SÃO PAULO/SP - A reunião do Conselho Deliberativo do Palmeiras na noite de segunda-feira (23) ficou marcada pelo protesto organizado pela Mancha Verde e demais instituições. A principal torcida organizada do Verdão, insatisfeita com a gestão da presidente Leila Pereira, manifestou sua indignação em frente ao clube social alviverde.
A "falta de contratações na última janela de transferências, a falta de transparência da diretoria e a omissão da grande maioria dos conselheiros" são os principais motivos da insatisfação palmeirense.
Começa o protesto da Mancha! pic.twitter.com/31gwz9Krpo
— Felipe Leite (@_FelipeLeite_) October 23, 2023
Depois de explicar o ato para a polícia militar no local, o presidente da Mancha, Jorge Luis, discursou. O principal nome da torcida afirmou que o "Palmeiras é muito maior do que a perda de acordos", reiterou a relação estreita entre as partes anteriormente, reclamou da entrevista coletiva concedida por Leila e pediu mudanças no estatuto e no conselho.
"O conselho está totalmente vendido, omisso. Muitos sócios que falam contra a presidente são suspensos, processados, impedidos de estar no clube”, disse Jorge.
A partir daí, a Mancha entoou cânticos. "Cumpra seu papel, vende o avião e ajuda o Abel", "Leila incompetente pegou o Palmeiras para brincar de presidente", "seu dinheiro não compra meu amor" e "nós somos o 1% que veio para cornetar" — referindo-se à fala de Leila, minimizando a insatisfação da torcida — foram alguns dos cantos ouvidos.
Na reunião do Conselho, alguns conselheiros opositores querem discutir a relação entre Palmeiras e a linha aérea adquirida por Leila, a Placar, que presta serviço ao Verdão na forma do avião utilizado pela equipe para viagens.
Além disso, medidas de retaliação da executiva — como a suspensão no fornecimento de ingressos e a exclusão de consulados críticos à gestão — e a polêmica entrevista coletiva também incomodam setores internos do Alviverde.
Na sessão desta segunda, comandada por Alcyr Ramos, presidente do Conselho Deliberativo, alguns membros de oposição pediram a palavra.
Leila Pereira x Mancha Verde
Em entrevista coletiva recente na Academia de Futebol, Leila prometeu acionar a Mancha na esfera cível e criminal — nos últimos dias, depois dos muros da sede social do Palmeiras amanhecerem pichados, diversas lojas da Crefisa viraram alvo de protestos — e, além disso, disparou contra os torcedores organizados, chamando-os de "câncer do futebol brasileiro".
Depois de uma relação que começou estreita, após a executiva assumir a presidência do Palmeiras, no fim de 2021, problemas e desentendimentos entre as partes começaram. Leila viu críticas públicas por parte de lideranças da Mancha Verde sobre seu mandato.
Como resposta, a mandatária 'cortou' orçamento para a escola de samba e parou de ajudar financeiramente em caravanas e viagens do tipo.
"Hoje somos câncer, caso de polícia? O que aconteceu, dona Leila Pereira? É por que a gente não se vendeu para você? Pega o seu dinheiro e enfia no seu cofre", afirmou Jorge Luis, atual presidente da torcida, em live feita no início do mês.
"Quando você foi eleita presidente, você foi na quadra com a gente, não é? Hoje a gente é o câncer, caso de polícia. Mas você vivia na nossa quadra, nas festas, no nosso meio. Só agora descobriu que somos casos de polícia? Só porque estamos criticando sua gestão?", indagou.
O Palmeiras vive contexto de crise. A pressão para cima da diretoria do Verdão cresce cada vez mais: além das pichações recentes — na sede social e em lojas da Crefisa —, há a promessa de protestos recorrentes contra Leila Pereira e Anderson Barros por parte da Mancha Verde. A partida contra o Atlético-MG marcou o início dos atos.
A principal torcida organizada do Alviverde reclamou da falta de competitividade em alto nível na temporada de 2023, elegendo Leila e Barros como principais culpados. Jogadores e comissão técnica não serão alvos das manifestações, pois.
Felipe Leite / GAZETA ESPORTIVA