BRASÍLIA/DF - O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirma que a proposta do governo Lula de barrar militares da ativa em cargos políticos visa tratá-los como "cidadãos de segunda categoria", e que a ideia de acabar com operações de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) "é só para tacar fogo no parquinho".
"Se você tem uma pessoa dentro do Exército, Marinha ou Força Aérea com competência específica para um cargo, você vai deixar de usar aquele servidor que nós, a nação, treinamos, conseguimos os meios para ele estudar e se aperfeiçoar? 'Não, eu vou deixar esse cara aqui, ele só serve para ir para a guerra'", diz à Folha.
Oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-vice-presidente da República afirma que não foi eleito para "liberar a gastança" e que dos presentes que ganhou quando estava no cargo só ficou com "boné" e "sacola".
Mourão diz ainda que foi Jair Bolsonaro (PL) quem o pediu para assinar a promoção do ex-secretário da Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes (envolvido no caso das joias sauditas e investigado por suposta pressão para amenizar punição a responsável por devassa em dados sigilosos de desafetos do ex-presidente) e de José de Assis Ferraz Neto, ex-subsecretário-geral.
Folha - O que o sr. vai priorizar neste começo de mandato?
Hamilton Mourão - Durante a campanha, eu disse que tinha dois grandes eixos onde iria centrar meu trabalho. Um ligado ao desenvolvimento econômico, que é a questão das grandes reformas que o país precisa --eu estarei trabalhando a reforma tributária, a questão da reforma administrativa, o apoio ao agronegócio. E tem o eixo social, que é uma trilogia de saúde, educação e segurança.
Folha - O sr. também apoia um novo marco fiscal?
Hamilton Mourão - O quão disposto está de contribuir com as pautas do governo? A realidade é a seguinte: a âncora fiscal que nós temos hoje, que é o teto de gastos, na minha opinião, estava fadada ao insucesso. Mas surtiu o seu efeito, que foi conter a expansão dos gastos públicos depois do, vamos dizer, festival que foi o segundo governo do presidente Lula e o governo Dilma [Rousseff]. Então ela freou essa expansão, mas [...] o governo ficou sem condições de investir. O nível de investimento caiu para o ponto mais baixo. Então é necessária uma nova âncora.
Folha - Então o sr. vai ajudar o governo. Desde que seja algo exequível, né?
Hamilton Mourão - Não estou aqui para liberar a gastança.
Folha - O sr. afirmou que, no caso das joias, provavelmente a corda vai arrebentar do lado mais fraco. O que o sr. quis dizer?
Hamilton Mourão - Eu estou acompanhando esse caso por aquilo que vem sendo publicado na imprensa porque eu jamais tive conhecimento dessa situação enquanto era o vice-presidente. Você tem em tese o transporte de um material que era um presente para o presidente da República e sua esposa que poderia ter sido feito pela mala diplomática, de outras formas. Se tem alguém que transportou isso da forma que não era correta, essa pessoa vai terminar pagando.
Folha - E o ex-ministro Bento Albuquerque? O sr. o vê do lado mais fraco?
Hamilton Mourão - Eu não sei. O ministro Bento não é nenhuma criança, né? Ele já prestou depoimento à Polícia Federal, que eu desconheço o teor. Conheço o caráter do ministro Bento e ele não ia se propor a fazer nada que fosse ilegal.
Folha - Após esse escândalo, o sr. passou a se questionar sobre algo que recebeu quando era vice?
Hamilton Mourão - Não, porque tudo que eu recebi foi boné, sacola. Então foram os presentes que eu recebi. Aqueles que eram presentes, vamos dizer assim, de maior valor, eu deixei no acervo da Vice-Presidência. Tem um depósito lá e estão no depósito.
Folha - Então quando o sr. fala que a corda vai romper do lado mais fraco, o sr. acha que Bolsonaro consegue se explicar?
