DESCALVADO/SP - Um ano após ter sido implementado o “Programa Vem Saber –Módulo Descalvado” na EE José Ferreira da Silva, naquela cidade, com a duração de três anos, através da inauguração da revitalização do Auditório da Biblioteca Comunitária de Descalvado, localizada na citada escola - https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/ifsc-usp-implanta-programa-vem-saber-na-cidade-de-descalvado-uma-parceria-que-envolve-varios-atores/ -, o passado dia 19 de maio do corrente ano – “Dia do Físico - ficou marcado pela inauguração do “Laboratório de Física Vem Saber USP” naquele estabelecimento de ensino. Dessa forma, toda a infraestrutura (biblioteca e escola) se consolida para disponibilizar espaços dedicados a ações direcionadas às áreas de ciência e tecnologia, bem como à própria comunidade de Descalvado.
Este projeto da Universidade de São Paulo, liderado pelo Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), iniciado há vinte e cinco anos e desde então coordenado pelo docente Prof. Dr. Antonio Carlos Hernandes, tem o foco de motivar e convidar os alunos do Ensino Médio das escolas do Estado de São Paulo a visitarem o Campus USP de São Carlos, observarem como ocorre a vida dos universitários, incentivando-os a prosseguirem seus estudos rumo ao ensino superior, numa viagem através de um processo de transformação social. Até o presente momento, já participaram deste projeto cerca de duzentos mil alunos oriundos de escolas do Estado de São Paulo. Com o “Vem Saber – Módulo Descalvado”, o programa saiu de dentro da USP pela primeira vez e começou a entrar nas escolas para um contato mais próximo, mais intimista, mas com os mesmos objetivos iniciais, sendo que a EE José Ferreira da Silva iniciou essa jornada em 2024.
Ampliação das oportunidades para alunos, professores e gestores
A inauguração do “Laboratório de Física Vem Saber – USP”, que oferece cerca de quarenta experimentos dedicados a dez temas diferentes, reafirma o compromisso assumido pelo programa através de uma parceria sólida estabelecida em 2024 não só com a EE José Ferreira da Silva, mas com um vasto grupo de atores, onde se contam a Prefeitura Municipal de Descalvado, por intermédio da Secretaria de Educação e Cultura, Diretoria de Ensino da Região de São Carlos, cujos representantes marcaram presença nesta inauguração, bem como os agentes econômicos locais.
Coube ao coordenador do programa, Prof. Antonio Carlos Hernandes, acompanhado pelo diretor da escola, Prof. Waldir Paganotto, recepcionar os convidados e, de uma forma resumida, partilhar a história do projeto e sublinhar as diversas atividades que entretanto já foram desenvolvidas com diversos grupos de estudantes, inclusive com a criação, no passado dia 7 de maio, de uma nova turma composta integralmente por meninas da primeira série do ensino médio e que desenvolverão suas atividades no novo laboratório da escola. Integradas no denominado “Projeto Atena”, financiado pelo CNPq e tendo o “Programa Vem Saber” como parceiro, as jovens alunas serão beneficiadas por este projeto que irá oferecer bolsas de estudo na modalidade de Pré-Iniciação Científica.
Sendo esta escola um centro gerador de conhecimento, cujos resultados já são visíveis, o Prof. Antonio Carlos Hernandes sublinhou que o “Programa Vem Saber” poderá, eventualmente, avançar para além dos três anos inicialmente previstos, por forma a que o projeto possa integrar as comemorações dos 195 anos da cidade de Descalvado, aniversário esse que acontecerá em 2030. “Existe o intuito do projeto implementado aqui ser um centro irradiador de conhecimento, abrangendo não só os alunos como professores e a comunidade. Descalvado é uma das poucas cidades que tem uma biblioteca muito bem organizada e agregada a uma escola, o que, certamente, beneficia a comunidade através de várias ações, e a EE José Ferreira da Silva é um exemplo, sublinhando-se aqui o fato de ela ter obtido uma das melhores posições na Competição USP de Conhecimentos e Oportunidades (CUCO)”, enfatizou Hernandes.
A presença do poder público de Descalvado e do IFSC/USP
Este evento contou com a presença de diversos convidados, entre os quais destacamos o Educador Prof. Herbert João Alexandre, que ao longo dos últimos anos tem colaborado na coordenação do “Programa Vem Saber”, a Dirigente Regional de Ensino, Profª Debora Gonzalez Costa Blanco, o diretor do Instituto de Física de São Carlos, Prof. Osvaldo Novais de Oliveira Junior, o Presidente da Comissão de Cultura e Extensão do Campus USP de São Carlos, Prof. Guilherme Sipahi, e ainda uma forte presença de representantes dos órgãos legislativo e executivo de Descalvado – Drª Vanisse Gonçalves, Presidente da Câmara Municipal, que esteve acompanhada pelas vereadoras Michelli Longo e Jake Bronini, do Prefeito, Luis Guilherme Panone e da Secretária Municipal de Educação, Alessandra Paganotto.
