ÍNDIA - A Índia abriga atualmente 3.167 tigres, 200 a mais do que há quatro anos, de acordo com estimativas do mais recente "censo dos tigres" do país.
O primeiro-ministro Narendra Modi divulgou os resultados do relatório no domingo (09/04), em um evento para marcar os 50 anos da campanha do Projeto Tigre.
Estima-se que a Índia tenha mais de 70% dos tigres do mundo.
Modi disse que a Índia "não apenas salvou os tigres", mas também deu ao animal "um grande ecossistema para prosperar".
O Projeto Tigre foi lançado em 1973 pela então primeira-ministra Indira Gandhi, quando o número de tigres no país estava preocupantemente baixo — em partes, devido à caça esportiva e a recompensas oferecidas pelo animal.
Desde então, foram lançadas iniciativas governamentais pela conservação, como a proibição à caça e campanhas em aldeias. As leis também foram fortalecidas para tornar praticamente ilegal capturar ou matar animais selvagens, mesmo quando eles estão envolvidos em situações de conflito com humanos.
Desde 2006, houve um aumento saudável no número de tigres.
De acordo com dados de 2022, a população de tigres aumentou substancialmente nas planícies de inundação de Shivalik e Gangetic, no norte, seguidas pela Índia central, onde os tigres chegaram a novas áreas nos Estados de Madhya Pradesh e Maharashtra.
Mas o Gates Ocidentais, uma cordilheira ao longo da costa oeste da Índia, mostrou um declínio na população de tigres.
O relatório também observou que a população local de tigres foi extinta em várias áreas, inclusive em algumas unidades de conservação, e alertou que "sérios esforços de conservação" são necessários em Estados como Jharkhand e Andhra Pradesh.
Foram sinalizados desafios persistentes, incluindo a necessidade de equilibrar o desenvolvimento econômico com a conservação e a de resolver conflitos entre humanos e animais.
Especialistas em conservação dizem que o conflito com humanos é restrito às bordas de áreas protegidas, florestas e plantações — e que, a menos que a Índia expanda as reservas para tigres, esses conflitos aumentarão.
Há ainda problemas com o comércio ilegal de animais selvagens e o impacto das mudanças climáticas nos habitats dos tigres.
“O aumento da população de tigres é um sinal positivo, mas não devemos ser complacentes. É preciso continuar nossos esforços para garantir a sobrevivência deste magnífico animal e resguardar nossos ecossistemas florestais em sua totalidade”, afirmou o relatório.
A Índia conta o número de tigres em seu território a cada quatro anos. Trata-se de uma tarefa longa e árdua, na qual funcionários florestais e cientistas percorrem uma vasta área buscando evidências da população de tigres.
ÍNDIA - A Índia anunciou na quarta-feira (29) que um dos oito guepardos procedentes da Namíbia deu à luz quatro filhotes, décadas depois de a espécie ter sido declarada extinta, em 1952, neste país.
O ministro do Meio Ambiente, Bhupender Yadav, postou uma foto e um vídeo dos pequenos guepardos no Twitter.
O primeiro-ministro, Narendra Modi, saudou a “notícia maravilhosa”.
De acordo com a imprensa indiana, um segundo guepardo, da Namíbia, dará à luz em breve.
Oito guepardos da Namíbia foram reintroduzidos na Índia no ano passado. No início deste ano, outros 12 guepardos chegaram da África do Sul para aumentar o primeiro contingente.
O anúncio do nascimento dos quatro filhotes acontece poucos dias depois da morte de um dos guepardos da Namíbia no Parque Nacional de Kuno, uma reserva natural situada a 320 quilômetros ao sul de Nova Délhi, vítima de insuficiência renal.
O guepardo asiático foi declarado extinto na Índia em 1952. O marajá Ramanuj Pratap Singh Deo supostamente matou os últimos três espécimes no final dos anos 1940.
O desaparecimento do guepardo na Índia é atribuído principalmente aos caçadores, que cobiçavam a sua preciosa pele coberta de manchas arredondadas, mas também à perda do seu habitat.
