EUA - Na terça-feira, 10, o Senado americano aprovou o novo pacote de infraestrutura que injetará 1 trilhão de dólares na economia americana. Este é o maior investimento público em décadas e será direcionado para a construção civil, como pontes, rodovias, portos, aeroportos e internet de banda larga. Metade do valor do projeto, ou seja, 550 bilhões de dólares, será financiado por nova dívida, e a outra metade advém de recursos já aprovados e que estão parados, por exemplo, em outros programas fiscais.
A aprovação justa no Senado, de 69 votos a favor (destes, 19 são republicanos) e 30 votos contra, foi possível graças à coalizão bipartidária entre democratas e republicanos, mostrando uma grande capacidade de articulação política do presidente democrata, Joe Biden, no Congresso. "A margem pela qual o pacote passou é impressionante e isso explicita o fato de que Washington consegue negociar o que é benéfico ao país. Isso tende a reduzir os ânimos polarizados", diz Alejandro Ortiz, economista da Guide Investimentos. O programa agora será direcionado para a Câmara dos Representantes, onde a aprovação é dada como certa.
Além de conseguir organizar a campanha de vacinação em massa em um país com pouca capilaridade de postos públicos - diferentemente de como ocorre no Brasil, que possui as Unidades Básicas de Saúde espalhadas por todos os municípios -, o presidente americano já havia mostrado capacidade de lidar com a crise ao passar um outro pacote no Congresso em março, de 1,9 trilhões de dólares.
O grande mérito do pacote de infraestrutura é a criação de empregos, um dos principais fatores de preocupação para a plena recuperação econômica dos Estados Unidos após a crise da Covid-19. Apesar de a atividade econômica estar se recuperando, a empregabilidade continua abaixo dos níveis pré-pandemia, como mostrou o Payroll divulgado na semana passada.
Além disso, a análise é que, a curto prazo, a injeção trilionária na economia alavancará as bolsas de valores e os juros de longo prazo, porém pode pressionar ainda mais a inflação. A boa notícia é que, a longo prazo, a tendência se reverterá. "O pacote de infraestrutura é indutor de produtividade da economia, que é um fenômeno deflacionário. A médio prazo, certamente a pressão sobre os preços diminuirá", diz Ortiz.
*Por: Luisa Purchio / VEJA.com