CANADÁ - O futuro político do primeiro-ministro Justin Trudeau está em jogo nas eleições desta segunda-feira, 20, no Canadá. Há seis anos no poder, o premiê convocou a votação antecipada na esperança de ganhar a maioria dos assentos no Parlamento, mas agora enfrenta uma disputa acirrada contra seu rival do Partido Conservador, Erin O’Toole.
Quando a eleição foi marcada, em meados de agosto, Trudeau aparentava ter boa vantagem em relação aos oponentes, mas ao longo das últimas semanas viu sua legenda, o Partido Liberal, ser prejudicada por temas como meio ambiente, a reconciliação com a população indígena, a recepção de refugiados e a defesa dos direitos das mulheres.
Segundo as últimas pesquisas, as diferenças nas intenções de voto são mínimas e impossibilitam qualquer previsão: os dois partidos principais estão tecnicamente empatados, cada um com cerca de 32% das intenções de voto, à frente do candidato de esquerda do Novo Partido Democrático (NDP), que ronda 20%.
No domingo, último dia de campanha, Trudeau fez um apelo aos seus eleitores e usou a gestão de seu governo contra a pandemia de Covid-19 como arma para tentar convencê-los. “Apesar do que o NDP gosta de dizer, a escolha no momento é entre um governo conservador ou liberal”, afirmou em comício na província de Ontario. “E faz diferença sim aos canadenses se teremos ou não um governo progressista”.
O Canadá teve muito menos casos e mortes do que muitos outros países, e o governo de Trudeau gastou centenas de bilhões de dólares para sustentar a economia em meio a bloqueios. Depois de um início lento, o Canadá é hoje um dos países mais vacinados do mundo.
Os canadenses não elegem diretamente o primeiro-ministro. Em vez disso, o posto vai para o líder do partido que ganha a maioria das cadeiras no Parlamento.
Nas últimas eleições, o Partido Liberal de Trudeau foi o mais votado, mas não conquistou assentos suficientes para governar sozinho. Desde então a legenda comandava um governo de minoria, que dificultava a aprovação de novas leis e medidas propostas pelo gabinete do primeiro-ministro.
Para tentar reverter a situação e com a esperança de obter mais votos, o premiê convocou novas eleições menos de dois anos após as últimas federais. Mas a decisão foi bastante criticada e as pesquisas mais recentes indicam um resultado bastante diferente do esperado.
*Por: Julia Braun / VEJA.com