DAVOS - O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, afirmou na terça-feira que a economia chinesa está aberta para negócios e destacou seu potencial para investimentos estrangeiros, conforme a vasta população se torna cada vez mais urbana e com previsão de crescimento de sua classe média.
À medida que a China enfrenta uma recuperação pós-pandemia lenta e a queda no setor imobiliário, executivos estrangeiros ficaram preocupados com as perspectivas de crescimento de longo prazo pela primeira vez nas quatro décadas desde que Pequim a abriu para o investimento estrangeiro.
Li disse em um discurso para líderes empresariais no Fórum Econômico Mundial em Davos que a economia chinesa se recuperou e subiu, e estima-se que tenha crescido 5,2% em 2023, acima da meta oficial de cerca de 5%.
Ele disse que a economia da China está progredindo de forma constante, pode lidar com altos e baixos em seu desempenho e continuará a fornecer impulso global, acrescentando que sua tendência geral de crescimento de longo prazo não mudará.
Li, que lidera uma grande delegação do governo no Fórum, é a mais alta autoridade chinesa a se reunir com as elites políticas e empresariais globais na estação de esqui suíça desde o presidente Xi Jinping em 2017.
O primeiro-ministro chinês disse que uma concorrência saudável é fundamental para aprimorar a cooperação e a inovação, acrescentando que o mundo precisa remover as barreiras à concorrência e cooperar em estratégias ambientais e no intercâmbio científico internacional.
Li também destacou a importância de manter as cadeias de suprimentos globais "estáveis e tranquilas".
Em seu discurso em Davos, Li destacou a crescente divisão entre o Norte e o Sul, que, segundo ele, está se tornando mais aguda, e enfatizou a necessidade de cooperação para o desenvolvimento.
Li disse que a China, com uma população de 1,4 bilhão de pessoas em rápida urbanização, desempenhará um papel importante no aumento da demanda global agregada. Ele também disse que a China continua "firmemente comprometida" com a abertura de sua economia e criará "condições favoráveis" para compartilhar suas oportunidades.
"Escolher investir no mercado chinês não é um risco, mas uma oportunidade", acrescentou.
Suas iniciativas anteriores de declarar a China aberta para os negócios foram recebidas com ceticismo em algumas salas de reuniões, à luz de uma lei antiespionagem mais ampla, batidas em consultorias e empresas de due diligence e proibições de saída, segundo órgãos comerciais.
"Tomaremos medidas ativas para atender às preocupações razoáveis da comunidade empresarial global", disse Li.
As empresas têm expressado preocupações de longa data com relação à geopolítica, ao endurecimento das regulamentações e a um campo de atuação mais favorável para as empresas estatais. No trimestre de julho a setembro, a China registrou o primeiro déficit trimestral em investimentos estrangeiros diretos desde que os registros começaram em 1998.
Os organizadores do Fórum Econômico Mundial disseram que mais de 2.800 líderes de 120 países, incluindo mais de 60 chefes de Estado, devem participar da reunião anual.
Li não mencionou os conflitos na Ucrânia ou em Gaza durante seu discurso e os investidores estão atentos a quaisquer reuniões bilaterais paralelas, especialmente com líderes do Oriente Médio e com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken.
Por Antoni Slodkowski / REUTERS
TAIWAN - Uma delegação não oficial americana chegou a Taipé no domingo (14), segundo a imprensa local, gerando expectativa de uma eventual reação de Pequim. Em mídia social chinesa, tem havido pressão por uma resposta mais forte do país à eleição para presidente de Lai Ching-te, contrário à reunificação de Taiwan com a China.
"Assim como fizemos antes, o governo dos Estados Unidos pediu a ex-altos funcionários que viajassem em caráter privado, para transmitir as felicitações do povo americano pelas eleições e o nosso interesse na paz e estabilidade no estreito de Taiwan", registrou em nota a representação de Washington na ilha.
O ex-assessor de Segurança Nacional Stephen Hadley, ao chegar ao aeroporto da capital taiwanesa às 20h (horário de Taipé), evitou dar declarações. O ex-vice secretário de Estado James Steinberg, vindo de Singapura, chegaria mais tarde. Ambos têm reuniões marcadas para esta segunda com autoridades, possivelmente com Lai.
Quando a informação da viagem vazou, dois dias antes da votação de sábado, a porta-voz do Ministério do Exterior chinês, Hua Chunying, criticou em mídia social "algumas autoridades dos EUA" por essa "falha em honrar compromissos com o governo chinês" e por "distorcer o princípio de uma China".
