VATICANO - O papa Francisco, outros líderes religiosos e cientistas apelaram na 2ª feira (4) à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26) para agir "com urgência e oferecer respostas eficazes à crise ecológica sem precedentes".
O papa proferiu o seu discurso durante encontro organizado no Vaticano sobre o tema "Fé e ciência: rumo à COP26", que acontecerá em Glasgow (Reino Unido) de 31 de outubro a 12 de novembro.
Cerca de 40 líderes religiosos e uma dezena de cientistas assinaram o documento, que foi apresentado por Francisco ao presidente designado da COP26, Alok Sharma, e ao ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação Internacional da Itália, Luigi Di Maio.
No documento, eles pedem "que o mundo chegue a zero emissões líquidas de carbono o mais rápido possível para limitar o aumento da temperatura média global a 1,5 graus acima dos níveis pré-industriais".
O líder do Vaticano afirmou que "a humanidade nunca teve tantos meios para alcançar esse objetivo como os que tem hoje" e apelou ao "respeito mútuo entre fé e ciência para estabelecer um diálogo entre elas, orientando o cuidado da natureza, a defesa dos pobres, a construção de uma rede de respeito e fraternidade".
Os signatários do documento destacaram que as nações mais ricas, com maiores responsabilidades, devem "assumir a liderança, intensificando a sua ação climática em casa e apoiando financeiramente os países vulneráveis "para que se adaptem e lidem com a mudança climática".
Destacando que o tempo está se esgotando", imploraram à comunidade internacional "que aja rapidamente, porque as gerações futuras nunca perdoarão se for perdida a oportunidade de proteger" o planeta.
"Herdamos um jardim: não devemos deixar um deserto aos nossos filhos", concluíram.
Após receber o documento, Alok Sharma afirmou que é uma honra "receber esse apelo conjunto histórico" e que se devem "ouvir as vozes das pessoas mais afetadas pela mudança climática".
"Espero que as pessoas de fé continuem a ser parte fundamental desse diálogo, enquanto trabalhamos juntos para fazer avançar a ação climática", acrescentou.
*Com informações da RTP - Rádio e Televisão de Portugal
Por Agência Brasil*
EUA - O presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, reuniu líderes mundiais na sexta-feira (17) para debater a intensificação dos esforços no combater às mudanças climáticas. O objetivo é se preparar para uma cúpula internacional sobre o aquecimento global, que será realizada no fim deste ano.
Biden promoverá uma reunião virtual do Fórum das Grandes Economias (MEF) na Casa Branca, uma sequência ao encontro do Dia da Terra, que sediou em abril, para apresentar novas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa e induzir outros países a fazerem mais para conter as suas.
O presidente destacou a mudança climática diversas vezes nas últimas semanas, na esteira dos danos causados por inundações e incêndios florestais devastadores nos EUA.
Tratar do assunto é uma de suas maiores prioridades domésticas e internacionais. A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26) em Glasgow, de 31 de outubro a 12 de novembro, é vista como um momento crítico para o mundo se comprometer a fazer mais para deter a elevação da temperatura. Biden quer reunir grandes poluidores para tornar a COP26 um sucesso.
A Casa Branca não divulgou os nomes dos países participantes da reunião desta sexta-feira. O encontro de abril inclui comentários do presidente chinês, Xi Jinping, do presidente russo, Vladimir Putin, da chanceler alemã, Angela Merkel, e de outros líderes mundiais.
Ainda nesta semana, a Casa Branca informou que Biden espera usar o MEF, depois da cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU), para continuar pressionando por medidas em favor do clima.
"O presidente delineará planos para alavancar o MEF pós-Glasgow como plataforma de esforços coletivos concretos de escalada da ação climática ao longo desta década decisiva", disse a Casa Branca em comunicado.
AUSTRÁLIA - A um mês da Cop26, a Conferência do Clima de Glasgow, a Austrália tem enfrentado fortes críticas da comunidade científica por sua postura quanto às mudanças climáticas.
O encontro reunirá líderes de todo o planeta em novembro e tem como objetivo conter o aquecimento global a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais.
Na última quinta-feira (9), o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, confirmou que pressionou o Reino Unido a retirar os compromissos de redução de emissões de gases do efeito estufa no acordo bilateral de comércio firmado entre os dois países.
