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SÃO CARLOS/SP - São Carlos sedia nesta quinta-feira (05/09), das 8h30 às 17h30, no auditório do Paço Municipal, o “5º Encontro Formativo de Formadores Regionais e Municipais” do polo 8 do Programa Alfabetiza Juntos SP. A abordagem do 5º módulo de formação terá como tema “Gêneros Textuais: Recursos Potentes nas Práticas de Leitura e Escrita na Alfabetização”.

De acordo com os organizadores está previsto a participação de 79 formadores municipais, 16 articuladores estaduais e convidados, reunindo aproximadamente 120 participantes.

O programa “Alfabetiza Juntos São Paulo”, formalizado pelo Decreto nº 68.335 de 20 de fevereiro de 2024, em parceria com a UNDIME-SP e parceiros da sociedade civil, oferta formações continuadas para que os formadores municipais possam replicar os conhecimentos adquiridos para os coordenadores pedagógicos e para os professores alfabetizadores nas unidades escolares. 

O programa une os 645 municípios e as 91 diretorias de ensino com o objetivo de atingir a alfabetização de crianças até os 7 anos de idade. A meta do Alfabetiza Juntos SP é ter 90% de crianças leitoras até 2026. Para isso, a Educação vai enviar material didático aos municípios, formar seus professores e ampliar a aplicação da Avaliação da Fluência Leitura.

Os conteúdos que serão ministrados na formação, bem como os instrumentos pedagógicos oferecidos tem por objetivo desenvolver a prática profissional dos docentes atuantes nos primeiros e segundos anos do Ensino Fundamental e, consequentemente, melhorar o Índice de Fluência Leitora nos municípios do Estado de São Paulo.

Vale lembrar que em fevereiro deste ano São Carlos  foi reconhecida pela Secretaria de Estado da Educação e recebeu o prêmio “Município Destaque na Alfabetização”.  A Escola Municipal de Ensino Básico (EMEB) Janete Lia foi classificada como umas das 120 melhores escolas do Estado de São Paulo pelo bom desempenho em alfabetização, e recebeu o prêmio “Município Destaque no Crescimento da Alfabetização”. 

A EMEB Janete Lia apresentou um Índice de Fluência em Leitura (IFL) de 7,6 considerando uma escala de até 10 pontos possíveis, com a participação de 1.059 alunos (90,4%) dos 1.183 previstos.  A média do IFL nas demais escolas municipais de São Carlos foi de 6,3, superior à média do estado que é de 4,8. A EMEB Janete Lia é uma escola de período integral e traz para São Carlos o melhor índice na avaliação somativa realizada no final de 2023 que teve como referência os resultados da Avaliação de Fluência Leitora, teste realizado na rede de ensino com alunos dos segundos anos do Ensino Fundamental.

A Fluência Leitora avalia o desempenho individual dos alunos na leitura e compreensão de textos escritos, visando identificar possíveis lacunas no processo de alfabetização. A atividade prática permite verificar a capacidade dos estudantes no entendimento de palavras, pseudopalavras e textos adequados a sua etapa escolar, levando em consideração sua habilidade, fluidez e ritmo de leitura.

São consideradas leitoras fluentes as crianças que conseguem ler entre 45 e 60 palavras corretamente no decorrer de um minuto, entre 28 e 40 pseudopalavras (palavras inventadas ou sem significado) e atingem 97% de precisão na leitura de palavras existentes em um texto.

Fruto de pesquisa da UFSCar, obra apresenta revisão de literatura sobre avanços e desafios na área

 