Hua questionou no domingo, após a eleição, a mensagem enviada a Taipé pelo Departamento de Estado americano, também de congratulação. "Os EUA precisam interromper as interações de natureza oficial com Taiwan", afirmou. De qualquer maneira, as críticas chinesas têm sido vistas como moderadas, até aqui.
A exceção foi o porta-voz do Ministério da Defesa, Zhang Xiaogang, que na véspera da votação afirmou que "o Exército de Libertação do Povo Chinês permanece em alerta máximo e tomará todas as medidas necessárias para esmagar qualquer plano separatista". O ministério ainda não se pronunciou, pós-eleição.
Nas redes sociais do país, parte dos comentários sobre a eleição estão sendo mais incisivos, com usuários defendendo rever a estratégia, diante da recusa crescente à reunificação. De maneira geral, houve contrariedade com o resultado, em que pese a votação dividida, que indica menos poder para o partido de Lai.
No WeChat, sob o enunciado "Ele agora está no poder, mas o que ele pode realmente fazer?", o influente perfil chinês Youlieryoumian, voltado para geopolítica, escreveu: "Nós não podemos, nem iremos, confiar o futuro de Taiwan ao vencedor de uma única eleição".
No Weibo, Hu Xijin, ex-editor-chefe e hoje colunista do Global Times, de Pequim, escreveu que "a reunificação militar é uma decisão de importância fundamental, e todos podemos falar nossas opiniões e dar ideias, mas essa questão não deve ser decidida no campo da opinião pública da internet, através da pressão".
"Não apoio o uso imediato ou precoce da força, como se somente esse apoio fosse patriótico", acrescentou, sobre a pressão online. "Apoiemos o Exército de Libertação Popular e seus preparativos para para uma luta militar no estreito de Taiwan, mantendo simultaneamente uma atitude coletiva firme e calma."
Na plataforma americana Substack, Wang Xiangwei, ex-editor-chefe e hoje colunista do South China Morning Post, buscou se contrapor aos "fogos de artifício retóricos", projetando conflito, que já começaram e devem ir até a posse, em maio. "Na realidade, Pequim e Washington devem manter sua calma", escreveu.
Ele acredita que no curto prazo a China vai continuar com ações de pressão sobre o governo da ilha, mas o que importa de fato é a postura dos EUA –e o único comentário expresso por Joe Biden sobre a eleição em Taiwan foi de que não apoia a independência, o que, segundo Wang, "é tranquilizador aos ouvidos das autoridades chinesas".
POR FOLHAPRESS
XANGAI - As ações chinesas fecharam em queda nesta quinta-feira, pressionadas pelo setor de bebidas e com os investidores ainda preocupados com fatores macroeconômicos, apesar de uma pesquisa ter mostrado que a atividade de serviços expandiu no ritmo mais rápido em cinco meses.
A atividade de serviços da China expandiu em dezembro no ritmo mais rápido em cinco meses, graças a um sólido aumento nos novos negócios, segundo uma pesquisa do setor privado.
No entanto, é improvável que esses dados por si só melhorem significativamente o sentimento do mercado, dada a ampla fraqueza no setor imobiliário e nos preços ao consumidor, disseram analistas do UBS em uma nota.
As ações de bebidas caíram 2,3% e lideraram as quedas, com Luzhou Laojiao e Kweichou Moutai perdendo 3,3% e 1,5%, respectivamente.
. Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 0,53%, a 33.288 pontos.
. Em HONG KONG, o índice HANG SENG ficou estável, a 16.645 pontos.
. Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,43%, a 2.954 pontos.
. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,92%, a 3.347 pontos.
. Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 0,78%, a 2.587 pontos.
. Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 0,06%, a 17.549 pontos.
. Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,79%, a 3.174 pontos.
. Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 0,39%, a 7.494 pontos.
por Reuters
PEQUIM - O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, advertiu as Filipinas de que qualquer erro de cálculo em sua crescente disputa no Mar do Sul da China traria uma resposta resoluta, e pediu um diálogo para tratar das "sérias dificuldades" entre os dois vizinhos.
Pequim e Manila trocaram acusações contundentes nos últimos meses sobre uma sucessão de conflitos no Mar do Sul da China, incluindo acusações de que a China abalroou um navio no início deste mês que transportava o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas das Filipinas.
