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PARIS - O ano de 2023 foi confirmado como o mais quente há registrado, de acordo com relatório divulgado na terça-feira, 9, pelo observatório europeu Copernicus. A temperatura média no ano passado foi 1,48 ºC mais quente do que na era pré-industrial, de acordo com a agência.

Este valor é um pouco inferior aos 1,5°C que o mundo havia proposto como limite, no âmbito do Acordo Climático de Paris em 2015, a fim de evitar os efeitos mais graves do aquecimento global. E janeiro de 2024 está a caminho de ser tão quente que, pela primeira vez, um período de 12 meses excederá o limite de 1,5°C, disse Samantha Burgess, vice-diretora do Serviço de Mudança Climática do Copernicus.

Os cientistas sustentam que o planeta precisaria de um aquecimento médio de 1,5°C ao longo de duas a três décadas para violar tecnicamente o limite. "A meta de aquecimento de 1,5°C tem de ser mantida porque vidas estão em risco e há decisões que terão de ser tomadas e essas decisões não afetarão você ou a mim, mas afetarão nosso povo. Filhos e netos", disse Samantha.

O calor recorde causou estragos e até mortes na Europa, América do Norte, China e muitos outros lugares no ano passado. Mas os cientistas também alertam que o aquecimento atmosférico está causando fenômenos climáticos extremos, como a seca prolongada no chifre da África, as chuvas torrenciais que destruíram barragens e mataram milhares de pessoas na Líbia e os incêndios florestais no Canadá que poluíram o ar da América do Norte até a Europa.

Pela primeira vez, os países reunidos na conferência anual das Nações Unidas sobre o clima, em dezembro do ano passado, concordaram em abandonar os hidrocarbonetos responsáveis pelas alterações climáticas, mas não estabeleceram requisitos concretos para o fazer.

O Copernicus estima que a temperatura global média em 2023 foi cerca de um sexto de 1°C superior ao recorde anterior estabelecido em 2016.

Embora isto pareça um valor minúsculo no contexto dos registros globais, é uma margem excepcionalmente grande para um recorde, disse a vice-diretora do Copernicus. A temperatura global média em 2023 foi de 14,98°C, calcula o Copernicus.

"Os recordes foram quebrados durante sete meses. Tivemos junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro mais quentes", disse Samantha.

"Não foi apenas uma temporada ou apenas um mês que foi excepcional. Foi excepcional por mais de metade do ano. Existem vários fatores que contribuíram para que 2023 fosse o ano mais quente já registrado, mas de longe o maior foram os gases com efeito de estufa que retêm o calor na atmosfera", disse ela. Esses gases provêm da queima de carvão, petróleo e gás natural.

 

 

POR ESTADAO CONTEUDO

ANTÁRTIDA - A rápida diminuição das áreas de gelo marinho na Antártida, principalmente na porção ocidental do continente, colocam em risco ao menos duas espécies de pinguins, cujo ciclo de vida depende das plataformas congeladas da região.

Uma série de estudos recentes mostra que a situação não está nada auspiciosa para a maior e mais famosa ave do grupo, o pinguim-imperador (Aptenodytes forsteri), e traz sinais preocupantes também para o pinguim-de-adélia (Pygoscelis adeliae). A primeira espécie costuma criar seus filhotes justamente em cima do gelo marinho antártico. Já a segunda usa os trechos congelados para a fase anual de troca de penas, essencial para manter sua capacidade de suportar os piores meses do inverno.

Apesar da associação quase imediata entre a Antártida e os pinguins no imaginário das pessoas, o fato é que a maioria das cerca de 20 espécies do grupo não vive em território antártico. Além do pinguim-imperador e do pinguim-de-adélia, que estão presentes na região continental da Antártida propriamente dita, mais três espécies têm colônias na extremidade norte da península Antártica, a língua de terra que se estende rumo à América do Sul.

Os pinguins da península costumam fazer seus ninhos no solo, e não no gelo.

