ÍNDIA - Um grupo de macacos teria impedido que uma menina de seis anos fosse estuprada na cidade de Baghpat, no Norte da Índia, neste fim de semana. Segundo vários órgãos de comunicação social do país, um homem levou a menina para uma casa abandonada, tirou as roupas da criança e tentou estuprá-la, mas foi interrompido por vários macacos, que o obrigaram a fugir.
A menina, aterrorizada, regressou a casa e contou aos pais que os macacos a "salvaram" do homem.
"A minha filha já estaria morta caso os macacos não interviessem. A minha filha estava brincando lá fora quando o suspeito a levou", contou o pai, citado pelo Times of India.
O suspeito foi apanhado, por câmeras de videovigilância, descendo uma rua estreita na aldeia de Doula enquanto segurava a mão da menina.
De acordo com a polícia, o homem, que aparentava ser jovem, ainda não foi identificado, mas suspeita-se que more em outra aldeia.
As autoridades estão tentando localizar o homem.
RAJASTÃO - O governo do estado indiano do Rajastão informou a autoridades federais ter encontrado lotes de temperos das duas marcas mais populares do país, a Everest e a MDH, inseguros para o consumo humano.
A revelação aumenta a pressão sobre o mercado de especiarias da Índia, o maior do mundo tanto em termos domésticos como globais. A associação dos exportadores prevê uma queda de ao menos 40% nas vendas devido à crise.
O motivo da confusão é o óxido de etileno, um potente agente de esterilização usado em hospitais. Em abril, Hong Kong e Nepal detectaram níveis altos do produto em alguns temperos compostos, os famosos curries, das duas marcas, suspendendo a importação de algumas misturas.
A alta exposição ao óxido de etileno causa câncer. A suspeita é de que ele seja empregado ilegalmente pelos fabricantes para matar fungos e ovos de insetos que, não raro, são encontrados misturados a temperos.
Até aqui, a prática era associada a produtores menores, mas a denúncia atingiu em cheio a Everest e a MHD, duas das maiores fabricantes. Países como os Estados Unidos, Singapura, Austrália e Nova Zelândia determinaram investigações.
Em maio, o governo indiano determinou uma investigação nacional. O Rajastão, grande produtor e consumidor de temperos, anunciou na semana passada ter apreendido 12 toneladas sob suspeita de contaminação, sem especificar a natureza dela.
Na quinta (13), a agência de notícia Reuters divulgou o conteúdo de uma carta de Shubhra Singh, o equivalente a secretário de Saúde do estado, para a Autoridade de Segurança e Padrões de Alimentos da Índia.
Nela, ele afirma que lotes produzidos pela Everest e pela MDH nos estados vizinhos de Gujarat e Haryana eram inseguros, novamente sem detalhar o motivo. Os governos locais "devem ser instados a agir imediatamente", diz o texto. Procurados pela agência, Singh e o órgão federal não se manifestaram.
O comércio de especiarias é particularmente popular no Rajastão, um dos principais destinos turísticos da Índia. Locais como Jodhpur são famosos pela variedade de curries que vendem -lojas apresentam produtos ensacados e etiquetados por R$ 12 uma embalagem de 150 gramas.
Mas a realidade é que a maioria dos indianos compra o produto na rua, em grandes sacos sem controle aparente algum, e por uma fração do preço pago pelos turistas. O mercado doméstico movimenta US$ 10 bilhões (R$ 54 bilhões hoje) anualmente, segundo estimativas, pouco mais do que o dobro do que é exportado.
IGOR GIELOW / POR FOLHAPRESS
ÍNDIA - O setor açucareiro indiano pediu ao governo que permita a exportação de um milhão de toneladas de açúcar, uma vez que as chuvas fora de época nas principais regiões produtoras de cana levam ao aumento da produção.
É provável que o país produza 32 milhões de toneladas do adoçante no atual ano comercial, que termina em 30 de setembro, contra uma demanda local de 28,5 milhões de toneladas, informou a Isma (Associação Indiana de Fabricantes de Açúcar e Bioenergia) na terça-feira (2).