Hamilton Mourão - Eu acho que tranquilamente, pô. Eu acho que é uma coisa simples. O TCU já deu cinco dias de prazo. Parte delas [das joias] estão lá na Receita Federal, no aeroporto de Guarulhos. É só recolher e mandar para o acervo da Presidência. Aquele outro pacote que teria ficado com o presidente, ele entrega e acabou. Morre o assunto.
Folha - O Senado tem prometido avançar sobre o caso das joias e da Abin. Como o sr. pretende se posicionar?
Hamilton Mourão - O caso das joias eu não tenho nada a ver com isso aí. Eu não tenho que me posicionar a respeito.
Folha - Pergunto do ponto de vista Legislativo.
Hamilton Mourão - Isso é uma perda de tempo e eu não estou vendo ninguém querendo criar CPI para isso. Sei que existe requerimento de informações. Sobre essa questão do sistema de monitoramento de telefone, para mim também é rolha, um troço bobo isso aí.
Folha - No dia 30 de dezembro, o sr. assinou a nomeação de chefes da Receita para embaixadas. Foi um pedido de Bolsonaro?
Hamilton Mourão - O presidente me pediu. O presidente, indo para o aeroporto, me mandou uma mensagem dizendo que tinham decretos --além desses tiveram outros ligados à área econômica--, para que eu os assinasse. E eu, por lealdade e dever de ofício, assim o fiz. Eu era presidente em exercício, competia a mim. Agora, se tinha sido acordado, se não tinha, não era uma questão que eu devia colocar em discussão.
Folha - Dois dos servidores também são investigados por suposta ação para amenizar punição a responsável por devassa em informações sigilosas de desafetos de Bolsonaro. O sr. vê relação entre esse caso e as nomeações?
Hamilton Mourão - Não... O que eu vejo era como um prêmio, né? Quando você manda um servidor público para fora do país é um prêmio. Em primeiro lugar porque você ter a felicidade de morar fora do Brasil cumprindo uma missão para o país é algo que enaltece o teu papel como servidor. Em segundo lugar porque há uma diferença pecuniária boa, né? Isso é bom para a família. Então eu vi como prêmio, nada mais que isso. De alguém que prestou um serviço à nação.
Folha - Mas o sr. acha que eles foram premiados por essa devassa na Receita?
Hamilton Mourão - Eu acho que devem ter sido premiados pelo trabalho que realizaram ao longo do período do governo do presidente Bolsonaro. Até porque essa devassa a gente não sabe se realmente ocorreu.
Folha - O PT quer mudar o artigo 142 da Constituição para acabar com a GLO. O que o sr. acha?
Hamilton Mourão - A missão constitucional é clara. A Garantia da Lei e da Ordem é por iniciativa de qualquer um dos Poderes constituídos. Então retirar não vai mudar em nada porque não existe outra força capacitada. Não adianta ficar sonhando com guarda nacional, com sei lá o quê, porque isso não vai sair do papel jamais. Como é que eu vou te dizer, é só para tacar fogo no parquinho. Nada mais além disso.
Folha - O governo prepara uma PEC para proibir militares da ativa em cargos políticos. O que acha da proposta?
Hamilton Mourão - Na realidade, ela quer tratar os militares como cidadãos de segunda categoria. A legislação é muito clara: se o militar vai concorrer a um cargo eletivo, ele vai ter que se filiar a um partido político [...] e entrar em licença [na Força].
'Ah, o militar da ativa não pode ocupar um cargo do governo.' Por que não pode? Se você tem uma pessoa dentro do Exército, Marinha ou Força Aérea com competência específica para um cargo, você vai deixar de usar aquele servidor que nós, a nação, treinamos, conseguimos os meios para ele estudar e se aperfeiçoar? 'Não, eu vou deixar esse cara aqui, ele só serve para ir para a guerra.'
Folha - Mas é também uma reação interna, das próprias Forças.
Hamilton Mourão - Não. As Forças, que eu saiba, não estão preocupadas com isso aí.
Folha - O Estatuto dos Militares diz que o militar deve 'abster-se, na inatividade, do uso das designações hierárquicas em atividades político-partidárias', mas o sr. continua se apresentando como General Mourão.