No caso dos pinguins-imperadores, um estudo coordenado por Peter Fretwell, do Serviço Antártico Britânico, revelou que 2022 foi catastrófico para as colônias da espécie que vivem na região do mar de Bellingshausen, no lado ocidental da península. Com base em imagens de satélite de alta resolução, que permitem ver manchas amarronzadas (basicamente, fezes de pinguim) em contraste com a brancura do gelo e da neve, Fretwell e seus colegas estimam que, das cinco colônias da área, quatro perderam todos os seus filhotes por conta da diminuição acelerada do gelo marinho.

O risco é tão grande porque a fase de criação dos bebês pinguins se dá no gelo marinho que está "ancorado" em terra firme (em tese, não são pedaços de gelo que flutuam soltos no oceano, portanto). Segundo o estudo, publicado na revista especializada Communications Earth & Environment, os casais da espécie costumam ocupar essas extensões de gelo de abril a janeiro. As fêmeas botam seus ovos entre maio e junho e os filhotes nascem após 65 dias de incubação.

O problema é que os bebês só ganham suas penas de adulto, impermeáveis e essenciais para que eles consigam não afundar n'água, entre dezembro e janeiro. No entanto, em 2022, nas colônias que sumiram, as extensões de gelo marinho onde ficavam os ninhos já tinham derretido em novembro -muito provavelmente, portanto, os filhotes acabaram afundando e seus pais tiveram de abandonar a área.

"Jamais tínhamos visto pinguins-imperadores perderem a estação reprodutiva nessa escala num único ano. A perda de gelo marinho nessa região durante o verão antártico fez com que a sobrevivência dos filhotes que perderam seus ninhos seja muito improvável", declarou Fretwell. "As evidências atuais sugerem que eventos de perda extrema de gelo marinho como esse vão se tornar mais frequentes e afetarão áreas mais amplas no futuro."

De fato, segundo comunicado do Serviço Antártico Britânico, a região foi palco, desde 2016, das quatro menores extensões de gelo marinho ao longo dos últimos 45 anos de registros por satélite.

Em outro estudo, coordenado por Annie Schmidt, da ONG americana Point Blue Conservation Science, cientistas monitoraram cerca de 200 pinguins-de-adélia que vivem na região do mar de Ross, na Antártida continental, além de usar dados de satélite sobre o gelo marinho na região.

Os resultados, que saíram no periódico especializado PNAS, indicam que os trechos de gelo marinho usados pelas aves para sua troca de penas têm diminuído no mar de Ross desde os anos 1980, com uma aceleração desse processo nos últimos cinco anos.

Além disso, existe uma correlação clara entre a concentração do gelo e a capacidade de retorno das aves para suas colônias após a troca de penas. A cada redução de 10% nas áreas de gelo marinho, há uma queda entre 2,4% e 4,8% no número de pinguins que conseguem voltar às colônias reprodutivas.

Como se não bastassem essas ameaças, há ainda os efeitos indiretos ligados ao krill, pequeno crustáceo semelhante a um camarão que é um dos principais pratos do cardápio dos pinguins. O krill também usa o gelo marinho para se alimentar e se proteger, o que significa que o derretimento pode tornar a dieta dos pinguins bem menos farta. Impactos sobre o crustáceo podem afetar até as espécies da península Antártica que não dependem diretamente do gelo marinho para sua reprodução ou troca de penas.

 

 

POR FOLHAPRESS

ALEMANHA - Começou este ano com junho. Depois vieram julho, agosto, setembro e outubro. Agora é a vez de novembro. O mês passado foi o novembro mais quente já registrado na Terra, segundo o sistema Copernicus Climate Change. O planeta caminha, em meio à crise climática, para ter 2023 como o ano mais quente da história, aponta o observatório europeu.

Os outros meses de 2023 também se encontram, no mínimo, entre os dez mais quentes -sempre em relação ao mesmo período em outros anos.

