SÃO CARLOS/SP - Em tempos de pandemia da Covid-19, os números de óbitos divulgados diariamente alertam para a gravidade do cenário e reforçam a importância da adoção das medidas sanitárias. A luta contra a pandemia é de pacientes e seus familiares e de tantos profissionais de saúde que se esforçam nesse combate há mais de um ano. Recentemente, a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) divulgou a taxa de mortalidade em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), públicas e privadas, um espaço que tem sido um campo importante na batalha contra a doença. Os dados nacionais mostram que o índice de óbitos no Sistema Único de Saúde (SUS) é de 52,9% e, na saúde privada, é de 29,7%. No Hospital Universitário da Universidade Federal de São Carlos (HU-UFSCar/Ebserh), essa taxa, em março, foi de 30%, aproximando-se das taxas mais baixas do país.
Os dez leitos de UTI do HU foram inaugurados em 2020 e já direcionados para o atendimento exclusivo a pacientes adultos do SUS com casos de Covid-19. A equipe da UTI-Covid conta com cerca de 60 profissionais, entre equipe de enfermagem, médicos, fisioterapeutas e limpeza, além da equipe de apoio do Hospital, composta por nutricionista, assistente social, psicólogo, fonoaudiólogo e farmacêutico. A infraestrutura conta com todo o suporte necessário para atendimento aos pacientes com Covid.
Gerhard da Paz Lauterbach, clínico geral e médico da UTI do HU-UFSCar, relata que os pacientes que têm chegado até a UTI do Hospital, em sua maioria, já vêm em ventilação mecânica ou prestes a serem entubados e conectados a um respirador. "Pela gravidade da patologia pulmonar e de tantos outros problemas que têm acompanhado a Covid, como risco de infecções bacterianas, insuficiência renal e descontrole glicêmico, a chance de evolução desfavorável nesse perfil de pacientes é grande", expõe o médico.
Para Lauterbach, no entanto, o índice de mortalidade da UTI do HU se aproxima das taxas mais baixas apontadas pela Amib por um conjunto de fatores que influencia a qualidade do cuidado ofertado aos pacientes. "Certamente nossa equipe multidisciplinar extremamente capacitada, aliada aos nossos plantonistas e residentes, tem papel crucial nesses resultados positivos. E, também, nada disso seria possível sem um adequado planejamento de insumos", garante.
Atendimento na pandemia
Desde o início da pandemia, o HU passou por reestruturações para conseguir atender à comunidade, contribuindo com o sistema de saúde público de São Carlos e região. Além da contratação de 118 profissionais, por meio de seleção emergencial da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), o Hospital promoveu a capacitação da sua equipe. Foram 15 ações de capacitação com cerca de 850 participações. Além disso, o Hospital readequou o fluxo de atendimento dos pacientes para garantir a separação necessária entre aqueles com sintomas de Covid e os com outras doenças, e reestruturou os leitos para ofertar espaço suficiente para os casos de coronavírus. Atualmente, são 24 leitos de enfermaria adulto, quatro leitos de suporte ventilatório e 10 leitos de UTI.
Desde o início da pandemia, foram atendidas no Hospital 932 pessoas positivadas para Covid-19, destas, 526 precisaram de internação. Nesta sexta, dia 16/4, o HU tem 29 pacientes internados no espaço Covid, sendo 11 em internação clínica, oito em suporte ventilatório e 10 na terapia intensiva.
Para Fábio Neves, superintendente do HU-UFSCar, o Hospital tem desempenhado um importante papel no enfrentamento à pandemia de Covid-19 na região. "O HU-UFSCar é um hospital público, que atende exclusivamente pacientes do SUS e que fez grandes investimentos em infraestrutura, equipamentos e capacitação. Isso tem gerado bons resultados assistenciais, como exemplo, as taxas de mortalidade pela Covid-19, que se assemelham às dos melhores hospitais do Brasil".
"Espero que possamos continuar aprendendo juntos e melhorando a qualidade do cuidado de nossos pacientes a cada dia, impulsionados pelas palavras de conforto e orações diárias de tantos familiares que, angustiados, anseiam pelo fim dessa pandemia tanto quanto nós", conclui o médico Gerhard da Paz Lauterbach.