BRASÍLIA/DF - A produção industrial brasileira registrou queda de 0,6% em abril. O resultado ocorreu depois da alta de 1% no mês anterior. Naquele momento, o percentual interrompeu dois meses seguidos de recuo.
Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a produção da indústria recuou 2,7%. O acumulado do ano apresentou queda de 1% e, em 12 meses, mostra variação negativa de 0,2%.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou, na sexta-feira (2), os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), com esses resultados, a indústria ainda se encontra 2% abaixo do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 18,5% aquém do ponto mais alto da série histórica, obtido em maio de 2011.
O gerente da PIM, André Macedo, observou que diferentemente dos últimos três meses do ano passado, quando houve saldo positivo acumulado de 1,5%, no início de 2023, há uma maior presença de resultados negativos. “Em abril, observamos uma maior disseminação de quedas na produção industrial, alcançando 16 dos 25 ramos industriais investigados. Esse maior espalhamento de resultados negativos não era visto desde outubro de 2022”, ressaltou, em texto publicado pelo IBGE.
Conforme a pesquisa, os produtos alimentícios (-3,2%), máquinas e equipamentos (-9,9%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,6%), foram as principais influências negativas para o desempenho do indicador em abril. Entre as três influências, o setor de produtos alimentícios foi o responsável pelo maior impacto negativo no resultado deste mês, ao ter o quarto mês seguido de recuo na produção. No período, a perda acumulada é de 7,3%.
De acordo com o gerente, anteriormente à sequência de retrações, o setor teve resultados positivos por três meses consecutivos, o que resultou em um ganho acumulado de 20,2%, o que para ele, ainda significa um saldo positivo. “Em abril houve grande influência negativa por parte da produção de açúcar. Isso teve relação direta com um maior volume de chuvas, especialmente na segunda quinzena do mês, nas regiões produtoras de cana-de-açúcar da região Centro-Sul do país”, contou, lembrando que a queda foi atenuada pela retomada do crescimento de carnes de bovinos, após ter sido atingida pelas restrições de exportação para a China.
Já o setor de máquinas e equipamentos, com a queda de 9,9%, eliminou o crescimento de 6,7% anotado em março. “Neste mês, houve queda disseminada nos seus principais grupamentos”, apontou o IBGE.
Após registrar variação nula nos meses de fevereiro e março, o segmento de veículos automotores, reboques e carrocerias teve redução de 4,6%. “Automóveis e caminhões, que são os itens de maior peso na atividade, tiveram queda na produção”, completou.
O gerente destacou que o segmento é um exemplo dos efeitos da manutenção da taxa de juros em níveis elevados, que provoca encarecimento e a maior dificuldade na concessão do crédito. A indústria e, em especial, o setor são impactados ainda por altas taxas de inadimplência e o maior endividamento das famílias. Segundo o pesquisador, esses não são os únicos fatores. Conforme revelou, permanece a dificuldade na obtenção de componentes eletrônicos para o setor. “Por conta disso, observa-se uma maior frequência de paralisações, reduções de jornadas de trabalho e férias coletivas”, concluiu.
A influência negativa no indicador se estende ainda a equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-9,4%), indústrias extrativas (-1,1%), bebidas (-3,6%), produtos de metal (-3,3%), outros equipamentos de transporte (-5,2%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-2,9%).
Em sentido contrário, entre as nove atividades que tiveram aumento na produção, o maior impacto positivo em abril partiu do setor de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis que apresentou avanço de 3,6%. “Trata-se do terceiro resultado positivo em sequência do setor, período em que acumulou crescimento de 6,3%”, indicou o IBGE.
Nas grandes categorias econômicas, houve recuos nos setores de bens de capital (-11,5%) e bens de consumo duráveis (-6,9%). O movimento foi diferente em bens de consumo semi e não duráveis, que registrou alta de 1,1% e em bens intermediários com ganho de 0,4%. A primeira eliminou a perda de 0,6% acumulada na passagem de fevereiro para março e a segunda teve expansão de 1,8% decorrente de três meses seguidos de aumento na produção.
Em relação a abril de 2022, a indústria registrou queda de 2,7%, com resultados negativos em 18 dos 25 ramos pesquisados. “As principais influências negativas vieram de produtos químicos (-12,2%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-9,7%) e máquinas e equipamentos (-14,3%)”, apontou o IBGE.
Houve recuo ainda em Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-15,7%), metalurgia (-5,5%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-12,2%), produtos de metal (-8,7%), produtos de minerais não metálicos (-9,6%), bebidas (-7,2%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-9,9%) e produtos de madeira (-15,9%).