Segundo o Copernicus, a temperatura média da superfície em novembro foi de 14,22°C, cerca de 0,85°C acima da média do período de 1991 a 2020. O valor é 0,32°C acima do recorde anterior para o mês, em 2020.

"As temperaturas extraordinárias de novembro em todo o mundo, incluindo dois dias mais quentes do que 2ºC acima [da média de temperatura] do período pré-industrial, significam que 2023 é o ano mais quente da história", diz Samantha Burgess, diretora-adjunta do Copernicus Climate Change Service.

Em relação à temperatura média dos meses de novembro do período pré-industrial (1850-1900), a medição fora do comum em novembro de 2023 é ainda mais pronunciada: o mês foi cerca de 1,75°C mais quente.

De janeiro até novembro, a temperatura média registrada no planeta foi a maior já vista, com 1,46°C acima da temperatura média do período pré-industrial. O valor também já supera o que tivemos na média dos onze primeiros meses de 2016, o ano mais quente já registrado até aqui.

O Acordo de Paris, concretizado em 2015, estipula que a humanidade deve fazer esforços para não ultrapassar os 2°C de aumento de temperatura média da Terra, mas preferencialmente ficar abaixo de 1,5°C.

Apesar dos dados para o ano atual, isso não necessariamente significa que as metas do Acordo de Paris não tenham sido atingidas, considerando que o acordo trata de períodos mais longos de tempo. Mesmo assim, a situação que se apresenta somada aos compromissos climáticos atuais dos países tornam distante a meta de manter o aquecimento planetário abaixo do 1,5°C.

Também levado em conta pelo Copernicus, o El Niño é um evento que impacta as temperaturas da superfície do oceano Pacífico Equatorial -provocando diversos efeitos climáticos em outras regiões-, mas, segundo o observatório europeu, as anomalias vistas, para as mesmas épocas do ano, são menores do que as registradas no forte evento de 2015.

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Os dados do Copernicus saem em meio às negociações climáticas na COP28, a conferência da ONU sobre mudanças climáticas, em Dubai, na qual se discute os possíveis destinos para os combustíveis fósseis -como "reduzir" ou "eliminar"-, em meio a um recorde de presença de lobistas dos fósseis.

A atual COP também já ficou marcada pelo seu presidente, o Sultan al-Jaber, presidente da Adnoc, petroleira estatal dos Emirados Árabes Unidos, que demonstrou negacionismo em relação à ciência que guia a questão climática. O jornal britânico The Guardian revelou uma videoconferência em que al-Jaber diz não haver ciência por trás da meta de eliminação dos combustíveis fósseis -o que é falso.

Após a revelação, o presidente da COP28 convocou uma entrevista coletiva junto ao presidente do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), Jim Skea. Nessa, al-Jaber afirmou respeito à ciência e disse que focaria nas negociações. Skea, por sua vez, destacou os dados sobre o abandono gradual dos combustíveis fósseis.

Não é somente o Copernicus que aponta que 2023 será o ano mais quente da história. Durante a COP28, foi divulgada uma análise da OMM (Organização Meteorológica Mundial), ligada à ONU, que chega à mesma conclusão.

Segundo a análise da OMM, o ano atual deve registrar uma média de temperatura 1,4°C acima dos níveis pré-industriais, o que se soma a "uma cacofonia ensurdecedora" de recordes climáticos quebrados, como citado mais acima.

"Enquanto as concentrações de gases de efeito estufa continuarem aumentando, não podemos esperar resultados diferentes dos observados este ano. A temperatura continuará subindo e os impactos de ondas de calor e secas também aumentarão", diz Carlo Buontempo, diretor do Copernicus Climate Change Service.

Um relatório divulgado esta semana projeta que 2023 terá o recorde de emissões globais por combustíveis fósseis.