Poucos dias depois, um alto funcionário da ONU alertou que a falta de ações da Austrália para reduzir suas emissões poderá causar problemas à sua economia num futuro próximo.
A fala foi rebatida por Keith Pitt, ministro das Finanças australiano, que chamou a ONU de "entidade estrangeira", para em seguida dizer que ela "deveria cuidar de seus próprios problemas.
CHINA - A China e os Estados Unidos têm pontos em comum no tema da mudança climática e do corte das emissões de carbono, mas a cooperação não pode ser separada das questões comerciais mais abrangentes entre os dois, disse ontem (8) uma autoridade comercial chinesa graduada.
O vice-ministro do Comércio Wang Shouwen disse em um evento comercial China-EUA em Xiamen que fortalecer a cooperação verde e de baixo carbono não só ajudará os dois lados a atingirem as metas de redução de emissões, mas que também reforçará a cooperação comercial e econômica em geral.
Em meio às tensões comerciais e políticas fervilhantes com Pequim, Washington tenta tratar as ações conjuntas de combate à mudança climática como um tema separado.
Mas durante uma reunião da semana passada com o enviado norte-americano sobre o clima, John Kerry, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, disse que o “oásis da cooperação no clima” não pode ser separado do relacionamento bilateral mais amplo entre os dois maiores produtores mundiais de gases de efeito estufa.
Também na semana passada, Kerry reconheceu que disputas geopolíticas mais abrangentes entre China e EUA podem ter um impacto potencialmente adverso para a cooperação no clima.
Falando aos jornalistas depois de dois dias de conversas com seu equivalente chinês, Xie Zhenhua, Kerry citou sanções norte-americanas impostas a fabricantes de painéis solares com laços com a região de Xinjiang, onde Washington acusa a China de comete abusos de direitos humanos. (Com Reuters)
*Por: FORBES
BRUXELAS - Os países da União Européia deram na segunda-feira o selo final de aprovação a uma lei que torna as metas de emissões de gases de efeito estufa do bloco legalmente vinculativas, enquanto os legisladores da UE preparam um enorme novo pacote de políticas para combater as mudanças climáticas.
Negociadores do Parlamento e dos estados membros da UE chegaram a um acordo em abril sobre a lei climática, que estabelece metas para reduzir as emissões líquidas da UE em 55% até 2030, em relação aos níveis de 1990, e eliminá-las até 2050.
Ministros dos 27 países da UE aprovaram formalmente o acordo na segunda-feira, exceto a Bulgária, que se absteve.
"O acordo final não reflete nossa posição nacional suficientemente", disse um porta-voz do governo búlgaro, sem especificar mais.
Líderes de todos os países da UE assinaram a meta de corte de emissões para 2030 em dezembro, que visa colocar o bloco em um caminho que, se seguido globalmente, evitaria os piores impactos das mudanças climáticas. As metas se aplicam às emissões gerais da UE, ao invés de um requisito obrigatório para cada país.
A lei visa colocar o clima no centro de todas as políticas da UE, garantindo que os regulamentos futuros apoiem os objetivos de redução de emissões.
Isso exigirá uma grande revisão da política. A maioria das leis da UE foi projetada para cumprir a meta anterior de reduzir as emissões em 40% até 2030.
A Comissão Europeia começará essa atualização em 14 de julho, quando propõe uma dúzia de políticas para remodelar a indústria, a energia, os transportes e a habitação para emitir menos CO2. As propostas incluirão reformas do mercado de carbono da UE, padrões mais rígidos de CO2 para carros novos e metas mais ambiciosas de energia renovável.
A lei climática também exige que Bruxelas lance um órgão independente de especialistas para aconselhar sobre políticas climáticas e um mecanismo semelhante ao orçamento para calcular o total de emissões que a UE pode produzir entre 2030-2050, de acordo com suas metas climáticas.
O Parlamento Europeu aprovou a lei na semana passada. O parlamento e os estados membros vão assinar o texto, uma medida formal, esta semana antes de se tornar lei. consulte Mais informação
*Reportagem de Kate Abnett Edição de Robert Birsel / REUTERS
LONDRES - A economia dos países mais ricos vai encolher duas vezes mais do que na crise da covid-19, se os governos não conseguirem lidar com o aumento das emissões de gases de efeito estufa. De acordo com um novo relatório, divulgado esta segunda-feira pela organização não governamental (ONG) Oxfam, as nações do G7 podem perder 8,5% do seu Produto Interno Bruto (PIB) por ano até 2050.