Hamilton Mourão - Não. O meu nome no Senado, qual é?
Folha - Nas suas redes sociais está 'General Mourão'.
Hamilton Mourão - O meu nome no Senado é Hamilton Mourão, e foi com esse nome que eu concorri. Não foi com o nome de General Mourão.
Folha - Mas nas redes sociais permanece como 'General Mourão'.
Hamilton Mourão - É aquela história: general eu sempre serei. E o artigo é muito claro: ele não proíbe, ele diz que 'deve abster-se'. Se fosse proibido, ninguém poderia usar. É uma questão de fundo ético e eu, dentro da minha ética profissional, quando me tornei candidato, tirei o nome 'general'.
Folha - Que balanço o sr. faz da participação dos militares no governo Bolsonaro?
Hamilton Mourão - Os militares que foram chamados pelo presidente Bolsonaro para compor o governo, na sua imensa maioria, eram da reserva. As coisas caem sempre em cima do pessoal do Exército. O ministro Bento [Albuquerque] foi ministro de Minas e Energia sendo almirante da ativa e isso nunca foi mencionado porque é da Marinha. Passa despercebido. Agora, o [Luiz Eduardo] Ramos, o [Eduardo] Pazuello, essa turma era citada quase diariamente, e porque é do Exército.
Folha - Por que o sr. acha que lembram sempre do Exército?
Hamilton Mourão - O Exército é o grande irmão, né? É o Exército que acolhe todo mundo, que está presente em todos os cantos do país. A Marinha é muito concentrada no Rio de Janeiro e em algumas outras capitais. A Força Aérea está mais espalhada, mas aparece nas suas missões humanitárias.
Folha - Então o sr. acha que isso não está ligado a uma crise de imagem do Exército ou a 1964?
Hamilton Mourão - Não. Eu acho que o Exército não tem que ser amado nem querido. O Exército tem que ser temido. É para isso que ele existe.
Folha - Temido internamente?
Hamilton Mourão - Interno é respeito; externo, temido.
Folha - O líder do PT no Senado, Jaques Wagner (BA), disse à Folha que a resistência dos militares a Lula vem da lavagem cerebral feita pela Lava Jato. O sr. vê algum paralelo?
Hamilton Mourão - Eu discordo do meu caro amigo senador Jaques Wagner. A questão é muito clara: o presidente Lula foi julgado e condenado por corrupção em três instâncias. Depois, [a condenação] foi desfeita porque o julgamento não deveria ter se iniciado em Curitiba, e sim em Brasília. Ele foi julgado e condenado, isso ninguém pode varrer para debaixo do tapete.
Folha - Havia também suspeição sobre quem o julgou.
Hamilton Mourão - O [Sergio] Moro era suspeito? E os três juízes do TRF-4? E os cinco juízes do STJ? Todos poderiam ter dito 'não, esse processo não procede'. Então não foi um homem só. A realidade é uma só.
Folha - Um dos principais fatos que ligam o lava-jatismo às Forças Armadas é o tuíte do ex-comandante Villas Bôas na véspera do julgamento de Lula no STF. O sr. acha que foi adequado?
Hamilton Mourão - Eu acho que foi. Foi simplesmente um alerta do comandante do Exército. O STF se sentiu pressionado? Se se sentisse pressionado, sentiria pressionado ad aeternum [para sempre].
Folha - Um alerta para quê?
Hamilton Mourão - Um alerta para um fato real de uma pessoa que tinha sido efetivamente condenada.
RAIO-X
Hamilton Mourão, 70 É senador pelo Rio Grande do Sul, general da reserva do Exército e ex-vice-presidente da República do governo Bolsonaro. Cursou a Academia Militar das Agulhas Negras, escola de formação de oficiais do Exército, e foi comandante militar do Sul.
por THAÍSA OLIVEIRA E CÉZAR FEITOZA / FOLHA de S.PAULO
BRASÍLIA/DF - Vice-presidente de 2019 a 2022, o general Hamilton Mourão diz que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "chegou com espírito de revanche e sem entender que venceu uma eleição no photochart, portanto sem um apoio francamente majoritário".