Em seu discurso, o diretor do IFSC/USP, Prof. Osvaldo Novais de Oliveira Junior, agradeceu o empenho e o trabalho desenvolvido pelo Prof. Antonio Carlos Hernandes e sua equipe ao longo dos anos na formação de jovens alunos, tendo salientado, a esse respeito. “Hoje, o mundo é muito mais complicado do que era há vinte ou trinta anos, já que ele está completamente dependente da tecnologia. Antigamente, se faltava energia por algumas horas o impacto era muito baixo, comparativamente com os tempos atuais: se hoje faltar a energia por uma hora entramos num caos por causa da internet, que domina tudo. Assim, hoje e da mesma forma, a evolução da formação de um aluno é muito mais complexa do que era antigamente, o que exige a aplicação de novos mecanismos, de novas abordagens. A abordagem que o “Programa Vem Saber” tem usado é, por isso, extremamente eficiente, já que trata a educação de uma forma integrada para que os alunos aprendam diferentes conceitos que aliam a teoria à experimentação, através das linguagens mais importantes e que são as que geram conhecimento – artística, idioma e matemática -, sendo que este projeto traz essas linguagens”, enfatizou o docente.
No final de seu discurso, o diretor do IFSC/USP destacou que a educação é o único caminho que existe para se poder alcançar uma sociedade mais igualitária, com melhor qualidade de vida e mais inclusiva, sendo que para o orador é um grande orgulho para o IFSC/USP e para a USP poderem contribuir com este projeto na cidade de Descalvado.
Plataforma desenvolvida com materiais reciclados detecta vírus com alta precisão e baixo custo, resultado de um projeto temático da FAPESP envolvendo os Institutos de Química e de Física de São Carlos (USP)
SÃO CARLOS/SP - Motivado pelo fato de que milhões de pessoas no mundo ainda não têm acesso a diagnósticos básicos, um projeto temático da FAPESP uniu pesquisadores dos Institutos de Química (IQSC) e de Física (IFSC) de São Carlos (USP) no desenvolvimento de uma tecnologia sustentável para diagnóstico molecular acessível. A iniciativa integra o projeto temático “Rumo à convergência de tecnologias: de sensores e biossensores à visualização de informação e aprendizado de máquina para análise de dados em diagnóstico clínico”, coordenado pelo Prof. Osvaldo Novais de Oliveira Junior, do IFSC/USP.
O resultado é uma plataforma eletroquímica-magnética universal, de baixo custo, portátil e fabricada a partir de materiais reciclados – grafite recuperado de baterias recicladas e plástico de copos descartáveis. Inicialmente validada para a detecção do vírus SARS-CoV-2, a plataforma representa uma inovação de impacto global, combinando ciência de materiais, engenharia, sustentabilidade e saúde pública. O dispositivo pode ser operado manualmente, sem necessidade de laboratórios ou infraestrutura especializada, sendo que os testes são rápidos, apresentando resultados em poucos minutos, e o custo por unidade é de apenas 20 centavos de dólar — uma fração do preço dos exames convencionais.
O funcionamento do biossensor se baseia em nanopartículas magnéticas funcionalizadas com anticorpos, capazes de capturar biomarcadores virais em amostras de saliva. A interação gera um sinal eletroquímico que é lido por um dispositivo portátil. No caso do SARS-CoV-2, o sensor apresentou precisão de 95%, similar ao RT-PCR, considerado padrão-ouro em diagnóstico molecular. O sistema foi validado em amostras de saliva de pacientes com diferentes faixas etárias e sexos, com confirmação por RT-PCR, garantindo sua eficácia em condições clínicas reais.
“O sensor é uma plataforma universal. Embora o primeiro teste tenha sido para COVID-19, ele pode ser adaptado para detectar rapidamente outros vírus, como influenza”, explica o Prof. Frank Crespilho, do IQSC/USP, que tambem foi coordenador da Rede de Pesquisa em Metabolômica e Diagnóstico da Covid-19 (MeDiCo) USP/CAPES, coordenador do desenvolvimento tecnológico e autor correspondente do artigo publicado na revista ACS Sensors em março de 2025. “Queremos democratizar o acesso a diagnósticos de qualidade com soluções sustentáveis e de baixo custo.” A publicação tem como primeiro autor o pesquisador Caio Lenon Chaves Carvalho, ex-bolsista de pós-doutorado no laboratório do Prof. Crespilho. Sua liderança foi essencial no desenvolvimento e validação do biossensor, contribuindo diretamente para os resultados inéditos alcançados.
Para o Prof. Osvaldo, “foi um projeto longo, liderado pelo grupo do Prof. Crespilho, que contou com renomados colegas cientistas e que culminou em resultados sem precedentes na literatura científica”. A colaboração entre grupos interdisciplinares foi fundamental para integrar inovação tecnológica com impacto social e ambiental.
Além do IQSC/USP e IFSC/USP, o projeto contou com parcerias nacionais e internacionais, envolvendo a Faculdade de Medicina da USP, a Universidade Federal do Piauí (UFP), a Universidade do Minho (Portugal) e o centro de pesquisa BCMaterials, na Espanha.
Mais do que uma resposta à pandemia, essa plataforma inaugura um novo paradigma em dispositivos de diagnóstico acessíveis, reaproveitando resíduos tecnológicos e viabilizando soluções para regiões vulneráveis. O projeto mostra como ciência, sustentabilidade e política pública podem caminhar juntas rumo a um futuro mais justo e saudável para todos.
Confira o artigo científico publicado sobre este tema - https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/wp-content/uploads/2025/05/PDF-BIOSSENSOR-COM-MATERIAIS-RECLICADOS.pdf
Pesquisadores destacam o potencial das nanovacinas como aliadas poderosas na luta contra o câncer, combinando precisão molecular, personalização e inovação científica.
SÃO CARLOS/SP - Em um artigo publicado na revista científica “ACS Nano”, com destaque na capa inteira, pesquisadores do Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia do Instituto de Física de São Carlos (GNano-IFSC/USP) traçaram um panorama abrangente sobre os mecanismos de ação, os princípios de design e os desafios clínicos das chamadas “nanovacinas oncológicas”. A proposta tem o intuito de transformar pequenas partículas artificiais (medindo bilionésimos de metro) em “mensageiras” que instruem o sistema imunológico a identificar e eliminar células tumorais.