As maiores influências positivas ficaram por conta de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,2%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (18,1%). Os resultados positivos também foram notados nos ramos de produtos alimentícios (2%), de indústrias extrativas (1,4%) e de outros equipamentos de transporte (19,2%).
De acordo com o IBGE, desde a década de 1970, a PIM Brasil produz indicadores de curto prazo, “relativos ao comportamento do produto real das indústrias extrativas e de transformação”.
Depois de reformulação para atualizar a amostra de atividades, produtos e informantes, a partir de março de 2023, começou a divulgação da nova série de índices mensais da produção industrial. Além disso, foi elaborada uma nova estrutura de ponderação dos índices com base em estatísticas industriais mais recentes, houve atualização do ano base de referência da pesquisa e a incorporação de novas unidades da federação na divulgação dos resultados regionais.
A próxima divulgação da produção industrial será em 4 de julho.
Por Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil
WASHINGTON - A criação de empregos nos Estados Unidos acelerou em maio, mas um salto na taxa de desemprego para uma alta de sete meses de 3,7% sugere que as condições do mercado de trabalho estão melhorando, o que pode dar ao Federal Reserve cobertura para abrir mão de uma taxa de juros aumento da taxa este mês.
O aumento na taxa de desemprego de uma mínima de 53 anos de 3,4% em abril relatado pelo Departamento do Trabalho na sexta-feira foi impulsionado principalmente pelos negros. Também foi em parte o resultado de mais pessoas entrando na força de trabalho, um aumento na oferta que está reduzindo a pressão sobre as empresas para aumentar os salários.
O crescimento dos salários moderou no mês passado, o que deve oferecer algum conforto às autoridades do Fed que lutam para trazer a inflação de volta à meta de 2% do banco central dos EUA. O relatório de emprego, acompanhado de perto, ofereceu mais evidências de que a economia estava longe de uma temida recessão, apesar da fraqueza do setor manufatureiro sensível às taxas de juros e do mercado imobiliário.
"As empresas americanas ainda estão contratando agressivamente, provavelmente para atender à demanda resiliente do consumidor", disse Sal Guatieri, economista sênior da BMO Capital Markets em Toronto.
"No entanto, as outras áreas de suavidade neste relatório sugerem que o mercado de trabalho está perdendo força. Provavelmente há bolsões de suavidade suficientes neste relatório para que o Fed rejeite o aumento das taxas na próxima reunião."
A pesquisa de estabelecimentos mostrou que as folhas de pagamento não-agrícolas aumentaram em 339.000 empregos no mês passado. Economistas consultados pela Reuters previam que as folhas de pagamento aumentariam em 190.000. A economia criou 93.000 empregos a mais em março e abril do que o estimado anteriormente.
A economia precisa criar de 70.000 a 100.000 empregos por mês para acompanhar o crescimento da população em idade ativa.
Apesar das demissões em massa no setor de tecnologia depois que as empresas contrataram em excesso durante a pandemia do COVID-19 e o peso dos custos de empréstimos mais altos em habitação e manufatura, o setor de serviços, incluindo lazer e hospitalidade, ainda está se recuperando depois que as empresas lutaram para encontrar trabalhadores mais os últimos dois anos. Setores como saúde e educação também experimentaram aposentadorias aceleradas.
O preenchimento dessas aposentadorias e o aumento da demanda por serviços são alguns dos fatores que impulsionam o crescimento do emprego. A demanda reprimida por trabalhadores foi ressaltada pelos dados do Departamento do Trabalho nesta semana, mostrando que havia 10,1 milhões de vagas no final de abril, com 1,8 vagas para cada desempregado.
As ações dos EUA abriram em alta. O dólar manteve-se estável em relação a uma cesta de moedas. Os preços do Tesouro dos EUA caíram.
INFLAÇÃO DE SALÁRIOS DIMINUI
No mês passado, os serviços profissionais e empresariais criaram 64.000 empregos, com ajuda temporária, vista como um prenúncio de futuras contratações, se recuperando. O emprego no governo aumentou em 56.000, mas permanece 209.000 empregos abaixo do nível pré-pandêmico.
O setor de saúde gerou 52 mil empregos, a maioria em serviços ambulatoriais e hospitalares. As folhas de pagamento de lazer e hospitalidade aumentaram 48.000, impulsionadas por restaurantes e bares. O emprego nesta indústria permanece 349.000 abaixo do nível pré-pandêmico. O emprego na construção aumentou 25.000, enquanto transporte e armazenamento adicionaram 24.000 empregos.
Mas as folhas de pagamento da indústria caíram e houve ganhos moderados de empregos em mineração, pedreiras, extração de petróleo e gás, bem como comércio atacadista, comércio varejista e atividades financeiras.