De modo geral, o Copernicus tem dados disponíveis a partir de 1940. Porém, Burgess, diretora-adjunta do Copernicus Climate Change Service, apontou, recentemente, que o potencial de análise histórica das temperaturas vai bem além disso.

"Quando combinamos nossos dados com o IPCC, podemos dizer que este é o ano mais quente dos últimos 125 mil anos", afirmou Burgess.

 

 

POR FOLHAPRESS

EUA - Pela primeira vez, a variação da temperatura média global ficou acima de 2°C na comparação com os níveis registrados antes da Revolução Industrial (1850-1900), considerada o marco a partir do qual as emissões de carbono pelas atividades humanas começam a escalar.

A marca foi ultrapassada na última sexta-feira (17), quando a variação de temperatura (ou anomalia de temperatura, no jargão científico) ficou 2,07°C acima da média pré-industrial. Os dados são do observatório europeu Copernicus e foram divulgados no inicio desta semana.

Números preliminares mostram que a temperatura se manteve alta no sábado (18), quando ficou 2,06°C acima da média do período.

Para definir o número, os cientistas primeiro calculam qual a média de temperatura no período pré-industrial (1850-1900). Em seguida, verificam quanto a temperatura atual variou em relação a essa média.

Assim, o índice registrado na sexta-feira significa que, naquele dia, a média da temperatura no planeta ficou 2,07°C acima dos índices pré-industriais.

O índice recordista foi registrado no mesmo dia em que termômetros ao redor do Brasil superaram os 40°C –como no Rio de Janeiro (RJ), onde uma fã morreu durante o show da cantora Taylor Swift, organizado pela produtora T4F, após a sensação térmica no local ter batido 60°C.

A variação da temperatura diária mundial ter superado os 2°C acima da era pré-industrial é algo simbólico por causa do Acordo de Paris.

O tratado tem como objetivo manter o aumento da temperatura média global "bem abaixo dos 2°C acima dos níveis pré-industriais e buscar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C". A medida é necessária para reduzir significativamente os riscos e impactos das mudanças climáticas.

No entanto, é importante esclarecer que os registros feitos pelo Copernicus não significam que o trato já foi quebrado. Para que seja considerado que o mundo está 2°C mais quente, é preciso que índices como este sejam registrados de modo frequente.

Mas o recorde serve de alerta para o quão próximo o planeta está de atingir os limites acordados internacionalmente: quanto mais perto de ultrapassar a marca definida pelo Acordo de Paris, mais recorrentes devem ser os dias, meses e anos com anomalias de temperatura que ultrapassam os limites de 1,5°C e 2°C em relação aos níveis pré-industriais.

Cientistas do Copernicus ressaltam também que o recorde estabelecido na sexta representa o que é até hoje a maior variação na anomalia da temperatura (ou seja, o maior afastamento da média estimada para o período pré-industrial), e não a temperatura absoluta global mais elevada.

As marcas de dia e mês mais quentes já registrados ainda pertencem a julho deste ano, devido ao calor extremo registrado durante o verão do Hemisfério Norte.

"Os recordes de temperatura global estão sendo quebrados com uma regularidade alarmante", afirma Carlo Buontempo, diretor do Serviço de Mudanças Climáticas do Copernicus.

"Ainda que a quebra dos limites de 1,5°C e 2°C fosse esperada –devido ao aquecimento generalizado e à variabilidade climática– ela tem um impacto chocante. Com a COP28 a apenas dez dias de distância, é crucial entender o que esses números significam para o nosso futuro coletivo", diz o pesquisador.

As emissões de gases de efeito estufa seguem batendo recordes, devido principalmente à queima de combustíveis fósseis e ao desmatamento.

Um estudo recente aponta que países devem produzir 110% mais petróleo, gás e carvão no final da década do que seria necessário para limitar o aquecimento global a 1,5°C e 69% mais do que seria consistente com um planeta 2°C mais quente.