Este estudo vem ao encontro do fato de a medicina oncológica viver atualmente um momento de transformação, onde a tradicional combinação de tratamentos e outros protocolos — cirurgia, quimioterapia e radioterapia — começa a dividir espaço com abordagens inovadoras que buscam explorar e potencializar as defesas naturais do corpo humano. Entre essas estratégias, as nanovacinas contra o câncer vêm ganhando um destaque importante por apresentarem uma capacidade de unir imunoterapia e nanotecnologia em uma só fórmula.
O que são nanovacinas
As vacinas convencionais funcionam ao introduzirem no sistema imunológico fragmentos de vírus ou bactérias, preparando o corpo para combatê-los em futuras infecções. No caso do câncer, o desafio é diferente, já que o foco é “ensinar” o organismo a reconhecer as células tumorais como uma ameaça, células essas que se encontram no próprio corpo humano, mas que sofreram mutações.
Através da nanotecnologia, as nanovacinas são formulações que utilizam nanopartículas — feitas de materiais como lipídios, polímeros, proteínas ou até metais — para transportar antígenos tumorais e adjuvantes imunológicos diretamente nas células de defesa do corpo. Graças ao seu tamanho minúsculo, essas partículas conseguem penetrar barreiras biológicas com mais eficiência e alcançar tecidos como os linfonodos, onde ocorre a ativação do sistema imune.
Segundo o estudo publicado, onde o primeiro autor é o doutorando Gabriel de Camargo Zaccariotto, o grande trunfo das nanovacinas está na sua versatilidade, já que as nanopartículas podem ser projetadas para proteger os componentes vacinais, liberar os ingredientes de forma controlada e modular a resposta imunológica desejada. Isso quer dizer que uma nanovacina pode ser adaptada para diferentes tipos de câncer, estágios da doença e até mesmo para o perfil genético do tumor de cada paciente, algo que é considerado um passo importante rumo à medicina personalizada.
Além disso, a combinação de antígenos tumorais específicos com adjuvantes poderosos permite induzir uma resposta imune robusta e duradoura. O objetivo final é estimular a produção de células T citotóxicas — verdadeiros “soldados” do sistema imunológico — para que sejam capazes de identificar e destruir células cancerígenas, inclusive aquelas que escapam aos tratamentos tradicionais.
Os desafios
Apesar de ser inovadora e revolucionária, a aplicação das nanovacinas ainda enfrenta barreiras importantes. Poucos produtos chegaram à fase de testes clínicos avançados e nenhum foi aprovado até o momento para uso comercial em pacientes com câncer. Os obstáculos vão desde a complexidade da fabricação em larga escala até questões regulatórias e tecnológicas.
O estudo destaca que ainda é necessário entender melhor como diferentes tipos de nanopartículas interagem com o organismo, como são processadas e quais estratégias adotar para alcançar uma resposta imunológica mais eficaz contra as células tumorais, além de existirem questões éticas e econômicas, como o custo de desenvolvimento e a necessidade de harmonização regulatória entre as agências do mundo. Contudo, esta é uma porta que se abre para um futuro promissor, conforme salienta Gabriel de Camargo Zaccariotto: “A aplicação da nanotecnologia em vacinas já é uma realidade, e os principais centros de pesquisa, assim como empresas dos setores biotecnológico e farmacêutico, têm investido cada vez mais nessa abordagem para o combate ao câncer. Muitos dos desafios enfrentados pelas nanovacinas são compartilhados com outros nanomedicamentos; no entanto, há também barreiras específicas, como a necessidade de aprimoramento dos modelos de aprendizado de máquina utilizados na personalização das vacinas e de uma compreensão mais aprofundada da variabilidade de resposta, influenciada pelo perfil prévio de saúde e pela genética de cada paciente. Ainda assim, os avanços nessa área são notáveis e reforçam o potencial dessa tecnologia para transformar a vida de inúmeros pacientes”.
O futuro
Apesar das incertezas sublinhadas acima, os avanços conquistados até o momento são animadores, já que testes clínicos têm demonstrado que as nanovacinas podem aumentar significativamente a eficácia de outros tratamentos, como inibidores de checkpoint imunológico, tendo-se observado redução nos riscos de metástase, recorrência e morte entre pacientes.
A convergência entre nanotecnologia, biotecnologia e imunologia tem gerado um campo fértil para inovações, sendo que as nanovacinas representam uma ponte entre as descobertas da ciência básica e as necessidades urgentes da medicina clínica oncológica.
Para o Coordenador da pesquisa e do grupo de Nanomedicina (GNano/IFSC/USP), Prof. Dr. Valtencir Zucolotto, que é um dos coautores do artigo “A combinação da Nanotecnologia com a Biotecnologia é uma área estratégica e relativamente nova, que já demonstrou sua capacidade de gerar benefícios para a humanidade, como no caso das vacinas de RNA contra a COVID-19. Pesquisadores que atuam nessa área buscam agora utilizar a Nanobiotecnologia para explorar outras fronteiras científico/tecnológicas em setores importantes como a medicina e o agronegócio”.
Se os próximos passos forem bem-sucedidos, estaremos diante de uma nova era no combate ao câncer, com vacinas que não só irão prevenir doenças, como também combatê-las e curá-las.