A maioria dos economistas espera que o crescimento geral da folha de pagamento continue pelo menos até o final do ano.
O salário médio por hora subiu 0,3%, após subir 0,4% em abril. Isso reduziu o aumento anual dos salários para 4,3%, após avançar 4,4% em abril. O crescimento salarial anual foi em média de cerca de 2,8% antes da pandemia.
No início da sexta-feira, os mercados financeiros viram uma chance de mais de 70% de o Fed manter sua taxa de juros inalterada na reunião de 13 a 14 de junho, de acordo com a FedWatch Tool do CME Group. O Fed elevou sua taxa de juros overnight de referência em 500 pontos-base desde março de 202, quando embarcou em sua campanha de aperto monetário mais rápida desde a década de 1980.
A pesquisa domiciliar a partir da qual a taxa de desemprego é calculada mostrou uma queda de 310.000 empregos no mês passado, provavelmente refletindo uma greve em andamento de 11.500 membros do Writers Guild of America. O Bureau of Labor Statistics do Departamento do Trabalho, que compila o relatório de emprego, não registrou a paralisação do trabalho em seu relatório de greve de maio.
A queda no emprego doméstico combinada com um aumento de 130.000 na força de trabalho para aumentar a taxa de desemprego. A taxa de desemprego dos negros saltou de 4,7% para 5,6% em abril.
“Isso pode ser um ruído estatístico ou um sinal de que os trabalhadores negros estão sofrendo desproporcionalmente o peso de um aumento no desemprego”, disse Nick Bunker, chefe de pesquisa econômica do Indeed Hiring Lab.
A taxa de participação na força de trabalho, ou a proporção de americanos em idade ativa que têm emprego ou estão procurando um, permaneceu inalterada em 62,6%.
Reportagem de Lucia Mutikani / REUTERS
BRASÍLIA/DF - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou decreto na noite de quinta-feira (1º) que garante o pagamento de adicional de 50% no auxílio gás até o fim do ano.
O adicional foi incluído na Medida Provisória que retomou o programa Bolsa Família, aprovada ontem no Senado.
Desde janeiro, o governo já tinha previsto o pagamento do valor extra por meio da edição de uma medida provisória, que entrou em vigor imediatamente.
No entanto, essa medida, para continuar valendo, precisava ser aprovada pela Câmara e pelo Senado em até 120 dias. A MP nem chegou a ser analisada pelo Congresso e perdeu a validade. Porém, os parlamentares incorporaram a previsão do adicional na MP do Bolsa Família, que agora vai para sanção do presidente Lula.
O auxílio gás visa ajudar famílias de baixa renda na compra de gás de cozinha. Com o decreto, cada família vai receber metade do valor de um botijão de 13kg de GLP. Como o auxílio normal e o adicional são iguais, ou seja metade do valor, as famílias irão receber o equivalente à média de um botijão. O auxílio e o adicional serão depositados a cada dois meses.
JAPÃO - O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, anunciou na quinta-feira (01) um plano de ajuda para as famílias no valor de US$ 25 bilhões (cerca de R$ 127,3 bilhões na cotação atual), investimento voltado para salvar a queda de natalidade no país.
Com duração de três anos, o plano prevê um aumento das ajudas diretas aos progenitores, apoio financeiro à educação dos filhos e ao pré-natal, além de promover horários de trabalhos flexíveis ou licença para os pais.
As medidas buscam combater o colapso na taxa de natalidade, que caiu para um piso "sem precedentes". A intenção é "aumentar a renda dos jovens e a geração que está na idade de criar crianças", declarou Fumio Kishida em uma reunião com ministros, especialistas e empresários.
O Japão, com 125 milhões de habitantes, registrou menos de 800.000 nascimentos em 2022 - o número mais baixo desde o começo das estatísticas. Ao mesmo tempo, a proporção de idosos na demografia do arquipélago aumentou.
O plano levantou críticas, já que até o momento não foram especificadas as fontes do financiamento.
Com a criação do Pix em novembro de 2020, mudanças comportamentais geradas pela pandemia de covid-19 e o aumento das transações com cartões, os brasileiros usam cada vez menos o dinheiro em espécie para fazer pagamentos do dia a dia. A avaliação é do estudo do Banco Central (BC) Evolução de Meios Digitais para a Realização de Transações de Pagamento no Brasil.
Em 2019, os saques de dinheiro em caixas eletrônicos e agências somaram R$ 3 trilhões. Em 2020, o total caiu para R$ 2,5 trilhões e para R$ 2,1 trilhões, em 2021 e 2022.