 

 

POR FOLHAPRESS

LONDRES - Sem uma rápida redução das emissões de dióxido de carbono, o mundo terá apenas 50% de chance de alcançar um aumento médio da temperatura global de no máximo 1,5ºC até 2030. O alerta está em um novo estudo da Imperial College, de Londres, publicado na Nature Climate Change.

Uma elevação de 1,5ºC é o limite máximo determinado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU para que os efeitos do aquecimento global não sejam catastróficos. É o limite máximo para que países insulares do Pacífico não submerjam completamente, por exemplo. O Acordo de Paris pede que todo o mundo se esforce para limitar o aumento a 1,5ºC.

Os pesquisadores alertam que se as emissões de CO2 se mantiverem nos níveis de 2022, de aproximadamente 40 bilhões de gigatoneladas por ano, já em 2029 alcançaremos um aumento médio da temperatura da ordem de 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais.

Isso significa que as emissões de gases do efeito-estufa vem aumentando em vez de diminuírem. “Nossas descobertas confirmam o que já sabíamos: não estamos fazendo o suficiente para manter o aumento das temperaturas abaixo de 1,5ºC”, afirmou Robin Lamboll, pesquisador do Centro de Política Ambiental do Imperial College de Londres e principal autor do estudo. “As estimativas apontam para menos de uma década de emissões neste nível atual. A falta de progresso na redução das emissões significa que podemos estar cada vez mais certos de que a janela de oportunidade para manter o aquecimento global em níveis seguros está se fechando rapidamente.”

O estudo também revela que, se as emissões continuarem nos níveis atuais, em 2046 o aumento médio da temperatura será de 2ºC.

 

Desmatamento da Amazônia

Nota técnica do Observatório do Clima (OC) divulgada nesta terça-feira, 31, mostra que o governo brasileiro vai precisar trabalhar consideravelmente para atingir a meta de redução de emissões de gases do efeito estufa estipulada pelo País no Acordo de Paris. De acordo com a análise, é preciso reduzir pela metade o desmatamento da Amazônia em menos de três anos (2023-2025) para que o País consiga bater a meta de cortar suas emissões em 48% até 2025.

No Brasil, o desmatamento é a principal fonte de emissões de gases do efeito estufa na atmosfera. Assim, controlar a destruição de florestas é a estratégia principal para cumprir o estabelecido no Acordo de Paris.

 

 

ESTADÃO

EUA - Um novo estudo, publicado na revista Nature, aponta que as mudanças climáticas representam um significativo risco de extinção para os anfíbios. Mas mais do que um cenário catastrófico, a publicação aponta um caminho para evitar esse desfecho aos animais.

O estudo tomou como base dados que foram divulgados na Avaliação Global de Anfíbios (GAA2), realizada em 2004, e que aponta que dentre os vertebrados, os anfíbios figuram entre os animais que mais estão ameaçados de extinção.

Ao incluir outras 2286 espécies no novo levantamento, realizado em junho de 2022, o número de anfíbios ameaçados de extinção saltou para mais de 8 mil. Esse valor ainda representa um aumento de 39,9% em relação ao estimado em 2004.

O que explica a gradual extinção dos anfíbios

Ao considerar quais teriam sido as principais causas por trás da extinção gradual entre os anos de 1980 e 2004, o estudo destaca a difusão de doenças e a perda do habitat natural: 91% da degradação dos animais teria ocorrido apenas por estes dois motivos.

Já as alterações climáticas, potencializadas nos anos atuais, respondem por 39% da deterioração desde 2004. Já a perda de habitat representa um perigo expressivo a partir desse mesmo período, aparecendo com 37%. Ou seja, apesar de ser necessário investir em medidas de conservação, ainda é importante buscar meios de controlar, ou mesmo reverter, as mudanças climáticas.

No mapa abaixo, é possível observar a distribuição das espécies que estão ameaçadas, e a América aparece em destaque. Enquanto a maior parte dos anfíbios está localizada nas Ilhas do Caribe e na região dos andes; no Brasil, essas espécies estão mais concentradas na interior da Mata Atlântica.