Assinam este artigo científico os seguintes pesquisadores: Gabriel de Camargo Zaccariotto, Maria Julia Bistaffa, Angelica Maria Mazuera Zapata, Camila Rodero, Fernanda Coelho, João Victor Brandão Quitiba, Lorena Lima, Raquel Sterman, Valéria Maria de Oliveira Cardoso, e Valtencir Zucolotto.
Confira no link a seguir o estudo publicado na revista “ACS Nano” –
SÃO CARLOS/SP - Pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP), da Faculdade de Odontologia da USP de Ribeirão Preto (FORP/USP) e da empresa “BR Labs” desenvolveram um tratamento a laser que melhora significativamente a resistência de instrumentos cirúrgicos contra ferrugem e desgaste, considerado um avanço revolucionário na área da saúde e que promete aumentar a segurança e a eficiência dos procedimentos cirúrgicos. Essa inovação, publicada na revista científica “Materials – MDPI”, pode reduzir custos hospitalares, aumentar a durabilidade dos equipamentos e proporcionar maior segurança aos pacientes.
Uma nova era para os equipamentos cirúrgicos
Os instrumentos cirúrgicos de aço inoxidável são essenciais para procedimentos médicos, mas, ao longo do tempo, a tendência é sofrerem processos de corrosão devido ao contato com líquidos e produtos de esterilização. Essa corrosão pode comprometer a integridade dos equipamentos, aumentando os riscos de infecção nos pacientes e tornando necessária a substituição frequente dos instrumentos.
O novo tratamento a laser cria uma barreira protetora na superfície do material, reduzindo esses danos e prolongando sua vida útil. Essa tecnologia representa um grande avanço na busca por instrumentos mais seguros e eficientes, ajudando a garantir a qualidade dos procedimentos médicos e a segurança dos pacientes.
Equipamentos tratados com laser já demonstraram uma maior resistência, mesmo em contato constante com líquidos agressivos, como soluções de limpeza e fluidos corporais. Este novo método promove a redução do desgaste dos instrumentos, garantindo maior tempo de uso e eficiência, reduzindo a necessidade de descarte precoce, sendo que, desta forma, os hospitais podem gastar menos na reposição frequente de instrumentos, direcionando recursos para outras áreas essenciais da saúde. Além disso, a integridade preservada dos instrumentos reduz o risco de contaminação e complicações pós-operatórias, tornando os procedimentos cirúrgicos mais confiáveis.
Além dos equipamentos médicos, esta inovação tem potencial para ser aplicada em outras áreas que exigem alta resistência à corrosão, como a indústria aeroespacial, automobilística e a fabricação de componentes eletrônicos.
A resistência aprimorada dos materiais tratados a laser pode beneficiar diversos setores que dependem de metais duráveis e de alta performance. Os pesquisadores continuarão testando a eficácia do tratamento a laser em diversas condições, incluindo contato com sangue e produtos de limpeza hospitalares, ampliando suas possibilidades de aplicação.
Sobre as particularidades desta pesquisa, a pesquisadora do IFSC/USP, Drª Fátima Maria Mitsue Yasuoka, que é uma das autoras do artigo científico, comenta: “Este trabalho é um excelente resultado de cooperação de alunos de iniciação científica, pesquisadores e professores de diferentes unidades da USP e do setor privado representada pela empresa “BR Labs Tecnologia Óptica e Fotônica Ltda”. O envolvimento de alunos de iniciação científica é um aspecto crucial, pois proporciona a esses estudantes a oportunidade de vivenciar o processo de pesquisa na prática, desenvolver habilidades e despertar o interesse pela ciência. Esta experiência serve como um incentivo para a continuidade das pesquisas e para o desenvolvimento de novos projetos, tanto para os participantes diretos quanto para a comunidade científica. Essa sinergia de conhecimentos e recursos é fundamental para o avanço científico e tecnológico do país”.
Junto com Fátima Maria Mitsue Yasuoka assinam este estudo os pesquisadores Vinicius da Silva Neves, Felipe Queiroz Correa, Murilo Oliveira Alves Ferreira, Alessandro Roger Rodrigues, Witor Wolf, Rodrigo Galo e Jéferson Aparecido Moreto.
Confira o artigo científico no link
https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/wp-content/uploads/2025/05/YASUOKA.pdf
SÃO CARLOS/SP - O IFSC/USP inicia no próximo dia 05 de maio uma chamada para o tratamento experimental em pacientes portadoras de Lipedema. O estudo, que dá sequência a este tratamento experimental e inovador, visa melhorar a qualidade de vida das pacientes, investigando os benefícios da combinação entre compressão pneumática intermitente e fototerapia, buscando melhorar tanto os sintomas quanto a circulação periférica nos membros inferiores.
Para o fisioterapeuta e pesquisador do IFSC/USP, Matheus Henrique Camargo Antonio, autor do estudo, o tratamento consiste em, através de uma bota pneumática especial, exercer uma pressão nas pernas para melhorar a circulação e assim diminuir o inchaço, sendo aplicado, em simultâneo uma luz laser realizando a fotobiomodulação, ambas inseridas na citada bota. “Serão realizadas dez sessões ao longo de cinco semanas em cada paciente, sendo que cada sessão durará cerca de trinta minutos”, sublinha o pesquisador.
Este estudo contará com a participação de vinte mulheres da cidade de São Carlos, com idades superiores a 18 anos e com diagnóstico clínico prévio de Lipedema. Serão excluídas do estudo mulheres com histórico de doenças cardiovasculares, tabagismo, uso de álcool ou com histórico oncológico. A expectativa é que a combinação dessas terapias proporcione alívio significativo para as portadoras da condição, oferecendo uma nova perspectiva de tratamento e melhoria na qualidade de vida.