ARGENTINA - A área metropolitana de Buenos Aires, na Argentina, foi ‘atacada’ por pequenos insetos semelhantes com os piolhos nos últimos dias. A causa, de acordo com o Sistema Nacional de Vigilância e Monitoramento de Pragas (Sinavimo), se dá pelo forte calor que atinge a região.
Conhecidos como tripés, os insetos pertencem a espécie Caliothrips phaseoli e são comuns em áreas rurais. Contudo, as condições climáticas na região de Buenos Aires contribuem com o aumento populacional dos animais.
“[Os tripes] têm um ciclo reprodutivo rápido. Com condições ideais, a reprodução aumenta muito. Neste caso, os que estamos olhando são os adultos. As ninfas são muito pequenas e ficam nas plantas, são pragas. O que aconteceu é que um grande número desses bichos chegou à fase adulta e saiu, justamente, para se reproduzir", explicou o biólogo Luciano Peralta, ao jornal "La Nación".
MANAUS/AM - Pesquisadores do Instituto Mamirauá vão aproveitar o período de chuvas na floresta amazônica para fazer o monitoramento de onças. Em março, o nível dos rios sobe e reduz a disponibilidade de terra para os felinos, que passam se abrigar nas árvores.
São preparadas armadilhas com laços camufladas na folhagem para capturar os animais. As onças são imobilizadas para instalação de um colar que permite o monitoramento da localização por satélite. Assim, os grupos de pesquisa podem se aproximar em canoas e fazer um trabalho de observação dos animais, mais difícil de ser realizado nos períodos de seca.
A partir da observação e dos dados de movimentação, os pesquisadores terão mais informações para entender as necessidades ecológicas da onça-pintada da Amazônia.
O Instituto Mamirauá é uma organização social fomentada e supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Por Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil
BARRA DO RIO MAMANGUAPE/PB - Notícia boa para o meio ambiente! Nasceu o primeiro filhote de peixe-boi marinho no litoral da Paraíba, após a tentativa de reintroduzir a espécie nas águas brasileiras.
A fêmea chamada de Mel foi vista com o filhote por técnicos ambientais e aparenta estar bem junto com seu filhote. “Estamos todos bem felizes com esse nascimento”, disse o diretor de pesquisa do projeto, João Carlos Gomes Borges.
Mel nasceu com apoio do programa Viva o Peixe-Boi-Marinho e registra o primeiro filhote de uma fêmea da espécie foi solta na natureza. O que indica o sucesso do projeto!
Resgatada
A história da mãe peixe-boi-marinho Mel é de bastante luta. Resgatado em 2004 quando ainda era um filhote, o animal foi transferido para Centro Mamíferos Aquáticos/ICMBio, na Ilha de Itamaracá (PE), para receber cuidados.
Por cinco anos, Mel ficou em reabilitação até ser movida para um cativeiro de readaptação em Barra do Rio Mamanguape (PB). Só em 2019 que a peixe-boi foi levada até o litoral de Cabedelo, região onde vive até hoje.
e verão e fim de férias. Com o grande número de turistas adentrando as águas do litoral, o animal pode sofrer prejuízos.
A Paraíba é ainda um dos poucos lugares no Brasil onde é possível construir um ambiente saudável para a reintrodução da espécie no litoral. Dessa forma, são avistados tanto peixe-bois nativos quanto aqueles inseridos pelos biólogos.
Por isso, é importante preservar o ambiente desses animais! “O melhor a fazer é manter distância, respeitar a área de uso dos animais”, diz João Gomes.
A lição que fica é de admirar os belos animais à distância, ok?
Projeto necessário
O projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho é uma ferramenta para a preservação e conservação da espécie no litoral do Nordeste do país.
Para evitar a extinção dos peixe-boi-marinhos, os técnicos atuam de forma a moldar o ambiente adequado para reprodução da espécie.
