Reuters

RÚSSIA - Autoridades russas informaram no domingo (31/07) que um ataque com drone carregado de explosivos feriu cinco pessoas no quartel-general da sua frota no Mar Negro, na Crimeia anexada.

O governador russo de Sebastopol, Mikhail Razvojayev, postou em sua conta do Telegram a seguinte mensagem: "Esta manhã, nacionalistas ucranianos decidiram estragar o Dia da Frota Russa", em referência à data que é comemorada na Rússia neste domingo. "Um objeto não identificado voou para o pátio da sede da frota, segundo dados preliminares, era um drone. Cinco pessoas ficaram feridas, são funcionários da sede da frota, não houve vítimas fatais", completou.

Após a explosão, todas as festividades do Dia da Frota Russa "foram canceladas por razões de segurança", disse Razvojayev, pedindo aos moradores de Sebastopol que não deixem suas casas "se possível".

O ataque é o mais recente revés para a frota do Mar Negro durante a guerra contra a Ucrânia. Em abril, a Ucrânia afundou o principal navio da frota do Mar Negro, o cruzador Moskva. Até hoje não está claro quantos marinheiros foram mortos no ataque.

As autoridades ucranianas, por sua vez, negaram estar por trás do ataque sem precedentes, descrevendo as acusações russas como "provocação deliberada".

O anúncio de um "suposto ataque ucraniano à sede da frota russa em Sebastopol" é "uma provocação deliberada", disse Serguii Bratchuk, porta-voz da administração regional de Odessa (sul da Ucrânia), em um vídeo no Telegram. "A libertação da Crimeia ucraniana ocupada acontecerá de outra maneira muito mais eficiente", acrescentou.

As acusações russas foram feitas horas antes de o presidente russo Vladimir Putin anunciar, em discurso em São Petersburgo, que sua Marinha seria equipada "nos próximos meses" com um novo míssil de cruzeiro hipersônico Zircon, que "não conhece obstáculos".

A frota russa "é capaz de infligir uma resposta devastadora a todos aqueles que decidirem atacar a nossa soberania e liberdade", assegurou Putin, ressaltando que os seus equipamentos militares "estão sujeitos a melhorias contínuas". A entrega dos mísseis Zircon "às Forças Armadas russas começará nos próximos meses", disse ele.

 

Ataques russos

No sul da Ucrânia, as autoridades de Mykolaiv apontaram neste domingo que a cidade havia sido alvo de intensos bombardeios russos, "os mais fortes" desde o início da guerra, que deixaram pelo menos dois mortos: um magnata do setor agrícola e sua esposa, que morreram após terem a mansão atingida por um míssil russo.

De acordo com o prefeito da cidade, Oleksandre Senkevych, "explosões poderosas" foram ouvidas duas vezes durante esta madrugada.

Outros ataques atingiram as regiões de Kharkiv (leste) e Sumy (nordeste).

Na noite de sábado, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu aos moradores da região de Donetsk que deixassem a região para escapar do "terror russo" e dos bombardeios neste território no leste do país, em grande parte sob o controle de Moscou. "Foi tomada uma decisão do governo sobre a evacuação obrigatória da região de Donetsk", disse Zelensky em vídeo. "Quanto mais moradores deixarem a região de Donetsk agora, menos pessoas o exército russo matará", completou.

Pelo menos 200.000 civis ainda vivem nos territórios da região de Donetsk que ainda não estão sob ocupação russa, segundo uma estimativa das autoridades ucranianas.

 

 

jps (AFP, Reuters, ots)

dw.com

UCRÂNIA - Enquanto os militares ucranianos aumentam seus ataques na ofensiva para retomada da região de Kherson, no sul do país, outra força vem trabalhando ao seu lado. É o exército da resistência ucraniana - uma rede de agentes e informantes operando atrás das linhas inimigas.

