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JOANESBURGO - A 15ª Cúpula do Brics, grupo de países emergentes, decidiu nesta quinta-feira (24) aumentar o número de integrantes do bloco. Seis novos parceiros ingressam como membros plenos: Argentina, Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Egito e Etiópia.

A decisão, que fortalece o bloco de países em desenvolvimento em detrimento a outros fóruns dominados pelos ocidentais, foi tomada ao final de três dias de reuniões em Joanesburgo. O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, anunciou a ampliação para os novos membros. “Vamos continuar trabalhando por um mundo mais justo, inclusivo e prospero”, afirmou, ao explicar que o processo para outras associações no futuro vai continuar. Até o momento, 22 países estão interessados no ingresso.

Em seu breve discurso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu boas-vindas aos seis integrantes, que entrarão oficialmente no Brics em 1º de janeiro de 2024. “Nossa diversidade fortalece a luta por uma nova ordem, que acomoda a pluralidade econômica, geográfica e política do século 21”, avaliou. “Agora, o PIB dos Brics eleva-se para 36% do PIB global, em paridade de poder de compra, e para 46% da população mundial”, ressaltou.

 

Moedas nacionais

Os líderes também concordaram com a criação de um comitê de trabalho para fazer evoluir a proposta da adoção das moedas nacionais dos cinco países fundadores nas transações comerciais entre eles, com vistas a dispensar o dólar. O assunto deve voltar a ser tratado na próxima cúpula do grupo, em 2024, na Rússia.

 

 

Lúcia Müzell, enviada especial da RFI 

EUA - O cenário de alta sensibilidade a risco nos mercados globais impactou ativos de países emergentes em abril, que registraram fluxo negativo de US$ 4 bilhões no mês, segundo informou o Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) com base em dados coletados pela própria entidade. O IIF cita riscos geopolíticos, inflação global, aperto monetário e temores de que a economia mundial desacelere como as principais causas para a perda de apetite por mercados emergentes.

O mercado acionário foi o que puxou o fluxo negativo de abril, com saída de US$ 9,5 bilhões, enquanto a dívida de emergentes atraiu US$ 5,5 bilhões. A China, por outro lado, registrou entrada de US$ 1 bilhão no mercado acionário e saída de US$ 2,1 bilhões em títulos da dívida.

De acordo com o IIF, o fraco desempenho das ações de emergentes foi influenciado pela alta volatilidade nos mercados acionários em países desenvolvidos, bem como pelo menor apetite de investidores. Essa volatilidade, segundo a instituição, deve continuar nos próximos meses, e alguns mercados emergentes podem se recuperar após atingirem níveis muito baixos, ajudados por uma eventual alta nos preços de commodities. O aperto monetário global, no entanto, pode frear este ímpeto.

EUA - Países em desenvolvimentos mais pobres deverão precisar de um alívio de dívida mais rápido do G20, disse o Banco Mundial ontem (11), já que um número crescente corre o risco de ser esmagado pelo alto endividamento e desaceleração do crescimento.

A recessão provocada pela pandemia em 2020 deixou metade dos países de baixa renda em alto risco de estresse da dívida, disse o Banco Mundial em seu relatório Perspectivas Econômicas Globais.

Os níveis de dívida em economias emergentes e em desenvolvimento subiram no ritmo mais rápido em três décadas, segundo o relatório, e embora a perspectiva seja de que o crescimento em economias de baixa renda se fortaleça em 2022 a 4,9% e em 2023 a 5,9%, a renda per capital deve permanecer abaixo dos níveis pré-pandemia este ano em metade deles.

“É provável que mais alívio da dívida seja necessário se o crescimento permanecer fraco e a comunidade global terá que ficar pronta para garantir isso de maneira igualitária mas eficiente”, concluiu o relatório do Banco Mundial.

 

 

da REUTERS

FORBES 

EUA - Líderes de países em desenvolvimento alertaram a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta semana que o armazenamento de vacinas contra covid-19 por parte dos países ricos deixa a porta aberta para o surgimento de variantes do novo coronavírus no momento em que as infecções já aumentam em muitos lugares.