Sendo um dos “afluentes” do Programa Petrobras Socioambiental, o projeto atua nas áreas de pesquisa, tecnologia de monitoramento via satélite, manejo, educação ambiental, desenvolvimento comunitário, fomento ao turismo eco-pedagógico e políticas públicas.
Por Newton Assis / sonoticiaboa
URUGUAI - A preocupação aumenta a cada dia no Uruguai devido à forte seca, que destrói plantações e drena reservatórios de água destinados às cidades.
A represa Canelón Grande, localizada a 61 km de Montevidéu, no departamento de Canelones, secou a ponto de aparecerem rachaduras na terra antes coberta de água.
O reservatório foi pensado originalmente para a irrigação, e também era usado para abastecer uma das principais infraestruturas de distribuição de água potável do país, conhecida como Águas Corrientes, que atende à capital, Montevidéu, e à sua região metropolitana.
O Uruguai, país de quase 3,5 milhões de habitantes, tem mais da metade de sua população concentrada nessa área urbana e suburbana. O vice-secretário-geral da agência estatal de águas (OSE), Juan Martín Jorge, explicou à AFP que, em termos de água potável, o país vive "uma situação crítica, mas controlada", graças ao uso de reservatórios alternativos e caminhões-pipa, que solucionam a escassez em todo o país.
O Uruguai tem a possibilidade, inclusive, de recorrer à água do Rio da Prata e torná-la potável. "Não está previsto um corte d'água", enfatizou Jorge.
Desde o começo de fevereiro, no entanto, o governo proibiu o uso de água potável para fins não prioritários, como regar jardins ornamentais ou lavar veículos.
No setor agropecuário, a situação é de extrema gravidade. É "o maior prejuízo da agropecuária e da economia nacional nos últimos 30 anos", ressaltou o ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca, Fernando Mattos, citado ontem pelo jornal "El Observador".
No Uruguai, um país da agropecuária por excelência, muitas plantações que costumam ser usadas para obter grãos não vingaram e estavam sendo consumidas pelo gado ou, no melhor dos casos, armazenadas em silos como alimento, antes de um inverno que se anuncia difícil, devido à escassez de pastagens.
SÃO CARLOS/SP - A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável com o apoio de empresas e projetos parceiros, realizou o plantio de 200 mudas de árvore no Parque Linear do Rio Gregório, localizado no entorno da avenida Comendador Alfredo Maffei e próximo ao SESC, em iniciativa ocorrida no último sábado (11/03).
A ação abriu oficialmente as comemorações da Semana de Conscientização sobre as Mudanças Climáticas no município e tem o apoio do Centro Municipal de Extensão e Atividades Recreativas (CEMEAR) – vinculado à Secretaria Municipal de Educação –, da Secretaria Municipal de Serviços Públicos, do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), do instituto Move Sanca e do projeto Escola da Floresta.
Participaram do plantio das mudas o secretário municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Nino Mengatti, e os vereadores Djalma Nery, Fábio Zanchin e Professora Neusa, assim como colaboradores das empresas e projetos mencionados.
Confira a programação completa da Semana da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas:
14/3 – Terça-feira:
9h | Palestra sobre o Descomissionamento da Barragem da UFSCar e Renaturalização do Córrego do Monjolinho.
Palestrante: Prof. Sérgio Henrique Vannucchi Leme de Mattos, Departamento de Hidrobiologia (DHb – UFSCar).
Local: CDCC - Centro de Divulgação Científica e Cultural | R. Nove de Julho, 1.227 - Centro;
10h30 | Distribuição do livro "Coeducação entre Gerações para a Sustentabilidade", da autora Isabel Georgina Patronis Dominguez;
14h | Celebração do Dia Muncial da Água - Projeto Educação para Sustentabilidade - E.E. Maria Ramos no Divisor de Águas.