Nossa viagem para encontrar os combatentes da resistência ucraniana nos leva através de um cenário com as cores da bandeira ucraniana - entre girassóis amarelos e o céu azul - até Mykolaiv, a primeira cidade importante em território controlado pela Ucrânia a oeste de Kherson, que se tornou o quartel-general da facção no front do sul do país.

Passando pelos postos de controle militares, vemos enormes outdoors mostrando um vulto encapuzado, sem rosto, e um aviso: "Kherson: a resistência vê tudo". A imagem foi criada para deixar os ocupantes russos da região nervosos e elevar o ânimo das pessoas que acabaram sob seu controle.

"A resistência não é um grupo - é resistência total", insiste o homem à minha frente. Sua voz parece um pouco abafada pela máscara preta que ele ergue do pescoço para esconder seu rosto enquanto o filmamos, em um quarto que não posso descrever para que não possa ser encontrado.

Vou chamá-lo de Sasha (nome fictício).

'Não conseguia ficar em casa'

Pouco antes da guerra, a Ucrânia reforçou suas Forças Especiais, em parte para formar e gerenciar um movimento de resistência. Foi até publicado um boletim eletrônico com instruções sobre como ser um bom membro da resistência, ensinando a cometer atos subversivos como cortar os pneus dos veículos de ocupação, acrescentar açúcar aos tanques de gasolina ou recusar-se a seguir ordens no trabalho. "Demonstre má vontade", era uma das sugestões.

Mas a equipe de informantes de Sasha tem um papel mais ativo: rastrear os movimentos das tropas russas dentro de Kherson.

"Digamos que ontem tivéssemos visto um novo alvo. Nós enviamos essa informação para os militares e, depois de um dia ou dois, ele não existe mais", afirma ele, enquanto examinamos alguns dos muitos vídeos das regiões vizinhas que ele manda todos os dias.

Um desses vídeos é de um homem que passou de carro por uma base militar e filmou veículos russos e outro é uma gravação de circuito fechado de TV enquanto passavam caminhões russos, assinalados com suas gigantes marcas de guerra em "Z".

Sasha descreve seus "agentes" como ucranianos "que não perderam a esperança na vitória e querem a liberação do nosso país".

"É claro que eles têm medo", ele conta. "Mas servir o seu país é mais importante."

Trabalhando ao lado de Sasha, existe uma equipe que pilota drones sobre Kherson para identificar alvos para os militares. Todos são voluntários civis, não soldados, que arrecadam dinheiro nas redes sociais para pagar o alto custo do seu equipamento.

O encarregado das operações cultivava plantas decorativas antes da guerra, mas Serhii conta que ele entrou na luta para liberar o sul da Ucrânia depois de ver os corpos de civis executados na cidade de Bucha durante a ocupação russa na região. "Eu simplesmente não conseguia ficar em casa depois daquilo", ele conta. "Eu não sabia o que mais poderia fazer ou pensar, enquanto essa guerra continua."

Mas a tarefa que ele escolheu é extremamente perigosa. Sua equipe de quatro pessoas é bombardeada pelos russos toda vez que sai às ruas, mas ninguém foi morto.

"Sei que, até certo ponto, é questão de sorte." Serhii dá de ombros e abre um pequeno sorriso. "Mas, pelo menos, se acontecer comigo, saberei que foi por uma causa."

Os membros da resistência estão lutando para evitar que o domínio russo sobre Kherson se torne permanente. A ideia é impedir um referendo que Moscou parece estar planejando na região.

A Rússia já introduziu o rublo e suas próprias redes de telefonia móvel em Kherson e está espalhando sua propaganda, com seus canais de TV estatais, pelos lares ucranianos. Jornalistas locais fugiram ou agora são clandestinos.

O chefe de operações da região, Dmytro Butrii, exilou-se na cidade de Mykolaiv em uma pequena área de retaguarda protegida por sacos de areia. Ele defende que uma votação para integrar a Rússia seria uma farsa, "fake total", e não seria reconhecida por nenhum governo "civilizado".