O que é Lipedema
O Lipedema é uma condição crônica e progressiva caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura subcutânea, afetando principalmente as pernas, quadris e, em alguns casos, os braços.
Esse acúmulo ocorre de maneira desigual, resultando em um formato corporal anômalo, com aumento desproporcional das extremidades inferiores em relação à parte superior do corpo.
Embora a causa exata ainda não seja totalmente compreendida, o Lipedema tende a ocorrer em famílias, sugerindo uma predisposição genética, e geralmente se manifesta durante períodos de mudanças hormonais, como a puberdade, o parto ou a menopausa.
Os sintomas mais comuns incluem acúmulo de gordura nas áreas afetadas, dor e sensibilidade nas regiões impactadas, além de uma sensação de peso nas extremidades. Pessoas com Lipedema também têm maior propensão a desenvolver hematomas facilmente, mesmo após pequenos traumas. Em estágios avançados, a condição pode evoluir para linfedema, caracterizado pelo acúmulo de fluido linfático, o que resulta em distúrbios circulatórios.
As pacientes interessadas em fazer parte deste estudo, que se iniciará no dia 05 de maio, deverão obter todas informações e se inscrever na Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF) localizada na Santa Casa da Misericórdia de São Carlos, através do telefone (16) 3509-1351 em horário de expediente.
O vigor e a capacidade de transformar o conhecimento em riqueza e soluções
SÃO CARLOS/SP - O envolvimento com a ciência é fundamental para o desenvolvimento da sociedade moderna. Nas ciências estão as soluções para os problemas mais relevantes de uma sociedade. Imagine o quanto o entendimento científico tem ajudado na melhoria da vida do ser humano através dos diversos tratamentos e remédios que estão sendo constantemente desenvolvidos.
A ciência é tão importante, que os atuais confrontos entre nações muitas vezes se dão pela competição científica, sendo que junto com ela vem o desenvolvimento tecnológico. Com o avanço da ciência, tudo o que cotidianamente acontece ao nosso redor passa a ter um melhor entendimento e, com o seu domínio, surgem novas formas de lidar com os problemas. É dessa forma que nascem as tecnologias, que advêm do acúmulo de conhecimento promovido pela ciência. E, quando o conhecimento atinge uma maturidade que pode se tornar em aplicação definitiva na solução de problemas, ou criando formas de se fazer mais eficientemente aquilo que fazíamos antes, nasce a tecnologia.
É natural pensarmos que aqueles que trabalharam duro no desenvolvimento de ideias para o aparecimento de novas tecnologias tenham algum direito quando tais ideias viram produtos e rendem dividendos comerciais: para garantir tais direitos é que existem as patentes.
Patente é um documento que demonstra que determinados princípios colocados juntos - e de uma forma especifica - podem gerar um novo aparelho ou equipamento, ou um procedimento inédito. Um documento de patente é como uma carta de direito aos criadores originais de um certo equipamento, ou aplicação.
O cientista que avança o conhecimento, cada vez conquistando mais e ampliando o entendimento das coisas, tem grande valor para a humanidade. Quando pessoas são capazes de usar certos conhecimentos para torná-los aplicáveis a uma situação específica, é a partir daí que cabe uma patente ou propriedade intelectual, sendo que o ambiente científico é o local propicio para a evolução de ideias e conhecimentos para patentes.
Cientistas capazes de conjugarem o avanço do conhecimento com aplicações sólidas e relevantes, são aqueles que movimentam, além do progresso da ciência, o progresso da tecnologia. O progresso tecnológico, geralmente demonstrado pelas patentes obtidas, é que de fato faz a ciência ser incorporada no dia a dia das pessoas e que acabam tendo grandes impactos econômicos e sociais. As patentes mostram o vigor e a capacidade de se transformar o conhecimento em riqueza e soluções. Certamente, dentro da USP temos diversos laboratórios e pesquisadores que conhecem este panorama e trabalham na direção de avançar o conhecimento e transformá-lo em benefícios diversos.
O Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF) do IFSC/USP é certamente um desses casos. Sua pujança e capacidade em transformar ciências em aplicações é demonstrado pelo elevado número de patentes que o grupo já depositou no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) - o guardião das patentes brasileiras. O CEPOF conquistou agora a marca de 104 patentes depositadas, o que demonstra um elevado teor de ciências, mas, mais importante, uma elevada capacidade de transformar o conhecimento gerado em produtos e riquezas.
Segundo um dos pesquisadores líderes do grupo, o Prof. DR. Vanderlei Salvador Bagnato “Nossa preocupação maior é avançar o conhecimento e produzir gente competente, mas estamos sempre em estado de alerta para aproveitar as boas ideias e o conhecimento em aplicativos uteis para a sociedade e para o fortalecimento da economia do país”. Continuando, Bagnato afirma “Não temos apenas as patentes, temos orgulho em dizer que ajudamos a colocar de mais de quarenta produtos no mercado e que hoje geram empregos e movem a economia. Somos grandes consumidores de recursos públicos para gerar conhecimento, mas somos também grandes contribuidores de geração de recursos através de nossos desenvolvimentos”, pontua o pesquisador. Segundo o advogado de patentes, Dr. Márcio Loretti, colaborador do grupo “Estamos sempre trabalhando junto aos pesquisadores, técnicos e alunos, para poder ajudar na transformação de ideias e transformar provas de princípios em patentes”. Marcio, se dedica grande parte do tempo a discutir e ajudar os pesquisadores com a elaboração das patentes dentro dos padrões necessários. “Ter um profissional ajudando todo o tempo nos coloca em situação melhor para alcançarmos estes números de patentes tão significativos” diz Bagnato.