Palestrantes: Prof. Paulo José Penalva Mancini da E.E. Álvaro Guião, Diretor da Reenvolta Socioambiental, membro da APASC, ONG Veredas; Elen Pilegi Neves, Chefe de Seção de Educação Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Distribuição do livro "Coeducação entre Gerações para a Sustentabilidade", da autora Isabel Georgina Patronis Dominguez.
15h30 | Dia da Limpeza Digital
Seja legal e não aqueça o planeta com seu lixo digital!;
15/3 – Quarta-feira:
9h | Plantio de 150 mudas com alunos da E.E “Professor Aduar Kemell Dibo"
Local: Mata Ciliar do Córrego do Monjolinho, no final da Rua Irineu Couto, Itamarati.
11h | Dia da Limpeza Digital
Seja legal e não aqueça o planeta com seu lixo digital!;
14h | Plantio escola CAIC;
15h30 | Filme: A Carta. Uma mensagem para o Nosso Planeta Terra, baseado na Encíclica Laudato Sí do Papa Francisco.
Local: Cúria Diocesana | Av. José Pereira Lopes, 386 - Vila Prado. Ação da Pastoral da Ecologia Integral da Diocese de São Carlos;
16/3 – Quinta-feira:
8h | 14h - Projeto Acordar Literário: Contação de História.
Local: Biblioteca Municipal | Sala Verde | R. São Joaquim, 715 - Vila Monteiro;
17/3 – Sexta-feira:
8h | 13h - Visita na ETA - Estação de Tratamento de Água Vila Pureza - Av. Dr. Carlos Botelho, 1.201;
11h | Dia da Limpeza Digital - Seja legal e não aqueça o planeta com seu lixo digital!
SANTIAGO – O Chile lançou nesta segunda-feira um programa para proteger o huemul, um cervo da América do Sul ameaçado de extinção, criando um corredor biológico que inclui uma área recentemente doada pela família do falecido filantropo e fundador da marca North Face, Douglas Tompkins.
A Fundação Rewilding Chile, legado de Tompkins, juntamente com o Ministério da Agricultura do Chile, disse que o “Corredor Nacional Huemul” será composto por aproximadamente 16 áreas conectadas e protegidas pelo estado, juntamente com outras iniciativas privadas de conservação.
“Esta iniciativa público-privada busca reduzir as ameaças à espécie, fortalecer as populações de huemul em áreas cruciais de preservação da Rota do Parque Patagônico”, disse o ministério em comunicado, acrescentando que também construirá o primeiro Centro de Resgate, Reabilitação e Reprodução do mundo para huemuls.
Na semana passada, Kristine Tompkins, co-fundadora e presidente da Rewilding Chile, reuniu-se com o presidente chileno, Gabriel Boric, para doar 93.492 hectares para a criação de um novo parque nacional na região de Magalhães.
“Esta é uma das razões pelas quais este parque é tão importante não apenas para o Chile, mas para o mundo”, disse Tompkins à Reuters, acrescentando que o sul do Chile é uma importante fonte de sequestro de carbono devido às suas turfeiras e florestas intocadas. “Este é um ‘grande gol’ para a preservação e para a luta contra a crise climática.”
O huemul é uma das duas espécies de cervos nativos encontrados apenas nas florestas da Patagônia da Argentina e do Chile. Mas a degradação do habitat reduziu o huemul a menos de 1% de sua população original, segundo dados do ministério.
Huemuls adultos, também conhecidos como güemuls, podem atingir cerca de 1,55 metros de comprimento, 80-90 cm de altura e pesar até 68 kg. São herbívoros e vivem cerca de 14 anos.
Reportagem da Reuters TV
AMAZÔNIA - Responsável por até 70% da água que chega em polo vital de geração hidrelétrica do país, Floresta Amazônica abriga soluções para instabilidades e falhas no abastecimento. Depois de agonizar com a maior seca dos últimos 78 anos, a bacia do Paraná-Prata volta a ter mais água. No espaço de um ano, a situação foi de um extremo ao outro: o rio Paraná, que esteve dez metros abaixo do normal em janeiro de 2022, encheu tanto em fevereiro de 2023 que obrigou a hidrelétrica de Itaipu a abrir as comportas.
