BUENOS AIRES - As pesquisas de opinião da Argentina, surpreendidas pela vitória do libertário radical Javier Milei nas primárias presidenciais de agosto, agora mostram o candidato em primeiro lugar nas eleições gerais de 22 de outubro, provavelmente à frente do chefe de economia do partido governista, Sergio Massa.
Milei, um economista e ex-apresentador de TV, tem agitado a elite política com críticas em voz alta e, às vezes, com palavrões contra seus rivais, além de promessas de fechar o banco central, reduzir o governo e dolarizar a economia.
A última pesquisa da consultoria Analogias mostra Milei com 31,1% dos votos, à frente de Massa, com 28,1%, e da ex-ministra da Segurança, Patricia Bullrich, de direita, com 21,2%, um golpe para a principal oposição conservadora, que já foi favorita.
Uma segunda pesquisa da Opinaia dá a Milei 35% dos votos, Massa com 25% e Bullrich com 23%. As pesquisas mostram que o apoio de Milei é mais forte entre homens, jovens e grupos menos abastados.
"O resultado das primárias foi chocante, e o resultado da eleição geral será chocante, seja qual for o resultado", disse a diretora de comunicação da Analogias, Marina Acosta, citando a disputa como "colorida pela novidade política".
As pesquisas sugerem que a corrida eleitoral provavelmente irá para um segundo turno frente a frente, que ocorrerá em novembro. Um candidato precisa de 45% dos votos, ou pelo menos 40% com uma vantagem de 10 pontos, para vencer no primeiro turno.
O concorrente mais próximo de Milei agora parece ser Massa, que faz parte da coalizão peronista de centro-esquerda, aparentemente oferecendo dois modelos econômicos opostos para o país em dificuldades.
"As estratégias de Milei e Massa devem ser opostas uma da outra", disse o analista político Julio Burdman, da consultoria Observatorio Electoral. "Eles estão fazendo isso muito bem, o que está permitindo que ambos obtenham ganhos."
Uma grande ressalva, no entanto, é que os pesquisadores argentinos erraram feio na votação primária e interpretaram mal a última eleição geral de 2019, o que significa que o resultado final pode chocar mais uma vez.
Por Nicolás Misculin / REUTERS