Em 2020, as transações por meio do Pix somaram R$ 180 milhões. No ano seguinte, R$ 9,43 bilhões, e em 2022, R$ 24,05 bilhões.
Já quando se trata de transações de valores mais altos, a indicação do estudo é de que há preferência por transferências bancárias (inter e intrabancárias), que responderam por cerca de 65% de todo o volume financeiro de 2022. O Pix foi responsável por 12% das transações.
Segundo o estudo, em relação ao valor médio das operações “há uso preponderante do Pix e dos cartões (especialmente o pré-pago) nas transações de valor mais baixo, indicando seu papel importante na inclusão financeira, deixando as transferências tradicionais como principais opções para transações corporativas, de valores substancialmente mais altos”.
“Nesse sentido, é razoável supor que o Pix e os cartões representaram importante papel na digitalização de camadas mais amplas da população”.
O BC também observou crescimento “expressivo da quantidade de transações com cartões de débito e pré-pago”, influenciado pela expansão de instituições financeiras. “Essas instituições vêm tendo papel relevante na inclusão financeira, ao proporcionar contas de pagamento a pessoas que anteriormente não tinham nenhum relacionamento com o sistema financeiro, sendo, por exemplo, as instituições em que muitos jovens iniciam seu relacionamento com o sistema financeiro”, destacou o estudo.
Por Kelly Oliveira – Repórter da Agência Brasil
ZURIQUE - O presidente do Banco Nacional da Suíça (SNB, na sigla em inglês), Thomas Jordan, defendeu os recentes aumentos nas taxas de juros para combater a inflação, dizendo que não prejudicam a estabilidade financeira suíça nem são responsáveis pelo colapso do Credit Suisse.
O SNB aumentou as taxas de juros quatro vezes ao longo do ano passado para reduzir a inflação que persistiu acima da meta do banco central de zero até 2%.
O mercado atualmente espera um aumento de 0,25 ponto percentual em relação ao atual nível de 1,5% quando o banco central fizer sua próxima reunião em junho.
"As taxas de juros na Suíça ainda estão muito baixas", disse Jordan em um evento em Lugano, no sul da Suíça. "Não vemos um grande risco em apertar demais a política monetária.
"Não é algo que prejudique a estabilidade financeira em geral na Suíça", acrescentou.
De fato, taxas mais altas podem ser vistas como positivas para a estabilidade financeira, ajudando os bancos a restaurar suas margens de lucro, disse ele.
"Tínhamos esse problema de estabilidade financeira com o Credit Suisse, mas era algo diferente", disse Jordan. "Este é um caso individual, onde as taxas de juros não foram o problema, mas sim a falta de confiança dos participantes do mercado em uma instituição."
Jordan disse estar preocupado com o ritmo dos saques bancários que acabaram levando ao resgate do banco atingido e à aquisição pelo UBS em uma operação projetada pelo governo e pelo banco central suíço.
"90% dos depósitos saíram em questão de dias", disse Jordan. "Isso é certamente algo que temos que olhar com muito cuidado e ver o que podemos fazer para evitar esse tipo de fuga dos bancos."
Jordan disse que também continua preocupado com a inflação suíça, que caiu em abril para 2,6%, mas permaneceu fora da meta do SNB pelo 14º mês consecutivo.
Quanto mais tempo a inflação permanecer acima da meta do banco central, mais ela ficará enraizada na percepção de empresas e famílias e será mais difícil reduzi-la, disse Jordan.
"Temos que trazê-la de volta para menos de 2% o mais rápido possível", disse Jordan.
Reportagem de John Revill / REUTERS
SÃO PAULO/SP - A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) fiscalizou postos e distribuidoras de combustível líquido e GLP (gás de cozinha) em 14 unidades da federação do país entre os dias 22 e 25 de maio. Foram encontradas irregularidades em equipamentos e na composição dos combustíveis em quase todas as localidades. Mato Grosso e Distrito Federal foram as exceções.
As ações foram feitas depois da mudança na política de preços da Petrobras, anunciada no último dia 16 de maio. Elas contaram com o apoio do Procon e de outros órgãos de defesa do consumidor, e fizeram parte do Mutirão Nacional do Preço Justo dos Combustíveis, iniciativa da Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor (Senacon). Também houve participação de outros órgãos públicos, como a Polícia Civil de São Paulo, o Instituto de Pesos e Medidas do Paraná (Ipem/PR) e a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor de Goiás (Decon-GO).
Os estabelecimentos autuados pela ANP podem pagar multas que variam entre R$ 5 mil e R$ 5 milhões. Consumidores podem denunciar irregularidades no mercado de combustível diretamente no site da instituição ou pelo telefone 0800 970 0267 (ligação gratuita).