Mas, atualmente, isso não teria muita importância para Moscou. Para a Rússia, trata-se de uma região estratégica: é a fonte de água da Crimeia, anexada ilegalmente por Moscou em 2014, e a última parte da tão discutida "ponte por terra" - uma faixa de território que liga a Rússia propriamente dita à península ocupada.

Alguns moradores locais mudaram de lado para ajudar os russos. Por isso, a equipe de Sasha está formando um banco de dados desses "colaboradores", com informações internas.

"É para que ninguém possa dizer mais tarde que estava com a resistência", explica ele.

Mas também é para intimidação. Os membros da resistência são incentivados a afixar cartazes ameaçadores nas paredes das casas dos colaboradores, com desenhos que incluem o rosto da pessoa e um caixão, ou um cartaz de "procura-se", oferecendo grandes recompensas pela sua morte. Os ativistas fotografam o resultado e enviam para Sasha.

"Existem muitas pichações", segundo ele. "As pessoas escrevem coisas como 'dane-se o seu referendo' e colam seus cartazes."

Sasha descreve seus últimos relatos de Kherson. "Isso mostra como as pessoas não têm medo. Em uma cidade com patrulhas militares por toda parte, eles conseguem imprimir folhetos e andar com cola, sabendo que podem ser parados a qualquer momento e que as coisas podem terminar muito mal."

Tem havido uma série de tentativas de assassinato de pessoas que passaram a apoiar os russos. Um blogueiro foi baleado, um funcionário do governo instalado pela Rússia foi morto e outros ficaram feridos em carros bombardeados.

Agora, as pessoas proeminentes que mudaram de lado sempre usam coletes à prova de balas. Os homens que conheci afirmam que não têm nada a ver com os ataques, mas também não expressam pesar pelos acontecimentos.

"Não tenho palavras para eles, a não ser 'traidores' e 'escória'", afirma Sasha. "Eles são nossos inimigos."

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, segue afirmando que sua invasão da Ucrânia é uma operação de "libertação". Mas, em Kherson, suas tropas lideram pela força e pelo medo.

Desde que as forças russas ocuparam a região, em março, centenas de pessoas já foram detidas e muitas delas torturadas. Algumas desapareceram, sem que se tivesse notícias delas por semanas. Outras foram encontradas mortas ou seus corpos foram devolvidos em sacos para os parentes pela custódia russa.

Fontes na cidade descrevem soldados patrulhando as ruas e ônibus parados aleatoriamente para checar todos os passageiros. A mais leve indicação de apoio à Ucrânia, como mensagens ou fotos no seu celular, pode levar à prisão.

Cada vez que Oleh sorri em frente ao espelho, os espaços onde antes ficavam seus dentes são uma lembrança dos espancamentos cometidos pelos seus interrogadores russos. Ele conta que também teve sete costelas quebradas - e três delas ainda não estão curadas. Seu nome verdadeiro não é Oleh, mas ele pediu para não revelar sua identidade.

Membro da resistência, ele testemunhou a tortura de outro prisioneiro, Denys Mironov, que morreu sob a custódia russa.

Acusações de 'nazismo'

Oleh conta com detalhes assustadores o que aconteceu depois de 27 de março, quando ele e Denys foram capturados na rua. Ele descreve torturas constantes nas primeiras horas, que envolveram choques elétricos, asfixia e ameaças de morte. Ele tem certeza de que seus interrogadores eram do FSB, o serviço de segurança russo.

Em dado momento, ele ficou tão desesperado que pensou em pôr fim à própria vida, chegando a atacar um guarda para que atirasse nele.

"Eles estavam procurando nazistas e me batiam porque eu era careca. Eles contavam que tinham capturado um nazista maldito", responde ele, quando pergunto quais informações seus captores queriam. "Quando eles tiraram minhas roupas, viram que eu usava uma cueca dos Simpsons. Então disseram que eu era um agente americano e me puniram por isso."

Um mês antes, quando os russos invadiram a Ucrânia, Oleh e Denys haviam entrado para a defesa territorial, um exército de voluntários ucranianos. Mas grande parte dela se desfez com as primeiras explosões e as forças restantes em Kherson foram rapidamente vencidas. Os homens então entraram para a resistência, trabalhando contra os russos no lado de dentro.