A China, por sua vez, acusou as Filipinas de invadir seu território.
O desgaste das relações coincide com as iniciativas de Manila para aumentar os laços militares com o Japão e os Estados Unidos, sua antiga potência colonial e aliada de defesa por sete décadas.
"As relações entre China e Filipinas estão em uma encruzilhada", disse Wang ao seu colega filipino Enrique Manalo em uma ligação na quarta-feira, de acordo com um comunicado do Ministério das Relações Exteriores da China. Um porta-voz do ministério disse que Manalo havia solicitado a ligação.
Se as Filipinas julgarem mal ou forem coniventes com forças externas "mal intencionadas", a China defenderá seus direitos e responderá com determinação, disse Wang. A declaração não entrou em detalhes sobre as medidas que poderiam ser tomadas.
As observações de Wang podem intensificar uma disputa que vem se arrastando há anos, com as Filipinas reagindo ao que consideram uma campanha chinesa para impedir seu acesso a combustíveis fósseis e recursos pesqueiros em sua zona econômica exclusiva (ZEE).
Uma escalada em direção a um confronto armado, embora improvável, seria um aumento significativo dos riscos, já que os Estados Unidos são obrigados por um tratado de 1951 a defender as Filipinas em caso de ataque, inclusive no Mar do Sul da China.
O presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., em um discurso perante as tropas nesta quinta-feira, disse que o país continuava comprometido em reforçar suas Forças Armadas e suas alianças existentes, ao mesmo tempo em que citou o incidente envolvendo o chefe das Forças Armadas como preocupante.
"Vocês se tornaram cruciais, já que nos últimos anos as Filipinas se viram no meio de desdobramentos geopolíticos e tensões que poderiam potencialmente causar insegurança regional", disse ele ao grupo reunido no quartel-general militar em Manila.
A China reivindica quase todo o Mar do Sul da China por meio da chamada linha de nove traços que se sobrepõe às ZEEs das Filipinas, Brunei, Malásia, Taiwan, Vietnã e Indonésia.
Em 2016, um tribunal de arbitragem internacional invalidou a reivindicação da China em uma decisão sobre um caso apresentado pelas Filipinas, que Pequim não reconheceu.
Em vez disso, a China redobrou a atenção, mantendo uma forte presença da guarda costeira em todo o Mar do Sul da China, inclusive em torno de ilhas artificiais militarizadas que construiu sobre recifes em águas disputadas, algumas com sistemas de mísseis.
Os dois lados, ao mesmo tempo, pediram diálogo.
Manalo disse em um comunicado que teve uma conversa franca e sincera com Wang, na qual ambos "observaram a importância do diálogo".
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China disse na quinta-feira: "A posição da China permanece inalterada de que as disputas devem ser gerenciadas adequadamente por meio de diálogo e consultas".
Marcos fortaleceu os laços com os Estados Unidos, inclusive expandindo o acesso dos EUA às suas bases militares, ao mesmo tempo em que buscou garantias sobre até que ponto Washington defenderá seu país de ataques -- ações que irritaram a China e encorajaram a alta cúpula da defesa de Manila.
O secretário de Defesa das Filipinas, Gilberto Teodoro, disse na quinta-feira que seu país provavelmente também realizará patrulhas multilaterais no próximo ano no Mar das Filipinas Ocidental -- o termo que o país usa para sua ZEE de 200 milhas no Mar do Sul da China.
Um dia antes, Teodoro repreendeu a China e disse que "nenhum país do mundo" apóia a reivindicação marítima chinesa. Os Estados Unidos e outras potências ocidentais condenaram a guarda costeira da China por confrontar e bloquear embarcações filipinas na ZEE de Manila.
Por Liz Lee e Karen Lema / REUTERS
CHINA - As perspectivas econômicas da China parecem incertas para 2024, considerando que mesmo um ano após o fim do isolamento social devido à covid-19, a tão sonhada recuperação econômica para alavancar o desenvolvimento da segunda maior economia do mundo não chegou.
As guerras em Gaza e na Ucrânia estão estressando os laços da China com o Ocidente. Uma cúpula de líderes entre EUA e China ajudou a colocar as relações de volta nos trilhos, mas também definiu claramente a divisão acentuada entre as duas potências globais.
Para contrapor uma ordem mundial liderada pelos EUA, a China está promovendo visões alternativas para a segurança global e o desenvolvimento, cujas perspectivas dependem, em parte, de restaurar sua própria vitalidade econômica.