No estado, os agentes da ANP estiveram em 31 municípios. Eles analisaram a qualidade e a quantidade dos combustíveis oferecidos nas bombas medidoras. Dentre os problemas encontrados, destaque para um posto de Itumbiara que vendia combustível com teor alcoólico e massa diferentes do padrão exigido. Em Goianira, foram apreendidos 4,4 litros de óleos lubrificantes sem registro na ANP. E em Jataí, houve interdição e apreensão de um tanque de 23 mil litros de etanol. A empresa produtora de biodiesel foi autuada por exercer a atividade sem autorização da ANP.
Foram 11 postos de combustíveis fiscalizados nos municípios de Igarapé-Miri, Cametá e Barcarena. Dois postos foram autuados pela falta de equipamentos para analisar a qualidade dos combustíveis, teste que pode ser exigido pelo consumidor.
Também foram escolhidos 11 postos de combustíveis, além de um revendedor na navegação interior (TRRNI) e seis distribuidores. Em Itapiranga, um posto estava com a medida-padrão de 20 litros defeituoso.
Foram 13 postos de combustíveis vistoriados nas cidades de Cajueiro, Capela, Ibateguara, Chã Preta, Santana do Mundaú e Viçosa. Em Cajueiro, havia irregularidades no painel de preços e nos equipamentos. Em Santana do Mundaú, um posto foi autuado por ausência de instrumento para análise da qualidade.
Fiscalização em 38 postos de combustíveis das cidades de Bom Jesus da Lapa, Correntina, Riacho de Santana, Salvador, Santa Maria da Vitória e São Félix do Coribe. Em Bom Jesus da Lapa, Santa Maria da Vitória e São Félix do Coribe nove postos foram autuados por não seguirem normas de segurança, bombas abastecedoras irregulares e não prestarem informações fundamentais aos consumidores.
Dez agentes econômicos, entre distribuidoras de combustível de aviação, distribuidoras de combustíveis, postos de combustíveis e revendas de GLP foram fiscalizados. Em Fortaleza, um posto comercializava etanol fora das especificações.
Dez postos foram vistoriados e duas empresas de revenda de GLP nas cidades de Campo Alegre, São Bento do Sul, Mafra e Rio Negrinho. Em Mafra, um posto comercializava produtos com irregularidades no volume.
Os fiscais estiveram em 20 postos de combustíveis, três revendas de GLP, um distribuidor de GLP, dois transportadores-revendedores retalhistas (TRRs) e um distribuidor de combustíveis das cidades de Carazinho, Marau, Passo Fundo, Progresso e Porto Alegre. Em Porto Alegre, oito postos foram autuados por más condições de conservação da bomba e falta de equipamentos obrigatórios de medição e análise de combustível.
Ações da ANP aconteceram em 17 postos e em uma distribuidora de combustíveis nas cidades de Campo Mourão, Cianorte, Curitiba e Maringá. Em Curitiba, um posto foi autuado por ter termodensímetro (equipamento acoplado à bomba de etanol para verificar aspectos de qualidade) com defeito.
Foram vistoriados 29 agentes econômicos, entre postos de combustíveis, revendas de GLP, produtores de biodiesel, distribuidores de combustíveis líquidos e distribuidores de GLP. Os municípios foram Duque de Caxias, Volta Redonda, Rio de Janeiro, Barra Mansa, São João de Meriti, Resende e Cabo Frio. Em Duque de Caxias, um posto teve bicos de etanol hidratado interditados por causa de irregularidades.
Fiscalização aconteceu nos municípios Belo Horizonte, Betim, Contagem, Igarapé, Santa Luzia, São José da Lapa e Vespasiano, Águas Formosas, Araxá, Ataléia, Crisólita, Ibiá, Novo Oriente de Minas, Pavão, Pratinha, Santa Juliana e Teófilo Otoni. No total, 91 estabelecimentos foram analisados. Em Belo Horizonte, um posto foi autuado por não funcionar no horário mínimo exigido pela legislação. Na capital, em Betim, Contagem e Santa Luzia, cinco postos foram autuados por irregularidades no painel dos preços dos combustíveis.
Vistorias aconteceram em 43 estabelecimentos das cidades de Americana, Barretos, Cajamar, Olímpia, Poá, Santo André, São Paulo e Taboão da Serra. Na capital, um posto foi autuado por romper lacres e remover de faixas de interdição anterior. Em Santo André, um posto teve 14 bicos e quatro tanques interditados por comercializar gasolina comum e etanol hidratado comum fora das especificações obrigatórias.
Por Rafael Cardoso - Repórter da Agência Brasil
CHINA - É uma das concorrências determinantes de nossos tempos: os países que podem produzir baterias para veículos elétricos vão ganhar décadas de vantagens econômicas e geopolíticas.
