Quando faleceu, em 2018, Benirschke já havia confirmado que tinha razão desde o início, e as tais ferramentas hoje existem e vem sendo utilizadas a partir de sua “coleção”. Desde que a ovelha Dolly se tornou o primeiro animal clonado na história, em 1996, quatro espécies já foram clonadas utilizando o material do Frozen Zoo de San Diego: o Gauro ou Bisão-Indiano, um tipo de gado selvagem conhecido como bantengue, e ainda o cavalo-de-przewalski, uma subespécie selvagem de cavalo nativa dos desertos da Mongólia, e a doninha-de-patas-pretas, que chegou a ser decretada como extinta, mas foi reintroduzida na natureza.
“Conforme o trabalho foi crescendo, nós percebemos que estávamos coletando um repositório insubstituível de animais muito raros”, afirmou Ryder, que hoje atua como diretor de conservação genética no Zoológico de San Diego. “Por termos células no Frozen Zoo, nós podemos agora aplicar novas técnicas e novas tecnologias para ampliar nosso conhecimento, e levantar mais informações diretamente relevantes para prevenir a extinção de espécies ameaçadas”. Diante da crise climática atual, o trabalho dos criobancos, como são conhecidos tais repositórios, se torna ainda mais importante: desde que a coleta foi iniciada por Benirschke, a fauna global se reduziu em cerca de 68%, segundo relatório da WWF de 2020, e a terrível expectativa é de que mais de um milhão de espécies de animais e plantas estarão ameaçadas de extinção nas próximas décadas.
Vitor Paiva / HYPENESS