As restrições relacionadas à pandemia terminaram, mas a China ainda enfrenta desafios fundamentais de longo prazo: uma taxa de natalidade em queda e uma população envelhecida - a Índia a superou como o país mais populoso do mundo em abril - e sua rivalidade com os Estados Unidos em relação à tecnologia, Taiwan e o controle dos mares abertos.
Outro desafio é equilibrar o controle cada vez mais rígido do Partido Comunista sobre inúmeros aspectos da vida com a flexibilidade necessária para manter a economia dinâmica e em crescimento.
“Este ano começou muito otimista”, afirma Wang Xiangwei, especialista em China e ex-editor-chefe do jornal South China Morning Post. “E agora que estamos terminando 2023, acho que as pessoas estão ficando mais preocupadas com o que... estará reservado para o próximo ano”.
Um inverno de esperança
Mesmo que o crescimento econômico do país tenha enfrentado diversos desafios, o ano começou esperançoso para a população chinesa como um todo. Multidões lotaram templos e parques em janeiro passado para o Ano Novo Lunar e a vida parecia estar voltando à normalidade pela primeira vez em três anos.
“A vida está voltando ao normal”, disse Zhang Yiwen na época, enquanto visitava um bairro histórico de Pequim repleto de turistas. “Estou ansioso para ver como a economia crescerá no novo ano e o que o país poderá realizar no mercado internacional.”
Essas esperanças, no entanto, foram rapidamente frustradas com a derrubada de um balão chinês fora de curso que sobrevoou os Estados Unidos em fevereiro deste ano, colocando em dúvida as supostas intenções do país em estreitar laços com a economia mais importante do mundo.
Na ocasião, o secretário de Estado, Antony Blinken, cancelou uma viagem a Pequim. Um mês depois, durante a sessão anual da legislatura, em grande parte cerimonial, o líder chinês Xi Jinping acusou os EUA de tentarem isolar e “conter” a China na agenda internacional.
Em contrapartida, os laços com o Oriente Médio e outras regiões em desenvolvimento se estreitaram após a reabertura da China. O país elevou seu prestígio internacional quando a Arábia Saudita e o Irã chegaram a um acordo em Pequim para restabelecer relações diplomáticas, conseguindo um papel de destaque nessas negociações internacionais.
Shi Shusi, analista da televisão chinesa, acredita que o papel desempenhado pelo país em diversos cenários internacionais neste ano demonstra a capacidade de a China assumir um destaque diplomático no mundo em desenvolvimento.
“A China tem amizades tradicionais com esses países”, afirma Shi. “Se prestarmos alguma assistência e reforçarmos a cooperação... parece ser uma solução realista para a China participar no jogo das grandes potências e na governança global.”
Durante o Congresso Nacional do Povo, o primeiro-ministro Li Keqiang anunciou uma meta de crescimento econômico de cerca de 5% para o ano. Mas Li, que faleceu em outubro, estava de saída, sendo substituído por colaboradores próximos de Xi à medida que ele consolidava ainda mais seu poder.
Veículos elétricos foram um trunfo da primavera
Embora a recuperação econômica não tenha atingido um patamar significativo, o Salão do Automóvel de Xangai apresentou uma grata surpresa para a economia do país: os veículos elétricos. As exportações dispararam pouco tempo depois, a tal ponto que, em setembro deste ano, a União Europeia lançou uma investigação comercial sobre os subsídios chineses aos fabricantes de veículos elétricos.
“O mercado de veículos elétricos está melhorando ano a ano, embora a economia global não seja promissora”, disse Li Jing, vendedor de uma pequena concessionária de automóveis elétricas em Wuwei, uma cidade de 1,2 milhão de habitantes na província de Anhui, no leste da China.
Jing afirma que o seu salário permaneceu estável ao longo de toda a restrição da pandemia, mas diz que precisou adiar os planos de comprar um apartamento, com a esperança de que os preços caíssem impulsionados pela crise imobiliária. Essa crise fez com que muitos chineses cortassem gastos, sendo outro fator a contribuir para os entraves econômicos.
Alto desemprego foi destaque do verão
Ao longo do verão, Blinken fez uma viagem a Pequim, atrasada devido ao caso do balão, seguida por visitas da secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, do enviado climático, John Kerry, e da então secretária de Comércio, Gina Raimondo.
