AUSTRÁLIA - A companhia aérea australiana Qantas anunciou nesta segunda-feira (2) ter assinado um contrato com a Airbus para a aquisição de aviões que farão os voos comerciais mais longos do mundo, entre Sydney e Londres e Sydney e Nova York. Os trajetos terão duração de cerca de 19 horas ininterruptas, sem escalas.
A companhia Qantas celebrou o anúncio de uma encomenda de uma centena de aeronaves para substituir o conjunto de sua frota aérea de voos domésticos, nos dez próximos anos. A empresa também irá adquirir doze Airbus A350-1000 que, a partir de 2025, farão os trajetos mais longos do mundo. A iniciativa foi batizada de "Projeto Amanhecer".
No total, serão pouco mais de 19 horas de voo entre Sydney e duas outras metrópoles: Londres, na Inglaterra, e Nova York, nos Estados Unidos. Atualmente, os trajetos convencionais da companhia têm duração de 24 horas e tem escalas.
Segundo o presidente da Qantas, Alan Joyce, o projeto foi desenvolvido devido ao aumento da demanda, constatado desde o início deste ano, quando a Austrália reabriu suas fronteiras, após dois anos de pandemia de Covid-19. O anúncio foi feito durante uma coletiva de imprensa, no aeroporto de Sydney, nesta segunda-feira. Como pano de fundo, foi exibido um Airbus A350-1000, com o logo da companhia aérea australiana, ainda em preparação.
A retomada dos voos de longa e curta distância, que tiveram uma forte queda devido à pandemia de Covid-19, impulsionaram a iniciativa. A Qantas Airways espera voltar a registrar lucros a partir de julho. Por enquanto, o valor do contrato não foi divulgado. Mas segundo o escritório de análise financeira Barrenjoey, o montante do acordo entre a Qantas e a Airbus ficaria em torno de € 4 bilhões.
O patrão da Qantas não escondeu o entusiasmo com o anúncio. "Novos tipos de aviões tornam outras coisas possíveis". Graças ao "Projeto Amanhecer" e aos Airbus A350, "todas as cidades estarão a apenas um voo da Austrália", reiterou, sugerindo a criação de outros trajetos além de Londres e Nova York. "É a fronteira final e a solução definitiva contra a tirania da distância", afirmou.
Camas na primeira classe e "espaço de bem-estar"
Para realizar os voos mais longos do mundo, as aeronaves precisarão ser adaptadas. Os passageiros da primeira classe poderão contar com o luxo de dormir em uma verdadeira cama. As cabines também serão equipadas de um assento reclinável e um armário.
Os clientes da classe econômica não serão esquecidos. Segundo Joyce, eles poderão frequentar "um espaço de bem-estar", onde terão a possibilidade de se alongar e se hidratar. "É um local que acreditamos ser importante para passageiros em voos de longa distância", afirma.
A repaginação do avião para a criação de novos espaços inclui a retirada de cerca de 100 assentos. No total, serão 238 lugares. Esse conforto extra, claro, custará mais caro do que os trajetos tradicionais que incluem escala em outros países, segundo Joyce.
A nova aeronave também reduziria as emissões de gases do efeito estufa em pelo menos 15% se funcionar com combustíveis fósseis, afirmou o presidente da Qantas. No entanto, todas essas vantagens pesarão no bolso no cliente.
"Haverá um pequeno aumento de preço neste voo direto. Mas os valores na classe econômica permanecerão próximos de nossas tarifas atuais", promete.
Voos de teste
Desde 2018 a Qantas opera um voo direto entre Perth, no sudoeste da Austrália, e Londres. O trajeto é um dos mais lucrativos à companhia australiana.
Em 2019, a empresa organizou os primeiros testes para "os voos mais longos do mundo", incluindo Londres-Sydney, de 17.750 quilômetros, com a duração de 19 horas e 19 minutos. No mesmo ano, o trajeto entre Nova York e Sydney, de 16.200 km, durou pouco mais de 19 horas.
A Singapore Airlines tem atualmente o voo comercial mais longo do mundo sem escalas, entre Singapura e Nova York, que dura quase 19 horas.
Com informações de Grégory Plesse, correspondente da RFI em Sydney, e agências