Espera-se que a maior produção aumente os estoques no país para 9,1 milhões de toneladas até o final do atual ano comercial, acima das 5,6 milhões de toneladas do ano passado, criando espaço para permitir exportações de um milhão de toneladas, de acordo com um comunicado da associação.
O segundo maior produtor de açúcar do mundo não permitiu exportações na atual temporada para manter os preços locais sob controle antes das eleições parlamentares da Índia, que serão realizadas durante quase sete semanas a partir de 19 de abril.
A Índia permitiu que as usinas exportassem 6,1 milhões de toneladas de açúcar durante a temporada 2022/23, depois de permitir que elas vendessem um recorde de 11,1 milhões de toneladas em 2021/22.
As usinas de açúcar do país produziram 30,2 milhões de toneladas de açúcar nos primeiros seis meses da temporada 2023/24, um pouco mais do que as 30 milhões de toneladas produzidas há um ano, informou a ISMA.
Reuters
ÍNDIA - A Índia vai suspender a maioria dos impostos de importação sobre produtos industriais de quatro países europeus em troca de um investimento de 100 bilhões de dólares ao longo de 15 anos, disse o seu ministro do Comércio, após um acordo econômico assinado neste domingo que finalizou quase 16 anos de negociações.
O anúncio acontece após acordos comerciais nos últimos dois anos com a Austrália e os Emirados Árabes Unidos, enquanto as autoridades dizem que um outro acordo, com o Reino Unido, está em fase final, conforme o primeiro-ministro Narendra Modi pretende atingir 1 trilhão de dólares em exportações anuais até 2030.
O acordo prevê que a Associação Europeia de Livre Comércio, composta por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, investirá 100 bilhões de dólares ao longo de 15 anos no mercado indiano que cresce rapidamente com sua população de 1,4 bilhão de habitantes, disse o ministro do Comércio, Piyush Goyal.
Por sua vez, a Índia irá suspender ou remover parcialmente imediatamente ou ao longo do tempo, as elevadas tarifas aduaneiras sobre 95,3% das importações industriais da Suíça, exceto o ouro, afirmou o governo suíço em comunicado.
“As empresas norueguesas que exportam para a Índia pagam atualmente altos impostos de até 40% sobre certos produtos”, disse o ministro da Indústria, Jan Christian Vestre em um comunicado separado.
"Com o novo acordo, garantimos zero impostos de importação sobre quase todos os produtos noruegueses."
O pacto abrange alguns elementos novos, como os direitos intelectuais e a equidade de gênero, acrescentou Goyal, dizendo numa conferência de imprensa: "É um acordo comercial moderno, justo, equitativo e vantajoso para todos os cinco países".
Os cinco signatários devem ratificar o acordo deste domingo antes que ele entre em vigor, com a Suíça planejando fazer isso até 2025.
Por Manoj Kumar / REUTERS
ÍNDIA - A Suíça e a Índia chegaram neste final de semana a um acordo sobre o tratado de livre-comércio entre os países, após 16 anos de negociações. De acordo com o ministro da Economia da Suíça, Guy Parmelin, equipes de ambos os países estão trabalhando para finalizar os últimos detalhes e assinar o acordo “o mais rápido possível”.
“Em um convite de último minuto da minha contraparte indiana Piyush Goyal, viajei diretamente do Fórum Econômico Mundial, em Davos, para Mumbai. Depois de 16 anos de negociações, conseguimos encontrar um equilíbrio nos pontos principais do acordo de livre-comércio entre a Associação Europeia de Comércio Livre e a Índia”, explicou Parmelin, em publicação no X, antigo Twitter.
A Associação Europeia de Comércio Livre, também conhecida como EFTA, é uma organização europeia composta pela Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça.
NOVA DÉLHI - Os eleitores indianos estão cada vez mais insatisfeitos com o governo do primeiro-ministro Narendra Modi devido à inflação elevada e desemprego, mas ele ainda deve ganhar um terceiro mandato nas eleições do próximo ano devido à sua popularidade pessoal, mostrou uma pesquisa.