Mapa destaca que no continente americano há muitas espécies de anfíbios ameaçadas de extinção. (Fonte: Nature/Reprodução)

Mapa destaca que no continente americano há muitas espécies de anfíbios ameaçadas de extinção. (Fonte: Nature/Reprodução)   

Atuais fatores de risco para os anfíbios

Ao considerar os riscos presentes diante das espécies ameaçadas em meio à perda de habitat, a agricultura representa o maior perigo, que impacta 77% das espécies; a extração de madeira e plantas, aparece com 53%. A modificação da paisagem para o desenvolvimento de infraestrutura urbana, por sua vez, está com 40%.

Por serem animais que utilizam a pele para respirar, os anfíbios apresentam uma maior tendência de perder água e calor. Ou seja, diante do aumento das temperaturas, eles se encontram numa situação muito mais delicada que muitos mamíferos e aves, e como concluiu o estudo, pelo conjunto dos motivos abordados, são os animais que sofrem com o maior risco de extinção no decorrer do tempo.

Com diversas dinâmicas percebidas em meio às mudanças climáticas, muitas vezes relacionadas entre si, é importante ter em mente que além da elevação das temperaturas globais e mesmo e das secas prolongadas, a perda do habitat desses animais deve ser igualmente encarada como um potencial risco.

 

 

RAFAEL FARINACCIO / MEGA CURIOSO

CHINA - Recentemente, o governo chinês pediu para que países detentores de pandas-gigantes mandem os animais de volta ao país até o final de 2023. As belíssimas criaturas pretas e brancas são atrações principais em zoológicos nos Estados Unidos e no Reino Unido, mas devem retornar ao seu país de origem o mais rápido possível.

De acordo com especialistas, isso sugere uma nova abordagem da China em relação à espécie. Em Washington, os três pandas que atualmente moram no Zoológico Nacional estão programados para partir para a Ásia no dia 7 de dezembro, quando o contrato de empréstimo expirará. Dessa forma, restará apenas um desses animais em Atlanta, o qual também deve ir embora dos EUA ainda em 2024, a menos que um novo acordo seja alcançado.

 

Desgaste político

Em fevereiro de 1972, o então presidente norte-americano Richard Nixon realizou uma visita histórica à China. Durante um jantar diplomático, o primeiro-ministro chinês Zhou Enlai ofereceu dois pandas-gigantes aos Estados Unidos. Poucos meses depois, o macho Hsing-Hsing e a fêmea Ling-Ling foram apresentados pela Casa Branca como "um presente do povo da República Popular da China ao povo americano".

Naquela época, "presentear pandas" parecia ser uma estratégia do governo chinês como forma de aprofundar relações. Cinco décadas após esse acontecimento, os vários pandas que habitaram o zoológico de Washington D.C. se tornaram a principal atração do local e também um símbolo dos laços políticos entre duas nações.

Porém, de lá para cá, a China parece sinalizar não estar muito feliz com a forma como tem sido tratada pelo Ocidente. Sendo assim, o fim da "diplomacia do panda" seria um sinal de alerta para outros governos de que as coisas não estão indo bem.

 

Retorno dos pandas

Embora o estremecimento dos laços políticos pareça ser uma razão clara para que a China peça os pandas de volta, há quem diga que pode haver outras razões para esse ato. Nos últimos anos, o panda-gigante foi rebaixado de "ameaçado" para "vulnerável" pela União Internacional para a Conservação da Natureza à medida que sua população global subiu para níveis mais sustentáveis.

Essa ameaça também foi parte da razão pela qual Pequim colaborou com zoológicos estrangeiros para hospedar pandas, de forma que outros países ajudassem na conservação da espécie. Outros países, por exemplo, devolveram seus pandas por outras razões que não as condições de empréstimo.