SÃO CARLOS/SP - Como têm sido construídas as estratégias para os processos de ensino, aprendizagem e acessibilidade direcionados às escritas de sinais para a surdocegueira? Essa é uma das questões abordadas na obra "Estudos sobre os registros visuais, táteis e SignWriting para auxílio da comunidade com surdocegueira".
O livro, que integra a Coleção Horizontes táteis: o mundo das escritas para surdocegos, é fruto da dissertação de mestrado de Andressa França, no Programa de Pós-Graduação em Educação Especial (PPGEEs) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e que teve apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes); o livro tem coautoria de Maria da Piedade Resende da Costa, professora do PPGEEs.
A obra, que pode ser adquirida em formato físico ou digital pelo site da editora CRV, em https://bit.ly/3uGOgdP, destina-se a professores, pesquisadores e profissionais envolvidos nas temáticas relacionadas à surdocegueira, abordando estratégias para os processos de ensino, aprendizagem e acessibilidade diante das tecnologias e avanços propostos para atender a esse público-alvo específico.
"A surdocegueira é uma condição singular, considerada como deficiência única, uma vez que sua compreensão demanda a consideração cuidadosa dos distintos níveis de perda visual e auditiva que coexistem. Essa interseção de deficiências delimita de maneira peculiar a interação social e a participação ativa na sociedade, diferenciando-se significativamente das deficiências abordadas de maneira isolada", explicam França e Costa. "O uso da expressão 'surdocegueira', redigida sem hífen, é estimulado desde 1991 para conferir-lhe um significado mais preciso diante de sua singularidade, afastando-se de uma concepção primária, como apenas a combinação de deficiências desvinculadas".
Para diminuir as barreiras de interação social, os registros visuais, táteis e SignWriting representam distintas manifestações na vastidão do domínio linguístico e da expressão escrita, conforme explicam França e Costa. "Os registros visuais, em sua essência, configuram-se como representações gráficas desenvolvidas para as línguas orais, proporcionando uma síntese visual dos elementos linguísticos nelas contidos. No âmbito das adaptações táteis, destaca-se um universo de possibilidades, dentre as quais se insere o sistema Braille, uma forma háptica [tátil] de codificação que possibilita a transposição dos elementos linguísticos para o domínio tátil, viabilizando a apreensão e a comunicação por meio do tato". Nesse contexto, o SignWriting emerge como um sistema de escrita inovador e especializado, concebido para registrar as complexidades e nuances intrínsecas das línguas de sinais, detalham as pesquisadoras.

O que é SignWriting?
Em linhas gerais, o SignWriting utiliza símbolos gráficos para representar as sinalizações, expressões faciais, movimentos corporais e outros elementos visuais que compõem a gramática das línguas de sinais. Sua capacidade de transpor a natureza tridimensional dessas línguas permite uma representação mais fiel e abrangente das particularidades linguísticas das línguas de modalidade visuo-espacial, possibilitando uma documentação precisa e detalhada dos registros. "Ao contrário dos registros visuais convencionais, o SignWriting direciona-se especificamente à expressividade gestual e visual dessas línguas, proporcionando uma plataforma escrita que captura e documenta a riqueza de sua gramática visual-espacial de maneira precisa e abrangente. Assim, o SignWriting surge como uma contribuição significativa para a preservação e disseminação das línguas de sinais, ampliando o alcance e a acessibilidade linguística para indivíduos sinalizantes", completam França e Costa.
No livro, as autoras descrevem o SignWriting detalhadamente para desmistificar o estereótipo de um registro complexo, impreciso e confuso. Como toda e qualquer escrita de uma língua - seja ela direcionada à língua oral ou sinalizada - demanda de estudos sistematizados, treinamentos e práticas constantes, a fim de que haja avanços gradativos de domínio, até se chegar ao alcance da proficiência.

Avanços e desafios
Mesmo com essa revisão bibliográfica atualizada, os dados a respeito das escritas de sinais ainda permanecem escassos, mas comprovam a vivacidade de seu uso em diferentes campos, afirmam França e Costa. "A área da Ciência da Computação se destacou pela complexidade dos materiais desenvolvidos para a comunidade surda, ainda que não tenham apresentado adaptações para indivíduos com baixa visão ou cegos. Frente à surdocegueira, não foram encontradas inovações específicas sobre escritas táteis, demonstrando a fragilidade do processo de ensino e aprendizagem, principalmente, para os sinalizantes que dependem de constante transposição linguística para a compreensão de informações em diferentes sistemas e códigos", apontam as autoras.
As pesquisadoras apontam os principais desafios que as escritas de sinais para a surdocegueira oferecem, residindo "primordialmente, na ausência de uma estrutura consolidada para uma modalidade tátil. No âmbito das comunidades surdas e surdocegas, cuja comunicação se efetua por meio de línguas de sinais, a aquisição da escrita foi, por muito tempo, centrada na alfabetização a partir de representações proeminentes das línguas orais. Esse enfoque implica na necessidade de transposição do processamento linguístico, que se encontra estruturado de maneira visuo-espacial, para um código fonético, fundamentado na sonoridade dos vocábulos. Tal processo é tido como parte de sua segunda língua. Essa dicotomia entre as modalidades linguísticas pode se erigir como um obstáculo substancial para o processo de aprendizagem".
Segundo as autoras, no contexto de surdos e surdocegos sinalizantes, as dificuldades de interpretação, compreensão e escrita na fase de alfabetização constituem fatores limitadores que, lamentavelmente, propendem a rotulá-los como indivíduos "preguiçosos, limitados ou com pouca inteligência", mesmo quando detêm profundo conhecimento no assunto e habilidade para explorar informações de maneira coesa e organizada ao expressarem-se por meio da língua de sinais. Nesse sentido, o livro, pontuam as pesquisadoras, é a base teórica para dar continuidade à pesquisa e à elaboração de materiais didáticos adaptados para surdocegos sob a perspectiva do SignWriting.

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