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CUBA - Os deputados cubanos reconduziram ao poder o líder cubano, Miguel Díaz-Canel, em uma votação sem surpresas na tarde de quarta-feira (19). A monotonia da sessão no Parlamento em Havana, porém, não reflete a atmosfera da ilha nos últimos anos, quando crises políticas e econômicas desembocaram em protestos e repressão a opositores.

No cargo desde 2018, o engenheiro Díaz-Canel, 62, foi reeleito para seu segundo e último mandato de cinco anos, de acordo com a legislação local. Ele era o único candidato Cuba não reconhece siglas além do Partido Comunista. Dos 462 deputados presentes, 459 votaram pela sua permanência e dois, em branco. A mídia estatal não especificou se o voto faltante foi contrário ao líder.

A presidente da Assembleia, Esteban Lazo, 79, foi mantida no cargo em que está desde 2013 com 461 votos a favor e uma abstenção; Ana María Mari Machado, 59, também segue na Vice-Presidência da Casa.

Díaz-Canel chegou ao poder em 2018 como o primeiro líder da ilha nascido após o triunfo da revolução, em 1959, e dando fim à era Castro Fidel morreu em 2016 e seu irmão Raúl deixou o comando do país há cinco anos para dar lugar ao engenheiro.

A transferência de poder, porém, foi controlada e lenta, em uma tentativa de garantir que o novo líder seria fiel aos ideais da revolução. "Sua ascensão não foi fruto do acaso ou da pressa", afirmou Raúl em seu discurso de despedida. "Tínhamos certeza de que havíamos acertado em cheio em sua eleição. Quando eu faltar, ele poderá assumir o cargo de primeiro-secretário do Partido Comunista", completou, em referência à cadeira que na época ocupava e que passou a Díaz-Canel em 2021. Nesta quinta, a sessão foi encabeçada pelo atual e pelo antigo líder.

A ausência da farda no primeiro civil a comandar a ilha em 60 anos não abrandou a repressão contra opositores. Em julho de 2021, as maiores manifestações no país desde a revolução deixaram um morto, dezenas de feridos e mais de 1.300 presos, segundo a organização de defesa dos direitos humanos Cubalex, com sede em Miami. Após os protestos, o país registrou um êxodo migratório sem precedentes: mais de 300 mil cubanos deixaram a ilha apenas em 2022.

Um dos motivos da insatisfação dos cubanos é a crise econômica que, agravada pela pandemia de Covid-19, piora a escassez de alimentos, remédios e combustíveis. Cuba passa pelo seu pior período na economia desde os anos 1990, quando a ilha enfrentou o chamado "período especial" ao ser impactada pelo fim da União Soviética. A então parceira econômica amortecia o embargo dos EUA em vigor desde 1962, a penalização de Washington ao autoritarismo da ilha voltou a ser endurecida com o republicano Donald Trump durante o mandato de Díaz-Canel.

Tentando dar continuidade às reformas de seu mentor Raúl Castro, o atual líder implementou, no início de 2021, uma reforma monetária para acabar com a taxa de um dólar por um peso cubano que vigorava há décadas e provocava distorções. A medida, porém, provocou uma espiral inflacionária em dois anos, a moeda cubana saltou de 24 para 120 pesos por dólar no câmbio oficial, enquanto no mercado paralelo o mesmo valor é negociado a 185 pesos.

Ele também promoveu o empreendedorismo e autorizou a operação de pequenas e médias empresas, mas essas medidas foram insuficientes para melhorar a economia. "Sinto-me insatisfeito por não ter conseguido promover um conjunto de ações mais eficientes na solução dos problemas", afirmou o líder em uma entrevista recente à emissora libanesa Al Mayadeen.

"A cicatriz dos protestos de 11 de julho ainda está muito presente na sociedade cubana", afirma à Folha de S.Paulo Arturo López, professor da Universidade Autônoma de Madri e autor do livro "Raúl Castro and the New Cuba". Por um lado, diz, as razões pelas quais as pessoas saíram às ruas pouco mudaram; por outro, não se pode subestimar a capacidade desse regime de manejar crises. "O governo reprimiu com cálculo."