As Filipinas avisaram sobre uma "seca (de vacinas) criada pelo homem" em países pobres, o Peru disse que a solidariedade internacional fracassou e Gana lamentou o nacionalismo da vacina.

Já o chefe da ONU descreveu a distribuição desigual de vacinas contra covid-19 como uma "obscenidade".

"Países ricos armazenam vacinas que salvam vidas, enquanto nações pobres esperam ninharias", disse o presidente filipino, Rodrigo Duterte, na terça-feira.

MUNDO - A partir de 29 de maio, estrangeiros que tenham passado pelo Brasil nos 14 dias anteriores não poderão entrar nos Estados Unidos.

A medida foi tomada para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus. O governo americano diz que pessoas que tenham estado no território brasileiro são uma "ameaça" à sua segurança nacional.

A decisão foi tomada depois de o Brasil ultrapassar a Rússia e se tornar o segundo país do mundo com o maior número de casos: são 363,2 mil até agora, de acordo com a Universidade Johns Hopkins.

A disparada das infecções no Brasil foi um dos principais motivos que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a afirmar que a América do Sul é o novo epicentro da pandemia.

Os Estados Unidos seguem como o país mais afetado no mundo, com 1,6 milhão de casos e 98 mil mortes. Com mais de 22,6 mil óbitos, o Brasil é o sexto em número de fatalidades.

"Há quem aponte que os Estados Unidos até demoraram em implementar essa restrição", afirma Carolina Moehlecke, professora de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV). "Dado o desenvolvimento dos números da epidemia no Brasil, isso poderia ter acontecido antes."

Um dos fatores que podem ter contribuído para essa demora é o esforço do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) de se aproximar e se alinhar com o governo de Donald Trump.

"Mas essa relação especial não foi suficiente para evitar a imposição dessa restrição. Se havia expectativa do governo brasileiro que essa proximidade bastaria, ela foi frustrada", diz Moehlecke.

Maioria dos países adotam restrições

No entanto, não se trata de uma medida excepcional por parte dos Estados Unidos, que já havia imposto a mesma limitação a pessoas vindas de outras partes do mundo. Também não é algo inédito em outros países.

A princípio, a OMS não indicava haver necessidade de restringir viagens ou fechar fronteiras por causa do coronavírus.

Mas a partir do momento em que foi declarada uma pandemia e ficou claro que as viagens internacionais tiveram um papel crucial na propagação da covid-19, mais e mais nações adotaram medidas do tipo.

Há países que fogem à regra, como o México e o Reino Unido, onde não está em vigor nenhuma restrição do tipo, ou a Coreia do Sul, onde há apenas algumas limitações relacionadas à China.

Mas, atualmente, a maioria dos países do mundo fechou suas fronteiras para estrangeiros — em geral ou de determinadas nacionalidades —, segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês), ou suspendeu os voos internacionais,

Isso inclui o próprio Brasil, onde as fronteiras estão fechadas desde 27 de março e permanecerão assim até pelo menos o fim de junho.

"Na história recente, não houve no mundo restrições tão amplas e por períodos tão longos", diz Moehlecke.

E devemos esperar que essas medidas persistam por algum tempo, na avaliação da professora da FGV, mesmo que não de forma contínua.

"Os países devem fechar e abrir fronteiras no futuro próximo para conseguir controlar as taxas de contaminação e mortes conforme o comportamento do vírus. Haverá mais restrições temporárias enquanto não houver uma vacina pronta para ser aplicada em larga escala."

Confira a seguir alguns dos destinos onde os brasileiros não podem entrar neste momento, salvo algumas exceções, como para quem é residente no país em questão — e, mesmo nestes casos, quem ingressa é normalmente obrigado a passar por uma quarentena.

Estados Unidos: não permite a entrada de estrangeiros que venham do Brasil, da China, do Irã, do Reino Unido, da União Europeia.