O único vencedor até agora é a China.
Apesar de bilhões em investimentos do ocidente, a China está tão à frente — na mineração de minerais raros, no treinamento de engenheiros e na construção de grandes fábricas —, que o resto do mundo pode levar décadas para alcançá-la.
Em 2030, a China produzirá mais que o dobro de baterias do que quaisquer outros países juntos, de acordo com estimativas da Benchmark Minerals, empresa de consultoria do setor.
Veja a seguir como a China controla cada etapa da produção de baterias de íons de lítio, desde a extração das matérias-primas do solo até a fabricação dos carros, e por que essas vantagens provavelmente vão durar.
Mineração
As empresas chinesas têm participações em produtores nos cinco continentes.
Os carros elétricos usam cerca de seis vezes mais minerais raros do que os veículos convencionais por causa da bateria, e a China tem a oportunidade de decidir quem recebe os minerais primeiro e a que preço.
Embora a China tenha poucas jazidas subterrâneas dos ingredientes essenciais, o país tem adotado uma estratégia de longo prazo para ter acesso a um abastecimento barato e constante. As empresas chinesas, recorrendo à ajuda do Estado, adquiriram participações em mineradoras nos cinco continentes.
A China é dona da maioria das minas de cobalto no Congo, que tem a maior parte da oferta mundial desse material escasso e necessário para o tipo mais comum de bateria. As empresas americanas não conseguiram acompanhar o ritmo e até mesmo venderam minas para as concorrentes chinesas.
Como consequência, a China controla 41% da mineração de cobalto do mundo, além da maior parte da mineração de lítio, que carrega a carga elétrica de uma bateria.
As reservas globais de níquel, manganês e grafite são muito maiores e as baterias utilizam apenas uma quantidade ínfima delas. Mas o fornecimento contínuo desses minerais para a China ainda dá uma vantagem a Pequim. Os investimentos do país na Indonésia vão ajudar a transformá-lo no maior controlador de níquel até 2027, de acordo com previsões da CRU Group, uma empresa de consultoria.
O grafite é extraído principalmente na China. Os fabricantes dos EUA sintetizam grafite a um custo bem maior.
Os países ocidentais também são donos de minas no exterior e estão tentando alcançar a China. No entanto, eles têm demonstrado maior relutância em investir em países com governos instáveis ou práticas trabalhistas precárias. E têm demorado a aumentar a sua produção.
Uma nova mina pode levar mais de 20 anos para atingir a produção plena. Embora os EUA estejam investindo para explorar suas reservas expressivas de lítio, o esforço chocou-se com uma série de preocupações locais e ambientais.
Refino
A maior parte da matéria-prima é enviada para a China para ser refinada.
Independentemente de quem extrai os minerais, quase tudo é enviado para a China para ser refinado em materiais para uso em baterias.
Depois que o minério é extraído do solo, ele costuma ser pulverizado e, então, tratado com calor e químicos para isolar os compostos minerais. O processo é dispendioso: o cobalto gera cerca de 390 gramas de resíduos para cada meio quilo de cobalto em pó refinado.
O refino exige uma quantidade enorme de energia. Os minérios da bateria precisam de três a quatro vezes mais energia para serem produzidos do que o aço ou o cobre. A forma preferencial de lítio, por exemplo, tem que ser aquecida, vaporizada e seca. Apoiadas pelo governo com terrenos e energia baratas, as empresas chinesas conseguem refinar minérios em um volume maior e a um custo menor do que todos os demais concorrentes. Isso tem provocado o fechamento de refinarias em outros lugares.
O refino também costuma gerar poluição e as refinarias chinesas são beneficiadas por normas ambientais menos rigorosas. A moagem de grafite ocasiona poluição do ar. O processamento do níquel gera resíduos tóxicos, que devem ser descartados em estruturas especiais no oceano ou no subsolo. Os especialistas dizem que recorrer a métodos mais sustentáveis para processar minérios para baterias aumenta os custos.
Hoje, os EUA têm pouca capacidade de processamento. Uma refinaria normalmente leva de dois a cinco anos para ser construída. Treinar profissionais e adequar os equipamentos pode levar mais tempo. A primeira refinaria de lítio da Austrália, que tem participações chinesas, foi aprovada em 2016, mas só conseguiu produzir materiais com lítio para baterias no ano passado.
Peças
A China produz a maioria das peças presentes numa bateria.
O país tornou-se tornou o maior produtor de baterias em parte por descobrir como fabricar peças de forma eficiente e a um custo menor.
