- Expectativas de inflação -
Gourinchas reconheceu que existe o risco de os políticos exagerarem e frearem o crescimento, mas ressaltou que, até o momento, acredita que eles estão no caminho certo.
"O objetivo não é provocar uma recessão a nível mundial", mas "devolver a estabilidade dos preços" com uma inflação girando em torno de 2% para as economias avançadas, e talvez um pouco mais para os países emergentes.
Por outro lado, perder todo o controle sobre a inflação seria muito perigoso, advertiu.
"Quando a inflação está em 2% [nível considerado saudável para a economia], você pode esquecer a inflação", mas, "em um mundo no qual ela está perto de 10%, isso não é possível".
Para Gourinchas, a chave são as expectativas de inflação: se as pessoas pensam que os preços vão continuar subindo muito no longo prazo, isso significa que "os bancos centrais teriam perdido o controle e seria muito difícil voltar atrás".
Por sorte, "ainda não chegamos nesse ponto", acrescentou. Até agora, "as expectativas de inflação continuaram bastante estáveis. E esse é um dos grandes benefícios de décadas de inflação baixa e de credibilidade dos bancos centrais".
Mas os políticos não têm todas as cartas na manga e não podem controlar alguns riscos, como a hipótese de uma interrupção completa do fornecimento de gás russo à Europa.
No entanto, Gourinchas segue otimista. Os bancos de todo o mundo, inclusive nos mercados emergentes, avançaram em movimentos "sincronizados".
"Isso pesa de forma efetiva sobre a atividade mundial e contribui para reduzir os preços da energia", assinalou o economista.
"Poderíamos ver uma trajetória de desinflação muito mais rápida se os preços da energia continuarem nessa tendência".