Ainda não está claro, porém, como o atual líder vai manter o poder a longo prazo sem gozar da estima de seus antecessores. "O carisma associado ao momento revolucionário foi embora com a transição geracional. Comparado a Fidel, Díaz-Canel tem o carisma de uma garrafa de água sem gás", afirma López. "O líder atual não atrai a paixão de seus partidários nem produz o medo em seus adversários como Fidel."

A abertura dos últimos anos respingou no jornalismo da ilha, que ganhou veículos independentes, segundo Mario Luis Reyes, repórter no site Estornudo. Mas, desde 2019, o regime vem conseguindo intimidar os jornalistas e enfraquecer meios de comunicação que não estão sob a batuta do partido.

Atualmente, quase toda a equipe do site trabalha do exílio, incluindo Reyes, desde 2019. Ele conta que começou a notar a perseguição de autoridades após cobrir uma manifestação da comunidade LGBTQIA+ de Cuba pelo casamento igualitário. "Colocavam policiais vestidos de civis na porta da minha casa e da casa do meu pai, me seguiam, faziam fotos", conta o jornalista. "Nesse momento, eu saio de Cuba."

Paradoxalmente, a flexibilização da sociedade cubana promovida por Raúl Castro também está na raiz dos protestos, segundo López. Agora, o Partido Comunista precisa lidar com problemas que desconhecia, frutos de uma sociedade com mais empreendedores, acesso à internet e facilidade para viajar. "Há uma pluralidade política na sociedade cada vez mais notável", afirma o pesquisador. "O desafio mais urgente de Díaz-Canel é a economia, mas o mais difícil é a política."

 

 

por DANIELA ARCANJO / FOLHA de S.PAULO

CUBA - O Parlamento cubano convocou uma sessão em 19 de abril para designar o presidente da República, um processo no qual o primeiro presidente, Miguel Díaz-Canel, de 62 anos, pode ser reeleito por mais cinco anos — noticiou o jornal "Granma" na segunda-feira (10).

O Conselho de Estado, instância máxima da Assembleia Nacional do Poder Popular, convocou a sessão para instalar a nova legislatura, que será composta pelos 470 deputados eleitos em março passado.

Além de nomear os novos membros do Conselho de Estado, a assembleia "elege o Presidente e o Vice-Presidente da República; e nomeia, sob proposta do Presidente da República, o Primeiro-Ministro, os Vice-Primeiros-Ministros, o Secretário e outros membros do Conselho de Ministros", acrescentou o "Granma".

Díaz-Canel, que em 2018 substituiu o líder revolucionário Raúl Castro na Presidência do país, pode ser reeleito apenas uma vez, conforme estabelecido pela Constituição cubana, aprovada em 2019.

Engenheiro eletrônico de profissão, Díaz-Canel foi o primeiro civil a assumir o poder em Cuba após os mandatos dos irmãos Fidel e Raúl Castro, que lideraram o triunfo da Revolução, em 1959.

Em 2021, também substituiu Raúl Castro, agora aposentado, como secretário-geral do Partido Comunista de Cuba, o cargo de maior poder na ilha.

Para ser eleito, o presidente indicado precisa do voto favorável da maioria absoluta dos deputados.

 

 

AFP

INGLATERRA - A Justiça britânica impôs uma derrota ao Estado cubano, na terça-feira (4), ao considerar que o CRF, qualificado por Havana como um "fundo abutre", adquiriu de maneira legítima uma dívida não paga do Banco Nacional de Cuba (BNC), abrindo as portas para um julgamento com consequências potencialmente muito graves.

O fundo de capital de risco CRF I Limited, o maior credor privado de Cuba, com sede nas Ilhas Cayman britânicas, entrou com uma ação em Londres contra o BNC e o Estado cubano por dezenas de milhões de dólares em dívida soberana.

As autoridades de Havana não reconhecem o fundo como credor e afirmam que adquiriu os direitos de forma ilegítima, incluindo suborno. Desde a criação do Banco Central de Cuba, em 1997, o BCN não representa mais o Estado cubano.

Nesta terça-feira, porém, a juíza Sara Cockerill, da divisão comercial do Tribunal Superior de Londres, ficou do lado do CRF, que comprou os direitos de seu proprietário anterior, o banco de investimentos chinês ICBC Standard Bank, uma subsidiária britânica do Banco Industrial e Comercial da China.