As patentes giram em torno de diversos temas, sempre estando direta ou indiretamente relacionadas com a ótica e seus aplicativos.
SÃO CARLOS/SP - Pesquisadores do IFSC/USP criaram um novo protocolo com base em um novo equipamento desenvolvido no Instituto para a reabilitação de pacientes com radiculopatia lombar por hérnia discal. A pesquisa foi elaborada através de dois estudos de caso de pacientes, publicado na revista científica “Journal of Novel Physioterapies”.
Para entender melhor
A anatomia da coluna vertebral é constituída por vértebras cervicais, toráxicas, lombares, sacrais e coccígeas, existindo entre essas vértebras discos intervertebrais que têm a função de estabilizar a coluna, absorvendo todo o tipo de impactos e proporcionando a sua mobilidade. Quando acontece uma degeneração discal devido a traumas, idade avançada, má postura, sedentarismo ou movimentos repetitivos, entre outros fatores, pode ocorrer um deslocamento do material que compõe esses discos intervertebrais, provocando uma compressão das estruturas nervosas na região afetada. Essa compressão pode ser leve, transmitindo uma sensação de dor radicular que sai da raiz nervosa e percorre todo o membro inferior afetado - uma dor crônica, uma espécie de “agulhada” forte. Por outro lado, a compressão pode provocar uma situação mais grave, apresentando, além da dor crônica, sintomas neurológicos adversos como perda da funcionalidade motora, fraqueza muscular e diminuição da sensibilidade e da massa muscular.
Pacientes com radiculopatia lombar por hérnia discal são predominantemente do sexo masculino e com idades entre os 45 e 65 anos, atendendo a que a compleição física masculina é maior do que a do sexo feminino – os homens têm mais massa muscular, utilizando-a com mais frequência que as mulheres, além de, por exemplo, serem, por isso, mais susceptíveis a traumas. Convencionalmente, a fisioterapia apresenta vários métodos que trabalham para eliminar a dor e as inflamações causadas por essa condição neurológica, para que os pacientes possam, posteriormente, realizar exercícios de fortalecimento, exercícios esses que podem se prolongar (dependendo de caso para caso) por entre 20 ou 30 sessões.
Novo equipamento apresenta protocolo inovador
O novo equipamento desenvolvido pelo IFSC/USP – já patenteado -, mas ainda em formato de protótipo, apresenta de forma inovadora dois recursos fisioterápicos que visam substituir os métodos tradicionais - a estimulação elétrica funcional e o laser de baixa potência. A estimulação elétrica funcional é um recurso com base em correntes elétricas que ativam os músculos paralisados ou enfraquecidos, promovendo dessa forma o restabelecimento do movimento funcional, ou seja, recupera a parte motora e elimina a atrofia muscular, através de dois eletrodos que são posicionados nos pontos motores – onde existe a conexão entre o nervo e o músculo. Entre os eletrodos existe um dispositivo contendo quatro lasers que são organizados de forma alternada. Essa combinação acelera todo o processo de tratamento, já que ela é posicionada em todo o trajeto do nervo.
Pacientes recuperam condição física em menos de dez sessões
Com este novo equipamento, os pesquisadores do IFSC/USP avaliaram uma paciente do sexo feminino (29 anos) com diagnóstico de hérnia discal (radiculopatia) em L-5/S-1, conforme explica a Fisioterapeuta, pesquisadora do IFSC/USP e a primeira autora do artigo científico, Drª Ana Carolina Negrais Canelada. “Além de uma dor crônica manifestada pela paciente, ela apresentava um déficit motor, uma fraqueza muscular. Não conseguia fletir o quadril nem estender o joelho, o que provocava uma marcha arrastada. Durante longo tempo se submeteu a diversos processos, sem resultados positivos que dessem esperança de poder concluir sua formação em medicina. Fizemos dez sessões de trinta minutos cada, duas vezes por semana, e acompanhamos a paciente com mecanismos avaliativos destinados a nos dar a evolução do seu estado físico. Não foram precisas dez sessões do tratamento, pois muito antes desse prazo a paciente recuperou a sua qualidade de vida com uma substancial diminuição da dor crônica e a eliminação das limitações motoras”, comemora a pesquisadora, acrescentando que a paciente conseguiu concluir sua formação. “A partir de agora ela está apta a iniciar o processo de fortalecimento muscular para proteção das vértebras”, pontua Ana Carolina Canelada.
Um outro paciente apresentava somente dor (radicular) no membro superior direito, atingindo toda a extensão do braço, mas sem déficit sensitivo e motor. Nesse sentido, Ana Carolina Canelada utilizou, com o mesmo equipamento, uma outra corrente elétrica para estimular as fibras nervosas apenas para eliminar a dor, como explica a pesquisadora. “Usei esse estímulo juntamente com o laser, sendo que o objetivo foi acelerar a recuperação do paciente, algo que acabou por surgir mesmo antes das dez sessões programadas para esse tratamento. Ao final da quinta sessão apresentou uma melhora substancial na dor, tendo voltado às suas atividades diárias, sendo necessário, contudo, cumprir um calendário para a realização de exercícios de fortalecimento”, conclui a pesquisadora.