No entanto, a economia apresentava uma leve melhora à medida que um número crescente de incorporadoras imobiliárias deixavam de pagar dívidas, surpreendidas por uma contenção ao endividamento excessivo que começou em 2020 e paralisou toda a indústria. A taxa de desemprego entre os jovens chineses aumentou para cerca de um em cada cinco, levando o governo a parar de divulgar esses dados.
“A vida não voltou a ser como era antes da pandemia”, disse Liu Qingyu, uma jovem trabalhadora do setor financeiro de Xangai que esperava por mais oportunidades, mas que, em vez disso, está preocupada com a sobrevivência da sua empresa.
Quando o Zhongzhi Enterprise Group falhou com os pagamentos aos seus investidores, aprofundou-se a preocupação de que o colapso imobiliário pudesse transformar-se numa crise financeira profunda. Na época, o governo começou a afrouxar as restrições aos empréstimos para aquisição de habitação e intensificou os gastos na construção, embora os preços da habitação continuassem a cair.
“Acho que em julho a liderança chinesa percebeu que a economia estava com problemas mais sérios do que (eles) esperavam”, disse Wang. “Então eles começaram a injetar mais dinheiro na economia. Mas todas essas medidas foram consideradas incrementais.”
Proprietários de pequenas empresas como Dong Jun cortaram custos para evitar entrar no vermelho. “Os pedidos foram menos da metade do nível pré-pandemia”, disse ele.
A fabricante de carnes cozidas Xinyang Food Co demitiu mais de uma dúzia de funcionários, reduzindo sua força de trabalho para 20. “Temos medo de perder dinheiro”, disse Gao Weiping, co-proprietário e gerente.
Desafios do outono
As relações com os Estados Unidos melhoraram ainda mais no outono deste ano, embora as diferenças fundamentais sobre tecnologia e disputas territoriais continuem a existir.
As visitas de membros da Orquestra da Filadélfia, do American Ballet Theatre, de veteranos americanos da Segunda Guerra Mundial e do governador da Califórnia, Gavin Newsom, estabeleceram um tom amigável antes de uma reunião em novembro em São Francisco entre Xi e o presidente dos EUA, Joe Biden.
“A China não tratou muito bem os seus clientes nos últimos cinco anos devido a tensões geopolíticas”, disse Wang, referindo-se aos mercados de exportação americanos, europeus e outros. “Agora, a China quer concentrar-se no crescimento da economia. Portanto, a China terá de ser gentil com seus maiores clientes.”
Antes da reunião entre Biden e Xi, os EUA ampliaram seus controles de exportação sobre chips de computadores avançados. E uma colisão entre navios chineses e filipinos no Mar do Sul da China remeteu a tensões que poderiam envolver os EUA em um conflito.
Com a proximidade do final do ano, o falecimento do ex-secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger, sublinhou como os tempos mudaram. O político ajudou a arquitetar a normalização da relação China-EUA. no início da década de 1970 e encontrou-se com Xi em Pequim em agosto, aos 100 anos.
Essa aproximação, no entanto, foi feita em uma outra época das duas potências, quando os dois lados encontraram um terreno comum, apesar das suas divergências. Para Shi, o futuro testará a sabedoria dos líderes dos dois países para selar uma possível aproximação.
“O futuro para todos nós não reside em fazer uma grande fortuna, mas na segurança, no esforço para evitar conflitos globais”, disse ele.
Em meio a todos estes fatores de política externa, Li Yu afirma só quer um emprego. Ele acabou trabalhando em um mercado de trabalho diário em Pequim, em setembro, depois que o restaurante de sua família no nordeste da China faliu.
Crescimento e oportunidades de emprego
Li Yu apenas quer um emprego. Ele teve de ir trabalhar em um mercado em Pequim em setembro, depois que o restaurante de sua família no nordeste da China faliu. Ele começou ganhando cerca de 300 yuan (R$ 206) por um dia de 12 horas como entregador de pacotes. Em dezembro, o valor havia caído quase pela metade.
Para os analistas, o principal desafio no próximo ano é como o governo atingirá a sua meta de crescimento de 5% enquanto já se prevê uma desaceleração em 2024. Isso importa não apenas para os trabalhadores da China, mas para o mundo inteiro. A economia dos EUA é a base do status do país como a potência global dominante. Mesmo após seus fabricantes de automóveis e siderúrgicas terem enfrentado dificuldades, o Vale do Silício liderou o caminho para o século 21.