Embora "não tivesse capacidade para consentir em nome de Cuba", por já não exercer a função de banco central, o "BNC consentiu em nome próprio" a cessão da dívida entre as duas entidades e, portanto, "as dívidas representadas pelo acordos foram validamente cedidas pelo ICBC ao CRF", escreveu a juíza.

"Em consequência (...) o CRF tem o direito de invocar os dispositivos contratuais neles contidos quanto à jurisdição do tribunal inglês", alegou.

Resolvendo a questão preliminar, a magistrada se declarou "competente para julgar as reivindicações de dívida aqui apresentadas" e poderá entrar no mérito da ação em data ainda a ser definida. Sua decisão pode, no entanto, ser objeto de apelação, o que provocará uma longa batalha jurídica.

Ambas as partes comemoraram como uma vitória a decisão de Cockerill.

"Cuba ganha pleito em Londres: CRF não é credor do Estado cubano", tuitou o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel.

"Mais uma vez os inimigos da nação falharam. Suas mentiras se chocaram contra um tribunal profissional e prestigioso", acrescentou.

"O BNC era o Banco Central de Cuba e continua sendo responsável da gestão dessas dívidas cubanas não pagas", afirmou o presidente do CRF, David Charters, em um comunicado.

"Cuba ganhou um ponto técnico nesta sentença, da qual já recorremos, e não esperamos que esta questão afete o eventual resultado final, que é uma vitória completa para CRF", completou.

Para o presidente do Conselho Econômico e Comercial EUA-Cuba, John Kavulich, baseado em Nova York, o assunto está longe de ser resolvido: "o governo de Cuba continua devendo o dinheiro que pediu emprestado".

O Executivo cubano não está exonerado, "independentemente de qual tenha sido a entidade controlada pelo governo que tomou o dinheiro emprestado", disse o consultor à AFP.

 

- Acusação de suborno -

"Criado para investir em dívida soberana cubana não paga", o CRF foi adquirindo, aos poucos, uma carteira que em novembro de 2017 chegava a 1,2 bilhão de euros (US$ 1,3 bilhão, ou R$ 4,2 bilhões, nos valores da época), segundo o processo judicial.

Agora, reivindica cerca de US$ 78 milhões (em torno de R$ 395 milhões, em valores atuais) em empréstimos contraídos pelo BNC em 1984 com os bancos europeus Crédit Lyonnais Bank Nederland e Istituto Bancario Italiano.

Embora Cuba tenha obtido em empréstimos o equivalente em marcos alemães a 11,5 milhões e a 2,9 milhões de euros, respectivamente, o CRF afirma que, quando obteve os direitos em 2019, eles ultrapassavam 52 milhões e 18 milhões de euros, incluindo os juros.

As autoridades cubanas denunciam que o CRF subornou o então diretor de operações do BNC, Raúl Eugenio Olivera Lozano. De acordo com o governo, ele não tinha autoridade para aprovar, sozinho, a transferência.

Durante uma semana de audiências realizadas em fevereiro em Londres, Olivera Lozano, que cumpre 13 anos de prisão em Cuba por suborno, garantiu por videoconferência que o fundo prometeu-lhe 25.000 libras (US$ 31.000) para realizar a operação ilegal. O CRF sempre negou.

"O senhor Lozano assinou os documentos sozinho", e "o banco não tinha poder, nem capacidade, para agir em nome de Cuba", frisou, na ocasião, a advogada britânica do Estado cubano, Alison MacDonald, assegurando que a transferência não constitui qualquer obrigação legal para o Estado, que nunca autorizou a operação.

Os chamados "fundos abutres" adquirem dívidas prejudicadas a preços de leilão e buscam recuperá-las na Justiça com juros.

O CRF nega ser um deles e afirma ter atuado "sem sigilo, ou dissimulação", na aquisição de sua carteira.

"Estamos satisfeitos que uma juíza superior da Alta Corte inglesa tenha reconhecido o CRF como um credor responsável, e não como um fundo abutre, ao contrário das afirmações cubanas. Esta decisão reafirma nosso compromisso de fazer negócios de forma ética e responsável", declarou o presidente do CRF, David Charters, em um comunicado.

"Esperamos trabalhar com o governo cubano para encontrar uma solução mutuamente benéfica", acrescentou, "reconhecendo a difícil situação econômica que o país enfrenta".