Acesse o artigo científico relativo ao primeiro paciente (estudo de caso) - https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/wp-content/uploads/2025/04/Canelada_primeiro-artigo.pdf e o artigo do segundo paciente (estudo de caso) - https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/wp-content/uploads/2025/04/Canelada_2025_segundo-artigo.pdf
SÃO CARLOS/SP - Um estudo recente publicado no “Journal of Medical Virology” revelou um avanço significativo no tratamento do condiloma acuminado, mais conhecido como verrugas genitais, uma condição causada pelo vírus do papiloma humano (HPV).
A pesquisa, realizada por cientistas do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Católica do Chile (PUC-Chile), Universidade A&M Texas (EUA) e do Departamento de Bioengenharia (USP), demonstrou que um novo protocolo de tratamento pode oferecer maior eficácia, menos sessões de tratamento e menor risco de recorrência das lesões, trazendo benefícios tanto para os pacientes quanto para o sistema de saúde.
O HPV é uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns no mundo, afetando milhões de pessoas todos os anos. Embora muitas infecções sejam assintomáticas e eliminadas pelo organismo, algumas variantes do vírus podem causar lesões em pele e mucosas, incluindo as verrugas genitais. Essas lesões, além do impacto físico, podem afetar a autoestima, causar desconforto e gerar preocupações emocionais nos pacientes.
Atualmente, um dos tratamentos mais usados para remover essas verrugas é a aplicação de ácido tricloroacético (TAA), que destrói o tecido infectado. No entanto, esse método pode exigir várias sessões e tem uma alta taxa de recorrência, pois não trata lesões invisíveis a olho nu.
Mais eficiência e menos recorrências
Para buscar uma alternativa mais eficaz, os pesquisadores compararam dois tipos de tratamento: o tratamento tradicional, com aplicação de ácido tricloroacético (TAA) a 80%, recomendado pelo Ministério da Saúde, e o novo tratamento, com a remoção das lesões com um bisturi de alta precisão (bisturi ultrassônico) seguida por uma terapia à base de luz (terapia fotodinâmica – TFD) que tem a capacidade de destruir também as células infectadas não visíveis.
O estudo acompanhou trinta e seis pacientes e os resultados foram claros. Cem por cento dos pacientes tratados com o novo método não teve recorrência após dezoito meses de acompanhamento, comparativamente ao tratamento convencional onde trinta e três por cento dos pacientes voltaram a apresentar lesões no mesmo período. O novo tratamento também exigiu menos sessões, reduzindo o tempo de tratamento. Além da eficácia, o novo protocolo proporcionou uma recuperação estética superior, deixando menos marcas visíveis, podendo ser um fator importante para o bem-estar emocional e psicológico dos pacientes.
Este novo tratamento pode transformar a maneira como os pesquisadores lidam com o HPV e suas complicações, oferecendo mais segurança, menos tempo de tratamento e um impacto positivo na qualidade de vida dos pacientes.
Para a autora principal do estudo, a pesquisadora do IFSC/USP, Drª Mirian Stringasci “Tratamentos tópicos de condiloma, como aplicação de ácido, muitas vezes demandam múltiplas sessões, o que aumenta o constrangimento do paciente e as chances de abandono do tratamento, além de honorar o sistema público de saúde. O desenvolvimento de tratamentos como este pode beneficiar ambos”.
O estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e pelo Cancer Prevention and Research Institute of Texas (CPRIT-USA).
Confira o artigo publicado no “Journal of Medical Virology” - https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/wp-content/uploads/2025/04/Journal-of-Medical-Virology-2025-dos-Santos-Comparative-Efficacy-of-Ultrasonic-Scalpel-Surgery-With-Photodynamic.pdf .
SÃO CARLOS/SP - Pela primeira vez desde a sua criação (2019), o “Programa Vem Saber”, do IFSC/USP, realizou o projeto “Formação de Professores de Física” nas suas instalações localizadas na Área-2 do Campus USP de São Carlos, acolhendo ao longo de todo o dia 27 de março, entre as 08h00 e as 17h00, cerca de quarenta docentes oriundos das escolas públicas pertencentes à rede estadual de ensino – Diretoria de Ensino de Araraquara. Tradicionalmente, o “Programa Vem Saber”, coordenado pelos professores Antonio Carlos Hernandes e Herbert Alexandre João, tem organizado em cerca de seis vezes por ano esse projeto de orientação técnica na formação de professores de Física, visitando inúmeras diretorias de ensino, sendo que, desta vez, o projeto visou acolher docentes.
Formação teórico-experimental, levando em consideração, também, uma introdução a aspectos considerados importantes para que os professores possam trabalhar o projeto de vida de seus alunos – acesso e permanência estudantil na USP e política de reservas de vagas na Universidade, entre outros -, conceitos de física e experimentos utilizando metodologias ativas de ensino e uma visita didática aos Laboratórios instalados no prédio do IFSC/USP – Área-2 -, bem como ao hangar da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP), constituíram o programa dedicado a essa visita, que incluiu um almoço no refeitório da USP.
Valéria Santos Lima é professora na EE Professor Oacyr Antonio Ellero (Araraquara), sendo a quarta vez que visita o “Programa Vem Saber”, ou seja, é uma assídua participante junto com seus alunos. Desta vez, Sandra veio com seus colegas professores. “É sempre muito bom para vir aqui, já que sempre encontro algo novo, coisas diferentes, e isso tem contribuído para eu enriquecer a aprendizagem dos meus alunos. Por exemplo, a questão do custo/benefício em relação a experimentos que podemos realizar em sala de aula foi o que mais me despertou a atenção nesta formação, atendendo a que as escolas não possuem verbas suficientes para essa finalidade. Contudo, a possibilidade de podermos adaptar ou improvisar materiais e equipamentos foi algo que despertou minha atenção, bem como a interação com meus colegas, que foi muito boa”, comenta a professora.
