Formação de profissionais
A segunda parte da publicação aborda as várias possibilidades de formação do profissional de Terapia Ocupacional na área de TA, desde a graduação, por meio de disciplinas, pesquisas e projetos de extensão, até a pós-graduação, detalhando linhas de pesquisa em programas já existentes no País e abordando o ensino nas modalidades stricto e lato sensu. Os textos resgatam a criação e implementação dessas iniciativas, além de avanços e desafios.
"Há projetos pedagógicos e matrizes curriculares bem distintas para Tecnologia Assistiva na Terapia Ocupacional, com disciplinas que variam carga horária e abordagem. A obra detecta que, em cursos mais novos, há um destaque maior à área, porque a percepção da importância da TA para a formação dos terapeutas ocupacionais já está mais clara para as pessoas", analisa Pelosi.
Por fim, a terceira parte do livro é dedicada às experiências práticas dos profissionais de Terapia Ocupacional no Brasil com a TA, evidenciando o uso não apenas das soluções mais complexas, mas também de alternativas de baixo custo.
Um exemplo de TA de baixo custo para acessibilidade no esporte é o jogo de tênis adaptado. "A alteração estratégica é simples: em vez de quicar só uma vez no chão, a bola quica duas vezes, solução que favorece a participação da pessoa com deficiência no tênis. E isso é muito visível neste campo: hoje, há regras em esportes como futebol ou natação que também foram adaptadas, sem necessariamente utilizar equipamentos elaborados ou custosos", relata Alves. É preciso, portanto, buscar o olhar atento à pessoa e ao cenário, com o foco na solução.
Outro exemplo prático com solução estratégica de TA é o da criança usuária de cadeira de rodas em sala de aula. "Mesmo tendo o seu equipamento, que consiste num dispositivo para deslocamento, ela pode encontrar dificuldades de participação, dependendo da organização da sala. Neste caso, a solução não é apenas um equipamento (só a cadeira de rodas), mas sim a estratégia de reorganizar o espaço, de forma a possibilitar a participação social desta criança nas atividades escolares, assim como os demais alunos", reforça Pelosi.
Segundo a docente da UFRJ, as experiências práticas da Tecnologia Assistiva ajudaram a entendê-la como uma área transversal à formação, que não se restringe a pessoas que tenham proximidade com deficiências (física, cognitiva, auditiva, visual). Qualquer indivíduo, em determinada fase da vida, pode demandar TA, seja num hospital, ou até mesmo em situações cotidianas. "A mulher grávida, por exemplo, pode se beneficiar de rampas para se deslocar com mais autonomia e segurança, assim como uma pessoa empurrando um carrinho com um bebê, que passa a ter necessidades temporárias semelhantes a uma pessoa que se desloca em cadeira de rodas", exemplifica.
Além disso, com o passar do tempo, qualquer pessoa terá perdas funcionais, já que se constituem como um processo natural no envelhecimento. Nesse sentido, a obra é também uma tentativa de sensibilizar as pessoas de que a Terapia Ocupacional e, sobretudo, a Tecnologia Assistiva, são essenciais para a melhoria da qualidade de vida.
No entanto, a área de Tecnologia Assistiva precisa de investimentos para ser aperfeiçoada. "Neste momento, temos como desafio a retomada de recursos financeiros, especialmente nas universidades. Isso é essencial para mapearmos iniciativas de TA já existentes, mas também para avançarmos em ações que promovam a inovação para a acessibilidade e participação das pessoas com deficiência na sociedade", reforça Martinez.
Pelosi complementa, dizendo que o investimento na formação de recursos humanos também é fundamental para o bom funcionamento da Tecnologia Assistiva.
"Existem equipes que recebem equipamentos de ponta, com grande potencial, mas que ficam nas caixas por não saberem o que fazer ou como usar. Precisamos capacitar os profissionais das mais diversas áreas, principalmente de Saúde, para lidarem com a TA, ampliando o conhecimento e, consequentemente, fazendo com que ela chegue para toda a população de forma adequada", finaliza a docente.
Lançamento
O lançamento da obra acontece - virtualmente - no dia 29 de setembro, a partir das 17 horas, e ocorrerá no escopo da série de eventos "EdUFSCar no ar", uma iniciativa da EdUFSCar em parceria com a Assessoria para Comunicação Científica e a Coordenadoria de Comunicação Social da Universidade.
A mediação do encontro será da jornalista Adriana Arruda, com a participação das organizadoras da obra. A transmissão será feita via Facebook (facebook.com/ufscaroficial e facebook.com/editora.edufscar) - e YouTube (youtube.com/ufscaroficial), com veiculação do áudio posteriormente também na Rádio UFSCar e disponibilização no formato de podcast. A participação no evento ao vivo é aberta a todas as pessoas interessadas, que poderão apresentar questões às convidadas.
O livro "Formação em Terapia Ocupacional para uso da Tecnologia Assistiva: experiências brasileiras contemporâneas" está disponível para compra no site da Editora (edufscar.com.br) e, até 30 de setembro, haverá desconto de 30%.