Canadá: a entrada de estrangeiros está proibida.

União Europeia: o fechamento das fronteiras para estrangeiros foi prorrogado até 15 de junho.

Japão: não permite a entrada de estrangeiros que venham de dezenas de países, entre eles o Brasil.

China: não permite a entrada de estrangeiros no país.

Índia: os voos internacionais para o país estão suspensos.

Austrália: não permite a entrada de estrangeiros.

Nova Zelândia: não permite a entrada de estrangeiros.

Argentina: as fronteiras estão fechadas para estrangeiros.

Uruguai: os voos internacionais estão suspensos.

Chile: estrangeiros não podem entrar no país.

Paraguai: os voos para o país estão suspensos.

Bolívia: as fronteiras do país estão fechadas para estrangeiros.

Peru: as fronteiras do país estão fechadas para estrangeiros.

Venezuela: os voos internacionais estão suspensos.

Equador: os voos para o país estão suspensos.

Colômbia: os voos para o país estão suspensos.

 

 

*Por: BBCNEWS

MUNDO - A pandemia da covid-19 evidencia a forte dependência dos países ocidentais em relação aos equipamentos e insumos médicos produzidos na China, afirma Antoine Bondaz, pesquisador da Fundação francesa para a Pesquisa Estratégica e professor do Instituto de Estudos Políticos de Paris.

Segundo ele, a crise sanitária levará a reflexões sobre o aspecto estratégico da saúde e a necessidade de produzir localmente para reduzir o risco de falta de produtos, como ocorre atualmente no mundo todo.

A China concentra mais da metade da produção mundial de máscaras e cerca de um quinto no caso dos respiradores. Apesar de ter aumentado significativamente sua capacidade produtiva desde o início da pandemia, o país não é capaz de suprir a explosão da demanda internacional, ressalta o especialista em Ásia e geoestratégia.

Por isso, as tensões internacionais provocadas pela falta de máscaras e outros equipamentos essenciais para lutar contra a doença irão continuar, diz Bondaz. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já alertou recentemente que a pandemia de cCovid-19 está longe de ter terminado.

Alguns países, como a França ou a República Tcheca, confiscaram máscaras destinadas a Itália e outros mercados. Os Estados Unidos, atual epicentro do novo coronavírus, sofreram várias acusações de desviar equipamentos no enfrentamento da pandemia - uma delas feita pelo governo da Bahia, que havia comprado centenas de respiradores chineses. O governo americano negou ter adquirido ou bloqueado o material médico brasileiro.

Antes do surgimento da covid-19, a China produzia 20 milhões de máscaras cirúrgicas por dia. Esse número diário passou para mais de 120 milhões em março. Apenas a França comprou dois bilhões de máscaras da China, que vêm sendo entregues progressivamente.

A produção chinesa do disputado modelo de máscaras com filtro, as FFP-2 (ou N95 nos Estados Unidos), utilizadas em hospitais, é mais escassa ainda, de apenas cerca de 1,6 milhão por dia atualmente.

"A forte dependência do Ocidente em relação à China nos setores ligados à saúde deve levar governos a redefinirem o que é estratégico", afirma Bondaz.

Diante da disputa internacional por equipamentos de proteção, aparelhos, agentes reativos para testes e remédios (nesse caso também produzidos em larga na Índia), países veem a necessidade de reduzir sua exposição ao risco da falta de produtos, se tornando menos dependentes da Ásia.

É a linha adotada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, que vem reiterando a importância de produzir máscaras e outros equipamentos internamente.

Em vários países, a escassez de equipamentos de proteção e outros insumos levou muitas empresas de setores variados a se voltarem para a produção desses itens. O grupo automotivo francês PSA, por exemplo, está fabricando respiradores em parceria com a Air Liquide, de gases industriais.

