A pesquisa é feita pelo graduando Guilherme Petek Ramos Leite, sob orientação de Débora Gusmão Melo, docente do DMed. Realizado desde 2021, o projeto está em fase de análise de dados e, até a etapa de inscrição do trabalho no evento, o estudo contava com 136 participantes provenientes de 13 estados brasileiros. Até o momento, a amostra analisada aponta que 43,4% dos estudantes tiveram pontuação considerada de alto conhecimento, 36,8% de médio conhecimento e 19,8% de baixo conhecimento. "Comparando esses dados com outros estudos que investigaram o conhecimento sobre o tema, a população de estudantes universitários parece apresentar maior conhecimento quando comparada com populações de não universitários", reflete Guilherme Leite.
O pesquisador acrescenta que diversos estudos já realizados apontam os universitários como uma população que apresenta alto consumo de bebida alcoólica. "Esse consumo muitas vezes está associado a comportamentos sexuais de risco, como o não uso de preservativos, por exemplo. Por isso que, quando a gravidez ocorre nesse grupo, muitas vezes ela acaba não sendo planejada e cursa com o consumo de álcool até a descoberta da gestação, fazendo com que haja um grande risco de problemas no desenvolvimento fetal. Nesse sentido, os resultados preliminares do meu estudo apontam que um bom conhecimento sobre o tema não necessariamente indica uma menor chance de ter filhos com algum transtorno do espectro alcoólico fetal", destaca. Nesse contexto, Leite acredita que o desafio dos órgãos públicos é conseguir mapear o grau de conhecimento da população sobre o assunto e transformar esse conhecimento em atitudes que vão em direção à total abstenção do álcool durante a gestação. "O questionário que a pesquisa está desenvolvendo sobre o assunto pode ser uma ótima ferramenta para a abordagem inicial do tema pelos profissionais de saúde", aponta.
O estudante da UFSCar reforça que o uso de álcool na gestação pode gerar diversos problemas ao bebê. Esses problemas podem ser agrupados em um espectro, chamado de Transtornos do Espectro Alcoólico Fetal (TEAF), que podem causar desde pequenas alterações no rosto da criança até malformações nos rins, no coração e no cérebro, por exemplo. "Os TEAF são de grande incidência, sendo algumas vezes até mais comuns que a Síndrome de Down. No entanto, a falta de conhecimento sobre o tema entre os profissionais de saúde e a população no geral faz com que muitos casos não sejam diagnosticados e tratados da maneira correta", alerta Guilherme Leite.
Este é o primeiro estudo no Brasil que avalia o tema. A expectativa, a partir dos resultados finais, é que os levantamentos possam guiar a construção de políticas públicas de saúde sobre os riscos do consumo de álcool durante a gestação. Para Guilherme Leite, foi uma surpresa receber o prêmio durante o Congresso. "Estou trabalhando nesse projeto desde o segundo semestre de 2021 e não há sensação melhor do que ver o seu trabalho sendo reconhecido em nível nacional", comemora.
A pesquisa tem apoio da à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar (CAAE: 58094422.5.0000.5504).