"Conseguimos informações sobre onde estavam as bases das forças deles, quando eles se movimentavam e passamos tudo para os militares", explica Oleh. Ele acrescenta que se envolveu em muitas outras atividades que não pode comentar.

Outro membro da resistência que conheci contou ter ajudado as forças ucranianas a escapar em barcos pelo rio Dnipro quando ficavam cercadas e afirma ter roubado armas dos russos. "Contarei o resto quando ganharmos", diz ele, rindo, quando o pressiono para contar mais.

Denys tem 43 anos de idade, é casado e tem um filho. Comerciante de frutas e verduras antes da guerra, ele começou dirigindo uma van com pão pela cidade de Kherson, entregando comida e buscando informações enquanto saía.

Ele e Oleh também recolhiam armas, preparando-se para participar da batalha pela libertação de Kherson assim que a Ucrânia lançasse a contraofensiva que todos esperavam. Mas os dois homens foram detidos e torturados.

Pedi ao FSB russo explicações sobre o que aconteceu com estes e outros homens, sem resposta.

Oleh só viu Denys novamente no meio da primeira noite. Ele respirava com dificuldade e mal conseguia andar. Mesmo assim, ele apanhou dos guardas mais uma vez.

"Eles bateram nele na virilha e no rosto. Depois, dois homens com cassetetes tiraram suas calças e começaram a bater perto dos rins", conta Oleh, relembrando como a fita que segurava um saco sobre sua cabeça havia ficado solta o suficiente para que ele pudesse ver.

"Claramente, seus pulmões haviam sido perfurados e ele estava muito machucado", ele conta. "Mas, se ele tivesse recebido ajuda a tempo, sua morte poderia ter sido evitada. É horrível."

Em 18 de abril, os homens foram transferidos para uma unidade na Crimeia e, no dia seguinte, Denys foi finalmente levado para um hospital militar, onde Oleh tinha certeza de que ele se recuperaria.

A família de Denys Mironov soube da sua morte apenas um mês depois, quando ele foi devolvido para a Ucrânia como parte de uma troca de corpos.

Muitas pessoas saíram de Kherson em busca de segurança assim que os russos tomaram o controle. O governo ucraniano recentemente incentivou outras pessoas a evacuar a cidade, alertando que uma operação militar para retomar a região era iminente. Mas sair de Kherson não é fácil.

As autoridades russas limitam o número de veículos que atravessam a linha de combate e apenas uma rota para as áreas controladas pela Ucrânia está aberta, que é a estrada que leva ao norte, até a cidade de Zaporizhzhia.

Diversos postos de controle dos militares no caminho tornam a viagem impossível para os homens ucranianos com idade para o combate. Até as mulheres e as crianças enfrentam semanas de espera por lugares nos ônibus gratuitos de evacuação ou pagam tarifas exorbitantes pelas vagas em carros particulares.

Mas centenas de pessoas ainda fogem todos os dias. Elas pulam dos ônibus ou saem de carros superlotados pouco antes do pôr-do-sol em um estacionamento de supermercado em Zaporizhzhia, que também serve de área de recepção para as pessoas forçadas a exilar-se no seu próprio país.

Os adultos parecem exaustos e os sorrisos das crianças são tímidos, como se não tivessem certeza se já estão em segurança. Um jato de fumaça sai do capô de um carro azul da marca russa Lada, como se estivesse prestes a explodir.

Depois das verificações de segurança, voluntários oferecem roupas e comida. Alguns se reúnem com lágrimas aos parentes que estavam à sua espera.

Não podemos viajar para Kherson agora que ela está ocupada, mas o estado de espírito das pessoas traz grandes revelações sobre a vida naquela cidade.

