SÃO CARLOS/SP - O Hospital Universitário da Universidade Federal de São Carlos (HU-UFSCar) apresentou, na última sexta-feira (16/6), os resultados de trabalhos desenvolvidos por jovens cientistas e pesquisadores dentro do Programa de Iniciação Científica da Rede Ebserh/CNPq - 2022 (PIC/Ebserh), em um evento marcado pela importância da pesquisa científica para a vida acadêmica, para a qualificação de novos profissionais e para a sociedade. O HU-UFSCar é um dos 41 hospitais universitários gerenciados pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares.
As pesquisas e seus resultados foram apresentados no 1º Congresso de Iniciação Científica do Hospital Universitário da UFSCar, realizado pelo Setor de Gestão da Pesquisa e da Inovação Tecnológica em Saúde (SGPITS) e pela Gerência de Ensino e Pesquisa (GEP) do HU.
Na abertura do Congresso, foi apresentado um vídeo no qual o presidente da Ebserh, Arthur Chioro, parabenizou os pesquisadores e falou sobre a importância da Iniciação Científica para a formação acadêmica e para o País. "Os hospitais da Ebserh têm por natureza garantir assistência de qualidade e ensino, pesquisa e inovação e, quando esta pesquisa é capaz de responder a problemas da população, ela é capaz de interferir na produção de uma vida com mais qualidade e mais dignidade", afirmou.
O superintendente do HU, Fábio Fernandes Neves, destacou a importância da parceria entre hospitais universitários e a universidade. "O protagonismo dos hospitais universitários e das universidades em ciência garante a qualidade técnica e ética das pesquisas e dos estudos que são colocados a serviço da sociedade", disse o dirigente, reforçando o impacto positivo que a formação de uma rede nacional de pesquisa pode trazer para situações de emergência na área de saúde.
O gerente de Ensino e Pesquisa do HU, Thiago Luiz de Russo, falou sobre o caráter simbólico do Congresso, por ser o primeiro ano do PIC/Ebserh no HU e pelo impacto da ciência na sociedade. "A pesquisa é transformadora e a Iniciação Científica é fundamental não só para a formação acadêmica, pois vocês tiveram a oportunidade de adquirir conhecimentos técnicos, mas também de aprimorar competências importantes, como o pensamento crítico, a capacidade de resolução de problemas complexos e o trabalho em equipe em um cenário tão importante para a comunidade como um hospital", resumiu.
A chefe do Setor de Gestão de Pesquisa e Inovação do HU, Renata Pedrolongo Basso Vaneli, que apresentou uma palestra sobre a escrita científica antes da abertura do evento, parabenizou os dez bolsistas contemplados pelo programa da Ebserh/CNPq no ano passado, destacou o papel de parceiros no fomento à pesquisa científica e o crescimento do HU nessa área. Segundo ela, o Hospital tem cadastrados mais de 200 pesquisadores e o Programa de Iniciação Científica é um marco nessa trajetória de crescimento. "A gente tem conseguido prosperar na pesquisa e nossos esforços são para aumentar não só a quantidade de pesquisa, mas também para entregar uma estrutura adequada de pesquisa e produção de conhecimento", disse.
Os resumos dos trabalhos apresentados no Congresso podem ser acessados no link https://encurtador.com.
SOROCABA/SP - Em uma definição tradicional, a agroecologia é um modelo de agricultura alternativa baseada na integração e aplicação de conceitos ecológicos e sustentáveis na produção de alimentos. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), "a agroecologia ajuda a apoiar a produção de alimentos e a segurança alimentar e nutricional enquanto restaura os serviços ecossistêmicos e a biodiversidade que são essenciais para a agricultura sustentável". Mas o professor Fernando Silveira Franco, do Departamento de Ciências Ambientais (DCA-So), e coordenador do Núcleo de Agroecologia Apete Caapuã (NAAC) do Campus Sorocaba da UFSCar, vai além: "a agroecologia é uma nova forma de ser e estar no mundo, já que, além de uma produção sustentável, visa relações econômicas, sociais e culturais mais justas".
Corroborando a visão do professor da UFSCar, a própria FAO já identificou os 10 princípios da agroecologia que destacam as propriedades importantes na implementação de um sistema agroecológico: Diversidade; Cocriação e compartilhamento de conhecimento; Sinergias; Eficiência; Reciclagem; Resiliência; Valores humanos e sociais; Cultura e tradições alimentares; Governança responsável; Economia circular e solidária. "Princípios, portanto, que vislumbram uma transformação social ampla", destaca o docente.
Além de considerar o manejo responsável dos recursos naturais e a justiça social - "afinal, não há agroecologia sem movimentos sociais" -, o modelo da agroecologia constitui um campo de conhecimento científico, que integra os saberes históricos dos agricultores com o avanço da ciência, para alcançar seus objetivos. "Na agroecologia, o conhecimento tradicional se une à ciência; a ancestralidade é respeitada e soma forças aos saberes acadêmicos e científicos na busca por soluções", afirma Franco.
Tais soluções objetivam, sobretudo, atender à demanda de alimentos da população, respeitando o meio-ambiente, o ser humano e as relações entre eles. Os que defendem o uso da agricultura em larga escala e o agronegócio argumentam que eles são importantes para dar conta do volume da produção de alimentos. No entanto, os que defendem a agricultura familiar afirmam que ela já é responsável pela produção de aproximadamente 70% dos produtos consumidos no País. Diante dessas posições, o pesquisador da UFSCar é enfático: "tenho certeza que temos conhecimento, força de trabalho e capacidade produtiva para atender toda a demanda por alimentos no Brasil; faltam uma utilização mais racional do campo, a partir da reforma agrária, e políticas públicas consistentes de apoio à produção agroecológica".
Além de garantir que é possível substituir o atual modelo agrícola do agronegócio por um modelo agroecológico, Franco mostra a relação entre a agroecologia e a saúde: "A agroecologia tem uma relação direta com a alimentação saudável: sistemas alimentares mais saudáveis, pessoas mais saudáveis".
Sobre o NAAC
O Núcleo de Agroecologia Apete Caapuã (NAAC) foi criado no Campus Sorocaba da UFSCar em 2009, a partir do anseio do professor e de estudantes em compartilhar a extensão rural e a pesquisa em agroecologia. Atualmente, o NAAC conta com 12 bolsistas e cinco voluntários que são alunos de graduação dos cursos de Geografia, Biologia Bacharelado, Biologia Licenciatura, Pedagogia e Engenharia Florestal; dois professores colaboradores e três voluntários formados.
Dentro das premissas da agroecologia enquanto ciência e movimento, o NAAC busca levar a extensão universitária ao campo, prestando assistência técnica e troca de saberes com agricultores familiares em assentamentos da reforma agrária, propriedades rurais, quilombos, entre outras comunidades tradicionais da região sorocabana. Além disso, o NAAC atua de forma política junto a instituições públicas e privadas em fóruns, associações e eventos que promovam o diálogo acerca da soberania alimentar e da agricultura familiar, agroecologia, produção sustentável e justiça social.
"As atividades realizadas pelo NAAC são livres e abertas, podendo qualquer um conhecer e participar, pois a missão da equipe é disseminar e adquirir conhecimento pela troca de experiências e, neste aspecto, entende-se que todos temos algo a dar e a receber", conclui o coordenador.
Saiba mais sobre agroecologia e o trabalho do NAAC nesta edição de "Na Pauta - Entrevista".
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