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MUNDO - O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, anunciou neste sábado (10) que a Armênia e o Azerbaijão firmaram 1 acordo de cessar-fogo na região separatista de Nagorno-Karabakh. O acordo é fruto de uma longa negociação entre os 2 países em Moscou, com mediação da Rússia.

Depois de uma reunião que durou mais de 10 horas, Lavrov fez 1 breve comunicado, dizendo que “1 cessar-fogo foi anunciado a partir das 12h [6h em Brasília] de 10 de outubro de 2020, com fins humanitários”. O ministro russo disse também que o acordo “permitirá a troca de prisioneiros de guerra, de outras pessoas e os corpos dos mortos seguindo os critérios do Comitê da Cruz Vermelha Internacional (CICR)”.

Lavron afirmou que Azerbaijão e Armênia concordaram em iniciar “negociações substanciais com o objetivo de alcançar 1 acordo pacífico o mais rápido possível”. As conversas serão mediadas pelo grupo de Minsk da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa.

A região do Nagorno-Karabakh pertence ao Azerbaijão, mas a maioria da população é de etnia armênia. Os embates entre separatistas da região e as forças do Azerbaijão ganharam força no fim de setembro.

O balanço oficial de vítimas, divulgado nessa 6ª feira (9.out), mostra que 400 pessoas já morreram, incluindo 22 civis da Armênia e 31 do Azerbaijão. Os números, no entanto, pode ser muito maior, uma vez que ambos os lados dizem ter eliminado milhares de soldados do lado oposto.

 

O CONFLITO

O conflito na região remonta aos tempos da União Soviética. No fim dos anos 1980, Nagorno-Karabakh solicitou a incorporação à Armênia, desencadeando 1 conflito que resultou na morte de quase 30.000 pessoas.

O embate durou até 1994, quando as forças armênias ocuparam parte da região, criando uma “faixa de segurança”. O Azerbaijão diz que a solução para o conflito passa obrigatoriamente pela libertação dos territórios ocupados.

A Armênia tem sustentado o direito à autodeterminação de Nagorno-Karabakh e quer que representantes do território participem das negociações de resolução do conflito.

 

 

*Por: Marina Ferraz / PODER360

MUNDO - O confronto entre a Armênia e o Azerbaijão aumentou intensamente nessa última segunda-feira (28) dentro e ao redor do território montanhoso de Nagorno-Karabakh. Pelo menos 30 pessoas morreram no segundo dia de embates violentos.

Forças dos dois vizinhos ex-soviéticos se atacaram com foguetes e artilharia, na maior conflagração do conflito de décadas em mais de um quarto de século.

Se ele degenerasse em uma guerra, atrairia as grandes potências regionais Rússia e Turquia. Moscou tem uma aliança de defesa com a Armênia, enquanto Ancara apoia os turcomanos étnicos do Azerbaijão, aos quais os turcos são ligados.

"Não vimos nada assim desde o cessar-fogo da guerra nos anos 90. O combate está acontecendo em todas as seções da linha de frente", disse Olesya Vartanyan, analista sênior do Crisis Group para a região do sul do Cáucaso. Ela afirmou que o uso crescente de foguetes e artilharia cria risco maior de baixas civis, o que pode tornar a escalada mais difícil de ser contida por meios diplomáticos.

"Se houver baixas em massa, será extremamente difícil conter esse combate, e certamente veremos uma guerra propriamente dita que terá uma intervenção em potencial da Turquia ou da Rússia, ou de ambas", opinou Vartanyan.

A Armênia, de maioria cristã, e o Azerbaijão, majoritariamente muçulmano, se enfrentaram pela primeira vez nos anos 80 por causa de Nagorno-Karabakh, região separatista localizada no Azerbaijão, mas povoada e administrada principalmente por armênios étnicos.

A luta fez renascer temores a respeito da segurança do sul do Cáucaso, um corredor de dutos de petróleo e de gás para mercados de todo o mundo.

Angela Frangyan, cineasta que mora em Stepanakert, capital de Nagorno-Karabakh, disse que os moradores se recolheram a abrigos antibomba e que se ouve um bombardeio constante. Todas as lojas foram fechadas e não há quase ninguém nas ruas, contou.

O presidente turco, Tayyip Erdogan, exigiu que a Armênia se retire imediatamente de terras azeris, que acusou o país de estar ocupando, e disse que é hora de encerrar a crise em Nagorno-Karabakh.

O Parlamento armênio repudiou o que classificou como um "ataque militar de escala total" do Azerbaijão em Nagorno-Karabakh, afirmando que a investida está recebendo ajuda da Turquia e que o envolvimento de Ancara cria o perigo de desestabilizar a região. O Azerbaijão negou que a Turquia esteja participando do combate.

Na área diplomática, a China exortou os dois lados a mostrarem comedimento, a Rússia pediu um cessar-fogo imediato e a Turquia disse que vai amparar o Azerbaijão.

 

 

*Por Nvard Hovhannisyan e Nailia Bagirova* - Repórteres da Reuters

*Reportagem adicional de Mark Trevelyan e Tom Balmforth

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