A peça mais importante é o cátodo, que é o polo positivo da bateria. De todos os materiais de uma bateria, os cátodos são os mais difíceis e exigem um consumo alto de energia para serem produzidos. Até sete meses atrás, o cátodo mais comum usava uma combinação de níquel, manganês e cobalto, também conhecidos como cátodos NMC. Esse preparado permite que a bateria armazene muita eletricidade num espaço pequeno, proporcionando uma autonomia maior para um carro elétrico.
A China investiu numa alternativa mais barata que já foi adotada por metade do mercado de cátodos. Conhecidos como LFP, sigla para lítio-ferro-fosfato, esses cátodos usam ferro e fosfato, amplamente disponíveis, em vez de níquel, manganês e cobalto.
Para os países ocidentais, o LFP é uma oportunidade para contornar os gargalos no fornecimento de minérios. Mas a China produz quase todos os LFPs do mundo.
Atualmente, os EUA produzem apenas cerca de 1% dos cátodos do mundo, todos eles sendo do tipo NMC. As empresas americanas estão interessadas no LFP, porém precisam unir forças com as chinesas que têm experiência na produção deles.
Montagem
A China também fabrica a maior parte das baterias e dos carros.
O país tem o maior número de veículos elétricos em circulação e praticamente todos eles usam baterias produzidas na China. Em 2015, Pequim aprovou políticas para impedir rivais estrangeiros e aumentar a demanda por parte dos consumidores. Os fabricantes chineses de baterias, como a CATL e a BYD, cresceram em detrimento de seus concorrentes japoneses e sul-coreanos e se tornaram os maiores do mundo.
Oito anos depois, o governo Biden está adotando agora uma estratégia semelhante para promover o desenvolvimento de baterias nos EUA.
Mas em uma indústria com despesas enormes e margens de lucros pequenas, as empresas chinesas têm uma grande vantagem depois de anos de financiamento estatal e de experiência.
A montagem da bateria é complexa e técnica. Para montar uma, os materiais do cátodo e do ânodo são presos a chapas metálicas finas, cada uma delas tem aproximadamente um quinto da espessura de um fio de cabelo humano. Elas depois são empilhadas com separadores, umedecidos com eletrólitos e enrolados. O processo todo precisa acontecer em ambientes que minimizem as partículas no ar e a umidade.
A China pode construir fábricas de baterias pagando quase metade do preço em países da América do Norte ou da Europa, de acordo com Heiner Heimes, professor da Universidade RWTH Aachen, na Alemanha. As principais razões: as despesas com mão de obra são menores e há mais fabricantes de equipamentos na China.
Os investidores americanos continuam receosos em investir nos veículos elétricos. Os carros convencionais ainda são lucrativos, os trabalhadores americanos precisam ser treinados para desempenhar novas habilidades e os incentivos do governo dos EUA para ajudar a indústria de veículos elétricos podem desaparecer com o próximo presidente./Tradução de Romina Cácia
por Agnes Chang e Keith Bradsher / ESTADÃO
PEQUIM - O ministro do Comércio da China, Wang Wentao, pediu ao Japão que interrompa os controles de exportação de semicondutores, chamando a restrição de "infração" que "viola gravemente" as regras econômicas e comerciais internacionais, de acordo com um comunicado de seu ministério publicado na segunda-feira.
A mais recente condenação da China às restrições à exportação foi feita durante as conversas de Wang com o ministro do Comércio do Japão, Yasutoshi Nishimura, em 26 de maio, na conferência de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) em Detroit.
O Japão, juntamente com a Holanda, concordou em janeiro em igualar os controles de exportação dos Estados Unidos que limitarão a venda de algumas ferramentas de fabricação de chips para a China e impôs restrições à exportação de 23 tipos de equipamentos de fabricação de semicondutores para seu vizinho.
O Japão não destacou a China em suas declarações sobre os controles de exportação, dizendo apenas que está cumprindo seu dever de contribuir para a paz e a estabilidade internacionais.
No comunicado, o Ministério do Comércio chinês também disse, no entanto, que a China "está disposta a trabalhar com o Japão para promover a cooperação prática nas principais áreas econômicas e comerciais".
Na sexta-feira, Nishimura se reuniu com a secretária de Comércio norte-americana, Gina Raimondo, e concordaram em aprofundar a cooperação na pesquisa e desenvolvimento de chips e tecnologias avançadas, como computação quântica e inteligência artificial.
Wang também se encontrou com Raimondo e a representante comercial do país, Katherine Tai, durante a cúpula, criticando as políticas econômicas e comerciais norte-americanas em relação à China, incluindo a Estrutura Econômica Indo-Pacífica que exclui a China e visa fornecer uma alternativa centrada à influência norte-americana.