A popularidade do principal líder da oposição, Rahul Gandhi, aumentou e se espera que uma nova aliança de oposição de 26 partidos chamada "INDIA" tenha um bom desempenho, segundo a pesquisa "Humor da Nação" da revista India Today nesta sexta-feira.
Modi, no entanto, está muito à frente de Gandhi, com uma vantagem de 36 pontos percentuais como o candidato mais adequado para ser o próximo primeiro-ministro da Índia e o seu partido Bharatiya Janata (BJP) está a caminho de conquistar 287 assentos na câmara baixa do Parlamento, com 542 membros, se eleições fossem realizadas agora, de acordo com a pesquisa.
As eleições nacionais estão previstas para maio de 2024, embora se espere que vários pleitos estaduais sejam realizados antes disso.
Prometendo mudanças, Modi chegou ao poder em 2014 e tem consolidado o seu domínio desde então com economia de bem-estar social, foco na promoção de infraestrutura e no nacionalismo hindu agressivo.
Os rivais dizem que o governo garantiu que a linha de seu partido dominasse os principais jornais, canais de notícias de televisão e redes sociais com a sua combatividade, muitas vezes abafando as vozes críticas.
A inflação atingiu a máxima dos últimos 15 meses, de 7,44%, em julho, impulsionada pela alta dos preços dos alimentos, que subiram para 11,5%, o valor mais elevado em mais de três anos e meio.
A Índia é a grande economia que mais cresce no mundo, mas uma taxa de desemprego que se manteve em torno de 8% nos últimos meses é considerada um grande desafio.
A pesquisa India Today, realizada duas vezes por ano, disse que 59% das mais de 160 mil pessoas entrevistadas entre 15 de julho e 14 de agosto disseram estar satisfeitas com o desempenho do governo de Modi, abaixo dos 67% na pesquisa anterior, em janeiro.
Da mesma forma, 63% disseram que o desempenho de Modi como primeiro-ministro é bom, abaixo dos 72% de janeiro. E 22% disseram que seu desempenho é ruim, contra 16% em janeiro.
Segundo a pesquisa, o líder do partido Congresso, Gandhi, obteve seu maior índice de aprovação em quatro anos, com 32% dizendo que ele é o mais adequado para recuperar seu partido.
Gandhi é o líder da oposição mais adequado para se tornar primeiro-ministro, mostrou a pesquisa, com um apoio de 24%, contra 13% em janeiro, quando era a terceira escolha.
Por YP Rajesh / REUTERS
ÍNDIA - A tendência da desdolarização no mercado petrolífero ganhou impulso na última semana, após a maior refinaria da Índia pagar uma transação com um fornecedor de petróleo dos Emirados Árabes Unidos usando sua própria moeda.
A Indian Oil Corp optou por usar rúpias em vez dos dólares para importar 1 milhão de barris de petróleo da estatal Abu Dhabi National Oil Company, segundo uma reportagem da Reuters citando a embaixada indiana nos Emirados Árabes Unidos na segunda-feira (14).
A Índia, que é o terceiro maior importador e consumidor de petróleo do mundo, recentemente firmou um acordo com os Emirados Árabes Unidos, a fim de usar sua moeda local, a rúpia, ao invés do dólar nas transações entre os países. O objetivo é reduzir custos, ao eliminar a necessidade de conversões cambiais.
Além disso, os dois países concordaram em estabelecer um mecanismo de pagamento em tempo real para facilitar os negócios transfronteiriços.
O pagamento feito na segunda-feira foi o primeiro realizado em rúpias pela Índia para adquirir petróleo dos Emirados Árabes Unidos. Esse evento acontece após a recente aquisição de 25 kg de ouro por um comprador indiano de um exportador do país árabe, também feita usando rúpias.
Essas ações são parte de uma série de iniciativas recentes de vários países, principalmente não ocidentais, que buscam diminuir sua dependência à moeda americana.