O custo anual para enfrentar os impactos da crise climática vai superar o custo econômico da pandemia. Em 2050, as nações do G7 - o grupo dos países mais industrializados do mundo - podem perder em média 8,5% do PIB a cada ano (o equivalente a US$ 4,8 trilhões), ou seja, o dobro dos 4,2% atingidos pelas perdas econômicas geradas pela covid-19, se as alterações climáticas continuarem sem ser controladas ou revertidas.
As conclusões foram divulgadas na segunda-feira (7) em novo relatório da Oxfam, baseado na investigação do Swiss Re Institute.
"O mundo pode perder cerca de 10% do valor econômico total em meados do século se as alterações climáticas permanecerem na trajetória atualmente prevista e se o Acordo de Paris e as metas de emissões líquidas zero para 2050 não forem cumpridas", alerta o relatório.
Os especialistas acrescentam que os países do G7 podem ver as suas economias encolherem duas vezes mais do que agora que enfrentam a pandemia, nos próximos 30 anos, se a temperatura global subir 2,6ºC. Entre os motivos estão as perdas causadas pelo calor e a saúde das populações com as mudanças extremas da temperatura, o aumento do nível do mar, as secas e inundações e a redução de produtividade dos terrenos agrícolas, que podem impedir o crescimento econômico dessas nações.
A economia do Reino Unido, por exemplo, pode perder 6,5% ao ano até 2050 com as políticas e projeções atuais, em comparação com os 2,4% se as metas do acordo climático de Paris fossem cumpridas.
Mas há países que serão ainda mais prejudicados, incluindo a Índia, cuja economia pode encolher cerca de 25% devido ao aumento de temperatura. Também a Austrália vai perder cerca de 12,5% da sua produção e a Coreia do Sul arrisca-se a perder quase um décimo do seu potencial econômico.
Por essa razão, a Oxfam apela ao G7 para que estabeleça novas metas climáticas na preparação para a COP26. Os líderes dos países do G7 - Reino Unido, Estados Unidos (EUA), Japão, Canadá, França, Alemanha, Itália - e a União Europeia (UE) vão reunir-se, na Cornualha (Reino Unido), na próxima sexta-feira (11), para debater a economia global, as vacinas contra a covid-19, os impostos sobre as empresas e a crise climática.
De acordo com os dados do documento, relativamente à exposição a "riscos climáticos severos resultantes das alterações climáticas", o sudeste da Ásia e a América Latina provavelmente serão "os mais suscetíveis a condições de seca". Por outro lado, muitos países no norte e no leste da Europa, devem sofrer mais impactos devido a chuvas intensas e inundações.
O Índice de Economia do Clima, apresentado no relatório, indica que "muitas economias avançadas no Hemisfério Norte são menos vulneráveis aos efeitos gerais das alterações climáticas, estando menos expostas aos riscos associados e com melhores recursos para lidar com isso". Os EUA, o Canadá e a Alemanha, por exemplo, estão entre os dez países menos vulneráveis aos impactos da crise climática, tanto em nível ambiental e de saúde da população quanto em nível econômico. Portugal também aparece nos primeiros lugares como um dos países menos vulnerável a impactos físicos das alterações climáticas.
Essas descobertas, avisa a Oxfam, fazem sobressair a necessidade de as nações reduzirem as emissões de carbono mais rapidamente.
"A crise climática está devastando vidas nos países mais pobres, mas as economias mais desenvolvidas do mundo não estão imunes", afirma no relatório o CEO da Oxfam GB, Danny Sriskandarajah.
"O governo do Reino Unido tem uma oportunidade única numa geração de liderar o mundo em direção a um planeta mais seguro e habitável para todos", acrescentou. "Deve forçar todos os tendões diplomáticos para garantir o resultado mais forte possível no G7 e na COP26 e liderar pelo exemplo, transformando promessas em ações e revertendo decisões autodestrutivas, como a proposta da mina de carvão em Cumbria e cortes na ajuda internacional".
