PARIS - Os diálogos entre Rússia e Ucrânia em Paris, em pleno recrudescimento das tensões na fronteira entre os dois países, "não foram simples" e vão continuar em uma nova rodada dentro de duas semanas em Berlim, anunciou na quarta-feira (26) o enviado do Kremlin, Dmitri Kozak.
"Precisamos de uma pausa adicional. Esperamos que este processo tenha resultados em duas semanas", acrescentou Kozak durante coletiva de imprensa após se reunir por oito horas com conselheiros diplomáticos de Ucrânia, França e Alemanha.
"A próxima reunião está prevista para a segunda semana de fevereiro em Berlim", confirmou uma fonte do governo alemão.
Em uma declaração conjunta, o chamado Quarteto da Normandia, criado em 2014 para buscar uma saída para a crise na Ucrânia, reafirmou seu apoio aos acordos de paz de Minsk "como base de trabalho" e comprometeu-se a tentar "mitigar" as divergências.
"Apesar de todas as diferenças de interpretação", os participantes concordaram em que "todas as partes devem manter o cessar-fogo" no leste da Ucrânia "em virtude dos acordos", acrescentou o enviado russo.
Kozak destacou, no entanto, que a situação no leste da Ucrânia, onde separatistas pró-russos autoproclamaram em 2014 duas repúblicas, e a tensão ao longo da fronteira russo-ucraniana são "dois assuntos diferentes".
O encontro em Paris visava a uma desescalada da tensão após uma série de conversas entre Rússia e Estados Unidos. Washington acusa Moscou de preparar um ataque iminente, após ter enviado milhares de soldados para a fronteira com a Ucrânia.
A Presidência francesa avaliou que o resultado da reunião representa "um bom sinal" obtido em "condições difíceis".
A próxima reunião em Berlim também ocorrerá no nível de conselheiros diplomáticos, já que, segundo Kozak, uma cúpula de mandatários "não está na agenda".
"Esperamos que nossos interlocutores compreendam nossos argumentos e que em duas semanas consigamos resultados", acrescentou.
"Nós queremos manter este diálogo", disse, por sua vez, o negociador ucraniano, Andrii Yermak, destacando que a declaração desta quarta-feira "é o primeiro documento significativo" que as duas partes conseguem acordar "desde dezembro de 2019".
Desde os acordos de Minsk de 2015, o front se estabilizou e os combates diminuíram. Mas a solução política para o conflito, que deixou mais de 13.000 mortos, está estagnada.