Desde que assumiu no domingo (1º), Lula promove um inédito desmonte de decretos que caracterizaram a gestão de Jair Bolsonaro (PL), como as regras que facilitavam o acesso a armas, e também medidas de última hora, como a que tirava R$ 5,8 bilhões da arrecadação federal.
Já a metáfora usada por Mourão com a técnica usada para definir vencedores em corridas apertadas de cavalos se refere aos 50,9% atingidos por Lula no segundo turno em outubro, ante 49,1% do então presidente.
Respondendo a questões enviadas pela Folha de S.Paulo por WhatsApp, ele afirmou que sua avaliação se dá por "atos e palavras". "Está na hora de compreender o país que precisam governar, despindo seus preconceitos políticos, econômicos e ideológicos", afirmou.
No sábado (31), Mourão fez um pronunciamento em rede nacional no qual defendeu o legado do governo, mas onde também deixou uma série de recados.
O mais polêmico foi uma defesa das Forças Armadas, a quem viu "pagar a conta" de insinuações golpistas que não atribuiu com todas as letras a Bolsonaro, mas que assim foi lido pelo mundo político.
"Lideranças que deveriam tranquilizar e unir a nação em torno de um projeto de país deixaram com que o silêncio ou o protagonismo inoportuno e deletério criassem um clima de caos e de desagregação social e de forma irresponsável deixaram que as Forças Armadas de todos os brasileiros pagassem a conta, para alguns por inação e para outros por fomentar um pretenso golpe", disse então.
Foi criticado por bolsonaristas que pedem um golpe conta Lula na frente de quartéis e por dois filhos do ex-presidente: o deputado Eduardo citou máscaras caindo e o vereador Carlos o chamou de "bosta".
Questionado sobre a quem se dirigia, Mourão não deu nomes, mas ampliou o escopo e incluiu uma autocrítica.
"Ao longo dos últimos anos, os ânimos se exaltaram com as omissões do Legislativo, as decisões enviesadas do Judiciário e com nós mesmos no Executivo deixando de esclarecer bem nossas posições", afirmou.
"Isso jogou para o colo das Forças Armadas, em particular do Exército, uma pressão descabida. As pessoas precisam compreender que decisões do passado não servem para o presente", disse ele, que negou ter conversado com o Alto-Comando das Forças sobre a defesa que fez.
"Julguei que era minha responsabilidade chamar a pressão para mim."
Sobre os atos Brasil afora, após dizer no pronunciamento que era hora de as pessoas "voltarem ao concerto do lar", Mourão foi na linha de acomodação do novo ministro da Defesa, José Múcio.
"Considero que se situaram dentro do contexto democrático e que, salvo pequenas coisas, não ultrapassaram os limites da lei e da ordem".
A partir de fevereiro, o general de quatro estrelas da reserva sentará à bancada do Senado, eleito pelo Republicanos do Rio Grande do Sul. Mais do que um observador viu no seu discurso, em que admoestava o governo petista e prometia combater "projeto progressista", uma postulação de liderança de oposição.
Ele não desconversa. "Considero ser minha tarefa buscar construir um grupo sólido, em torno de princípios e valores comuns, para fazer uma oposição dura as ideias que sabemos ser um prenúncio do desastre. Por outro lado, aquilo que for fundamental para que o país entre em um ciclo virtuoso de crescimento terá meu apoio", disse.
Questionado se não seria papel de ex-chefe tal liderança, ele diz que "não tenho a mínima dúvida do carisma do presidente Bolsonaro e que ele possui todas as condições para ser o grande líder da direita".
Mesmo tendo abandonado o cargo antes da posse? "Quanto à saída dele do país, como em nenhum momento ele conversou comigo, sobre isso seria leviano de minha parte emitir uma opinião", afirmou.
Desde que foi eleito, o general já sinalizou que terá no Supremo Tribunal Federal um de seus objetos de combate --ele defende o impeachment de ministros, e já disse que Alexandre de Moraes precisa ser "freado".