Adilson Cardoso é professor na EE José Inocêncio da Costa, em Matão, e considera que esta visita superou suas expectativas, classificando a formação muito interessante, com bastante aprendizado. “Várias inovações e métodos que podem ser discutidos em sala de aula. Foi muito proveitosa esta visita e permanência, até porque o Prof. Hernandes teve a oportunidade de nos mostrar como funciona a USP, algo que podemos replicar para nossos alunos, desmistificando conceitos, já que, independentemente da renda familiar, qualquer um deles pode entrar, sim, na Universidade. Apesar das dificuldades inerentes à escassez de verbas nas escolas, o que vi foi que temos muitas opções para usar materiais baratos, sendo que, na pior das hipóteses, podemos usar vídeos explicando metodologias e experimentos, algo que contribui para “acender algumas luzes” em nós próprios no sentido de nos podermos adaptar a coisas que podem ser utilizadas para aumentar a qualidade de nossas aulas. Enfim, tudo em prol da Educação”, remata o docente.
Por último, a Profª Sandra Aparecida Martins veio de uma escola de ensino integral de Araraquara. A docente é formada na USP de São Carlos (mestrado e doutorado em química) e considera que esta formação é bastante produtiva. “As demonstrações feitas aqui são algo que podemos adaptar nas nossas escolas e tudo o que estamos aprendendo aqui vai fazer com que nós, professores, nos aproximemos ainda mais de nossas comunidades escolares, principalmente da minha, que é muito carente, demonstrando, também, que a USP está completamente acessível aos nossos alunos. Eles podem, sim, ingressar na USP”, comenta a docente, acrescentando que esta formação se traduz em um crescimento profissional importante, valorizado pelo contato enriquecedor com todos os professores participantes.
Estiveram presentes nesta “Formação de Professores de Física” docentes de dez municípios da Diretoria de Ensino de Araraquara, a saber: Araraquara; Trabiju; Boa Esperança do Sul; Gavião Peixoto; Nova Europa; Matão; Américo Braziliense; Santa Lúcia; Rincão e Motuca.
Uma experiência que, com certeza, será repetida.
SÃO CARLOS/SP - Um novo avanço tecnológico, promissor, acaba de ser desenvolvido por pesquisadores do IFSC/USP e da Universitat Rovira i Virgili, na Espanha. Trata-se de um sensor flexível, inovador, capaz de detectar poluentes atmosféricos, especialmente o dióxido de nitrogênio (NO2), um dos principais responsáveis pela poluição urbana. A tecnologia, que combina materiais de ultima geração, permite um monitoramento preciso e contínuo da qualidade do ar.
Principais benefícios
Dentre os principais benefícios apresentados por este novo sensor, podem-se destacar a sua alta sensibilidade, sendo capaz de detectar NO2 abaixo do limite de segurança imposto pela OMS (1 ppm), sua eficiência energética e baixo custo. Além disso, o sensor é fabricado em substrato de PET e com materiais que não apresentam toxidade, podendo ser reciclado. O novo sensor apresenta-se portátil e bastante versátil, podendo ser incorporado em roupas e acessórios para monitoramento em tempo real da qualidade do ar, ajudando a prevenir a exposição a gases tóxicos em áreas urbanas e industriais que liberam grande concentração de poluentes tóxicos.
O docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Dr. Valmor Roberto Mastelaro é um dos autores do artigo científico publicado na revista internacional “Materials Science in Semiconductor Processing”, que dá a conhecer esta inovação, e sobre a pesquisa que foi feita para o desenvolvimento deste novo sensor ele comenta: “Este trabalho faz parte da pesquisa de doutorado da aluna Amanda Akemy Komorizono e foi realizado em colaboração com o Prof. Eduard Llobet, da Universitat Rovira i Virgili, da Espanha, cujo destaque vai para o desenvolvimento de um sensor flexível de baixo custo capaz de detectar concentrações de NO2 abaixo do limite recomendado pela OMS”, pontua o pesquisador.
No que concerne às dificuldades encontradas para concluir esta pesquisa, a pesquisadora Drª Amanda Akemy Komorizono ressalta que “a principal dificuldade foi conseguir uma composição de rGO/ZnO que operasse a temperatura ambiente e ao mesmo tempo tivesse uma boa sensibilidade. O rGO é conhecimento por operar a baixas temperaturas, no entanto apresenta uma baixa resposta. Já os semicondutores de óxidos metálicos, como o ZnO, exibem excelente resposta, mas operando em temperada elevada (> 200 °C). Neste trabalho, estudamos composições que obtivessem os melhores resultados através da formação do compósito de rGO/ZnO. Além disso, por se tratar de um sensor flexível, também tivemos que tomar cuidado na escolha dos materiais para fabricar os eletrodos e na aderência do rGO/ZnO a esse eletrodo, para que o sensor não fosse danificado quando estivesse flexionado. A importância deste trabalho é o desenvolvimento de um sensor de gás de baixo custo, operando sem a necessidade de um aquecedor e que possa ser acoplado em roupas e acessórios para o monitoramento, em tempo real, do ar atmosférico”, conclui a pesquisadora.
Além do Prof. Valmor Mastelaro e da pesquisadora Amanda Akemy Komorizono, assinam este artigo científico os pesquisadores, Ramon Resende Leite, Silvia De la Flor e Eduard Llobet.
Este projeto contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e colaboração internacional.
Para conferir o artigo científico, acesse - https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/wp-content/uploads/2025/03/MASTELARO.pdf
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