EUA - Cerca de 8.500 soldados dos Estados Unidos estão em alerta máximo para serem mobilizados em meio à crescente tensão na Ucrânia, segundo anunciou o Pentágono.
Enquanto isso, a Rússia nega planejar uma ação militar contra a Ucrânia, apesar de reunir aproximadamente 100.000 soldados nas proximidades deste país.
Está programada para esta segunda-feira, uma videochamada entre o presidente americano, Joe Biden, e aliados europeus para discutir uma estratégia das potências ocidentais diante da agressão russa.
O Pentágono diz que ainda não foi tomada uma decisão definitiva sobre o envio de tropas. Isso só aconteceria se a aliança militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) decidir empregar forças de de reação rápida, "ou se outras situações se desenrolarem" no que diz respeito às tropas russas, segundo explicou o secretário de imprensa do Pentágono, John Kirby. Não há planos de ação na própria Ucrânia, acrescentou.
"Isso está provando a seriedade com que os EUA levam seu compromisso com a Otan", disse Kirby.
Alguns membros da Otan, incluindo Dinamarca, Espanha, Bulgária e Holanda, já estão enviando caças e navios de guerra para a Europa Oriental, como um reforço na defesa na região.
No fim de semana, cerca de 90 toneladas de "ajuda letal" dos EUA, incluindo munição para "defensores da linha de frente", chegaram à Ucrânia.
Além do presidente Biden, a videochamada de segunda-feira incluirá o primeiro-ministro britânico Boris Johnson; o presidente francês Emmanuel Macron; o chanceler alemão Olaf Scholz; o primeiro-ministro italiano Mario Draghi; o presidente polonês Andrzej Duda; e o secretário-geral da Otan Jens Stoltenberg.
Os líderes da União Europeia Ursula von der Leyen e Charles Michel também irão participar da chamada.
Enquanto isso, Boris Johnson alertou que investigações de serviços de inteligência sugerem que a Rússia está planejando um ataque-relâmpago à capital ucraniana, Kiev.
"A inteligência é muito clara de que existem 60 grupos de batalha russos nas fronteiras da Ucrânia, o plano para um ataque-relâmpago que poderia derrubar Kiev é algo à vista de todos ", disse Johnson.
"Precisamos deixar bem claro para o Kremlin, para a Rússia, que esse seria um passo desastroso."
Retirada de funcionários das embaixadas
O governo Biden recomendou a funcionários da embaixada e seus parentes que deixassem a Ucrânia no domingo. Kiev, por sua vez, classificou a decisão como "prematura" e "uma demonstração de cautela excessiva".
O Reino Unido também começou a retirar funcionários de sua embaixada, com cerca de metade deles já programados para sair de Kiev. A decisão veio um dia depois de o departamento de relações exteriores britânico acusar o presidente russo, Vladimir Putin, de planejar colocar um líder pró-Moscou no governo da Ucrânia.
O nome apontado para essa função, segundo o governo britânico, é do ex-deputado ucraniano Yevhen Murayev — que chamou essa alegação de "estúpida" em uma entrevista à agência de notícias Reuters. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia publicou no Twitter que o departamento britânico estava fazendo "circular desinformação".
Quando o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, se encontrou na semana passada com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, o russo expressou a esperança de que "as emoções diminuam".
Mas as negociações diplomáticas não conseguiram aliviar as tensões, e a moeda da Rússia — o rublo — perdeu muito valor. Os EUA e seus aliados ameaçaram novas sanções econômicas se os militares russos agirem contra a Ucrânia.
Quase uma década de turbulência
O Kremlin declarou que vê a Otan como uma ameaça à segurança e exige garantias legais de que a aliança não expandirá mais para o leste, inclusive para a vizinha Ucrânia. Mas os EUA disseram que a questão em jogo é a hostilidade russa, não a expansão da Otan.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, rejeitou a exigência de veto da Rússia, dizendo que a aliança representa "o direito de cada nação escolher suas próprias alianças".
A Rússia tomou parte do território ucraniano antes, quando anexou a Crimeia em 2014. Rebeldes apoiados por Moscou também controlam áreas do leste da Ucrânia perto das fronteiras russas. Esse conflito já custou cerca de 14 mil vidas, e um acordo de paz de 2015 está muito longe de ser cumprido.
BBC NEWS