MUNDO - O primeiro-ministro russo Mikhail Mishustin anunciou na última semana um plano 5 trilhões de rublos (cerca de € 65 bilhões) para relançar a economia do país, fragilizada pela pandemia de Covid-19. As autoridades do país vinham sendo criticadas por uma forma de inércia diante das consequências econômicas da crise sanitária.
O valor é relativamente baixo comparado aos programas de investimento anunciados pelos Estados Unidos ou pela União Europeia. Mas para os padrões russos, o montante é considerado importante, já até agora poucas medidas concretas haviam sido anunciadas para ajudar a economia do país.
O premiê deu poucos detalhes sobre as modalidades concretas desse plano econômico. O chefe do governo disse apenas que serão implementadas “cerca de 500 medidas” durante dois anos e se contentou em anunciar os objetivos: limitar a recessão em 2020 e relançar um crescimento de mais de 2% até o final de 2021.
A economia russa deve registrar uma queda de 9,5% de seu Produto Interno Bruno (PIB) no segundo trimestre de 2020 e uma retração entre 5% e 6% acumulada no final do ano.
Segundo a imprensa russa, Moscou também quer aproveitar desse plano para incentivar os dispositivos de trabalho em meio período e reduzir os empregos informais no país. Além disso, uma parte importante do montante deverá ser atribuído às pequenas e médias empresa, as mais afetadas pela crise. Também são esperados investimentos no turismo interno e na inovação tecnológica, numa tentativa de diminuir a dependência russa da exportação de hidrocarbonetos.
Popularidade de Putin em baixa
Com esse plano, as autoridades russas esperam responder às críticas sobre a falta de reatividade do Kremlin diante da epidemia, já que as poucas medidas anunciadas foram consideradas insuficientes ou não foram totalmente implementadas. A imagem de Vladimir Putin sofreu com essa situação. O presidente, que há mais de 20 anos dirige a política do país, perdeu 10 pontos segundo uma pesquisa realizada pelo instituto independente Levada.
A um mês do referendo constitucional, o presidente precisava mostrar à população que ele não se interessava apenas pela política externa ou seu futuro à frente do país, mas também às dificuldades que atingem à todos. “É de uma importância crucial resolver os problemas do momento”, declarou Putin.
Antes mesmo da pandemia de Covid-19, as autoridades russas já haviam apresentado 2020 como sendo o ano de transformação para a economia do país, após 2019 registrando apenas 1,3% de crescimento.
Segundo dados oficiais, mais de 5 mil pessoas morreram vítimas do coronavírus na Rússia. O país registra entre 8 mil e 9 mil novos casos de contaminação diariamente. Mais de 400 mil pessoas estão infectadas.
*Por: Daniel Vallot, correspondente da RFI em Moscou