 

 

AFP

HAVANA - Rodolfo Cotilla (nome fictício) está irritado: o operário de Havana estava deste as quatro horas da manhã numa fila para comprar manteiga, mas o produto se esgotou bem antes que chegasse sua vez.

A oferta de produtos é um pouco melhor nas casas de comércio em moeda estrangeira, abertas no verão de 2020, mas Cotilla não tem parentes do exterior nem acesso a divisas para comprar nesses locais. "No mercado negro, um pacote de frango custa mil pesos cubanos; uma caixa de ovos, de 800 a 900 pesos. Quem consegue pagar isso?"

Sua família, certamente, não consegue. A filha, que é médica, ganha 5 mil pesos cubanos, o filho, professor universitário, 4 mil, e a esposa, 2.800 pesos. "Com o salário mensal de meu filho podemos comprar dois pacotes e meio de frango e duas caixas de ovos", reclama Cotilla.

Cuba se vê em meio a uma séria crise econômica e de abastecimento, agravada por uma crise energética e pela queda no turismo devido à pandemia de covid-19, além do endurecimento das sanções financeiras impostas pelos Estados Unidos. A entrada de divisas em Cuba foi interrompida quase que por completo.

As centrais térmicas projetadas pelos soviéticos se encontram em estado deplorável e necessitam de reparos urgentes. Os cortes de luz se tornaram normalidade no país.

 

Fim de um antigo tabu

Em meados de agosto, o governo anunciou que ampliará grandemente o volume de investimentos estrangeiros no comércio atacadista e varejista. Uma medida notável, uma vez que até agora, era tabu a participação desses investimentos externos no comércio e nas empresas privadas cubanas.

Segundo Havana, o objetivo é melhorar a situação do abastecimento e a oferta de produtos. No comércio atacadista, além de joint ventures são também admitidas "associações econômicas internacionais" e empresas com 100% de capital estrangeiro. A renda gerada por esses negócios se destinará ao fomento à produção nacional e ao apoio à importação de bens a serem vendidos à população em pesos cubanos.

O economista cubano Ricardo Torres, da American University, em Washington, considera tais medidas "parte de uma tentativa apressada de conter a crise econômica em geral, a inflação e a escassez de produtos de todo tipo". Ainda assim, "de certo modo, é um passo na direção correta".

 

"Apenas um degrau de uma longa escada"

O governo anunciou que, em princípio, dará preferência às empresas que se mantiveram "fiéis" a Cuba durante a crise. No entanto, o país costuma ter muitas dívidas com essas firmas.

Para Torres, esse é um passo que faz sentido, por dois motivos: "as empresas que já estão em Cuba conhecem os problemas do mercado cubano e já 'internalizaram', até certo ponto, seus inconvenientes". Além disso, a participação no programa do governo também poderá ser uma forma de compensação das dívidas.

O economista independente cubano Omar Everleny Pérez, ao contrário, avalia que as dívidas são um obstáculo: "Como uma nova empresa poderá se comprometer, se não está realmente segura de que a pagarão de volta?"

Outro problema é o embargo imposto por Washington: "Num país que está bloqueado pelos EUA, nem toda empresa poderá operar, já que que pode se tonar alvo de sanções." Para Pérez, mesmo não resultando no desejado aumento dos recursos para a economia cubana, as medidas são uma boa ideia: "É um degrau, mas numa longa escada".

 

Volta do mercado estatal de divisas

Nesta segunda-feira, o governo anunciou que voltaria imediatamente a vender moedas estrangeiras para a população, e portanto também as viajantes em Cuba, na cotação de 120 pesos por dólar americano. Esse câmbio é cinco vezes superior ao oficial, que continuaria valendo para o setor empresarial.

A fim de permitir maior acesso ao mercado financeiro e satisfazer uma demanda que supera de longe a oferta, a venda se limitará a 100 dólares ou o equivalente em outra moeda, e será apenas para pessoas físicas.

O reinício do comércio em moeda estrangeira por parte do Estado cubano é uma tentativa de recuperar o controle desse mercado e frear a inflação. Para o economista Pérez, a medida é "parte do caminho que se deve percorrer", mas ainda insuficiente, por limitar demasiadamente a oferta de moedas estrangeiras.

