RÚSSIA - O presidente russo, Vladimir Putin, culpou neste domingo (09/10) os serviços secretos ucranianos pelas explosões que destruíram parte da ponte de Kerch no sábado, única ligação entre a Rússia e a península ucraniana da Crimeia, anexada ilegalmente por Moscou em 2014.
"Os autores, executantes e patrocinadores são os serviços secretos ucranianos", disse Putin, em uma reunião com o presidente do Comitê de Investigação da Rússia, Alexandr Bastrikin, segundo um vídeo distribuído pelo Kremlin.
"Não há dúvida de que isto é um atentado terrorista com o objetivo de destruir uma infraestrutura civil criticamente importante da Federação Rússia", completou o presidente russo.
Segundo Bastrikin, cidadãos russos e países estrangeiros teriam ajudado a preparar o ataque, que matou três pessoas.
O Kremlin anunciou que Putin se reunirá com o Conselho de Segurança Nacional da Rússia nesta segunda-feira para discutir a reação ao ataque. Neste domingo, mergulhadores russos foram destacados para examinar os danos causados pelas explosões.
No sábado, segundo autoridades russas, um caminhão explodiu e incendiou sete tanques de um trem de carga que transportava combustível. Até agora, a Rússia tinha evitado acusar a Ucrânia. O tráfego de veículos e o ferroviário foram restabelecidos na ponte horas depois das explosões, que derrubaram no mar, em dois locais, parte da pista para automóveis.
Kiev não reivindicou a autoria, mas fez repetidas alusões ao desejo de destruir a ponte. Além disso, postagens de autoridades ucranianas nas redes sociais comemoraram a explosão e até ironizaram Moscou.
A Rússia construiu a ponte de Kerch para ligar a então recém-anexada Península da Crimeia à região russa de Krasnodar Krai, no norte do Cáucaso. A ponte foi inaugurada em 2018 e, na época, custou 3,6 bilhões de dólares. Com uma extensão de 19 quilômetros, o ambicioso projeto, feito para ajudar a reforçar a infraestrutura da Crimeia e fortalecer sua conexão com a Rússia, é a ponte mais longa da Europa.
De importância estratégica vital para a invasão de Moscou na Ucrânia, a estrutura é a única ligação terrestre com a península anexada ilegalmente pelos russos em 2014 e vem sendo usada principalmente como rota de abastecimento para as tropas russas em solo ucraniano.
As explosões levaram Putin a assinar um decreto autorizando o reforço das medidas de segurança para a ponte, dando poderes ao serviço secreto russo (FSB) para coordenar a proteção.
O decreto também reforçou a segurança em torno de outras infraestruturas críticas, como as linhas de fornecimento de eletricidade e gás natural para a Crimeia.
Ataques de mísseis em Zaporíjia
Também neste domingo, ao menos 12 pessoas morreram após um bombardeio na cidade ucraniana de Zaporíjia, e 49 pessoas foram hospitalizados, incluindo seis crianças, disseram autoridades ucranianas.
Um prédio de nove andares foi parcialmente destruído pelo ataque, cinco outros edifícios residenciais foram totalmente destruídos e muitos outros foram danificados por 12 ataques com mísseis russos, segundo Oleksandr Starukh, governador da região de Zaporíjia.
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, confirmou o número das baixas e prometeu que aqueles que ordenaram e emitiram os ataques "impiedosos" serão responsabilizados.
le (Lusa, EFE, DPA, Reuters, AFP)