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Baleias podem ‘esfriar Terra’ contra emergência climática

Escrito por  Fev 05, 2021

MUNDO - Com todo seu tamanho e exuberância, as baleias são seres que despertam a nossa atenção e curiosidade. Agora, ver uma baleia encalhada na praia é ainda mais chocante.

Se por um lado já é suficientemente impressionante ver um ser tão maravilhoso sem vida fora da água, as baleias podem fazer coisas curiosas, como explodir.

Agora, uma rara observação é sobre a oportunidade perdida de sequestro de carbono.

Baleias são importantes reservas de carbono

Baleias podem esfriar a Terra?

As baleias, principalmente as de barbatanas e cachalotes, estão entre as maiores criaturas da Terra. Seus imensos corpos guardam importantes reservas de carbono e sua presença no oceano é capaz de moldar os ecossistemas ao seu redor.

Algo que passamos a entender – e apreciar devidamente – é que esses mamíferos marinhos também estão ajudando a determinar a temperatura do planeta.

“Em terra, os humanos influenciam diretamente o carbono armazenado nos ecossistemas terrestres por meio da extração de madeira e da queima de florestas e pastagens”, de acordo com um artigo científico de 2010. “No oceano aberto, o ciclo do carbono é considerado livre de influências humanas diretas.”

O carbono armazenado em seus corpos é transferido para o fundo do mar

Por outro lado, essa suposição não leva em consideração o impacto surpreendente da caça às baleias.

Os humanos caçaram baleias durante séculos para usar da carne ao óleo desses animais. O registro mais antigo de caça comercial à baleia foi em 1000 dC. Desde então, dezenas de milhões de baleias foram mortas e os especialistas acreditam que as populações podem ter tido uma redução de 66% e 90%.

As baleias e o carbono

Quando as baleias morrem, elas afundam no fundo do oceano – e todo o carbono armazenado em seus enormes corpos é transferido das águas superficiais para o fundo do mar, onde permanece por séculos ou mais.

Neste mesmo estudo de 2010, os cientistas descobriram que antes da caça industrial, as populações de baleias (exceto as cachalotes) teriam afundado entre 190 mil a 1,9 milhões de toneladas de carbono por ano no fundo do oceano – o que é o equivalente a tirar entre 40 mil e 410 mil carros fora de circulação a cada ano.

Mas quando a carcaça não vai parar no fundo do mar e sim é retirada da água e processada, esse carbono é liberado na atmosfera.

Andrew Pershing, um cientista marinho da Universidade do Maine e autor desse estudo, estima que, ao longo do século 20, a caça às baleias adicionou cerca de 70 milhões de toneladas de dióxido de carbono à atmosfera.

“É muito, mas 15 milhões de carros fazem isso em um único ano. Os EUA têm atualmente 236 milhões de carros”, afirma.

A importância das baleias

Mas as baleias não são valiosas apenas na morte. As marés de excrementos que esses mamíferos produzem também são surpreendentemente relevantes para o clima.

Elas se alimentam nas profundezas do oceano e depois voltam à superfície para respirar e fazer cocô. Suas fezes ricas em ferro criam as condições de crescimento perfeitas para o fitoplâncton.

O fitoplâncton tem enorme influência na atmosfera do planeta

Essas criaturas podem ser microscópicas, mas, em conjunto, o fitoplâncton tem enorme influência na atmosfera do planeta, capturando cerca de 40% de todo o CO2 produzido – quatro vezes a quantidade capturada pela floresta amazônica.

“Precisamos pensar na caça às baleias como uma tragédia que removeu uma enorme bomba de carbono orgânico do oceano que teria um efeito multiplicador muito maior na produtividade do fitoplâncton e na capacidade do oceano de absorver carbono”, disse Vicki James, gerente de políticas na Whale and Dolphin Conservation (WDC).

As baleias desaparecidas no oceano também tiveram alguns impactos inesperados.

Com o declínio das populações de baleias, as orcas passaram a se alimentar de mamíferos marinhos menores, como lontras marinhas. As lontras posteriormente diminuíram, levando à disseminação dos ouriços-do-mar, que devastam as florestas de algas ao redor do Atlântico Norte – com um efeito cascata no sequestro de carbono marinho.