"Um consenso está surgindo com essa crise: o reforço da autonomia estratégica da Europa, a nossa capacidade de reduzir nossa dependência do resto do mundo e reforçar nossa capacidade de produzir, no plano sanitário, materiais de proteção e o que precisamos", afirmou Macron, sem mencionar especificamente a China.

A declaração foi feita logo após uma reunião recente do Conselho Europeu, o encontro de chefes de Estado e de governo do continente. Para Macron, a Europa precisa ir além das iniciativas atuais de produção no setor da saúde. A reorganização das cadeias produtivas do continente "para reduzir a dependência do resto do mundo" vai ser analisada pela Comissão Europeia, segundo o líder francês.

‘Países Ricos Falharam’

Segundo Bondaz, os países ricos "falharam, e feio", em não antecipar corretamente as consequências de uma eventual pandemia com propagação extremamente rápida, como a do novo coronavírus, e não se se prepararam para isso.

Por questões financeiras, diz ele, os países ricos consideraram que a produção chinesa de equipamentos médico-hospitalares, mais barata, seria suficiente para atender a demanda em caso de crise.

O pesquisador afirma que os países desenvolvidos subestimaram os riscos.

"Uma pandemia mundial respiratória necessita de equipamentos de proteção em quantidades consideráveis. Eles não souberam prever esse cenário e agora pagam as consequências", afirma.

Para Bondaz, os países ricos "não têm desculpas" para não ter estoques, já que dispõem mais recursos para se preparar a eventuais crises sanitárias. Na França, como faltavam máscaras para os profissionais de saúde, o governo até recentemente recomendava que a população não as utilizasse, apenas as pessoas infectadas. Agora, passou a incentivar o uso geral. A mudança de discurso causou polêmica no país.

Em 2009, o Estado francês dispunha, para enfrentar uma eventual pandemia, de uma "reserva estratégica" de um bilhão de máscaras cirúrgicas e mais de 700 milhões da FFP-2. Para cortar gastos, essa reserva foi amplamente reduzida. Em março deste ano, quando a situação começou a se agravar, o estoque francês era, respectivamente, de 150 milhões de máscaras cirúrgicas e zero de FFP-2, segundo o Ministério da Saúde.

"O maior problema é que as economias ricas, que enfrentam uma grave crise sanitária, dispõem de meios limitados e não têm capacidade para ajudar os demais países", diz Bondaz. O governo norte-americano, por exemplo, afirmou que só ajudará o Brasil com insumos médicos quando a situação melhorar nos Estados Unidos.

"Em vez de ajudar, os países ricos estão acirrando a competição pelos equipamentos, tornando a situação mais difícil para os demais", afirma o pesquisador. Além disso, a forte demanda provocou a explosão dos preços.

Países da América Latina e África, diz ele, onde a pandemia chegou posteriormente, têm de concorrer com economias ricas que podem pagar mais pelos produtos, rapidamente e fazem encomendas gigantes - como os dois bilhões de máscaras comprados pela França.

Isolamento do Brasil

Uma saída apontada pelo pesquisador seria que o Brasil fizesse compras de máscaras e outros equipamentos em conjunto com países da América Latina para ter mais peso na disputa com economias ricas pelos produtos.

Quando a situação sanitária melhorar nas economias ricas, elas devem começar a ajudar os países em desenvolvimento. A União Europeia tende a se voltar para a África, como já faz tradicionalmente, diz Bondaz.

No caso do Brasil, o isolamento diplomático do país na atual gestão deve complicar a possibilidade de ajuda internacional (exceto, possivelmente, a americana) para combater a pandemia, afirma o pesquisador.

Na semana passada, a OMS apresentou uma aliança global de colaboração científica para acelerar a pesquisa de tratamentos, testes e vacinas para a covid-19. A iniciativa foi impulsionada por Macron e conta com a adesão de líderes de vários países.

O Brasil, apesar de ter tido papel de destaque em ações para facilitar o acesso global a medicamentos, não foi convidado para o evento que lançou a aliança. Foi o caso também dos Estados Unidos.

 

 

*Por: BBCNEWS

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