Mesmo em solo controlado pelos ucranianos, as pessoas têm cuidado com o que falam. "Os russos vão ver isso?", perguntam alguns dos recém-chegados antes que eu filme ou mesmo grave suas declarações. Outros balançam a cabeça quando me aproximo e se afastam do meu microfone.

"Lá está difícil, os russos estão em toda parte", conta Alexandra, balançando sua filha Nastya nos joelhos, no banco de trás de um carro.

Dentro da tenda de atendimento, uma mulher idosa está em pé com duas sacolas, com olhar perdido e isolado. Tentando controlar as lágrimas, Svitlana conta que fugiu de Kherson porque seus nervos estão em frangalhos, mas seu marido recusou-se a vir com ela. "Ele disse que está esperando o Exército ucraniano chegar e nos libertar", ela conta.

A noite começa a cair e mais veículos chegam. Um homem admite que sua família está fugindo de algo além dos mísseis. "Nós sabemos que há pessoas desaparecendo, é verdade", ele conta, sem dar seu nome. "Em Kherson, você não pode sair à noite."

O perigo dos bombardeios aumentou nos últimos dias nos dois lados da linha de combate no sul da Ucrânia.

Em Mykolaiv, os dias normalmente começam com explosões às 4 da manhã. No lado sul, os locais de lançamento russos estão tão próximos que a sirene de advertência só é desligada depois que o primeiro míssil atinge a terra.

Em uma manhã, abrigada no porão do hotel, contei pelo menos 20 explosões na cidade, algumas tão próximas que sacudiram o edifício. Quando o toque de recolher terminou, encontramos uma escola próxima em ruínas, com o balanço do parquinho coberto na grossa poeira cinza do ginásio esportivo destruído.

Os ataques ucranianos também aumentaram em número e impacto, depois que bombas mais poderosas fornecidas pelo ocidente chegaram à região e estão fazendo a diferença.

Moradores da cidade de Kherson registraram diversos ataques a depósitos de munição da Rússia. Pontes sobre o rio Dnipro, incluindo a importante ponte Antonivskiy, também foram atingidas diversas vezes, interrompendo as linhas de fornecimento da Rússia.

A operação de retomada de Kherson pode estar próxima.

Sasha acredita que muitas das pessoas que permaneceram na cidade estão prontas para ficar e lutar. Aquelas com quem falei afirmam que o apoio ao domínio russo é mínimo e que as buscas, detenções e espancamentos nos últimos meses reduziram ainda mais esse apoio.

"Quando o exército começar a invadir, as pessoas estarão prontas e irão ajudar", afirma Sasha.

Depois da sua experiência brutal sob custódia russa, Oleh já está de volta ao front no sul da Ucrânia para lutar pela sua cidade, ao lado da resistência ucraniana.

"Eles podem conquistar a terra, mas não podem conquistar as pessoas", segundo ele. "Os russos nunca estarão seguros em Kherson, pois as pessoas não os querem ali. Elas não gostam deles. Elas não vão aceitá-los."

 

 

 

Fotos de Sarah Rainsford

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-62345144

UCRÂNIA - A queda rápida da central nuclear de Chernobyl na tarde de 24 de fevereiro não foi ao acaso, acreditam as autoridades. Em menos de duas horas, e sem combate, os 169 membros da Guarda Nacional Ucraniana depuseram as suas armas. A Rússia tinha tomado Chernobyl, um repositório de toneladas de material nuclear e um posto de reabastecimento chave na aproximação a Kyiv.

Uma investigação da Reuters descobriu que o sucesso da Rússia em Chernobyl não foi um acidente, mas sim parte de uma operação de longa data do Kremlin para se infiltrar no Estado ucraniano com agentes secretos.

Cinco pessoas com conhecimento dos preparativos do Kremlin disseram que os conselheiros de Putin acreditavam que, ajudados por estes agentes, a Rússia precisaria apenas de uma pequena força militar e alguns dias para forçar a administração do presidente ucraniano Zelensky a desistir, fugir ou capitular.

