A tese de Baleeiro contribuiu para o desenvolvimento de um processo chamado "Fermentação mixotrófica". "Biorrefinarias são alternativas sustentáveis interessantes a vários derivados do petróleo. Porém, elas são limitadas pelas biomassas e restos orgânicos disponíveis nas proximidades. A Fermentação Mixotrófica usa a capacidade de comunidades bacterianas naturais de converter gases (H2, CO2 e CO) e restos orgânicos a químicos valiosos, fazendo com que Biorrefinarias não fiquem limitadas a biomassas locais e que possam ser integradas com a fixação do CO2 e a economia de H2 verde", explicou o pesquisador, que, junto com os orientadores, colegas e orientandos, publicou seis artigos científicos em periódicos internacionais durante o período do doutorado.
Alguns dos resultados da tese foram: o desenvolvimento de um biorreator especializado para desenvolvimento de microbiomas que consomem gases e restos orgânicos ao mesmo tempo; a identificação das bactérias responsáveis pela produção dos químicos mais promissores; definição das condições de cultivos desses microbiomas para produção estável dos químicos; e aumento da escala deste processo até biorreatores de 10 litros.
"Eu espero que a fermentação mixotrófica ajude na transição da atual economia baseada em recursos fósseis a uma economia circular, que se baseia em recursos renováveis. Por exemplo, através da construção de biorrefinarias menos limitadas às biomassas locais e integradas com as redes de hidrogênio verde, ou através da integração de biorrefinarias absorvedoras de carbono com outras indústrias poluidoras, como a do cimento e do aço", afirmou Baleeiro.
A cerimônia de premiação acontecerá no dia 13 de julho. "Além de gratificante, o prêmio dá novo fôlego e suporte a essa pesquisa e à transferência da tecnologia à indústria para que seja aplicada. Sigo trabalhando e desenvolvendo essa tecnologia como pesquisador no Centro Helmholtz de Pesquisa Ambiental em Leipzig, na Alemanha. Porém, o objetivo é aplicar a tecnologia no Brasil assim que encontrar financiamento e parceiros", complementou o pesquisador.
Baleeiro destacou a importância da UFSCar na continuidade da sua trajetória acadêmica e neste prêmio. "Meus professores da UFSCar, em especial, meus ex-professores do Departamento de Engenharia Química (DEQ), não foram só inspiração. Eles também me ensinaram a pensar como engenheiro químico para poder aprimorar as ‘engrenagens’ da indústria que sustenta a nossa sociedade. Tenho orgulho de ter estudado na UFSCar", finalizou.