A desdolarização ganhou ainda mais destaque após os Estados Unidos imporem sanções financeiras à Rússia no ano passado, despertando o interesse de países como China, Índia, França e Israel em avançar nesse sentido.
Líderes dos países do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) têm ressaltado a importância de utilizar suas próprias moedas que não sejam atreladas ao dólar.
Enquanto isso, a China tem se esforçado para internacionalizar sua moeda, o iuan, com o objetivo de competir com o dólar, firmando acordos monetários com países como Brasil e Argentina.
por Investing.com
NOVA DÉLHI - Hindus e muçulmanos se enfrentaram no Estado indiano de Haryana uma semana após o início da violência durante uma procissão hindu em um bairro muçulmano, com uma tumba e vários veículos incendiados e lojas saqueadas, disse a polícia na segunda-feira.
Pelo menos sete pessoas morreram nos confrontos, incluindo o clérigo de uma mesquita incendiada na semana passada no distrito de Gurugram.
A violência tem se espalhando e continuava nesta segunda-feira, quando várias pessoas atearam fogo a uma tumba muçulmana, disseram policiais. Ninguém ficou ferido, acrescentaram.
"Houve três incidentes de vandalismo em lojas no distrito. Seis pessoas foram presas", disse Mayank Mishra, superintendente adjunto da polícia no distrito de Panipat, a 200 km de onde a turbulência começou na semana passada.
A tensão entre os integrantes da comunidade hindu, majoritária na Índia, e a minoria muçulmana tem emergido periodicamente em violência mortal por gerações.
A atual turbulência ocorre num momento em que alguns membros da comunidade muçulmana dizem que são tratados injustamente pelo governo do Partido Bharatiya Janata, liderado pelo primeiro-ministro, Narendra Modi. O governo rejeita as acusações.
Apesar dos últimos problemas, um magistrado de Gurugram suspendeu as ordens restritivas em vigor desde a semana passada, dizendo que "a normalidade voltou".
Mas para muitos muçulmanos os confrontos trouxeram medo.
Alguns deixaram as cidades para retornar às suas aldeias ou foram morar com amigos e parentes em outras áreas, segundo a mídia. Alguns muçulmanos em Gurugram dizem que homens vêm às suas comunidades e os ameaçam com violência, a menos que saiam.
Por Sakshi Dayal / REUTERS
ÍNDIA - O que acontece quando a Índia proíbe a exportação de um alimento básico e essencial para a dieta de bilhões de pessoas em todo o mundo?
Em 20 de julho, a Índia proibiu as exportações de arroz branco não-basmati em uma tentativa de acalmar os preços internos em alta.
Após a decisão, surgiram relatos e vídeos de compradores em pânico e prateleiras de arroz vazias em mercearias indianas nos Estados Unidos e no Canadá, elevando preços com esse processo.
No Brasil, o arroz acumula alta de preços ao consumidor de quase 11% em 12 meses até junho, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), quase o triplo do avanço da inflação geral, que foi de pouco mais de 3% no mesmo período.
No atacado, o valor da saca de 50 kg no Rio Grande do Sul (maior produtor de arroz do país) chegou a R$ 87,88 ao fim de julho, segundo o Indicador Cepea/Irga-RS, alta de 7% em relação ao mês anterior, impulsionada por restrições de oferta e aquecimento das exportações.
Índia responde por 40% do comércio global de arroz
Existem milhares de variedades de arroz que são cultivadas e consumidas no mundo, mas quatro grupos principais são comercializados globalmente.
O arroz Indica, de grãos finos e longos, compreende a maior parte do comércio global, enquanto o restante é composto de arroz perfumado ou aromático como o basmati; o Japônica, de grão curto, usado para sushi e risotos; e o arroz glutinoso ou pegajoso, usado para doces.
A Índia é o maior exportador mundial de arroz, respondendo por cerca de 40% do comércio global do alimento. Tailândia, Vietnã, Paquistão e Estados Unidos são os outros principais exportadores.
Entre os maiores compradores de arroz estão China, Filipinas e Nigéria.