Em 2020, o Canadá deu tchau para seus dois únicos pandas-gigantes, três anos antes do esperado. Naquela época, o presidente do Zoológico de Calgary, Clement Lanthier, afirmou que estava tendo dificuldade para obter o bambu necessário para a alimentação dos animais e que eles só conseguiriam isso estando em seu lar natural. Contudo, isso não significa que a China deve ser o único país a ter pandas em um futuro próximo.

Em 2019, o presidente chinês Xi Jinping presenteou o presidente russo, Vladimir Putin, com dois pandas-gigantes para o Zoológico de Moscou, emprestando-os por 15 anos como parte de um programa conjunto de pesquisa. Portanto, na Guerra Fria do século XXI, os EUA parecem estar atrás na "Batalha dos Pandas".

 

 

 

Pedro Freitas / MEGA CURIOSO

BELO HORIZONTE/MG - Pesquisadores descobriram nova espécie de bromélia, em Minas Gerais, que tem como característica as folhas cheias de pelos. A Krenakanthus ribeiranus é uma variedade tão diferente de outras espécies da mesma família que, inicialmente, os cientistas não acreditaram que se tratava de uma bromeliácea.

A descoberta foi feita com a ajuda de Júlio Cesar Ribeiro, um morador do município de Alvarenga que tirou fotos da espécie e enviou a pesquisadores para que pudessem identificá-la.

“Essa planta é tão diferente que, quando o Júlio mandou a foto dela pra gente, achamos que pudesse ser tudo, menos uma bromélia! É difícil imaginar uma bromélia com folhas aveludadas e cheia de pelos, e isso é só um dos motivos que tornam essa descoberta tão empolgante”, explica Dayvid Couto, pesquisador do  Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA). 

A bromélia-peluda, apelido que ganhou dos pesquisadores, só tem registros conhecidos em uma montanha da região do Vale do Rio Doce. Devido à sua distribuição restrita e o avançado grau de degradação da área, a nova espécie já é classificada como criticamente em perigo de extinção.

O pesquisador Eduardo Fernandez, do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), vinculado ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), defende a adoção de medidas para a proteção da espécie, que é ameaçada por questões como o desmatamento para a abertura de pastagens e lavouras e pelo aumento da frequência de incêndios. 

“Algumas medidas urgentes precisam ser tomadas para a proteção dessa espécie, como um estudo para criação de uma unidade de conservação e a inclusão da espécie em políticas de conservação que vêm sendo elaboradas para a região. Essas medidas, combinadas à estratégias de conservação ex situ, podem nos ajudar a assegurar um futuro próspero para a bromélia-peluda”, afirma Fernandez. 

As serras do Leste de Minas Gerais têm sido fontes de várias descobertas recentemente. Segundo o JBRJ, mais de 30 novas espécies vegetais da região foram descritas por pesquisadores na última década. 

“Pela sua alta riqueza, única e extremamente ameaçada, as serras do Leste de Minas vêm aos poucos atraindo a atenção do Poder Público, mas ainda de maneira incipiente. É crucial o estabelecimento de unidades de conservação na região, que tem um dos mais proeminentes déficits de medidas de conservação in situ na região do Médio Rio Doce”, afirma o pesquisador Paulo Gonella, da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). 

A bromélia-peluda foi descrita em artigo publicado na revista científica Phytotaxa e assinado por pesquisadores do INMA, UFSJ, JBRJ, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 

 

 

AGÊNCIA BRASIL

HAVANA - Em Cuba, um país assolado por uma crise econômica e pela escassez de bens, até as mais básicas das atividades, como pescar ou plantar, podem rapidamente se tornar um problema.

É por isso que dois jovens empresários cubanos decidiram recorrer à aquaponia para combinar ambos os setores na tentativa de obter maior retorno sobre o investimento e, ao mesmo tempo, reforçar o combalido estoque de alimentos da ilha, disseram eles à Reuters.