Já Jerome Haegeli, economista-chefe do grupo Swiss Re, considera que "as alterações climáticas são o risco número um de longo prazo para a economia global, e ficar onde estamos não é uma opção - precisamos de mais progresso por parte do G7".
Isso significa "não apenas obrigações de reduzir o CO2, mas também ajudar os países em desenvolvimento".
Segundo Haegeli, também a distribuição de vacinas contra a covid-19 é uma forma de ajudar os países em desenvolvimento, "já que as suas economias foram duramente atingidas pela pandemia e precisariam de ajuda para se recuperar num caminho verde, em vez de aumentar os combustíveis fósseis".
A Swiss Re concluiu que as políticas e as atuais promessas dos governos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa ainda são inadequadas para cumprir as metas do acordo de Paris.
Antes da COP26, o Reino Unido pede a todos os países para apresentarem promessas mais duras sobre a redução das emissões de carbono, a fim de cumprir as metas de Paris e de limitar o aquecimento global abaixo de 2ºC.
Mas esse limite está cada vez mais ameaçado, visto que as emissões de gases de efeito estufa devem aumentar drasticamente este ano, para o segundo maior aumento já registrado, devido à recuperação da recessão da covid-19 e ao aumento do uso de carvão.
"O risco climático é um risco sistêmico, que pode ser gerido por meio de uma ação política global coordenada. Existe uma oportunidade única de tornar as nossas economias mais verdes", afirmam os especialistas no relatório.
Contudo, a ajuda internacional tem sido o principal obstáculo para muitos, e tem sido descrita como um desastre diplomático já que o sucesso da COP26 dependerá, em parte, de o Reino Unido conseguir persuadir outras nações ricas na cúpula do G7 a apresentarem promessas muito maiores de assistência financeira aos países em desenvolvimento, de forma a ajudar os países pobres a reduzir suas emissões e a lidar com os impactos da degradação do clima.
O país mais afetado no G7 seria a Itália, que deve perder 11,4% do PIB a cada ano. Mas os países em desenvolvimento seriam duramente atingidos, com a Índia sofrendo perdas de 27% no PIB e as Filipinas, 35%.
O primeiro Registro de Ameaças Ecológicas (ETR), do Instituto de Economia e Paz, alertou também que a crise climática pode levar ao deslocamento de mais de 1,2 bilhão de pessoas até 2050, considerando as ameaças à sua sobrevivência como desastres naturais, escassez de alimentos e água, criando novas tendências de migração. Além disso, o Banco Mundial revelou, recentemente, que haverá entre 32 milhões e 132 milhões de pessoas a mais vivendo em condições de pobreza extrema até 2030, devido ao aquecimento global.
O relatório da Oxfam reitera ainda que os governos do G7 não estão cumprindo a promessa de contribuir com US$ 100 bilhões para ajudar os países em desenvolvimento, estimando-se que tenha entregado até agora apenas US$ 10 bilhões para projetos e iniciativas de adaptação climática.
Atualmente, apenas o Reino Unido e os EUA concordaram em aumentar o financiamento dos níveis atuais. A França, por sua vez, pretende manter os níveis atuais de financiamento climático, e o Canadá, a Alemanha, o Japão e a Itália ainda não confirmaram se pretendem manter ou aumentar os investimentos verdes nos países menos desenvolvidos.
*Por RTP
EUA - Especialistas dos Estados Unidos e Canadá estudaram o comportamento da aranha Anelosimus e concluíram que a espécie se torna mais agressiva com mudanças climáticas, o que pode indicar que o aquecimento global tenha um efeito perverso sobre os aracnídeos.
Cientistas da Universidade de Santa Bárbara investigaram o comportamento da espécie Anelosimus na área da costa atlântica. Nesta espécie, muito comuns nas cidades e arredores, existem colônias agressivas e pacíficas que vivem em riachos e rios.
A ideia era investigar as colônias antes e depois de grandes tempestades e furacões. O estudo concluiu que as aranhas se tornam mais agressivas após sobreviverem a fenômenos como esses, em comparação com colônias que mantiveram uma rotina comum.
O estudo sugere que com o aquecimento global as tempestades e furacões se tornarão cada vez mais comuns e por isso a tendência é que as aranhas e outros animais se tornem cada vez mais agressivos para sobreviverem.