Os Estados Unidos, o Japão e outros membros do Grupo dos Sete (G7) concordaram este mês em "reduzir o risco", mas não se separar da China, reduzindo sua exposição à segunda maior economia do mundo em tudo, de chips a minerais.
Por Joe Cash e Bernard Orr
BRASÍLIA/DF - O número de clientes que usam o cartão de crédito cresceu 30,9% entre 2019 e 2022 no Brasil, segundo dados do Banco Central (BC). Em junho do ano passado, 84,7 milhões de usuários tinham saldo devedor relacionado a essa forma de pagamento. Em junho de 2019, eram 64,7 milhões.
O saldo devedor refere-se ao valor da compra, parcelada ou não, que ainda não foi pago pelo cliente e sobre o qual podem incidir juros. Os dados foram divulgados na segunda-feira (29) pelo BC e constam de um dos boxes do Relatório de Economia Bancária, que será publicado na íntegra no dia 6 de junho.
Segundo o BC, há tendência ao uso de modalidades mais onerosas do cartão de crédito à medida que aumentam os vínculos, que são o número de instituições emissoras de cartão em que o cliente tem saldo devedor.
“Na média, a partir de dois vínculos, aumentam a participação das modalidades com característica de crédito, sujeitas à cobrança de juros [como o crédito rotativo], e o percentual do limite utilizado”, explicou o BC. No total, 54% dos clientes tinham saldo devedor em apenas uma instituição; 25% em duas; e 20% em três ou mais.
“Quanto mais vínculos, maiores são o limite e o saldo médio da dívida. Isso sinaliza, de acordo com o estudo, que os usuários que estão utilizando cartões de mais de uma instituição aumentam sua capacidade de gastos com o aumento dos limites adicionais, elevando, em média, o saldo devedor consolidado”, acrescentou o BC.
O aumento nos números pode ser explicado pela entrada de novas instituições no mercado nos últimos anos, principalmente no segmento de cartões pós-pagos, o que fez com que uma parcela significativa da população brasileira passasse a ter acesso a um ou mais cartões de crédito. Instituições de pagamento e bancos digitais aumentaram a base de usuários em 27,6 milhões de indivíduos no período analisado.
Ainda de acordo com o documento, em junho de 2022, o número de cartões de crédito (190,8 milhões) representava quase o dobro da população economicamente ativa no Brasil (107,4 milhões), conforme dados de 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e das estatísticas do Sistema de Pagamentos Brasileiro.
Para o BC, a expansão do mercado de cartões de crédito é positiva do ponto de vista da inclusão financeira, mas tem potencial para aumentar o nível de endividamento das famílias. “Quando o cliente deixa de pagar o valor total da fatura do cartão, o valor não pago se torna uma modalidade de empréstimo, chamada rotativo do cartão de crédito. Essa é uma das operações de crédito com maiores taxas de inadimplência e custo no mercado”, diz o documento.
Outro destaque é o percentual do uso do rotativo e do rotativo não migrado (valor que permanece no sistema de crédito rotativo por mais de 30 dias, prazo máximo previsto, após a fatura não ter sido paga integralmente na data de vencimento), entre 17% e 20%, independentemente do número de vínculos dos usuários, e a baixa migração do crédito rotativo, inferior a 5%.
Sobre o uso do limite de cartão, os dados revelam que, quanto maior o número de vínculos, menor o percentual de usuários que comprometem praticamente todo o limite de crédito.
“A constatação sugere que se abre uma margem maior para gastos em razão dos limites oferecidos pelos cartões adicionais. Além disso, o estudo observou a elevação dos percentuais médios de consumo do limite à medida que o usuário adiciona novos vínculos, sinalizando maior propensão ao consumo para quem passa a utilizar mais cartões”, diz o BC.
As instituições financeiras digitais foram o grupo com maior crescimento no saldo devedor de seus clientes (292,3%), embora os grandes bancos públicos continuem concentrando a maior fatia do saldo devedor, R$ 57,7 milhões.
Sobre o endividamento com características de operação de crédito no cartão, o percentual maior (entre 39% e 57%, dependendo do número de vínculos) é de bancos ligados a empresas do ramo varejista que emitem cartões vinculados às suas redes de lojas. Segundo o BC, os dados estão em linha com o perfil de atuação deste grupo, “que tem como prática comum a realização de empréstimo pessoal com cobrança das parcelas na fatura do cartão”.
“Em lado oposto, está o segmento dos bancos cooperativos e cooperativas singulares, com percentual de utilização do cartão nas modalidades sujeitas a cobrança de juros bem menor que os demais grupos”, completou o órgão.
Por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil
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