Na sua segunda década no poder, Xi pretende restaurar a estatura global da China. Isso dependerá em grande parte da capacidade do Partido Comunista de superar os seus muitos desafios em 2024 e mais além./ AP
CHINA - Ao menos 111 pessoas morreram e outras 230 ficaram feridas na madrugada desta terça-feira (19), ainda segunda-feira em Brasília, em um terremoto de magnitude 6,1 que provocou destruição na região noroeste da China, segundo a agência de notícias estatal Xinhua.
O terremoto ocorreu à 0h59 no horário local (13h59 no horário de Brasília) a 10 km da superfície –por ser rasa, a profundidade pode aumentar o potencial de destruição do sismo.
Em um primeiro momento, o USGS (sigla em inglês para Serviço Geológico dos Estados Unidos) havia relatado que sua magnitude era de 6,0. Vários tremores secundários, menores, foram registrados.
A província de Gansu, no noroeste da China, sofreu os danos mais extensos. Autoridades da região disseram que casas desmoronaram. Equipes de resgate ainda fazem buscas por desaparecidos. O epicentro do tremor foi a 100 km a sudoeste da capital provincial, Lanzhou.
A província de Qinghai, vizinha a Gansu, também sofreu danos, segundo a agência de notícias Xinhua, e vários moradores saíram às pressas para as ruas. Uma equipe foi enviada às áreas atingidas para avaliar o impacto do terremoto e fornecer orientação às operações de socorro, segundo nota da Comissão Nacional de Prevenção, Redução e Alívio de Desastres da China e do Ministério de Gerenciamento de Emergências.
Algumas áreas atingidas pelo sismo estão localizadas em regiões altas, onde o clima é frio. As autoridades, portanto, se preocupam com outros fatores além do terremoto, segundo a Xinhua. A temperatura em Linxia, na província de Gansu, era de 14° Celsius negativos na manhã desta terça-feira. Parte da China enfrenta temperaturas abaixo de zero, já que uma onda de frio que começou na semana passada persiste no país.
Algumas infraestruturas de água, eletricidade, transporte, comunicações e outras foram danificadas pelo terremoto, mas as autoridades não forneceram detalhes.
Terremotos são fenômenos comuns na China. Em setembro, pelo menos 66 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em tremores na província de Sichuan, no sudoeste. Em 2008, a região foi cenário de um terremoto de magnitude 7,9 que deixou 87 mil mortos ou desaparecidos, incluindo milhares de estudantes.
POR FOLHAPRESS
PEQUIM - A economia da China deve ter condições mais favoráveis e mais oportunidades do que desafios em 2024, disse a mídia estatal citando autoridades do gabinete de finanças e economia do Partido Comunista chinês.
As políticas macroeconômicas continuarão a dar apoio à recuperação econômica, disse a agência oficial Xinhua em uma leitura detalhada da Conferência de Trabalho Econômico Central anual realizada de 11 a 12 de dezembro, durante a qual os principais líderes definiram as metas econômicas para o ano seguinte.
"Os preços na China estão baixos, os níveis de dívida do governo central não estão altos e há condições para fortalecer a implementação de políticas monetárias e fiscais", disse a Xinhua, citando no final do domingo o gabinete da Comissão Central de Assuntos Financeiros e Econômicos.
Ainda assim, persistem bloqueios no ciclo econômico doméstico, já que a demanda, o consumo e o investimento empresarial continuam fracos.
No próximo ano, as autoridades do partido disseram que a China procurará mudar de uma recuperação pós-pandemia para um crescimento sustentado do consumo.
No mês passado, o Fundo Monetário Internacional revisou para cima sua previsão de crescimento a China a 5,4% este ano, atribuindo a revisão a uma "forte" recuperação pós-Covid. O governo estabeleceu uma meta de cerca de 5%.
A segunda maior economia do mundo também cultivará novas áreas de crescimento do consumo, como casas inteligentes, recreação, turismo e eventos esportivos.
Os efeitos da emissão de títulos deste ano, cortes nas taxas de juros, redução de impostos e taxas e outras políticas continuarão no próximo ano, segundo a Xinhua.
A China também continuará a monitorar seu mercado imobiliário e atenderá às necessidades razoáveis de financiamento das empresas imobiliárias.
"Com os esforços conjuntos de todas as partes, os objetivos da política de prevenção de riscos imobiliários e estabilização do mercado podem ser totalmente alcançados", disse a Xinhua.