*Por: Metro World News
LONDRES - Os bancos britânicos estão expostos a conflitos de interesses sobre o clima, uma vez que a maioria dos membros de seus conselhos administrativos tem ou teve vínculos com indústrias poluidoras, aponta um estudo do site investigativo DeSmog divulgado na terça-feira.
Esses conflitos de interesses afetam 80% dos administradores, ou 50 dos 64 dos cinco principais bancos do país, como Barclays, HSBC, NatWest, Lloyds e Standard Chartered, segundo o comunicado. O DeSmog estima que esses executivos mantêm ou mantiveram laços fortes com as indústrias mais poluidoras ou as apoiam financeiramente, seja como administradores, assessores ou funcionários.
O estudo considera que essa situação pode ser um obstáculo no momento de agir frente a crise climática. Uma quarta parte dos administradores de bancos estão ou estiveram relacionados com o setor de combustíveis fósseis.
No Barclays, Tushar Morzaria também é diretor do grupo petroleiro BP. No HSBC, José Antonio Meade é membro do conselho administrativo da empresa mexicana Kuribrena, envolvida na exploração de petróleo. No Lloyds, James Lupton possui ações da petroleira Shell e do grupo de mineração Rio Tinto.
Alguns executivos têm ligação com a indústria aérea. O presidente do conselho administrativo do NatWest, Howard Davies, presidiu uma comissão que apoiou o projeto polêmico de construção de uma terceira pista no aeroporto londrino de Heathrow.
Metade dos administradores de bancos britânicos tem ligação com outras instituições bancárias conhecidas por apoiarem a indústria poluidora, como as americanas Citigroup, Goldman Sachs, Morgan Stanley e JPMorgan, e a suíça UBS. "Esses indivíduos passaram suas carreiras mergulhados nas normas e na ideologia dessas indústrias com fortes emissões de carbono. Cabe temer que essas experiências façam com que eles sejam coniventes com as organizações que alimentam a crise climática", ressaltou Rachel Sherrington, do DeSmog.
Relatórios recentes de ONGs afirmam que os bancos britânico continuaram financiando projetos muito poluidores, apesar de terem se comprometido a respeitar o acordo de Paris sobre o clima. HSBC e Barclays enfrentam a pressão de acionistas que apresentarão resoluções durante as próximas assembleias gerais para obrigá-los a deixar de financiar as energias fósseis.
"Como podemos esperar que aqueles que estão na direção de bancos como Barclays e HSBC tomem decisões difíceis, mas necessárias, sobre os combustíveis fósseis levando em conta seus laços estreitos com setores que dependem dos mesmos?", questiona Jeanne Martin, da ONG ShareAction, citada no comunicado.
*Por: AFP
Segundo o IBOPE, 77% dos brasileiros acreditam que ação humana é a maior responsável pelo aquecimento global
SÃO PAULO/SP - Na última quinta-feira (4), o instituto de pesquisas IBOPE Inteligência divulgou o relatório Mudanças climáticas na percepção dos brasileiros, encomendado pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS-Rio) em parceria com a Universidade de Yale dos EUA. A pesquisa de opinião se baseou em entrevistas feitas entrevistas com 2,6 mil pessoas entre setembro e outubro de 2020, com margem de erro de dois pontos percentuais. Os resultados revelam que a maioria dos cidadãos brasileiros se preocupa com as mudanças climáticas e com o meio ambiente.
Para 77% dos entrevistados, a proteção ao meio ambiente é mais importante do que o desenvolvimento econômico. Quase a totalidade dos participantes (98%) afirmou já ter ouvido falar das queimadas na Amazônia e, para 84%, elas prejudicam a imagem do Brasil no exterior.
A maioria esmagadora dos entrevistados (92%) acredita que o aquecimento global está de fato acontecendo e 78% consideram a questão muito importante. A ação humana é apontada como a principal causa do fenômeno por 77% dos brasileiros.
Além disso, 61% dos participantes se dizem muito preocupados com o meio ambiente atualmente. No entanto, apenas 25% afirmaram saber profundamente sobre as mudanças climáticas. Somente 17% já chegaram a participar de manifestações ou abaixo-assinados sobre o tema. Por outro lado, a maioria dos entrevistados (88%%) acredita que que o aquecimento global pode prejudicar muito as gerações futuras.