 

 

Autor: Andreas Knobloch

dw.com

EUA - O governo de Joe Biden levantou uma série de restrições impostas por seu antecessor Donald Trump aos voos para Cuba, segundo ordem publicada nesta quarta-feira pelo Departamento de Transportes.

"Através desta ordem, o Departamento de Transportes, a pedido do Departamento de Estado, revoga ações anteriores que restringem alguns serviços aéreos entre os Estados Unidos e Cuba", diz o texto.

Em 10 de janeiro de 2020, o Departamento de Transportes suspendeu até nova ordem os voos fretados públicos entre os Estados Unidos e destinos cubanos que não fossem o Aeroporto Internacional de Havana, a pedido do então secretário de Estado, Michael Pompeo, uma medida que encarecia e dificultava as visitas de cubano-americanos a províncias, em meio à pandemia.

Pompeo também impôs um limite ao número de fretamentos públicos com destino ao Aeroporto Internacional José Martí. Ambas as medidas pretendiam, segundo o governo Trump, “limitar a possibilidade de o regime obter benefícios econômicos que usa para financiar a repressão”.

No mês passado, o governo Biden anunciou que levantaria algumas das restrições impostas a Cuba durante o mandato de Trump, a fim de facilitar os procedimentos de imigração, transferência de dinheiro e voos para a ilha, uma decisão aplaudida por Havana.

Trump endureceu o embargo econômico que os Estados Unidos aplicam a Cuba desde 1962 com o objetivo de forçar uma mudança de regime, revertendo a abertura promovida por seu antecessor Barack Obama (2009-2017).

 

 

 

AFP

CUBA - Os presidentes esquerdistas de Cuba, Venezuela e Bolívia expressaram em Havana sua rejeição às exclusões na Reunião de Cúpula das Américas e destacaram o "enorme poder da consciência" dos países latinos ao enfrentarem os Estados Unidos, durante a reunião de cúpula da Alba.

"Confirmamos nesta semana o enorme poder da consciência latino-americana, com o protesto geral dos governos, países e povos da América Latina ao suposto processo de exclusão" de Cuba, Venezuela e Nicarágua, disse o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

Em seu discurso, Maduro criticou o governo de Joe Biden pela "convocação errática" para a reunião de cúpula de Los Angeles e agradeceu ao presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, o qual garantiu que não viajará a Los Angeles se não forem incluídas no encontro todas as nações da região.

Maduro destacou "as vozes firmes e corajosas, como a do presidente mexicano, que se ergueu ao levantar a voz da verdade, da moralidade e da dignidade de todo um continente".

"Nós nos reunimos para dar o debate, para estabelecer uma posição muito clara sobre a reunião que eles estão convocando em Los Angeles, e bem, uma rejeição firme, contundente e absoluta da visão imperial que busca excluir os povos das Américas", havia dito Maduro ao chegar ao Palácio da Revolução, sede da reunião de cúpula.

O presidente da Bolívia, Luis Arce, enviou uma mensagem aos anfitriões do encontro em Los Angeles: "Se querem fazer um encontro de amigos, que o façam, mas não podem chamar de Cúpula das Américas."

O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, os recebeu cedo e descreveu a reunião em Havana em um tuíte como uma "Cúpula de integração, solidariedade e cooperação". É uma "cúpula humanista. Nossa #Cúpula", acrescentou o presidente.

 

- 'Fiscalizador da democracia' -

Ao abrir a reunião, o presidente Miguel Díaz-Canel disse que “os Estados Unidos procuram aprovar documentos e conceitos intervencionistas” em Los Angeles, “sem levar em conta os critérios de todos e excluindo os países que têm muito para contribuir”.

O líder cubano ressaltou que, com a política de exclusão, Washington busca controlar o sistema interamericano e "impor um poder fiscalizador da democracia. Mas nem politicamente, nem moralmente, eles têm esse direito. Eles afirmam que são promotores da democracia, mas não são capazes de garantir um espaço plural."

Os Estados Unidos "vivem um momento de esquizofrenia, achando que podem dominar o planeta", criticou o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, em mensagem remota de Manágua, onde estava acompanhado da mulher e vice-presidente, Rosario Murillo.

O presidente da Bolívia, Luis Arce, reiterou sua recusa a participar da Reunião de Cúpula das Américas. "Rejeitamos energicamente a exclusão de povos irmãos e reitero minha decisão de não assistir", declarou, expressando preocupação com o fato de a convocação de Washington ignorar "a diversidade plena, que, longe de nos enfraquecer, deveria ser a nossa fortaleza como continente".