“Agora está chovendo um pouco mais, o reservatório está enchendo. Mas a situação está longe da normalidade, as chuvas estão mais irregulares, as estações não estão mais uniformes”, analisa José Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
Marengo é um dos cientistas que assina um estudo feito em parceria com a Comissão Europeia sobre a longa seca na bacia do Paraná-Prata, a segunda maior da América do Sul, que banha Brasil, Argentina e Paraguai. A falta de chuva ao longo de dois anos seguidos deixou impactos drásticos na região, afetou a produção agrícola e levou hidrelétricas a operarem em níveis críticos.
Está cada vez mais difícil prever uma normalidade no sistema hídrico brasileiro. No caso do Paraná-Prata, por outro lado, há uma componente importante para o equilíbrio: a Floresta Amazônica. É dela que vem cerca de 70% da água que cai na bacia, apontou um estudo publicado em 2010.
Esse transporte de umidade feito nas alturas, por meio dos chamados rios voadores, tem participação fundamental das árvores amazônicas. Elas reciclam a umidade que recebem do Atlântico e “disparam” para a atmosfera toda essa carga, que viaja milhares de quilômetros até cair em forma de chuva em outras regiões do país.
“A Amazônia supre bacias no Centro-Sul e no Nordeste. A do Paraná principalmente, que tem um monte de hidrelétricas, uma depois da outra. Se não tiver essa quantidade de água transportada pelos rios voadores, não vai encher reservatórios e não vai produzir energia”, analisa Philip Fearnside, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Energia limpa e dependência da Amazônia
Embora a relação nem sempre apareça de forma direta, a Amazônia tem peso considerável na produção de energia hidrelétrica, considerada uma fonte limpa pela Agência Internacional de Energia. No Brasil, a força hidráulica gera 53% da eletricidade, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) de 2021.
Naquele ano, a escassez hídrica agravou a geração de energia hidrelétrica e fez com que o país aumentasse a dependência de usinas térmicas, mais caras e poluentes. A conta de luz encareceu e o país bateu o recorde de geração em centrais termelétricas.
“A umidade transportada para fora da Amazônia é extremamente importante para essa matriz hidrelétrica. Sem a floresta, haveria menos água, o clima seria mais quente. Ela é fundamental para a segurança hídrica, principalmente com o clima sofrendo variações”, explica Marengo.
Com base em estudos já publicados, Fearnside calcula que 10 trilhões de metros cúbicos de água em forma de vapor entrem na Amazônia a cada ano com os ventos vindos do Atlântico. Desse total, cerca de 6,6 trilhões de metros cúbicos anuais são descarregados na foz do rio Amazonas. A diferença, em torno de 3,4 trilhões de metros cúbicos, é “exportada” para outras regiões.
Para efeito de comparação, esses 3,4 trilhões de metros cúbicos são aproximadamente o volume que passa pelo famoso encontro dos rios Solimões e Negro, em Manaus.
“Metade desse volume 'faz a curva' com os rios voadores em direção ao Sudeste brasileiro. Por isso, preservar a floresta é fundamental se o país quer continuar produzindo energia hidrelétrica. Grande parte desta chuva cai em cabeceiras de rios importantes, como o Paraná e o São Francisco, cheios de hidrelétricas”, detalha Fearnside em entrevista para a DW.
Relação entre desmatamento e crise hídrica
Parte da seca extrema registrada de 2020 a 2022 na região da bacia do Paraná-Prata pode ser explicada pelo fenômeno La Niña, que se caracteriza por um resfriamento anormal das águas superficiais do Pacífico, afirma o relatório assinado por Marengo em parceria com pesquisadores europeus.
Um outro estudo, focado na relação entre o desmatamento da Amazônia e a geração de energia elétrica no Brasil, apontou conclusões preocupantes. Segundo a pesquisa conduzida por Fernanda Leonardis, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP), a devastação da floresta já afeta a geração de energia elétrica na região central do Brasil, que abriga parte da bacia.