Através de entrevistas com dezenas de funcionários na Rússia e na Ucrânia e de uma revisão dos documentos e declarações dos tribunais ucranianos aos investigadores, relacionadas com uma investigação sobre a conduta das pessoas que trabalharam em Chernobyl, a Reuters estabeleceu que esta infiltração atingiu um nível muito mais profundo do que aquele que foi publicamente reconhecido. Os funcionários entrevistados incluem pessoas dentro da Rússia que foram informadas sobre o planeamento da invasão de Moscovo e investigadores ucranianos encarregados de localizar espiões.

"Para além do inimigo externo, temos infelizmente um inimigo interno, e este inimigo não é menos perigoso", disse o secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, Oleksiy Danilov, numa entrevista.

Na altura da invasão, disse Danilov, a Rússia tinha agentes nos setores da defesa, segurança e justiça ucranianos. Recusou-se a dar nomes, mas disse que tais traidores precisavam de ser "neutralizados" a todo o custo.

O Gabinete Estatal de Investigação da Ucrânia está a levar a cabo uma investigação sobre se a Guarda Nacional agiu ilegalmente ao entregar as suas armas a um inimigo, disse um funcionário à Reuters. O Departamento de Estado de Investigação não fez comentários. A Guarda Nacional defendeu as ações da sua unidade na central, apontando para os riscos de conflito num local nuclear.

Documentos e testemunhos revelam o papel desempenhado pelo chefe da segurança de Chernobyl, Valentin Viter, que está detido e a ser investigado por se ter ausentado do seu posto. Viter é também suspeito de traição, uma alegação que o seu advogado diz ser infundada. Numa declaração aos investigadores, Viter disse que, no dia da invasão, falou por telefone com o comandante da unidade da Guarda Nacional e aconselhou o comandante a não pôr em perigo a sua unidade, dizendo-lhe: "Poupe o seu povo".

Uma fonte com conhecimento direto dos planos de invasão do Kremlin disse ainda à Reuters que agentes russos foram destacados para Chernobyl no ano passado para subornar oficiais e preparar o terreno para uma tomada de posse sem sangue. A Reuters, contudo, não pôde verificar independentemente os detalhes desta afirmação. No entanto, o Gabinete de Investigação do Estado da Ucrânia afirmou que está a investigar um antigo alto funcionário dos serviços secretos, Andriy Naumov, por suspeita de traição por ter passado os segredos de segurança de Chernobyl a um Estado estrangeiro. Um advogado de Naumov recusou-se a comentar.

A nível nacional, Moscovo estava a contar com a ativação de agentes adormecidos dentro do aparelho de segurança ucraniano. Fontes confirmaram que os serviços secretos ocidentais informaram que o Kremlin estava a alinhar Oleg Tsaryov, um hoteleiro, para liderar um governo fantoche em Kyiv. Um antigo procurador-geral ucraniano revelou também à Reuters em junho que o político ucraniano Viktor Medvedchuk, um amigo de Putin, tinha um telefone codificado emitido pela Rússia para que pudesse comunicar com o Kremlin.

Medvedchuk encontra-se numa prisão ucraniana à espera de julgamento por acusações de traição que antecedem a invasão russa.

 

 

Marta Amorim / NOTÍCIAS AO MINUTO

UCRÂNIA - As forças russas estão passando por um “enorme redirecionamento” de tropas para três regiões no sul da Ucrânia, no que parece ser uma mudança de tática de Moscou, afirmou um assessor sênior do presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, na quarta-feira (27).

As forças russas tomaram a segunda maior usina elétrica da Ucrânia, disse o assessor presidencial Oleksiy Arestovych em uma entrevista publicada no YouTube. Forças apoiadas pela Rússia haviam anunciado anteriormente a captura da usina de Vuhlehirsk, da era soviética e alimentada por carvão, no leste da Ucrânia.

“Eles conseguiram uma pequena vantagem tática, eles tomaram Vuhlehirsk”, disse Arestovych.