Reportagem de Liz Lee / REUTERS
CHINA - Os líderes da China iniciaram uma reunião a portas fechadas na segunda-feira para discutir metas econômicas e traçar planos de estímulo para 2024, disseram quatro fontes familiarizadas com o assunto.
A Conferência Anual de Trabalho Econômico Central, durante a qual o presidente Xi Jinping e outras autoridades de alto escalão traçam o curso para a segunda maior economia do mundo no próximo ano, provavelmente terminará na terça-feira, disseram as fontes.
Os investidores estão atentos a pistas sobre a agenda de políticas e reformas do próximo ano, já que a economia da China tem lutado para sustentar uma recuperação pós-pandemia em meio ao aprofundamento da crise imobiliária, preocupações com a dívida do governo local, desaceleração do crescimento global e tensões geopolíticas.
O Politburo, principal órgão de tomada de decisões do Partido Comunista, afirmou na sexta-feira que a política fiscal seria moderadamente fortalecida e seria "flexível, moderada, precisa e eficaz", para ajudar a estimular a recuperação econômica.
Uma enxurrada de medidas de apoio tem se mostrado apenas modestamente benéfica, aumentando a pressão sobre as autoridades para que implementem mais estímulos.
Consultores do governo da China disseram à Reuters que recomendariam metas de crescimento econômico para 2024 que variam de 4,5% a 5,5%, com a maioria favorecendo uma meta de cerca de 5% -- a mesma deste ano.
"É provável que estabeleçamos uma meta de crescimento de cerca de 5%", disse uma pessoa de dentro da política que falou sob condição de anonimato. "Precisamos intensificar o apoio político à economia."
O Conselho de Estado da China, ou gabinete, não pôde ser contatado imediatamente para comentar o assunto fora do horário comercial.
Na semana passada, a agência de recomendação de risco Moody's emitiu um alerta de rebaixamento da nota de crédito da China, afirmando que os custos para resgatar governos locais e empresas estatais endividados e controlar a crise imobiliária pesariam sobre as perspectivas de crescimento da economia.
O crescimento da China está no caminho certo para atingir a meta do governo de cerca de 5% este ano.
por Reuters
HONG KONG/PEQUIM - O presidente do banco central da China disse na terça-feira que a política monetária permanecerá expansionista para dar suporte à economia, mas pediu reformas estruturais ao longo do tempo para reduzir a dependência da infraestrutura e do setor imobiliário para o crescimento.
Pan Gongsheng disse em uma conferência em Hong Kong que o impulso econômico dos últimos meses sugere que a China atingirá sua meta de crescimento para 2023 de cerca de 5%.
"Estou confiante de que a China terá um crescimento saudável e sustentável em 2024 e nos anos seguintes", acrescentou.
Pan disse que espera que a inflação ao consumidor aumente nos próximos meses, já que as quedas nos preços dos alimentos, especialmente da carne suína, não serão sustentadas.
Os preços ao consumidor da China caíram em outubro, com indicadores da demanda doméstica apontando para uma fraqueza não vista desde a pandemia, enquanto a deflação nos portões de fábrica se aprofundou.
O governo lançou uma série de medidas este ano para sustentar recuperação econômica pós-pandemia, afetada por uma desaceleração do setor imobiliário, riscos de dívidas de governos locais, crescimento global lento e tensões geopolíticas.
Em outubro, a China revelou um plano para emitir 1 trilhão de iuanes (139,84 bilhões de dólares) em títulos soberanos até o final do ano, elevando a meta de déficit orçamentário de 2023 para 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB), em relação aos 3% originais.
O banco central também implementou cortes modestos nas taxas de juros e injetou mais dinheiro na economia nos últimos meses, comprometendo-se a manter o suporte.
"No futuro, o Banco do Povo da China continuará a manter sua política monetária expansionista para dar suporte à economia", disse Pan.
Reportagem de Xie Yu e Selena Li em Hong Kong, Albee Zhang e Kevin Yao / REUTERS
MÉXICO - O México tem sido inundado por investimentos chineses ultimamente. Somente no mês passado, dois foram notáveis. O governo do Estado de Nuevo León, no norte, próximo à fronteira com os Estados Unidos, anunciou que grupo chinês Lingong Machinery, que produz escavadeiras e outros equipamentos de construção, construirá uma fábrica que, esperam as autoridades mexicanas, gerará US$ 5 bilhões em investimentos.