Existem "compradores flutuantes", como Indonésia e Bangladesh, que intensificam as importações quando há escassez de oferta doméstica.
O consumo de arroz é alto e crescente na África. Em países como Cuba e Panamá, ele é a principal fonte de calorias.
No ano passado, a Índia exportou 22 milhões de toneladas de arroz para 140 países. Desse total, 6 milhões de toneladas eram de arroz branco Indica, relativamente mais barato. O comércio global estimado de arroz foi de 56 milhões de toneladas em 2022.
Preços globais podem subir até 15%
O arroz branco Indica domina cerca de 70% do comércio global, e a Índia agora cessou sua exportação.
Isso se soma à proibição no ano passado das exportações de arroz quebrado e a um imposto de 20% sobre as exportações indianas de arroz não-basmati.
Como seria esperado, a proibição de exportação instaurada em julho provocou preocupações sobre os preços globais descontrolados do arroz.
O economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Pierre-Olivier Gourinchas, avalia que, com a proibição, os preços globais do cereal podem subir até 15% este ano.
Além disso, a proibição de exportação da Índia não veio em um momento particularmente favorável, diz Shirley Mustafa, analista do mercado de arroz da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Por um lado, os preços globais do cereal têm subido constantemente desde o início de 2022, com um aumento de 14% desde junho passado.
Em segundo lugar, a oferta está sob pressão, uma vez que a chegada da nova safra aos mercados ainda está a cerca de três meses de distância.
O mau tempo no sul da Ásia – chuvas de monção irregulares na Índia e inundações no Paquistão – afetou o abastecimento. E os custos do cultivo do arroz também aumentaram devido à alta dos preços dos fertilizantes.
A desvalorização das moedas levou ao aumento dos custos de importação para vários países, enquanto a alta inflação elevou os custos dos empréstimos comerciais.
"Temos uma situação em que os importadores enfrentam limitações. Resta saber se esses compradores estarão em condições de lidar com novos aumentos de preço", disse Mustafa.
A Índia tem um estoque de impressionantes 41 milhões de toneladas de arroz – mais de três vezes o estoque de emergência exigido.
Esse estoque fica armazenado em celeiros públicos para a reserva estratégica do país e para o Sistema de Distribuição Pública (PDS), que dá a mais de 700 milhões de pessoas pobres acesso a alimentos baratos.
Pressão política às vésperas das eleições
Ao longo do último ano, a Índia tem lutado contra uma incômoda inflação dos alimentos – os preços do arroz subiram mais de 30% desde outubro passado –, resultando em pressão política crescente sobre o governo, às vésperas das eleições gerais do ano que vem.
Além disso, com uma série de eleições estaduais nos próximos meses, o aumento do custo de vida representa um desafio para o governo.
"Suspeito que a ação para proibir as exportações do arroz não-basmati é em grande parte preventiva, e espero que seja temporária", diz Joseph Glauber, do Instituto Internacional de Pesquisa em Política Alimentar (Ifpri).
Devinder Sharma, especialista em política agrícola na Índia, diz que o governo está tentando se antecipar a um esperado déficit de produção, com as regiões de cultivo de arroz no sul também expostas a riscos de seca, à medida que o padrão climático El Niño se estabelecer até o fim do ano.
Muitos acreditam que a Índia deveria evitar as proibições de exportação de arroz, pois são prejudiciais à segurança alimentar global.
Mais da metade das importações de arroz em cerca de 42 países têm origem na Índia e, em muitos países africanos, a participação de mercado indiana nas importações de arroz ultrapassa 80%, de acordo com o Ifpri.
Nos principais países consumidores da Ásia – Bangladesh, Butão, Camboja, Indonésia, Tailândia e Sri Lanka, por exemplo –, a participação do arroz na ingestão total diária de calorias varia de 40% a 67%.
"Essas proibições prejudicam mais as pessoas vulneráveis, porque elas dedicam uma parcela maior de sua renda à compra de alimentos", diz Mustafa.