FRONT DE IZIUM - A apenas um quilômetro das posições russas que defendem a cidade capturada de Izium, no leste, combatentes ucranianos e estrangeiros se escondem em um porão úmido. Artilharia cai sobre eles quase todas as noites, soltando o gesso e enchendo o ar de poeira.

Na ponta dos esforços para impedir o avanço do Exército russo no leste da Ucrânia está o batalhão Sich dos Cárpatos, uma unidade de ucranianos e estrangeiros que respondeu ao pedido de ajuda de Kiev para enfrentar o invasor.

"Agora é mais uma guerra de artilharia. É uma guerra mais dura, uma guerra mais assustadora, onde apenas pessoas fortes em seu espírito podem lutar", disse Dzvin, comandante de campo do batalhão que pediu para ser identificado por seu nome de guerra por razões de segurança, devido ao seu papel de liderança.

Os combatentes dizem que estão unidos por um compromisso feroz com a Ucrânia, que agora está sendo submetida a um teste punitivo.

"Cada um de nossos guerreiros entende que em algum momento eles ficarão cara a cara com um tanque", disse Dzvin.

A unidade recentemente capturou um quase intacto. Mas também precisa lidar com drones russos --que os combatentes chamam de "nuvens negras"-- que ajudam a direcionar fogo de artilharia mortal para suas posições.

"Está ficando muito mais difícil aqui. Quanto mais tempo dura, é definitivamente cansativo", disse Conor, um voluntário britânico e ex-médico do Exército servindo na linha de frente.

"Eles bombardearam 1h, 2h e 4h da manhã de ontem, então isso obviamente está quebrando nossa rotina de sono. Mas você precisa se manter positivo."

UCRÂNIA - A cidade central de Kirohovrad foi atingida por 13 mísseis russos durante esta noite, segundo anunciado pelo governador Andriy Raikovych, na rede social Telegram.

Os 13 mísseis atingiram um aeródromo militar e infraestrutura ferroviária na região central de Kirohovrad, este sábado, registam-se já três mortos e vários feridos, entre eles nove militares, segundo o governante.

De acordo com o responsável "atualmente, parte de um dos distritos permanece sem energia elétrica no centro regional e as equipas de emergência "estão a trabalhar".

Pede ainda às pessoas para não ignorarem os avisos e descerem imediatamente para um abrigo.

 

 

Beatriz Cavaca / NOTÍCIAS AO MINUTO

UCRÂNIA - O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, disse que um acordo de cessar-fogo com a Rússia sem a retomada de territórios perdidos apenas prolongará a guerra, de acordo com uma entrevista para o Wall Street Journal na sexta-feira (22).

O líder alertou que um acordo que permita que a Rússia mantenha territórios ucranianos tomados desde a invasão em fevereiro vai apenas incentivar um conflito ainda maior, dando a Moscou uma oportunidade de se reabastecer e se armar para o próximo assalto.

Zelenskiy também falou sobre os sistemas de foguetes de artilharia de alta mobilidade (HIMARS), dizendo que "o fornecimento de Himars pelo Ocidente, embora façam uma grande diferença material, é muito menos do que a Ucrânia precisa para virar o jogo."

"O congelamento do conflito com a Federação Russa significa uma pausa que dá à Rússia uma pausa para o descanso", reportou o Wall Street Journal, citando comentários de Zelenskiy.

Ele disse que "a sociedade acredita que todos os territórios precisam ser liberados primeiro, e depois podemos negociar sobre o que fazer e como podemos viver nos próximos séculos."

"Uma necessidade mais urgente é pelos sistemas de defesa antiaérea, que podem prevenir que os mísseis de longo-alcance chovam em cidades que eram pacíficas e estão a centenas de milhas das linhas de frente", acrescentou Zelenskiy.

Em referência ao acordo assinado com a Rússia para reabrir as exportações de grãos, Zelenskiy disse que "as concessões diplomáticas a Moscou podem estabilizar de certa forma os mercados, mas apenas oferecem uma trégua temporária, e um bumerangue no futuro."