Segundo um político com amplo trânsito entre os militares, Mourão poderá no mínimo servir de conduíte da corporação militar no Legislativo, algo que Bolsonaro nunca foi, apesar de 28 anos na Câmara -ele era mais um sindicalista fardado folclórico, por assim dizer.
Após quatro anos de desastrosa tentativa de normalizar a presença militar no Executivo, herança do ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas, Mourão parece mais qualificado para a missão do que figuras como general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde eleito deputado federal pelo PL-RJ.
Por outro lado, o Senado não é uma OM (organização militar), brinca esse interlocutor. O estilo direto de Mourão terá contraponto na ampla experiência dos caciques da Casa, como Renan Calheiros (MDB-AL), e o embate de estilos promete diversão.
No serviço ativo, Mourão perdeu o Comando Militar do Sul em 2015 ao sugerir que retirar Dilma Rousseff (PT) do poder reduziria a corrupção e acabou caindo da Secretaria de Finanças do Exército em 2017, após criticar o governo Michel Temer (MDB) e sugerir a possibilidade de intervenção militar.
por IGOR GIELOW / FOLHA de S.PAULO
BRASÍLIA/DF - O vice-presidente da República e senador eleito pelo Rio Grande do Sul, Hamilton Mourão (Republicanos), afirmou nesta quinta-feira, 24, pelo Twitter, que a multa determinada na quarta-feira (23) ao PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, é "absurda". Para ele "chegou a hora da direita se organizar" e "reagir com firmeza".
"Vive-se hoje, nacionalmente, uma polêmica justificada em função da questão da confiabilidade das urnas eletrônicas e das ações contundentes e exacerbadas do TSE", escreveu o vice-presidente.
"O recente recurso do PL, protocolado mais de 20 dias depois da proclamação oficial dos resultados das eleições, não dá ao TSE o direito de rejeitá-lo peremptoriamente e extrapolar, mais uma vez, por intermédio de uma multa absurda e inclusão dos demandantes em inquérito notadamente ilegal", acrescentou. Mais cedo, o presidente do Republicanos, partido de Mourão, deputado federal reeleito Marcos Pereira (SP), disse que a legenda não foi consultada sobre a ação do PL que pede a anulação de votos de determinadas urnas no segundo turno da eleição presidencial. "Reconheci o resultado publicamente às 20:28 do dia da eleição", disse Pereira.
Mourão também acusou Moraes de agir com autoritarismo e de "ferir de morte o Pacto Federativo". "Assim, é chegada a hora da direita conservadora se organizar contra a esquerda revolucionária", frisou o general. "Necessário é reagir com firmeza, prudência e conhecimento; dentro dos ditames democráticos e constitucionais, para restabelecer o Estado Democrático de Direito no Brasil", concluiu.
Moraes rejeitou na quarta-feira a ação apresentada pelo PL que pedia a anulação dos votos de mais de 279 mil urnas eletrônicas no segundo turno das eleições presidenciais, em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu vitorioso na disputa contra o atual chefe do Executivo. O ministro fixou uma multa de R$ 22,9 milhões por litigância de má-fé e determinou a suspensão do fundo partidário da coligação Pelo Bem do Brasil, formada pelo PL, PP e Republicanos até que o pagamento da penalidade seja feito.
por Estadao Conteudo
BRASÍLIA/DF - O vice-presidente Hamilton Mourão vai se filiar ao Republicanos na próxima quarta-feira (16), durante evento realizado na sede nacional do partido, em Brasília. Eleito ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2018, Mourão segue pela primeira vez um caminho político independente e deve disputar o cargo de senador pelo Rio Grande do Sul nas eleições de outubro deste ano.
O general da reserva deixa o PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro) para entrar na nova legenda. No final de fevereiro, o presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira (SP), e o dirigente estadual, deputado federal Carlos Gomes, comemoraram a filiação de Mourão. "Representa uma honra para o Republicanos e reforça o projeto de ampliação da força política do partido nas eleições de outubro", manifestaram-se, por meio de nota.