A reunião de cúpula da Alba acontece depois que Díaz-Canel disse que, "de forma alguma", participaria da reunião em Los Angeles, e após semanas de tensão devido à relutância do governo dos Estados Unidos em convidar, como país anfitrião, Cuba, Venezuela e Nicarágua para a próxima Cúpula das Américas. Isso provocou a ameaça de outras nações da região de não comparecer à Cúpula das Américas se as três nações forem excluídas.

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, tomou a mesma decisão de não comparecer duas semanas atrás, enquanto os Estados Unidos afirmaram na quinta-feira que de forma alguma convidarão representantes do governo venezuelano de Nicolás Maduro.

 

- Fiasco -

Analistas advertiram que a reunião de cúpula de Los Angeles se tornou um fiasco antes mesmo de começar, devido aos pedidos de ampla inclusão feitos por países latino-americanos.

"A Casa Branca é pressionada por congressistas democratas e republicanos contrários a qualquer abertura", disse à AFP Michael Shifter, ex-presidente da ONG Diálogo Interamericano. O senador republicano Marco Rubio, cubano-americano e crítico dos esquerdistas latino-americanos, pediu ontem ao presidente Joe Biden que não se deixe "intimidar" pelo México.

Três deputados democratas, incluindo Gregory Meeks, presidente da Comissão de Assuntos Exteriores da Câmara dos Representantes, alertaram, no entanto, que as exclusões "poderiam minar a posição dos Estados Unidos na região".

Em carta dirigida a Biden, Meeks e os representantes Jim McGovern e Barbara Lee ressaltaram que convidar Cuba, Nicarágua e Venezuela não seria "um endosso" de suas ideologias, e sim mostraria que os Estados Unidos são um "negociador de boa-fé" no hemisfério. "Uma política de compromisso terá resultados mais frutíferos do que uma política contínua de isolamento."

A reunião de cúpula da Alba terminou com uma declaração conjunta de "rejeição à exclusão, arbitrária, ideológica e politicamente motivada".

A Alba, fórum que nasceu em 2004, em resposta ao projeto fracassado de Washington de criar a Área de Livre-Comércio das Américas (Alca), é formada por Cuba, Venezuela, Nicarágua, Bolívia, São Cristóvão e Nevis; Dominica, Antígua e Barbuda, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas e Granada.

 

 

AFP

CUBA - O governo cubano decretou neste sábado um novo imposto de 10% aos vendedores privados de produtos agropecuários, uma medida dirigida a comerciantes, pequenas empresas e consumidores, que enfrentam os efeitos da inflação de 70% registrada em 2021 na ilha.

O imposto entra em vigor nesta segunda-feira e será aplicado "sobre as vendas no varejo, com uma taxa de 10% para as pessoas físicas e jurídicas que comercializarem produtos agropecuários ", informa o texto publicado hoje no Diário Oficial.

A medida, aprovada pelo Parlamento em dezembro de 2021, prevê a tributação das vendas dos trabalhadores autônomos e das pequenas e médias empresas, aprovadas em agosto do ano passado. Segundo o economista cubano Pedro Monreal, a decisão provocará um aumento dos preços.

Segundo o especialista, “o impacto se concentra em lares de menor renda, que gastam um percentual relativamente maior de seus recursos com a alimentação”.

A reforma monetária aplicada em 2021 pelo governo, comunista, fez dispararem os preços de bens e serviços, principalmente dos alimentos. A população tem que enfrentar longas filas, em meio à escassez de comida e medicamentos.

 

 

AFP

EUA - Os Estados Unidos denunciaram que mais de 90 manifestantes ligados aos protestos de 11 de julho tenham sido julgados em Cuba, com pedidos de até 25 anos de prisão para alguns, em um tuíte publicado nesta quinta-feira pelo chefe diplomático para as Américas.

"Desde 13 de dezembro, o regime cubano julgou 90+ #11J manifestantes em Cuba. O mundo vê a magnitude dessas injustiças", tuitou Brian Nichols, denunciando a solicitação de penas "de até 25 anos, acusações falsas para silenciar e condições de prisão atrozes para manifestantes pacíficos.