"O aumento dos preços pode obrigá-las a reduzir a quantidade de alimentos que consomem, mudar para alternativas que não são nutricionalmente boas ou cortar despesas em outras necessidades básicas, como moradia e alimentação."
Mas é preciso destacar que a proibição da Índia permite algumas exceções, com remessas para países com base em questões de segurança alimentar.
Proibições de exportação estão mais frequentes
As proibições de exportação de alimentos não são uma novidade.
Desde a invasão russa à Ucrânia no ano passado, o número de países que impõem restrições à exportação de alimentos aumentou de três para 16, segundo o Ifpri.
A Indonésia proibiu as exportações de óleo de palma; a Argentina proibiu as exportações de carne bovina; e a Turquia e o Quirguistão proibiram as vendas externas de uma série de grãos.
Durante as primeiras quatro semanas da pandemia de covid, cerca de 21 países implementaram restrições à exportação de uma variedade de produtos.
Mas especialistas dizem que a proibição de exportação da Índia representa riscos maiores.
Isso "certamente deve causar um aumento nos preços globais do arroz branco" e "afetar adversamente a segurança alimentar de muitas nações africanas", alertam Ashok Gulati e Raya Das, do Conselho Indiano de Pesquisa em Relações Econômicas Internacionais (Icrier), um instituto com sede em Delhi.
Gulati e Das acreditam que, para que a Índia se torne um "líder responsável do Sul Global no G-20", ela deve evitar tais proibições abruptas.
"Mas o maior dano", dizem eles, "será que a Índia será vista como um fornecedor pouco confiável de arroz."
*Com a colaboração da BBC News Brasil para preços no Brasil
por Soutik Biswas* - Correspondente da BBC News
ÍNDIA - O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, se reuniu em Nova York, com o empresário Elon Musk para conversar sobre a entrada da Tesla na Índia e impulsionar o uso de energia elétrica.
O líder indiano convidou Musk “para explorar oportunidades na Índia para investimentos em mobilidade elétrica e no setor espacial comercial em rápido crescimento”, informou em comunicado o Escritório do Primeiro-Ministro indiano.
“Acredito que a Índia seja mais promissora do que qualquer outro país grande do mundo”, disse o fundador da Tesla e atual proprietário do Twitter em uma entrevista coletiva, após a reunião da qual saiu “incrivelmente entusiasmado” com o futuro do país asiático.
O empresário bilionário também afirmou que a Tesla “estará na Índia o mais rápido possível, humanamente falando”. O governo indiano já havia manifestado interesse em ter uma fábrica da Tesla em seu território para a produção de veículos, no âmbito da política “Made in India” - no entanto, a empresa norte-americana preferiu explorar o mercado antes de investir.
Modi “está nos pressionando para fazermos um investimento significativo na Índia, algo que estamos inclinados a fazer. Só precisamos encontrar o momento certo”, disse Musk. Para o empresário americano, Modi “quer fazer o que é certo para a Índia. Ele quer ser aberto, quer apoiar as empresas. E, obviamente, ao mesmo tempo, garantir que isso traga benefícios” para o seu país, concluiu.
A Índia quer atrair investidores e empresas globais, incluindo gigantes da tecnologia como Google e Apple. Desde a pandemia do coronavírus, muitas empresas expandiram sua presença na Índia para reduzir a dependência de sua cadeia de suprimentos da China e explorar o enorme mercado interno do país do sul da Ásia.
A situação do Twitter era um dos assuntos que se esperava serem abordados na reunião com Modi, devido aos conflitos com o governo indiano e às críticas da plataforma e do próprio Musk em relação aos controles da Índia sobre a liberdade de expressão. No entanto, as autoridades indianas não mencionaram esse assunto no comunicado sobre a reunião.
Além de Musk, Modi se encontrou com uma série de líderes empresariais, acadêmicos e celebridades. Modi está nos Estados Unidos para uma visita oficial de três dias, que começa nesta quarta com as comemorações do Dia Internacional do Yoga na sede das Nações Unidas, e em seguida ele se encontrará com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. /AFP e EFE
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