No mesmo dia, a Trina Solar, uma fabricante de painéis solares, afirmou que investirá até US$ 1 bilhão no Estado. Ambas as empresas e suas corporações compatriotas podem agora encontrar um lar fora de casa em Hofusan, um parque industrial sino-mexicano em Nuevo León.
O interesse incrementado de empresas chinesas no México data de 2018, quando o então presidente americano, Donald Trump, lançou uma guerra comercial que incluiu a elevação de tarifas sobre importações da China. Seu sucessor, Joe Biden, manteve as tarifas. As políticas “EUA em 1.º lugar” de Biden, como a Lei de Redução da Inflação, estão encorajando empresas a considerar “nearshoring” na América do Norte, instalando fábricas no México em grande medida para fazer frente à China.
A pandemia e os ruídos nas cadeias de fornecimento também fizeram as manufaturas se aproximar do mercado americano. E instalar-se no México começou a parecer mais barato conforme salários e outros custos aumentaram na China.
O México já tentou atrair investimentos chineses antes. A Câmara de Comércio e Tecnologia México-China organizou eventos em 2008 para encorajar o fluxo de capital, mas sem sucesso, afirma César Fragoz em nome da Câmara; naquela época, a China não tinha necessidade de usar o México para entrar nos EUA, que ainda não tinham virado as costas para as empresas chinesas.
“A ironia é que as primeiras a reagir positivamente a uma política explícita contra a China são as empresas chinesas”, afirma Enrique Peters, do Centro de Estudos Sino-Mexicanos da Unam, uma universidade na Cidade do México.
A China obtém uma porta dos fundos para os EUA porque o México é parte de um acordo de livre-comércio com EUA e Canadá. Dependendo de que componentes usam, as empresas chinesas com base no México não podem desfrutar de todos os benefícios oferecidos pelo bloco comercial, cujas regras ditam que porcentagem dos produtos tem de se originar na América do Norte.
Mas, nota Peters, a tarifa-média dos EUA sobre importações do México em 2021 foi 0,2%, muito menor que as tarifas aplicadas sobre produtos chineses.
É difícil obter estatísticas acuradas, mas segundo algumas estimativas, o investimento direto da China na dívida do México aumentou de um total de US$ 500 milhões em 2000-04 para US$ 2,5 bilhões apenas em 2022 — menos que o pico, de cerca de US$ 6 bilhões, em 2016, mas mais que o dobro do montante de 2018; e em aumento (veja o gráfico). A natureza desses investimentos difere da maneira que a China gasta seu dinheiro no restante da América Latina.
Em países como Brasil e Chile, a maioria do investimento chinês é em extração de matérias-primas ou construção de infraestruturas, com frequência cortesia de empresas estatais chinesas. No México, o investimento chinês é em serviços e manufaturas, incluindo de eletrônicos, carros e eletrodomésticos.
Nos anos 90 e 2000, as exportações mexicanas para os EUA ficaram atrás da competição chinesa. Agora, os investimentos chineses estão ajudando os exportadores mexicanos. Em setembro, o México ultrapassou a China pela primeira vez desde o início dos anos 2000 tornando-se o maior exportador de mercadorias para os EUA.
O comércio líquido com a China gerou 6,8 milhões de empregos na América Latina entre 1995 e 2021, contra 6,7 milhões gerados pelo comércio com os EUA. Os investidores chineses também são menos exigentes em relação ao meio ambiente e aos direitos humanos. E aprenderam a lidar com os desafios de trabalhar no México, como insegurança e infraestrutura ruim.
A crescente presença chinesa no México poderia ser malsucedida se elevar as tensões com os EUA. A maioria das fábricas e linhas de montagem chinesas no México parece destinada a exportações, observa Peters — especialmente para os EUA; o que está alarmando legisladores do outro lado da fronteira.
Numa carta recente a Katherine Tai, a representante de comércio dos EUA, quatro congressistas alertaram que fabricantes de carros chineses no México tentam tirar “vantagem do acesso preferencial ao mercado americano por meio dos nossos acordos comerciais e contornam qualquer tarifa (específica para produtos chineses)”.
Se a China for bem-sucedida demais em contornar tarifas, poderá dar com a cara na porta dos fundos da mesma forma que a porta da frente lhe foi fechada. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL
Este site utiliza cookies para proporcionar aos usuários uma melhor experiência de navegação.
Ao aceitar e continuar com a navegação, consideraremos que você concorda com esta utilização nos termos de nossa Política de Privacidade.