“Os resultados considerados no estudo dão indícios de que uma possível crise no fornecimento de energia no país já se anunciava, a partir da análise de séries históricas e a identificação de alterações nos padrões hidrológicos das regiões que recebem influência direta da umidade trazida da floresta Amazônica e que abrigam importantes usinas hidrelétricas”, afirma a dissertação de mestrado de Leonardis.
O investimento em outras fontes renováveis também seria estratégico, argumenta Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
“Neste momento de 2023, em que há mais chuvas que nos anos anteriores, a situação nas hidrelétricas parece confortável. Faz anos que isso não acontece. Mas a previsibilidade para os anos seguintes é zero. Por isso, é preciso continuar aumentando a capacidade de outras fontes, como a eólica, a solar e o hidrogênio verde”, comenta Castro.
Em 2021, depois das hidrelétricas, o gás natural, derivado de combustível fóssil, foi a segunda fonte mais usada na geração de eletricidade, com 13% de participação. A eólica foi a terceira (10,6%) e a solar ficou em penúltimo lugar (2,5%), à frente apenas da nuclear (2,2%).
Soluções made in Amazônia
Vista como fornecedora de recursos, a Amazônia Legal tem carências graves quando se fala em atendimento energético. A região, que engloba 772 cidades em nove estados (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), gera 27% da eletricidade nacional produzida em hidrelétricas, mas vive à base de combustível fóssil.
“São sistemas de geração fundamentalmente isolados, mantidos com geradores a óleo diesel. Há comunidades que não têm atendimento nenhum, sem eletrificação”, critica Rubem Souza, diretor do Centro de Desenvolvimento Energético Amazônico da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Para Souza, a questão energética precisa ser vista também como um investimento para o desenvolvimento sustentável local. “Se os estados pensassem dessa forma, não estariam usando diesel. A energia solar também não seria a melhor opção para a Amazônia. Os painéis são feitos de minério, movimentam a indústria de mineração e são fabricados sobretudo na China, que é movida a carvão. E, como sabemos, o impacto das emissões de gases de efeito estufa é global, ou seja, emite na China, mas afeta a gente”, justifica.
O desmatamento não seria bom negócio para a geração elétrica, principalmente na própria Amazônia. “Não precisa desmatar, pode-se usar as áreas antropizadas para culturas energéticas, para produção de biomassa, que são livres do 'efeito dólar', de conflito, e emprega mão de obra local”, cita como exemplo o pesquisador.
Na lista de alternativas com potencial estão a gaseificação do açaí, uso de casca de cupuaçu, da castanha do Brasil e do caroço de tucumã. Uma das soluções limpas apontadas como mais promissora é a produção de álcool à base de mandioca.
“É uma cultura nativa da Amazônia. Toda essa oferta de biomassa regional poderia ser usada ainda na geração do hidrogênio verde”, sugere Souza. “Mas, para tudo isso evoluir, precisamos de políticas públicas. Só assim o país entra em definitivo para a era da energia limpa com a Amazônia de pé”, diz.
HONDURAS - No areal da costa, a destruição das casas se destaca, como se atingidas por um terremoto. Elas foram arrasadas, sem piedade, pelo oceano Pacífico no sul de Honduras, à medida que o nível do mar foi-se elevando, por causa do aquecimento global, como afirmam os moradores locais.
Como um tsunami lento e constante, as ondas vão devastando propriedades em terra firme, em Cedeño e em meia dúzia de aldeias de pescadores no Golfo de Fonseca, compartilhado por Honduras, El Salvador e Nicarágua.
“O mar está avançando”, lamenta Telma Yadira Flores, uma dona de casa de 40 anos que perdeu sua casa de concreto no ano passado e agora vive em uma casa de madeira em ruínas que tem a areia da praia como piso da cozinha.
Diante do perigo crescente, Telma, que mora com o filho e a nora, teme que a situação se repita.