 

 

Por Rachna Dhanrajani / REUTERS

UCRÂNIA - O exército russo bombardeou nas últimas horas a região de Odessa, no oeste da Ucrânia, e a região de Dnipropetrovsk, no centro do país, onde destruiu infraestrutura e causou pelo menos seis feridos.

"De madrugada, as forças russas atacaram a região de Odessa mais uma vez, disparando sete mísseis do tipo Kalibr simultaneamente", avançou a agência Ukrinform, citando o Comando Operacional Sul da Ucrânia.

Os mísseis foram disparados a partir do Mar Negro, com um deles abatido pelas forças de defesa aérea, e os outros seis a atingir uma aldeia.

O ataque destruiu três casas e outros dois edifícios públicos, na sequência de um incêndio causado pelo bombardeamento. Outras propriedades particulares, carros, uma escola e um centro cultural foram também danificados, acrescentou o comando.

Seis pessoas ficaram feridas, incluindo uma criança, e o fogo consumiu uma área de cerca de 300 metros quadrados, embora tenha sido rapidamente extinto, referiu o relatório.

A capital da região de Odessa tem o único acesso para o Mar Negro que os ucranianos ainda controlam.

Na região de Dnipropetrovsk, no centro do país, também foi vivida uma "noite de ansiedade e bombardeio", segundo autoridades regionais.

"Tropas russas incendiaram os distritos de Nikopol e Kryvorizky. Cerca de 40 foguetes foram disparados contra Nikopol. Duas empresas industriais foram destruídas. As explosões também causaram vários incêndios", disseram as autoridades regionais na plataforma de mensagens Telegram.

Embora não tenha havido vítimas, várias casas particulares e linhas de energia ficaram danificadas na cidade.

"No distrito de Kryvorizka, o inimigo atingiu a comunidade de Zelenodol com artilharia. Felizmente, não houve vítimas. Outras áreas da região estão calmas no momento", acrescentaram as autoridades.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de cinco mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A ofensiva militar russa causou a fuga de mais de 16 milhões de pessoas, das quais mais de 5,7 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.

Também segundo as Nações Unidas, 15,7 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

 

 

Lusa

NOTÍCIAS AO MINUTO

UCRÂNIA - Pelo menos seis pessoas morreram na sequência de um bombardeamento russo contra Toretsk, cidade da região do Donbas, leste da Ucrânia, disseram hoje os Serviços de Emergência ucranianos.

"Um edifício foi destruído por um obus em Torestsk, que foi bombardeada de manhã. Os socorristas recuperaram cinco corpos. Três pessoas foram resgatadas dos escombros e uma morreu no hospital", de acordo com um comunicado das autoridades ucranianas divulgado através da plataforma digital Facebook.

O comunicado é acompanhado de imagens de escombros e acrescenta que a operação de resgate já terminou.

Além de Donbas, onde se concentra a ofensiva russa, os bombardeamentos das forças da Rússia atingiram Mikolaiv (sul da Ucrânia) assim como as regiões de Kharkiv (nordeste) e de Dnipropetrovsk (centro leste).

"Mykolaiv foi submetida a disparos massivos de foguetes de artilharia durante a noite de domingo. Um concessionário de automóveis e um centro de vendas de máquinas agrícolas foram atingidos. Os ataques não fizeram vítimas, de acordo com as primeiras informações", disse o governador da região, Vitali Kim, através do sistema de mensagens Telegram.

Nas últimas 24 horas, duas pessoas morreram durante os bombardeamentos russos contra a região de Kharkiv, de acordo com o governador da região, Oleg Sinegoubov.

Na região de Dnipropetrovsk, o "inimigo (forças da Rússia) bombardeou Nikopol várias vezes durante a noite", indica o relatório diário da Presidência da Ucrânia.

"Uma pessoa ficou ferida e foi transportada para o hospital. Cerca de dez edifícios foram destruídos, um hospital, duas fábricas e zonas do porto foram atingidas", refere o mesmo relatório do gabinete do chefe de Estado, Volodymir Zelensky.

 

 

Lusa

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