A aquaponia é um sistema de aquicultura no qual as águas usadas na criação de peixes são posteriormente utilizadas em plantas cultivadas hidroponicamente -- como o alface --, que purificam a água. O processo junta a aquicultura com a agricultura, de forma eficiente e ambientalmente correta, o que seria perfeito para Cuba, de acordo com Joel López, co-proprietário da JoJo Acuaponics.

“Do peixe à produção de alimentos vegetais, tudo é natural”, disse ele durante visita às instalações, localizadas próximas a Havana e que abrigam tanques com peixes e estufas.

No fim do mês, o resultado inclui a proteína do peixe e os vegetais. Fertilizantes e pesticidas não são utilizados.

Cuba está enfrentando sua pior crise econômica em décadas, com escassez de alimentos, remédios e combustível. A situação fez o governo comunista buscar ajuda de empresários que tivessem ideias criativas.

“Há uma lógica nisso, para que os jovens se tornem empresários e queiram crescer e ser economicamente prósperos”, afirmou José Antonio Martínez, ex-advogado que é co-proprietário da empresa.

Mas os empresários enfrentam um ambiente desafiador na ilha. O embargo imposto pelos Estados Unidos dificulta as transações financeiras, e a economia de Estado, burocrática, só permitiu recentemente que empresas privadas fossem criadas.

“Os sistemas aquapônicos... usam tecnologia cara. No contexto cubano, é muito difícil para nós acessar financiamento”, afirmou Martínez, que recebeu linhas de crédito insuficientes da prefeitura local.

Apesar dos desafios, muitos cubanos veem de forma crescente a operação de negócios privados como uma maneira de superar as dificuldades de uma economia de Estado, em que o salário médio é de menos de 20 dólares por mês.

 

 

Reportagem de Alien Fernandez e Mario Fuentes / REUTERS

ANTÁRTIDA - O gelo marinho que contorna a Antártida atingiu neste inverno os níveis mais baixos já registrados, informou o Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo dos Estados Unidos (NSIDC, em inglês), elevando temores dos cientistas de que o impacto das mudanças climáticas no Polo Sul esteja se intensificando.

Pesquisadores afirmam que as mudanças podem ter grandes consequências para animais como os pinguins, que se reproduzem e criam seus filhotes no gelo marinho, além de acelerar o aquecimento global, por reduzir a quantidade de luz refletida pelo gelo branco para o espaço.

As placas de gelo da Antártida atingiram seu pico neste ano em 10 de setembro, quando cobria 16,96 milhões de quilômetros quadrados, menor máxima para um inverno desde o início da medição por satélite, em 1979, informou o NSIDC. Trata-se de aproximadamente 1 milhão de quilômetros quadrados a menos do que o recorde anterior, de 1986.

"Não é apenas um ano de recorde, é um ano de quebra extrema de recorde", afirmou Walt Meier, cientista sênior do NSIDC. Embora as mudanças climáticas estejam contribuindo para o derretimento dos glaciares da Antártida, há pouca certeza sobre o impacto das temperaturas mais elevadas no gelo marinho perto do Polo Sul. A extensão do gelo na área cresceu entre 2007 e 2016.

A mudança nos últimos anos para condições de baixas recordes tem deixado cientistas preocupados com a possibilidade das mudanças climáticas estarem finalmente mostrando as consequências no gelo marinho da Antártida.

Um artigo acadêmico publicado neste mês pelo jornal Communications Earth and Environment descobriu que as maiores temperaturas dos oceanos, provocadas principalmente pelos gases causadores do efeito estufa, estão contribuindo para baixar os níveis de gelo marinho desde 2016.

"A mensagem-chave aqui é a de que precisamos proteger essas partes congeladas do mundo que são muito importantes por uma série de fatores", afirmou Ariaan Purich, da Universidade Monash, na Austrália. Ele é um dos co-autores do estudo.

"Nós realmente precisamos reduzir nossas emissões de gases do efeito estufa."

 

 

Por Jake Spring – repórter da Reuters

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