A pesquisa foi realizada pelo IBOPE Inteligência com 2.600 entrevistados, maiores de 18 anos, das cinco regiões do Brasil, entre os dias 24 de setembro a 16 de outubro de 2020. As entrevistas foram realizadas por telefone com apoio de questionário eletrônico, no sistema C.A.T.I (Computer Assisted Telephone Interview).
A amostra da pesquisa é representativa da população brasileira com 18 anos ou mais e garante a leitura independente dos resultados por região geográfica do Brasil. A margem de erro do estudo é de 2 pontos percentuais para os resultados pelo total da amostra, considerando um nível de confiança de 95%.
Fonte: Mudanças climáticas na percepção dos brasileiros
*Por: Equipe eCycle
MUNDO - Com todo seu tamanho e exuberância, as baleias são seres que despertam a nossa atenção e curiosidade. Agora, ver uma baleia encalhada na praia é ainda mais chocante.
Se por um lado já é suficientemente impressionante ver um ser tão maravilhoso sem vida fora da água, as baleias podem fazer coisas curiosas, como explodir.
Agora, uma rara observação é sobre a oportunidade perdida de sequestro de carbono.
Baleias são importantes reservas de carbono
As baleias, principalmente as de barbatanas e cachalotes, estão entre as maiores criaturas da Terra. Seus imensos corpos guardam importantes reservas de carbono e sua presença no oceano é capaz de moldar os ecossistemas ao seu redor.
Algo que passamos a entender – e apreciar devidamente – é que esses mamíferos marinhos também estão ajudando a determinar a temperatura do planeta.
“Em terra, os humanos influenciam diretamente o carbono armazenado nos ecossistemas terrestres por meio da extração de madeira e da queima de florestas e pastagens”, de acordo com um artigo científico de 2010. “No oceano aberto, o ciclo do carbono é considerado livre de influências humanas diretas.”
O carbono armazenado em seus corpos é transferido para o fundo do mar
Por outro lado, essa suposição não leva em consideração o impacto surpreendente da caça às baleias.
Os humanos caçaram baleias durante séculos para usar da carne ao óleo desses animais. O registro mais antigo de caça comercial à baleia foi em 1000 dC. Desde então, dezenas de milhões de baleias foram mortas e os especialistas acreditam que as populações podem ter tido uma redução de 66% e 90%.
Quando as baleias morrem, elas afundam no fundo do oceano – e todo o carbono armazenado em seus enormes corpos é transferido das águas superficiais para o fundo do mar, onde permanece por séculos ou mais.
Neste mesmo estudo de 2010, os cientistas descobriram que antes da caça industrial, as populações de baleias (exceto as cachalotes) teriam afundado entre 190 mil a 1,9 milhões de toneladas de carbono por ano no fundo do oceano – o que é o equivalente a tirar entre 40 mil e 410 mil carros fora de circulação a cada ano.
Mas quando a carcaça não vai parar no fundo do mar e sim é retirada da água e processada, esse carbono é liberado na atmosfera.
Andrew Pershing, um cientista marinho da Universidade do Maine e autor desse estudo, estima que, ao longo do século 20, a caça às baleias adicionou cerca de 70 milhões de toneladas de dióxido de carbono à atmosfera.
“É muito, mas 15 milhões de carros fazem isso em um único ano. Os EUA têm atualmente 236 milhões de carros”, afirma.
Mas as baleias não são valiosas apenas na morte. As marés de excrementos que esses mamíferos produzem também são surpreendentemente relevantes para o clima.
Elas se alimentam nas profundezas do oceano e depois voltam à superfície para respirar e fazer cocô. Suas fezes ricas em ferro criam as condições de crescimento perfeitas para o fitoplâncton.
Essas criaturas podem ser microscópicas, mas, em conjunto, o fitoplâncton tem enorme influência na atmosfera do planeta, capturando cerca de 40% de todo o CO2 produzido – quatro vezes a quantidade capturada pela floresta amazônica.
“Precisamos pensar na caça às baleias como uma tragédia que removeu uma enorme bomba de carbono orgânico do oceano que teria um efeito multiplicador muito maior na produtividade do fitoplâncton e na capacidade do oceano de absorver carbono”, disse Vicki James, gerente de políticas na Whale and Dolphin Conservation (WDC).