O que isso significa é que recuperar as populações de baleias pode ser uma ferramenta importante no combate à mudança climática, ajudando a reduzir o enorme volume de CO2 emitido por combustíveis fósseis a cada ano.

Reduzir o CO2

Existem várias outras propostas de como conseguir essa redução, incluindo o plantio de árvores e o estímulo à floração do fitoplâncton por meio da adição de ferro ao oceano.

Mas o plantio de árvores requer um recurso escasso: terras terrestres, que como vemos muito popularmente aqui no Brasil, tem mais valor para o governo quando são devastadas e convertidas em pasto.

A beleza de restaurar as populações de baleias é que há muito espaço no oceano.

As plumas resultantes de cocô de baleia também aumentariam consideravelmente o potencial de fertilização do oceano com ferro. Seriam necessárias 200 florações bem-sucedidas por ano para corresponder ao potencial de uma população de baleias totalmente restaurada, de acordo com o estudo de Pershing.

E, ao contrário de técnicas de geoengenharia arriscadas, os benefícios não seriam apenas para o clima, mas para todo o ecossistema.

“As carcaças de baleias fornecem um habitat único para espécies de águas profundas. A pesquisa mostrou que um único esqueleto pode fornecer alimento e habitat para até 200 espécies durante os estágios finais de decomposição”, diz James do WDC.

Proteção das baleias em dólares

Em 2019, o Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou um relatório analisando os benefícios de colocar as baleias de volta no oceano. E eles fizeram isso de uma forma que os políticos entenderiam: colocando um valor em dólares nisso.

Este estudo descobriu que, quando você soma o valor do carbono sequestrado por uma baleia durante sua vida, ao lado de outros benefícios como melhores pescarias e ecoturismo, a baleia grande vale em média mais de 2 milhões de dólares.

Os economistas responsáveis ​​pelo estudo agora estão trabalhando em um projeto para transformar essa etiqueta de preço da teoria em realidade, por meio da compensação de carbono.

A ideia é persuadir os emissores de carbono a pagar uma certa quantia para proteger as populações de baleias, em vez de investir na redução de suas próprias emissões, ajudando-as a obter uma pegada de carbono neutra.

“O que você está fazendo é valorizar o serviço prestado pelas baleias, porque elas estão sequestrando dióxido de carbono”, diz Thomas Cosimano, um dos economistas que é coautor do artigo do FMI.

“Isso não significa que as baleias não estejam fazendo outras coisas. Este é apenas um ponto de referência que podemos usar para estabelecer um limite mínimo de qual seria o valor de uma baleia.”

É um esquema complicado, mas não está além das possibilidades: a equipe tem trabalhado em uma abordagem semelhante baseada no mercado de carbono para proteger elefantes de caçadores ilegais nas florestas tropicais centrais da África, que deve ser implementada pelo final do ano.

Uma instituição de caridade chilena chamada Fundación MERI já está descobrindo as bases para um mercado de carbono baseado em baleias, instalando bóias acústicas de alerta precoce que irão monitorar a localização das baleias e gerar rotas alternativas para os navios.

Acredita-se que seja o primeiro projeto do mundo para proteger as baleias em troca do armazenamento de carbono que elas fornecem.

O estudo do FMI conclui que a proteção das baleias deve agora se tornar uma prioridade no esforço global para enfrentar a mudança climática.

“Uma vez que o papel das baleias é insubstituível na mitigação e construção de resiliência às mudanças climáticas, sua sobrevivência deve ser integrada aos objetivos dos 190 países que em 2015 assinaram o Acordo de Paris para o combate ao risco climático”, escrevem os autores.

Ainda neste ano, a conferência climática da ONU acontecerá na Escócia, um país cujas costas costumam hospedar espécies como baleias-minke (ou baleia-anã) e jubarte. Com um mercado de carbono para baleias agora uma possibilidade real, talvez seja hora de colocar essas criaturas na agenda.

 

 

*Por: Gabriela Rassy / Hypeness

Ivan Lucas

 Jornalista/Radialista

Website.: https://www.radiosanca.com.br/equipe/ivan-lucas
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