O deputado Aroldo Martins (Republicanos/PR) chegou a destacar o perfil do novo integrante do grupo. "Será um excelente quadro para o Republicanos, um homem público de perfil conservador, preparado, inteligente e moderado”, declarou.
A filiação será restrita para convidados e para a imprensa, em razão de medidas de prevenção contra a Covid.
Distanciamento de Bolsonaro
Há algum tempo, o presidente Jair Bolsonaro e Mourão já sinalizam que estaria descartada uma chapa para disputar a reeleição.
Ao longo do mandato como vice-presidente, Mourão deu várias declarações que desagradaram ou contrariaram entendimentos do Palácio do Planalto. Em uma das mais recentes, no início do conflito entre Rússia e Ucrânia, Mourão criticou Vladimir Putin e disse que o Brasil não estava neutro na disputa, mas acabou desautorizado pelo presidente.
“Quem fala sobre esse assunto é o presidente, e ponto-final”, disse Bolsonaro, desautorizando as declarações de Mourão sobre o conflito.
Horas depois, em sua live, o presidente Bolsonaro se referiu ao vice como "essa pessoa" e afirmou que ele não tinha competência para dar declarações sobre a guerra na Ucrânia, acrescentando que Mourão estava "dando peruada naquilo que não lhe compete".
BRASÍLIA/DF - O vice-presidente Hamilton Mourão comentou, há pouco, a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de decretar a prisão preventiva do presidente do PTB e ex-deputado federal, Roberto Jefferson, na manhã desta sexta-feira, 13. “O ex-deputado faz críticas que você pode colocar como pesadas. Se o camarada se sente ofendido, acho que ele tem que buscar o devido processo. O ministro Alexandre de Moraes tem uma certa prerrogativa aí. Então, essa história de mandar prender é meio complicada”, disse o vice-presidente, em conversa com jornalistas.
O ex-deputado, que é aliado do presidente Jair Bolsonaro, foi preso no âmbito da investigação sobre suposta organização criminosa, ‘de forte atuação digital, com a nítida finalidade de atentar contra a Democracia e o Estado de Direito’ — o chamado inquérito das milícias digitais, aberto em julho.
Alexandre fundamentou a ordem de custódia na ‘garantia da lei e da ordem’ e na ‘conveniência da instrução criminal’. O ministro do STF considerou que foram ‘inequivocamente demonstrados nos autos os fortes indícios de materialidade e autoria’ dos crimes de calúnia, difamação, injúria, incitação ao crime, apologia ao crime ou criminoso, associação criminosa, denunciação caluniosa, além de delitos previstos na Lei de Segurança Nacional e no Código Eleitoral.
De acordo com o relator do inquérito das milícias digitais, Roberto Jefferson se manifesta ‘contra as instituições democráticas, proferindo diversas ameaças, em especial o Supremo Tribunal Federal’. Alexandre registra que o presidente do PTB ‘pediu o fechamento do STF, a cassação imediata de todos os ministros para acabar com a independência do Poder Judiciário, incitando a violência física contra os ministros, porque não concorda com os seus posicionamentos’.
Antes de ser preso, Roberto Jefferson postou em suas redes sociais: "A Polícia Federal foi à casa de minha ex-mulher, mãe de meus filhos, com ordem de prisão contra mim e busca e apreensão. Vamos ver de onde parte essa canalhice."
O inquérito no qual sua prisão foi calcada investiga possível organização de milícias digitais para ataques às instituições democráticas. Entre os nomes citados pela PF estão assessores da Presidência da República, acusados de integrar o chamado “gabinete do ódio”, organização por trás dos atos criminosos.
*Por: Gustavo Côrtes / ESTADÃO
BRASÍLIA/DF - Em entrevista ao programa Roberto D’Avila, da GloboNews, nesta terça-feira (22), o vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), disse que o “maior erro” do governo foi não ter feito uma campanha “firme” para orientar a população em relação à Covid-19.