“Se o mar voltar, temos que ir embora e ver para onde vamos”, desabafou.
Com cerca de 7.000 habitantes, “Cedeño pode desaparecer completamente em 100 anos”, adverte um relatório do organismo não-governamental Comitê de Defesa e Desenvolvimento da Flora e da Fauna do Golfo de Fonseca (Coddeffagolf).
Os ambientalistas consideram o Golfo, um paraíso de esplêndidos pores-do-sol, como a “zona zero”, ou de maior impacto da mudança climática em Honduras.
Recentemente, o secretário-geral da ONU, António Guterres, advertiu para o risco de um êxodo “de proporções bíblicas”, devido ao aumento do nível do mar provocado pelo aquecimento global e que “países inteiros podem desaparecer para sempre”.
– O mar come terra firme –
As fortes ondas derrubaram parte da barreira natural dos coqueiros, destruíram muros, casas, um laboratório marinho, mansões de ricos e famosos e negócios de pequenos empreendedores.
Em Cedeño, o clima de desolação é visível. A escola Michel Hasbún, que era frequentada por cerca de 400 crianças, foi abandonada, assim como a sede da polícia e o parque central da comunidade.
O mar “avançou” para inundar 105 metros em 17 anos, disse à AFP o diretor de Projetos do Coddeffagolf, Jorge Reyes, com base no relatório, o qual mostra como Cedeño era em 2004 e como ficou, em 2021.
“O mar comeu seis quadras (600 metros). Tinha campo de futebol. Esse campo foi perdido”, lembra o pescador Sergio Espinal, de 75 anos.
“Havia bons restaurantes, bons hotéis” muitos anos atrás.
– Espécies em perigo –
Os habitantes de Cedeño são testemunhas do desaparecimento de espécies de crustáceos e moluscos, cujo habitat está nas raízes dos manguezais. A transformação é tamanha que a praia de Cedeño é, agora, um extenso manto arenoso como um deserto, embora quando a maré sobe, em determinadas horas do dia, fique coberta de água.
Aves marinhas, como pelicanos, tesourinhas e gaivotas, sobrevoam, tentando sobreviver, em meio à escassez de peixes.
“Antes havia manadas de golfinhos, havia tubarões, pescavam-se peixes-espada (…) e agora tudo se perdeu”, lamenta o barqueiro Luis Fernando Ortiz, de 39 anos, enquanto navega pelas águas de cor azul-turquesa.
“Aquela era a casa de Elvin Santos”, diz ele, referindo-se ao ex-vice-presidente (2006-2008), ao apontar para uma mansão destruída.
A causa da deterioração ambiental se deve ao “derretimento das geleiras, que está aumentando o caudal do mar”, explica Reyes.
Os sinais mais sensíveis para a população costeira são a destruição e o esgotamento das espécies, o que obriga os pescadores artesanais a “percorrerem longas distâncias para poderem pescar”, afirma.
Para mitigar essa situação, “estamos apostando (…) na restauração, tanto de ecossistemas quanto na submersão de cúpulas para reconstruir os recifes artificiais” e no reflorestamento do mangue, relata.
Em nível global, ele acredita que os países devem se comprometer a fazer o que for “humanamente possível” para melhorar a gestão dos resíduos sólidos e do plástico que estão afetando o oceano.
De acordo com um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), 11 milhões de toneladas métricas de plástico entram no mar a cada ano. O número pode triplicar nas próximas duas décadas.
Nos dias 2 e 3 de março, líderes de governos, setor privado, sociedade civil e acadêmicos discutirão como salvar os recursos marinhos, em debates na conferência anual Our Ocean 2023.
“O oceano é um dos recursos mais valiosos da humanidade: abriga 80% de toda a vida na Terra e fornece alimentos para mais de 3 bilhões de pessoas”, afirmam os organizadores.
Eles alertam que “este ativo vital está em perigo pelo aquecimento global” e que “é hora de as nações trabalharem juntas para evitar” sua destruição.
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