No último 11 de julho, ocorreram manifestações históricas na ilha, que resultaram em uma morte, dezenas de feridos e 1.320 pessoas presas, das quais 698 assim permanecem, segundo o balanço mais recente da ONG de defesa dos direitos humanos Cubalex.

O governo cubano afirma que as manifestações foram orquestradas a partir dos Estados Unidos e não comunicou nenhuma sentença, nem divulgou informações sobre os julgamentos.

"Os promotores cubanos fabricaram acusações falsas ou injustas pela ação de manifestantes pacíficos durante o 11 de Julho, em uma tentativa de silenciar os dissidentes, reprimir futuros protestos pacíficos e intimidar os críticos do regime", afirmou hoje à AFP um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA.

Em uma gravação de áudio recebida nesta quinta-feira pela Cubalex e enviada à AFP, uma mulher diz, chorando: “A sentença já saiu, eles foram condenados a 20 anos cada um.” Segundo a organização, ela se refere a Katia e Freddy Beirut, pai e filha, ambos acusados de rebelião.

Desde 11 de julho, e em relação à revolta social, a Cubalex afirma ter "documentado a execução de 46 processos judiciais sumários e de julgamentos ordinários de 204 pessoas".

 

 

AFP

MOSCOU - A Rússia disse nesta quinta-feira que as tensões crescentes em relação à Ucrânia poderiam levar a uma repetição da crise dos mísseis de Cuba, quando o mundo ficou à beira da guerra nuclear.

O vice-ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, fez o comentário ao ser indagado por um repórter se a situação atual poderia se tornar algo semelhante ao impasse de 1962 entre os Estados Unidos e a União Soviética em plena Guerra Fria.

"Realmente poderia chegar a esse ponto, sabe?", disse ele, segundo citação da agência de notícias Interfax. "Se as coisas continuarem como estão, é inteiramente possível, pela lógica dos acontecimentos, acordar de repente e se ver em algo semelhante."

A crise cubana foi desencadeada pela instalação de mísseis nucleares soviéticos na ilha caribenha e levou os EUA a imporem um bloqueio naval para impedir a Rússia de enviar mais.

Ela foi debelada quando o líder soviético Nikita Khrushchev concordou em desmantelar e retirar as armas em troca de uma promessa do presidente norte-americano John F. Kennedy de não voltar a invadir a ilha.

O temor russo em relação à Ucrânia, que deseja se filiar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), é que a aliança militar liderada pelos Estados Unidos instale mísseis em solo ucraniano e os mire contra a Rússia. A Otan diz que é uma aliança defensiva e que tais preocupações não se justificam.

CUBA - Cuba desenvolveu na sexta-feira (19) a segunda jornada de seus tradicionais exercícios militares "estratégicos", dedicados este ano a avaliar a capacidade de resposta à "guerra não convencional" dos Estados Unidos, que Havana aponta como responsável pelos protestos na ilha.

Os Exercícios Estratégicos Moncada-2021, que começaram na quinta-feira e terminam no sábado, o Dia Nacional da Defesa, têm "como objetivo fundamental estudar as ações para prevenir e enfrentar situações de risco, ameaças e agressões à segurança do país, em um cenário de guerra não convencional imposto pelo governo dos Estados Unidos contra Cuba", assinalou a emissora de televisão estatal.

Os exercícios incluem práticas para treinar a população, as Forças Armadas Revolucionárias (FAR) e efetivos do Ministério do Interior, segundo a emissora.

A repentina declaração oficial de 20 de novembro como Dia Nacional da Defesa obrigou o grupo opositor Archipiélago a antecipar para 15 de novembro a marcha cívica que tinha convocado para essa data em Havana e em outras seis cidades do país, com dois meses de antecipação.

A manifestação convocada pelo grupo, que conta com 38.000 membros dentro e fora de Cuba, foi proibida pelo governo e acabou sendo frustrada depois que as forças de segurança mobilizaram um enorme dispositivo policial e detiveram diversos líderes da oposição.

Para Havana, essa marcha frustrada, as manifestações de 11 de julho, e o protesto de novembro do ano passado, quando 300 jovens artistas se plantaram em frente ao Ministério da Cultura para exigir liberdade de expressão, formam parte de um plano desenhado e financiado em Washington para promover uma mudança de regime em Cuba.

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