“Vou dizer para ti qual é o nosso maior erro. Na minha visão, a questão de comunicação, desde o ano passado, de campanhas de esclarecimento da população. Eu acho que este foi o grande erro: [não ter feito] uma campanha de esclarecimento firme, como tivemos no passado, de outras vacinas. Então, uma campanha de esclarecimento da população sobre a realidade da doença, orientações o tempo todo para a população”, disse Mourão.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), desde o início da pandemia, critica medidas de prevenção contra a doença que são orientações da OMS (Organização Mundial de Saúde), como o uso de máscaras, distanciamento e isolamento social.
Além disso, Bolsonaro também critica frequentemente o uso de vacinas contra a doença, questionando sua eficácia, e propagandeando o que tem chamado de “tratamento precoce” com o uso de medicamentos comprovadamente ineficazes contra a Covid-19, além do fato de sugerir que uma suposta “imunidade de rebanho”, que viria após um altíssimo número de contaminação da população, seja mais eficaz que a imunização com as vacinas.
Questionado se os “recados da parte de cima”, ou seja, da presidência, sobre a pandemia teriam sido “trocados”, Mourão disse que “todos procuram fazer sua parte”.
“O presidente tem a visão dele. Eu não coloco nas costas do presidente essas coisas que têm acontecido. Não é tudo nas costas dele. Cada um tem a sua parcela de erro nesse pacote todo aí. É um país desigual: desigual regionalmente e desigual socioeconomicamente. É um país continental. Então, a gente olha outro país que sofreu tanto quanto a gente ainda continua com gente falecendo por essa doença, que são os Estados Unidos”, disse o vice-presidente.
*Por: ISTOÉ
BRASÍLIA/DF - O vice-presidente Hamilton Mourão fez no domingo (27) um balanço da atuação do governo na Amazônia Legal desde o início de sua gestão e elencou o que o aguarda ano que vem. Segundo Mourão, em 2021 as prioridades para a região serão o monitoramento e combate a crimes ambientais e fundiários; fortalecimento das agências ambientais; incremento de fontes de financiamento; regularização fundiária e ordenamento territorial; e estímulo à inovação e à bioeconomia.
“A Amazônia sofria com ausência do Estado, projetos inconsistentes e crenças ambientais equivocadas que, por anos, foram deliberadamente plantadas e cultivadas na mente dos brasileiros como verdadeiras. Por ser uma região distante e de difícil acesso que poucas pessoas de fato conheciam, muitas acabaram aceitando essas verdades criadas por especialistas de suas vontades, plantadas como “boas sementes” e cuidadosamente regadas até criarem raízes”, argumentou o vice-presidente.
Mourão destacou a recriação do Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL) em fevereiro deste ano e a sua atuação na presidência do conselho.
“Com exceção do Tocantins, visitei todos os estados da Amazônia Legal para conhecer as suas realidades, ouvir as preocupações e demandas dos governadores e sociedade e alinhar ações. Apresentei a embaixadores estrangeiros os verdadeiros índices brasileiros de preservação ambiental (84% da vegetação nativa na Amazônia e 66% em todo o território nacional) e os levei para verificar in loco a complexidade, desafios, oportunidades e projetos da região”, destacou.
O vice-presidente ressaltou ainda a atuação diante do Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima, com a criação da Comissão Brasileira da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica como comissão permanente do CNAL.
Outra linha de atuação destacada por Mourão foi a Operação Verde Brasil 2, realizada em parceria com as Forças Armadas em apoio aos órgãos de segurança e fiscalização estaduais e federais.
“Avançamos no combate a crimes ambientais e outros ilícitos, obtendo resultados expressivos, como na apreensão de madeira ilegal (187,147 m3), embarcações (1.518), minerais (154.050.045 kg), drogas (392 kg), tratores (261); e nos índices de desmatamento, que estão em queda desde junho, na faixa de 20% a 30%, com exceção de outubro que teve um pico, mas voltando a cair 44% em novembro em relação ao mesmo período de 2019”, afirmou.
*Por Agência Brasil
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