As baleias desaparecidas no oceano também tiveram alguns impactos inesperados.
Com o declínio das populações de baleias, as orcas passaram a se alimentar de mamíferos marinhos menores, como lontras marinhas. As lontras posteriormente diminuíram, levando à disseminação dos ouriços-do-mar, que devastam as florestas de algas ao redor do Atlântico Norte – com um efeito cascata no sequestro de carbono marinho.
O que isso significa é que recuperar as populações de baleias pode ser uma ferramenta importante no combate à mudança climática, ajudando a reduzir o enorme volume de CO2 emitido por combustíveis fósseis a cada ano.
Existem várias outras propostas de como conseguir essa redução, incluindo o plantio de árvores e o estímulo à floração do fitoplâncton por meio da adição de ferro ao oceano.
Mas o plantio de árvores requer um recurso escasso: terras terrestres, que como vemos muito popularmente aqui no Brasil, tem mais valor para o governo quando são devastadas e convertidas em pasto.
A beleza de restaurar as populações de baleias é que há muito espaço no oceano.
As plumas resultantes de cocô de baleia também aumentariam consideravelmente o potencial de fertilização do oceano com ferro. Seriam necessárias 200 florações bem-sucedidas por ano para corresponder ao potencial de uma população de baleias totalmente restaurada, de acordo com o estudo de Pershing.
E, ao contrário de técnicas de geoengenharia arriscadas, os benefícios não seriam apenas para o clima, mas para todo o ecossistema.
“As carcaças de baleias fornecem um habitat único para espécies de águas profundas. A pesquisa mostrou que um único esqueleto pode fornecer alimento e habitat para até 200 espécies durante os estágios finais de decomposição”, diz James do WDC.
Em 2019, o Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou um relatório analisando os benefícios de colocar as baleias de volta no oceano. E eles fizeram isso de uma forma que os políticos entenderiam: colocando um valor em dólares nisso.
Este estudo descobriu que, quando você soma o valor do carbono sequestrado por uma baleia durante sua vida, ao lado de outros benefícios como melhores pescarias e ecoturismo, a baleia grande vale em média mais de 2 milhões de dólares.
Os economistas responsáveis pelo estudo agora estão trabalhando em um projeto para transformar essa etiqueta de preço da teoria em realidade, por meio da compensação de carbono.
A ideia é persuadir os emissores de carbono a pagar uma certa quantia para proteger as populações de baleias, em vez de investir na redução de suas próprias emissões, ajudando-as a obter uma pegada de carbono neutra.
“O que você está fazendo é valorizar o serviço prestado pelas baleias, porque elas estão sequestrando dióxido de carbono”, diz Thomas Cosimano, um dos economistas que é coautor do artigo do FMI.
“Isso não significa que as baleias não estejam fazendo outras coisas. Este é apenas um ponto de referência que podemos usar para estabelecer um limite mínimo de qual seria o valor de uma baleia.”
É um esquema complicado, mas não está além das possibilidades: a equipe tem trabalhado em uma abordagem semelhante baseada no mercado de carbono para proteger elefantes de caçadores ilegais nas florestas tropicais centrais da África, que deve ser implementada pelo final do ano.
Uma instituição de caridade chilena chamada Fundación MERI já está descobrindo as bases para um mercado de carbono baseado em baleias, instalando bóias acústicas de alerta precoce que irão monitorar a localização das baleias e gerar rotas alternativas para os navios.
Acredita-se que seja o primeiro projeto do mundo para proteger as baleias em troca do armazenamento de carbono que elas fornecem.
O estudo do FMI conclui que a proteção das baleias deve agora se tornar uma prioridade no esforço global para enfrentar a mudança climática.
“Uma vez que o papel das baleias é insubstituível na mitigação e construção de resiliência às mudanças climáticas, sua sobrevivência deve ser integrada aos objetivos dos 190 países que em 2015 assinaram o Acordo de Paris para o combate ao risco climático”, escrevem os autores.
Ainda neste ano, a conferência climática da ONU acontecerá na Escócia, um país cujas costas costumam hospedar espécies como baleias-minke (ou baleia-anã) e jubarte. Com um mercado de carbono para baleias agora uma possibilidade real, talvez seja hora de colocar essas criaturas na agenda.
*Por: Gabriela Rassy / Hypeness
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